Carlos Heitor Cony
28/01/2003
O primeiro explica, defende e propaga a teoria dominante, a capitalista neoliberal e globalizante, que está em vigor. O segundo, pretende expressar o "outro lado" da questão, a possibilidade de uma prática econômica e social cuja referência básica não é o mercado nem o lucro, mas o bem geral da sociedade.
Não é difícil adivinhar o que é dito, negado ou aprovado nos dois fóruns. Lula fez muito bem em ir aos dois, desde que manteve o mesmo discurso, evitando agradar aos dois auditórios contrários.
Contudo, é flagrante a inutilidade desse blablablá, o liberal e o social. Nada de novo é dito nesses fóruns, que afinal funcionam como vitrines escancaradas para a projeção de personalidades manjadas, sejam as de um lado ou de outro.
Os grandes desafios que estamos enfrentando, no momento, é o da iminente guerra que, inicialmente localizada, por barbeiragem ou cálculo de um dos beligerantes, pode se transformar em mundial; e a taxa de desemprego, já mundial, que teve diversas causas mas produz acumuladas angústias coletivas e pessoais.
Nunca a humanidade teve tantas condições para viver uma era de ouro, não apenas no sentido material, mas no espiritual também. Comunicações fáceis, avanços tecnológicos surpreendentes, possibilidades sem conta de melhorar a qualidade de vida de todos os povos da Terra.
No entanto, as condições criadas para o bem estar social da humanidade como um todo estão servindo para gerar o mal estar, o desconforto físico e espiritual de todos nós. O discurso bem intencionado de Porto Alegre, a fala do trono que vem de Davos, chovem no molhado.
Perda de tempo
Nos dias que correm, o velho, inarredável maniqueísmo ideológico expressa-se na realização simultânea daquilo que chamam de fóruns: o de Davos e o de Porto Alegre.O primeiro explica, defende e propaga a teoria dominante, a capitalista neoliberal e globalizante, que está em vigor. O segundo, pretende expressar o "outro lado" da questão, a possibilidade de uma prática econômica e social cuja referência básica não é o mercado nem o lucro, mas o bem geral da sociedade.
Não é difícil adivinhar o que é dito, negado ou aprovado nos dois fóruns. Lula fez muito bem em ir aos dois, desde que manteve o mesmo discurso, evitando agradar aos dois auditórios contrários.
Contudo, é flagrante a inutilidade desse blablablá, o liberal e o social. Nada de novo é dito nesses fóruns, que afinal funcionam como vitrines escancaradas para a projeção de personalidades manjadas, sejam as de um lado ou de outro.
Os grandes desafios que estamos enfrentando, no momento, é o da iminente guerra que, inicialmente localizada, por barbeiragem ou cálculo de um dos beligerantes, pode se transformar em mundial; e a taxa de desemprego, já mundial, que teve diversas causas mas produz acumuladas angústias coletivas e pessoais.
Nunca a humanidade teve tantas condições para viver uma era de ouro, não apenas no sentido material, mas no espiritual também. Comunicações fáceis, avanços tecnológicos surpreendentes, possibilidades sem conta de melhorar a qualidade de vida de todos os povos da Terra.
No entanto, as condições criadas para o bem estar social da humanidade como um todo estão servindo para gerar o mal estar, o desconforto físico e espiritual de todos nós. O discurso bem intencionado de Porto Alegre, a fala do trono que vem de Davos, chovem no molhado.
Carlos Heitor Cony, 80, é membro do Conselho Editorial da Folha. Romancista e cronista, Cony foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2000. Escreve para a Folha Online às terças. E-mail: cony@uol.com.br |