Pensata

Eduardo Ohata

26/05/2007

A nova geração do boxe

Na próxima quarta, estará em jogo o título latino dos superpenas, com a participação de um brasileiro, Adaílton "Precipício" de Jesus. Mas, nesse caso, o cinturão nem é tão importante. O baiano está invicto, com 19 vitórias, 17, ou 89% delas por nocaute. O adversário, Marco "Flaco" Ramirez, também (24 vitórias, 16 nocautes). O norte-americano é o quarto do ranking da OMB. Adaílton quer essa posição --e conseguirá, se vencer.

Dos novos pugilistas em ascensão, Adaílton é minha aposta para ganhar um título. Pelo menos está fazendo a "lição de casa". Já bateu um ex-desafiante ao título, Reynaldo Hurtado, em três assaltos. Na última luta, por decisão unânime, tirou a invencibilidade do mexicano Noel Bolanos, que vinha sendo preparado para ser campeão do mundo. E, entre essas lutas, bateu pela segunda vez Jairo Moura, que no amadorismo bateu Popó.

Nos treinos, Adaílton também aprendeu muito. Foi sparring de Popó e Sertão. Aliás, quem disse que após as derrotas desses dois o boxe brasileiro acabou? O próprio Popó já fala, com pessoas próximas, que pretende retornar ao ringue. Apesar de o baiano falar que só volta para disputar cinturão, já se fala em Jorge "La Hiena" Barrios e Joel "El Cepillo" Casamayor. Resta saber se Popó acha essas opções atraentes. O tempo dirá.

O médio-ligeiro Carlos "Açougue" Nascimento fez mais do que o esperado no desafio ao campeão Sergyi Dzindziruk no fim de semana passada. Perdeu por nocaute técnico no 11º assalto. Mas é bom não se conformar que esse foi o ápice de sua carreira. Quer dizer, todo mundo diz que foi valente e foi bem no combate. Verdade, para alguém com sua experiência. Mas, ainda assim, é muito pouco para ele se conformar. Além de mostrar personalidade durante o combate, também o fez depois.

Ao invés de se isolar, apareceu em evento público na segunda-feira, logo depois de desembarcar no Brasil. Foi à (justa) homenagem a Kaled Curi (a Companhia Athletica batizou sua sala de boxe no Shopping Morumbi com seu nome), que foi boxeador, empresário, dirigente e jornalista. Além de excelente sujeito.

Bom, voltando a Adaílton, o perigo é que seu combate acontecerá na casa do rival de Adaílton, Kansas City (EUA) e, pior, ele não terá Servílio de Oliveira a seu lado. Em uma situação como essas, é sempre bom contar com o manager no local, principalmente para reclamar, caso perceba indícios de "mão grande", favorecimento do lutador local.

Será Ramirez mais um adversário que Adaílton mandará para o precipício? Com transmissão ao vivo confirmada para o Brasil, vale conferir na quarta-feira, a partir das 23h, pela ESPN (Internacional ou Brasil, qual deles exibirá não havia sido definido até o fechamento desta coluna).

Programação

A Rede TV! transmite ao vivo a partir das 23h59 o duelo entre o brasileiro Anderson "Pantera" Clayton e o paraguaio Oscar Rubem Rivas. Na preliminar, luta o peso-pesado Raphael Zumbano.

O canal pay-per-view Premiere exibe hoje, ao vivo, o Ultimate Fighting Championship 71.

No próximo dia 9, será a vez de Miguel Cotto x Zab Judah, também ao vivo, e, na semana seguinte, a 72ª edição do UFC.
Eduardo Ohata, 34, é jornalista do caderno Esporte da Folha e comentarista da ESPN. É colunista de boxe há mais de 10 anos. Escreve para a Folha Online, quinzenalmente, aos sábados.

E-mail: eohata@folhasp.com.br

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