Pensata

Eduardo Ohata

04/11/2006

Cinderella Man

Ele não deixa nada a dever a James J. Braddock, o campeão dos pesados que inspirou o filme "Luta Pela Esperança" ("Cinderella Man"). A própria equipe de Carlos Baldomir, campeão mundial dos meio-médios (limite de peso de 66,6 kg), reconhece que o argentino vive um autêntico conto de fadas. Com um nada glorioso cartel profissional de 47 vitórias (12 nocautes), 9 derrotas e 6 empates, ninguém dava nada para Baldomir.

Duas vitórias depois, e após duas grandes zebras --uma por nocaute--, "Tata" é um pugilista respeitado e há quem defenda que o argentino tem chance de bater hoje Floyd Mayweather. Invicto com 36 vitórias, 24 delas por nocaute, "Pretty Boy" Floyd é considerado pelos especialistas o melhor pugilista da atualidade, independente da categoria de peso. Para quem não se lembra, Mayweather é o pugilista que Popó vivia dizendo que gostaria de enfrentar.

A primeira zebra de Baldomir, a vitória sobre Zab Judah, em janeiro, será eleita "zebra do ano" pelas publicações especializadas. Mas para decepção de Baldomir, apesar de ter vencido, foi Judah que enfrentou Mayweather em um lucrativo combate.

Mas não tem nada. Baldomir foi recompensado em julho com um duelo com o canadense Arturo "Thunder" Gatti, conhecido por consistentemente participar de lutas emocionantes. Fora isso, Baldomir enfrentou Gatti na casa adotiva do canadense: Atlantic City. Bateu Gatti no nono assalto e selou o duelo com Mayweather, cuja programação será transmitida ao vivo hoje para o Brasil pela ESPN Brasil, a partir das 23h.

Mayweather estará sem o técnico e tio, Roger Mayweather, no córner, já que foi suspenso por invadir o ringue para brigar com Judah. Baldomir tem como um de seus guias o legendário Amilcar Brusa, que guiou a carreira do campeão dos médios Carlos Monzón e Maguila, entre outros.

Mayweather conta com técnica impecável e velocidade. Baldomir traz a determinação da escola argentina e é bastante forte. Afinal, sempre foi meio-médio, enquanto Mayweather iniciou a carreira entre os superpenas (mesma categoria na qual Popó foi campeão).

E para quem aponta que Baldomir não tem pegada, "só 13 nocautes?", nove aconteceram em suas últimas 21 lutas (não perdeu nenhuma dessas).

Quem vencerá? Aquele que é o melhor lutador da atualidade? Ou o fenômeno que provocou duas das maiores surpresas do ano?

A principal preliminar será assistida com atenção pela equipe de Sertão. Estará em jogo o título dos penas da FIB, cinturão que o brasileiro perdeu para Eric Aiken, que por sua vez foi derrotado por Robert "The Ghost" Guerrero. Pois bem, Guerrero defende o título hoje contra o mexicano Orlando Salido, e Sertão quer uma chance contra o vencedor.

Enquanto espera, Sertão deve voltar aos ringues em dezembro, provavelmente no dia 9, em São Paulo. Depois, está reservada uma data em meados de janeiro na ESPN. Na programação de dezembro participa também o superpena Adaílton de Jesus.
Eduardo Ohata, 34, é jornalista do caderno Esporte da Folha e comentarista da ESPN. É colunista de boxe há mais de 10 anos. Escreve para a Folha Online, quinzenalmente, aos sábados.

E-mail: eohata@folhasp.com.br

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