Pensata

Gilberto Dimenstein

31/05/2005

A maconha de Gil

Não se tinha notícia, até a sabatina realizada pela Folha com Gilberto Gil, de um de servidor público em cargo tão alto como o de ministro reconhecer ter fumado maconha por tanto tempo. Só parou, segundo ele, aos 50 anos de idade. A partir daí, ele defendeu a descriminalização da droga. Talvez ele choque muita gente, mas ele está propondo o que deve ser proposto: quem usa drogas não é delinquente, mas, se for o caso, paciente.

O papel do Estado é, de um lado, punir o traficante, mas, de outro, ajudar o consumidor para evitar que seja dependente. É a posição do ministro e das pessoas sensatas do país, preocupadas com a saúde pública. Muita gente vai gritar, dizer que o ministro está dando mau exemplo, que a liberalização ajudaria a disseminação das drogas. Ocorre que, nesse campo, o melhor que se consegue (infelizmente) é reduzir o dano.

Há também uma hipocrisia óbvia: no país em que fabricante de cigarro consegue selo de responsabilidade social (e até patrocina eventos do terceiro setor), fica meio ridículo demonizar a maconha, cujos efeitos para a saúde pública são infinitamente menores do que os do cigarro.

Comentários desta coluna estão no www.dimenstein.com.br.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.

E-mail: palavradoleitor@uol.com.br

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