Carlos Heitor Cony
29/10/2002
Alegria de pobre dura pouco _sempre ouvi isso, desde pequeno. E até que ponto o carioca é um pobre? Sua festas devem durar muito ou, como acontece tantas vezes com o próprio carioca, ele se festeja por conta própria, sem necessidade de estar bem ou mal informado?
Ziraldo fez 70 anos, Paulo Coelho agora é imortal, e ao contrário de outros imortais, como eu, que são obrigados a serem imortais por que não têm onde cair morto, o mago está bem de vida e função.
Abracei o Ziraldo dias antes de sua festa, dei-lhe carona até em casa ( é meu vizinho aqui na Lagoa) e renovamos nossa promessa de deixar como legado, um para o outro, os coletes e os suspensórios. O lucro é meu, pois os suspensórios são banais e os coletes do Ziraldo são uma coisa.
Abracei também o Paulo Coelho, um gentleman, que ficou muito faceiro no fardão, no qual eu pareço um gafanhoto envergonhado e ele um marechal do Segundo Império.
Quanto ao Lula, a festa dele ainda não acabou. Sua declaração mais honesta e sincera durante toda a campanha foi um desabafo pessoal. Perguntaram-lhe o que era a melhor coisa do mundo e ele respondeu na bucha: candidato a presidente da República.
Deixo aqui o meu abraço também para ele. Acompanhei-o como jornalista de "Manchete" numa distante campanha, a de 1989, e votei nele no segundo turno daquele ano. É um tipo humano excepcional. Vou torcer para que seja um presidente excepcional.
Grandes festas
Desde os tempos dos tamoios, que se assanhavam diante das caravelas portuguesas que chegavam à Guanabara, o Rio é uma cidade assanhada: por qualquer motivo, ou mesmo sem motivo, faz uma festa. Tivemos o aniversário do Ziraldo, natural de Caratinga, a posse do Paulo Coelho na Academia Brasileira de Letras, e a vitória do Lula, que dois dias antes da eleição já inundava a cidade de uma onda vermelha e esperançosa.Alegria de pobre dura pouco _sempre ouvi isso, desde pequeno. E até que ponto o carioca é um pobre? Sua festas devem durar muito ou, como acontece tantas vezes com o próprio carioca, ele se festeja por conta própria, sem necessidade de estar bem ou mal informado?
Ziraldo fez 70 anos, Paulo Coelho agora é imortal, e ao contrário de outros imortais, como eu, que são obrigados a serem imortais por que não têm onde cair morto, o mago está bem de vida e função.
Abracei o Ziraldo dias antes de sua festa, dei-lhe carona até em casa ( é meu vizinho aqui na Lagoa) e renovamos nossa promessa de deixar como legado, um para o outro, os coletes e os suspensórios. O lucro é meu, pois os suspensórios são banais e os coletes do Ziraldo são uma coisa.
Abracei também o Paulo Coelho, um gentleman, que ficou muito faceiro no fardão, no qual eu pareço um gafanhoto envergonhado e ele um marechal do Segundo Império.
Quanto ao Lula, a festa dele ainda não acabou. Sua declaração mais honesta e sincera durante toda a campanha foi um desabafo pessoal. Perguntaram-lhe o que era a melhor coisa do mundo e ele respondeu na bucha: candidato a presidente da República.
Deixo aqui o meu abraço também para ele. Acompanhei-o como jornalista de "Manchete" numa distante campanha, a de 1989, e votei nele no segundo turno daquele ano. É um tipo humano excepcional. Vou torcer para que seja um presidente excepcional.
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Carlos Heitor Cony, 80, é membro do Conselho Editorial da Folha. Romancista e cronista, Cony foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2000. Escreve para a Folha Online às terças. E-mail: cony@uol.com.br |
