Pensata

Sylvia Colombo

01/12/2006

Estamos todos perdidos?

A coluna da semana passada, "Lost: Até Quando", gerou diferentes reações por parte dos leitores. Muita gente concordou com a idéia de que a lenga-lenga dos mistérios da série já está passando dos limites. Houve quem curtisse o bom humor das teorias que apresentei, mas também os que me criticaram por acharem que, por não ser lostmaníaca nem freqüentar os fóruns de discussão, eu estava muito "por fora" e não deveria falar do assunto.

Divulgação
Labrador Vincent com Michel
Labrador Vincent com Michel
Uma comunidade no Orkut está até hoje discutindo sobre se eu tenho ou não o direito ou a autoridade de "achar" alguma coisa sobre "Lost". Fala sério!

O espaço da coluna desta semana fica, então, dedicado a quem, na esportiva, aceitou a provocação e mandou suas próprias teorias sobre o que se passa na ilha mais falada do planeta.

Lá vai:

Eduardo Paulino, Curitiba (PR)
"Acredito que tudo isso seja mais uma traquinagem de Merry Brandebuque. Sim, isso mesmo, o hobbit de ´O Senhor dos Anéis`. Ele entrou na trama disfarçado de Charlie. Na última temporada, Frodo irá entrar na história para salvar a todos, destruindo o Anel que envolve a ilha dominada pelo senhor do Mal, Sauron (que, em ´Lost`, é o personagem Benjamim)."

Felipe Asmuz, Santa Catarina
"Para mim a série lembra o governo do Lula. Sempre mais um personagem inesperado com um mistério insondável e uma surpresa desagradável."

Fernando Bryan Frizzarin, Limeira (SP)
"Imagino que, lá pelos últimos capítulos, os sobreviventes sejam resgatados de alguma forma e tenham a chance de terminar o vôo até o destino original. Aí, o Hurley adormecerá dentro do avião e acordará depois, com uma turbulência. Vai olhar para o lado e ver o Jack, chamar-lhe pelo nome e dizer algo do tipo `Jack, que sonho estranho eu estava tendo...`. E o Jack: ´Jack? Quem é Jack?`. O Hurley verá também perto de si a Kate e também a chamará pelo nome. Ela também responderá que seu nome é outro, e não Kate. Aí ele fará uma cara de espantado e... ´The End`!"

Marilena Albertini, Miami (EUA)
"A ilha só pode ser fruto da imaginação do cachorro Vincent que, cansado de ver tanta desgraça na vida de seu dono, começa a ter alucinações quando cheira a droga que encontrou na bagagem de Charlie no compartimento de carga do avião. Antes de passar o barato, ele salva a si próprio, seu jovem dono e o pentelho do pai dele. Porém, um chip que tinha sido implantado na cabeça de Vincent pelo padrasto do garoto (que, na verdade, foi quem matou a mãe para se livrar do menino e do cachorro) mandava as informações das fantasias do cão para um grupo de roteiristas que decidiram fazer um seriado. Agora, sem a ajuda de Vincent, eles não sabem mais o que fazer com a trama e com os milhões de babacas que, como nós, continuam assistindo e tentando encontrar alguma lógica na coisa."

Rodrigo Bertolino, Guarulhos (SP)
"A ilha é um aquário bem grande de um gigante extraterrestre que abduziu os outros há muito tempo e, depois, como toda criança mimada, enjoou dos brinquedos e arrumou mais.... derrubando um avião."

Nery Nader Jr, Curitiba (PR)
"Deus pegou o avião com suas mãos e o transportou da Terra (o seu laboratório A) para outra dimensão/planeta (o laboratório B), onde anjos entediados poderiam brincar de serem humanos adotando o nome de Outros. Existem regras estabelecidas por Deus: ele limpou a memória da maioria, criando uma outra história, sem pé nem cabeça e mais uns números malucos roubados do filme ´Pi`, deixando apenas uns dois ou três Outros cientes de tudo. E, é claro, podou as asas de seus anjos, permitindo a eles até mesmo morrer. Assim a coisa ficaria mais divertida. De quando em quando, Deus decide passear pela ilha como uma fumacinha preta que tudo sabe e tudo pode."

Julio Resende Ribeiro, Pouso Alegre (MG)
"Uma possível explicação seria tudo não passar de um jogo de RPG. Alguns dos personagens seriam representados por jogadores e outros seriam comandados pelo Mestre do Jogo. Como em qualquer jogo de RPG, para compor seu personagem, cada jogador teria preenchido uma ficha, distribuindo pontos em características pré-definidas (Inteligência, Aparência, Agilidade, Força, Destreza, Caráter etc.). Os fatos que ocorrem na ilha seriam conseqüência do lançamento de dados e da ação do Mestre do Jogo."

Barbara Reis, Recife (PE)
"Todos os personagens foram responsáveis pela morte de alguém. Portanto, todos têm uma morte nas costas para lembrar... O Projeto Dharma teria planejado a construção de um lugar perfeito para experiências com os humanos, tudo patrocinado por um homem muito rico, sem herdeiros, que queria ter algum divertimento assistindo a um show da vida. As comidas são enviadas com alucinógenos, para que os sobreviventes imaginem situações e reajam a elas, empolgando cada vez mais o patrocinador. Cada personagem foi escolhido a dedo por ele. Seu principal critério foi que cada um tivesse um dia matado alguém, isso para garantir que, na ilha, eles matariam para sobreviver e tornariam a vida mais excitante."

