Pensata

Gilberto Dimenstein

06/06/2005

O "mensalão" e o milagre do Jardim Ângela

Quem olha para as denúncias de corrupção, agravadas com a revelação do "mensalão" de 30 mil reais supostamente pagos mensalmente pelo PT para manter a fidelidade dos políticos, fica com a sensação de que o Brasil não tem futuro, nada funciona e quase ninguém presta.

Para contrabalançar, recomendo olhar para o Jardim Ângela, distrito da zona sul de São Paulo, apontado pela ONU como a região mais violenta do planeta.

Desde que assumiu o primeiro lugar na lista sinistra, o Jardim Ângela, com seus 300 mil habitantes, mobilizou-se, numa parceria do setor público com a sociedade. Criou-se um sistema de policiamento comunitário, melhorou-se a educação de crianças e jovens, combateu-se o consumo de álcool.

Foi um esforço diário, envolvendo de evangélicos a umbandistas, passando pelos diretores de escolas e ongs. O resultado: o número de assassinatos, desde 1999, não pára mais de cair. No mês passado, por exemplo, não ocorreu ali uma única vítima do homicídio, o que, para os padrões locais, é quase um milagre.

Ou seja, apesar dos "mensalões", há um Brasil que resiste e progride longe de Brasília.

Comentários desta coluna estão no www.dimenstein.com.br.

Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.

E-mail: palavradoleitor@uol.com.br

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