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Eleonora de Lucena
eleonora@uol.com.br
28 de dezembro

Governo muda nome
da maior empresa
do país
para adular estrangeiros

 
   
 

O governo decidiu que a Petrobras, a maior empresa brasileira, vai trocar de nome. Vai se chamar PetroBrax e reduzir a força do verde-amarelo no logotipo. Os motivos apresentados para justificar a mudança: os estrangeiros não conseguem pronunciar o "s" final de Petrobras e a marca atual está ligada ao passado.

Não se tem notícia de que Shell, Esso ou Texaco estejam pensando em trocar de nome. Ao contrário, tudo o que uma grande empresa quer é ter uma marca forte, consolidada no tempo, conhecida, respeitada e com credibilidade. Qualquer manual de negócios ressalta a importância da marca, do nome da firma para os negócios.

O governo resolveu ignorar tudo isso. Primeiro, sem alarde, tirou o acento da Petrobrás. É que os estrangeiros não entendiam aquele sinal agudo na última sílaba. Confundiam com um apóstrofe. Agora, veio a radical alteração no âmago da marca.

A razão é a mesma: bajular os estrangeiros, facilitar a pronúncia deles e, de quebra, apagar o "passado" da empresa.

O intrigante é que esse mesmo "passado" é responsável pela transformação da empresa em uma das melhores do setor, com liderança em certas tecnologias, como a de prospecção em águas profundas. Depois de quase 50 anos, a Petrobras conseguiu atingir um patamar de produção equivalente a 80% do consumo nacional. A tão sonhada auto-suficiência em petróleo será viável nos próximos anos.

Outro argumento apresentado para justificar a mudança: facilitar a entrada da empresa nos mercados latino-americanos. Disfarçando a procedência brasileira, os vizinhos não veriam a Petrobras como uma ação "imperialista" brasileira. Como se fosse preciso mascarar a origem da marca. Alguém já viu Texaco, Esso ou Shell agirem dessa forma?

É claro que existem muitas críticas à Petrobras. Muitos acreditam que ela poderia estar bem melhor se tivesse sido privatizada no passado. Nunca será possível provar essa tese.

O que é certo é que a mudança de nome decidida é patética, para dizer o mínimo. Revela um servilismo cultural que não se vê em países desenvolvidos nem em empresas globais com espinha. O próximo passo pode ser mudar o nome do país (Brazil? Brasix?) ou instituir o inglês como língua oficial. Para ficar mais fácil a vida dos estrangeiros. Pode?



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