Carlos Heitor Cony
06/07/2004
No passado, já tivéramos piques monumentais de audiência, como no caso de "O direito de nascer", "Roque Santeiro" e outras. E evidente que novas novelas virão com a mesma força e o mesmo desempenho técnico, colocando a TV na "pole position" da comunicação em massa.
Cabe agora uma reflexão sobre o cinema, tido por muitos como uma alternativa da TV, com mais conteúdo e duração menos efêmera. Concorrer, cabeça com cabeça com a TV, será inútil, caro e desfavorável. A penetração da telinha é irreversível e seus profissionais, de uma forma ou outra, conhecem suas possibilidades, até onde a programação pode e deve chegar. Os horários são aferidos tecnicamente, os temas a serem abordados são analisados exaustivamente por grupos especializados, um ou outro acidente de percurso é compensado imediatamente por um estouro colossal.
Conheço cineastas que não se conformam com isso, achando que o cinema precisa de maiores verbas (sobretudo as oficiais), de divulgação mais barata e eficiente, tudo em nome do conteúdo que consideram mais nobre e menos banal do que o da TV. Um pouco de humildade faria bem ao cinema sem nada diminuir da TV.
O teatro, como o romance, também se ressentem da falta de verbas e do interesse massivo da população. Nem por isso, devem ser desdenhados, muito menos abandonados como primos pobres da cultura e do entretenimento. A dimensão do teatro e do romance é outra, muitas vezes atravessa séculos, pretensão que nem o cinema nem a TV disputam. Uma vez mais: cada macaco no seu galho.
Cada macaco no seu galho
Não foi a primeira nem será a última vez em que a cidade, o Brasil inteiro parou assistir o último capítulo da excelente novela do Gilberto Braga. Nem mesmo nos finais da Copa do Mundo o silêncio foi total, milhões de brasileiros em volta da telinha para saber como a história terminava.No passado, já tivéramos piques monumentais de audiência, como no caso de "O direito de nascer", "Roque Santeiro" e outras. E evidente que novas novelas virão com a mesma força e o mesmo desempenho técnico, colocando a TV na "pole position" da comunicação em massa.
Cabe agora uma reflexão sobre o cinema, tido por muitos como uma alternativa da TV, com mais conteúdo e duração menos efêmera. Concorrer, cabeça com cabeça com a TV, será inútil, caro e desfavorável. A penetração da telinha é irreversível e seus profissionais, de uma forma ou outra, conhecem suas possibilidades, até onde a programação pode e deve chegar. Os horários são aferidos tecnicamente, os temas a serem abordados são analisados exaustivamente por grupos especializados, um ou outro acidente de percurso é compensado imediatamente por um estouro colossal.
Conheço cineastas que não se conformam com isso, achando que o cinema precisa de maiores verbas (sobretudo as oficiais), de divulgação mais barata e eficiente, tudo em nome do conteúdo que consideram mais nobre e menos banal do que o da TV. Um pouco de humildade faria bem ao cinema sem nada diminuir da TV.
O teatro, como o romance, também se ressentem da falta de verbas e do interesse massivo da população. Nem por isso, devem ser desdenhados, muito menos abandonados como primos pobres da cultura e do entretenimento. A dimensão do teatro e do romance é outra, muitas vezes atravessa séculos, pretensão que nem o cinema nem a TV disputam. Uma vez mais: cada macaco no seu galho.
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Carlos Heitor Cony, 80, é membro do Conselho Editorial da Folha. Romancista e cronista, Cony foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2000. Escreve para a Folha Online às terças. E-mail: cony@uol.com.br |