Eduardo Luiz Bermejo, Londrina (PR)
"Por que o tubarão que atacou Sawyer, Jin e Michael na tentativa de fuga da ilha tinha o símbolo do Projeto Dharma na cauda? Tudo ali na ilha é uma criação deste projeto? Seria um novo ´Show de Truman´?"

Leandro Nogueira, Brasília (DF)
"A ilha seria um mundo mágico que se tornou conhecido após um milionário maluco decidir realizar uma série de experimentos psicológicos para sua própria diversão. Descobertas as propriedades mágicas do lugar, o milionário resolveu levar tudo mais a sério, mas era tarde demais. A ilha já tinha sido controlada por sua equipe original, os Outros, que descobriram segredos que não desejam revelar ao mundo, muito menos à tripulação do avião que caiu por lá. Apenas alguns escolhidos poderiam conhecer a Verdade, que depende de crianças para continuar existindo. As propriedades mágicas da ilha seriam responsáveis por alguns milagres (sobrevivência de parte dos tripulantes, cura de câncer e de paraplegia; o urso polar é só uma brincadeira de mau gosto dos Outros que tingiram um urso pardo de branco), pelo incrível campo magnético do lugar, pelas aparições de fantasmas do passado etc."

Mauro César da Silva, Jaguariúna (SP)
"Como todos viram, o Henry Gale disse para Hurley que eles eram os mocinhos. Também acho que isso poderia ser comprovado, porque Alex nunca tentou fugir deles e me parecia que Ethan gostava realmente de Claire, já que estava cuidando do Aaron antes mesmo de ele nascer... Os Outros, na verdade, são membros da Dharma que não quiseram mais participar dos experimentos que eram feitos com os animais e pessoas e realizaram o tal "incidente" que foi citado várias vezes."

João Paulo Coutinho, Catalão (GO)
"A ilha toda é um programa tipo neomatrix (em teste). Alguns personagens até se encaixam:
Neo - Jack
Trinity - Kate (nem toda Trinity é tão fiel assim, clima tropical contribui um pouco)
Sawyer - Smith
Charlie - Morpheus (crédulo, crédulo)
Hurley - Oráculo
Locke - Arquiteto
Paulo (Santoro) - aquele rapazinho encarregado de recarregar a munição das máquinas no ´Matrix Revolutions` de quem não lembro o nome."

Christian dos Santos, São Paulo (SP)
"Minha solução para essa trama é que todos os personagens foram abduzidos por extraterrestres e estão participando de uma experiência científica. Nessa tal ilha, que aliás deve ser em um outro planeta, existem pessoas abduzidas de diversas épocas desde as mais antigas (os Outros, que lembram os bárbaros) até os tempos atuais, a galera do Jack, pessoas de diversos lugares do planeta Terra, culturas, profissões, etc... e os ETs estão só nos estudando! Agora, nesta terceira temporada, o desafio deles será fazer o Rodrigo Santoro falar mais inglês nos filmes/séries americanas. E olha que eles são bons, pois já curaram até o Locke!"

Carlos Henrique Consoni, Mongaguá (SP)
"Depois do acidente, recolheram os cérebros das pessoas cujos corpos ficaram dilacerados e sob anestesia total, retiraram-nos para usar em uma experiência, onde continuam recebendo e transmitindo sensações a um computador (ou a alguma outra coisa diabólica de criação genética?), como num sonho, mas bastante "realista"..."

Rafael Soares, Porto Alegre (RS)
"Definitivamente, deve ter extraterrestres na jogada. A fumaça preta é a expressão máxima, ela que se transforma nos ursos polares, irmãos mortos e outras coisas do tipo. A explicação mais plausível (se é que algo assim pode ser plausível) na minha cabeça é que a ilha é uma espécie de armadilha. Para os ETs, é claro. Aprisionados ali pelo tal superultramegacampo magnético/nuclear que devia ser gerado por algum tipo de reator que estava abaixo da primeira escotilha."

Leopoldo Saldanha, São Paulo (SP)
"Eles estão em um videogame. Todos vivem no futuro. E são vários times: os Outros, o pessoal da cauda, o pessoal da frente do avião, e outros times perdidos (o da Rousseau, por exemplo). A partir do momento em que entram no jogo, todos têm suas diretrizes, mas eles não sabem que estão participando. Quem morre sai do jogo, quem fica quer descobrir o mistério e tudo que é absurdo faz parte do jogo. São obstáculos."

Magnus Aurelius Liporone, São Paulo (SP)
"A cada 100.000 anos o pólo magnético da Terra muda de lugar. A ilha seria o próximo pólo magnético. O Projeto Dharma, com receio dos estragos e das implicações dessa mudança, instala toda uma parafernália para retardar ou até mesmo impedir essa mudança. Os enviados para a ilha, recrutados pelo Projeto Dharma, nada sabem sobre sua verdadeira missão. Os portugueses no pólo Norte também fazem parte do projeto original que estuda essa mudança. A falha do Desmond no processo de conter as coisas como estão --digitando os fatídicos números na escotilha-- foi a causa que derrubou o avião dos protagonistas com um enorme impulso magnético."

Luiza Osterland, Cabedelo (PB)
"A ilha não existe...
Os personagens não existem....
A trama não existe....
oooooooopppppppsssss
eureka! nós não existimos, bip, bip. bip.......




Na semana que vem, juro, o assunto será outro!
Sylvia Colombo, 35, é repórter da Ilustrada, onde escreve sobre livros, cinema e música. Formada em história pela USP e jornalismo pela PUC-SP, foi editora de Especiais, Folhateen e Folhinha, e correspondente em Londres. Escreve às sextas.

E-mail: scolombo@folhasp.com.br

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