Gilberto Dimenstein
21/06/2005
A direção do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, publicou, em seu jornal, a seguinte tese sobre a escravidão dos negros: "Se não fossem escravizados, os negros não teriam sido trazidos ao continente americano. Por pior que estejam aqui atualmente, estão melhores do estariam na África atualmente."
Note-se que o grupo que assumiu a direção do centro (que já foi ocupado, por exemplo, por Ulysses Guimarães), batizou-se de "escória" e seu lema, na campanha eleitoral, era "balada, bebida e putaria."
O fato de um grupo desse tipo chegar ao poder numa instituição tão tradicional, marcada pela defesa dos direitos humanos, não é um problema nem provinciano nem só estudantil. Revela o que ocorre quando o descrédito se abate na política. Uma tendência que só tende a se agravar com as denúncias que envolvem o PT, que tinha a ética como uma espécie de marca registrada.
Comentários sobre esta coluna estão no www.dimenstein.com.br.
Estudantes de Direito defendem a escravidão
É mais do que uma asneira histórica ou uma piada de péssimo gosto --é o retrato de uma geração de jovens vítimas do cinismo extremado.A direção do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, publicou, em seu jornal, a seguinte tese sobre a escravidão dos negros: "Se não fossem escravizados, os negros não teriam sido trazidos ao continente americano. Por pior que estejam aqui atualmente, estão melhores do estariam na África atualmente."
Note-se que o grupo que assumiu a direção do centro (que já foi ocupado, por exemplo, por Ulysses Guimarães), batizou-se de "escória" e seu lema, na campanha eleitoral, era "balada, bebida e putaria."
O fato de um grupo desse tipo chegar ao poder numa instituição tão tradicional, marcada pela defesa dos direitos humanos, não é um problema nem provinciano nem só estudantil. Revela o que ocorre quando o descrédito se abate na política. Uma tendência que só tende a se agravar com as denúncias que envolvem o PT, que tinha a ética como uma espécie de marca registrada.
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Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras. E-mail: palavradoleitor@uol.com.br |