Pensata

Sylvia Colombo

24/11/2006

"Lost": até quando?

Já tem gente que não agüenta mais. E não é para menos. Duas temporadas e meia já se passaram e a aflição permanece.

Poucos mistérios resolvidos, inúmeros enigmas por serem desvendados --fora os novos, que não param de aparecer. Das duas, uma, ou os roteiristas de "Lost" têm uma solução genial para o fantástico e milionário quebra-cabeças que armaram ou estão, na verdade, nos enrolando legal, para que a gente canse e pare de assistir de velhice mesmo. Tipo estaremos numa rodinha, daqui a muitos anos, já de cabelos grisalhos, e alguém vai comentar: 'Você está acompanhando a 215º temporada de Lost? Viu que o neto da Kate se casou com um dos filhos dos portugueses?', e a outra pessoa vai responder: "Não, eu deixei de ver Lost nos anos 2020". Vai ser uma coisa tipo "Dallas", lembra? O seriado norte-americano que ficou em cartaz de 1978... até 1991!! E depois de um tempo ninguém mais sabia direito qual era a trama principal. A diferença é que em "Dallas" as pessoas tinham uma vida mais normal, tomavam banho etc.

Será que tudo vai ficar assim mesmo, em aberto? E a ilha e seus segredos sobreviverão a nós? Ainda, será que estamos todos envolvidos numa experiência do tal Projeto Dharma?

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Locke, que voltou a andar depois da queda
Locke, que voltou a andar depois da queda
Bem, os geniais criadores da série soltaram apenas seis capítulos da nova temporada e 'deram um tempo'. Só voltam em 2007. Seria o primeiro sinal de uma crise criativa? Sabe-se lá, também não vale rogar praga, afinal, os caras anunciaram mais três temporadas. Vai que eles acertam... Mas aí é caso de prêmio Nobel de engenharia de roteiros (categoria que terá de ser criada só para "Lost"), sério.

Enquanto isso, eu, que não sou maníaca (do tipo de freqüentar blogs e fóruns de discussão) e apenas acompanho fielmente a série resolvi dar uns palpites sobre o que, realmente, se passa naquela maldita ilha.

Vão abaixo algumas versões. Quem morre de medo de "spoilers", por favor não leia. Quem quiser apresentar as suas explicações, considere-se convidado. Prometo publicar, na semana que vem, as que achar mais bacanas (e as muito malucas também).

- Já percebemos que os sobreviventes do avião não sabiam nada sobre a ilha quando chegaram, só que, talvez, os Outros tampouco entendam alguma coisa. A única diferença é que foram parar lá antes e, por estarem isolados há muito tempo, enlouqueceram (daí seu comportamento esquisito, daí a sociedade doida que criaram, os papéis que deram a cada um, a bizarra hierarquia de poder etc)

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Hurley, que vê um mundo bem diferente
Hurley, que vê um mundo bem diferente
- O tal Projeto Dharma teria armado uma mega-operação científica na ilha, só que ela não deu certo, seus integrantes morreram e seus aparatos (escotilha, computadores, toca-discos, vídeos) ficaram abandonados;

- A experiência frustrada também seria responsável por deixar seqüelas radioativas, magnéticas etc; que explicariam os ursos polares, a fumaça preta e, principalmente, o fato de que, aparentemente, nenhuma embarcação consegue deixar a ilha. Neste caso, porém, os chefes do Dharma na "central", no continente, ainda não se deram conta do fracasso da operação, por isso continuam mandando toda aquela comida para a ilha;

- Os Outros seriam como os habitantes de "A Vila", o filme de M. Night Shyamalan, pessoas que não agüentaram o modo de vida da sociedade ocidental e se isolaram do mundo de propósito, adotando modelos arcaicos de relações;

- Locke é o personagem-chave. Entendeu tudo desde o começo, quando, depois da queda do avião, saiu andando normalmente (ele que embarcara sobre uma cadeira de rodas, pois estava paraplégico). A questão é: "Por que ele ainda não contou isso a ninguém?"

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O personagem Charlie (Dominic Monaghan)
O personagem Charlie (Dominic Monaghan)
- A ilha só existiria na cabeça do Hurley, que tem problemas psiquiátricos e andou vendo gente que não existe (não?);

- A ilha só existiria na cabeça do Charlie que, viciado em heroína e deprimido com o fracasso de sua banda de rock na Inglaterra, teria passado a ter alucinações bem doidas;

- Libby, que fica pouco tempo na ilha, mas aparece em pelo menos dois flashbacks, seria a filha de um milionário que resolveu armar uma espécie de "reality show" para a filha, que também tem problemas psiquiátricos (afinal, ficou internada na mesma clínica que o Hurley, lembra?)

- Alguma rede de televisão teria derrubado o avião de propósito e colocado um monte de "pegadinhas" na ilha só para pirar os sobreviventes e elevar a audiência;

- Todos os sobreviventes, como vimos nos flashbacks, têm algo em seu passado que os persegue, parecem fugitivos. Será que teriam programado um suicídio coletivo?

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Personagem de Santoro seria o salvador?
Personagem de Santoro seria o salvador?
- Alguém no avião era um terrorista que tinha de derrubar o avião sobre algum alvo nos EUA mas, como vemos, sua operação é um flop total;

- Aliás, por que tanta gente sobreviveu? De que tamanho era essa bendita aeronave?

- A ilha se descolou da Terra, como num romance de Julio Verne, daí as alterações de tempo, espaço, temperatura etc;

- Estão todos mortos, e a ilha é o purgatório, sobre o qual estaríamos vendo uma espécie de documentário;

- Os portugueses que aparecem numa embarcação, no final da segunda temporada, são descendentes de Cabral, obcecados há várias gerações de que existe, sim, um outro caminho possível para as Índias;

- Rodrigo Santoro é o verdadeiro protagonista de "Lost", salvará a todos e explicará o mistério da série; em seguida, o Brasil será hexacampeão do Mundo, o próximo conclave escolherá um papa tupiniquim e tudo isso será narrado por um Galvão Bueno extasiado.

Eu, hein! Como diria o Desmond: "See you in the other life, brother"

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    Sylvia Colombo, 35, é repórter da Ilustrada, onde escreve sobre livros, cinema e música. Formada em história pela USP e jornalismo pela PUC-SP, foi editora de Especiais, Folhateen e Folhinha, e correspondente em Londres. Escreve às sextas.

    E-mail: scolombo@folhasp.com.br

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