Carlos Heitor Cony
31/08/2004
Não fizemos feio nem bonito. Em Atlanta foi melhor, tivemos mais medalhas, mas em Atenas a empolgação da nossa torcida foi maior. Aos poucos, o povão começa a se interessar pelos resultados, mesmo naquelas modalidades que não compreende bem, como o lançamento de discos, hipismo, saltos acrobáticos, os diversos estilos de natação e iatismo.
Basquete, vôlei, futebol, esportes coletivos em geral, têm apelo maior, são vistos e geralmente compreendidos. Mesmo assim, gradualmente, estamos criando uma mentalidade que se não chega a ser olímpica, está caminhando para isso. Neste particular, o Comitê Olímpico Brasileiro está de parabéns. Roma não se fez num dia.
O trabalho do COB se bifurca em duas frentes importantes: a primeira, e a mais imediata, é forçar o governo a criar uma política do esporte levada a sério, que esqueça os paredros profissionais do futebol e pense globalmente na valorização dos nossos atletas, técnica, física e moralmente. A segunda é de fundo marqueteiro, criar condições para que o atletismo em sua forma mais nobre, que é a olímpica, ganhe mentes e corações, ganhe ruas e torcidas inflamadas. O futebol é considerado a pátria em chuteiras. É bom mas é pouco. No dia em que tivermos 11 medalhas de ouro numa Olimpíada teremos chegado lá.
Chegaremos lá
Como tudo na vida, podia ser melhor ou pior. As Olimpíadas deste ano, para os nossos lados, chegou a ser razoável, sobretudo nos últimos lances, com o ouro do vôlei masculino e o bronze na maratona, que poderia ter dado mais um ouro para o Brasil, não fosse a falha da segurança que não impediu um fanático de atrapalhar a vitória de nosso atleta.Não fizemos feio nem bonito. Em Atlanta foi melhor, tivemos mais medalhas, mas em Atenas a empolgação da nossa torcida foi maior. Aos poucos, o povão começa a se interessar pelos resultados, mesmo naquelas modalidades que não compreende bem, como o lançamento de discos, hipismo, saltos acrobáticos, os diversos estilos de natação e iatismo.
Basquete, vôlei, futebol, esportes coletivos em geral, têm apelo maior, são vistos e geralmente compreendidos. Mesmo assim, gradualmente, estamos criando uma mentalidade que se não chega a ser olímpica, está caminhando para isso. Neste particular, o Comitê Olímpico Brasileiro está de parabéns. Roma não se fez num dia.
O trabalho do COB se bifurca em duas frentes importantes: a primeira, e a mais imediata, é forçar o governo a criar uma política do esporte levada a sério, que esqueça os paredros profissionais do futebol e pense globalmente na valorização dos nossos atletas, técnica, física e moralmente. A segunda é de fundo marqueteiro, criar condições para que o atletismo em sua forma mais nobre, que é a olímpica, ganhe mentes e corações, ganhe ruas e torcidas inflamadas. O futebol é considerado a pátria em chuteiras. É bom mas é pouco. No dia em que tivermos 11 medalhas de ouro numa Olimpíada teremos chegado lá.
Carlos Heitor Cony, 80, é membro do Conselho Editorial da Folha. Romancista e cronista, Cony foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2000. Escreve para a Folha Online às terças. E-mail: cony@uol.com.br |