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Noite
dessas, tive a pachorra de ouvir na CBN o programa do Jô Soares.
E constatei: não funciona. Fiquei cerca de quinze minutos para adivinhar
quem era o convidado. Dava pra saber que era músico, mas eles conversavam
sobre físico esbelto, quilos a mais, quilos a menos. Se fosse um
programa radiofônico, o nome do entrevistado seria repetido, de
tempos em tempos, para que o ouvinte pudesse saber quem, afinal,
estava falando. Mas insisti, achando que ía descobrir logo. Que
nada! Jô falava dos figurinos e de como caía bem no corpo do artista
e ainda exclamava a todo instante: "olha isso!", "mostra que bonito!",
"vocês podem ver no telão...". Sinceramente, só continuei na Central
Brasileira de Notícias pra detectar quanto tempo ficaríamos, nós,
pobres ouvintes, fazendo papel de bobos. Tá certo, o programa é
feito para veicular na TV, então, não transmitam pelo rádio. Só
fui perceber, lá pelas tantas, que se tratava de Ney Matogrosso,
quando Jô resolveu perguntar onde ele nasceu.
Lobão cria uma rádio móvel incógnita
Lobão inaugura no próximo final de semana a UP FM, a rádio livre
Universo Paralelo. A estréia é dia 13 no Rio, quando ele irá decretar
o dia da abolição do ar. Um link colocará em cadeia cerca de 30
rádios que atingem de 2 a 3 km, provocando um congestionamento no
dial não-oficial. O músico já havia feito essa experiência com a
Rádio Favela (BH), lincando com outras seis da região (como elas
são de pequeno alcance, uma retransmite para outra). A Rádio Favela
ganhou carta de alforria do ministro Pimenta da Veiga, segundo Lobão,
que garante que as rádios envolvidas não são políticas, nem tampouco
religiosas. São rádios que criam foco de emprego e de não-violência.
Lobão diz não querer pregar a desobediência civil. Provoca apenas
o embate: "quais são as concessões públicas que nos nutrem?". O
artista só não quer se prostituir pagando "jabá" para tocar nas
emissoras oficiais. Afinal, que rádio comercial cumpre a regulamentação
de no máximo 100 mil wats, imposto por lei? É a questão que Chico
Lobo, parceiro técnico de Lobão, joga no ar. Ele é conhecido como
aquele que mais implantou rádios piratas pelo Brasil. Acompanhe
o Barraco MTV, desta segunda, quando o assunto será discutido.
Recentemente, Lobão participou de um programa em uma rádio livre
bilíngue (alemão/português) perto de Berlim. Ele conta que lá, as
rádios oficiais sustentam as comunitárias, que desempenham papel
social e são bancadas por patrocinadores locais. E por falar nisso,
a Mix FM (SP) patrocina o show do músico deste fim-de-semana. Mas,
não somente os shows de Lobão vão rolar na UP FM (ele diz que não
é o Roberto Marinho dele mesmo). Antenado, garimpa sons emergentes
e vai mostrar gente como o carioca Maurício Negão, que ele define
como uma mistura de Jimi Hendrix e Luiz Melodia.
A rádio que nunca foi ao ar
Esse é o nome da série que mostra o projeto radiofônico
educativo e cultural de Mário de Andrade _"um sistema que estabeleceria
a troca constante entre conhecimento erudito e popular". Todas as
segundas de maio, às 21h, com reprise aos sábados, às 13h, nos 103,3
Mhz, Cultura FM (SP). Idealizada pela pesquisadora Nilcéia Baroncelli,
a série comenta os projetos dos anos 30: a Rádio-Escola, que acabou
por não existir, e os Concertos Públicos de Discos, ambos com participações
de Mário de Andrade e Oneyda Alvarenga.
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