Gilberto Dimenstein
03/07/2005
Incomodavam-me as suas baboseiras econômicas, sua defesa das corporações (especialmente do funcionalismo público), sua postura terceiro-mundista em política internacional que incluía agrados a Gaddafi, Fidel e Hugo Chávez. Incomodava-me a desproporção entre a pretensão de Lula e seu despreparo administrativo.
Apesar disso, gostava como eles empunhavam a bandeira do social; algumas das grandes conquistas sociais se devem a eles, como a bolsa-escola, orçamento participativo e, em parte, o programa de médicos de família. Do que eu gostava mais era a barulheira que faziam por causa da ética. Tinha lá seu exagero, jogo de cena, mas, no final, o país saía ganhando. Em resumo, mantinham a busca da utopia dentro da esfera institucional.
Esse PT já não existe e nem sei se continuará a existir. Acabou a ingenuidade, substituída pela perversa lógica do que existe de pior na política. Não sei se conseguirão se recuperar. Mas, para o fortalecimento da democracia, alguém terá de ter esse papel.
Já estou com saudades do PT.
Comentários desta coluna estão no site de Gilberto Dimenstein.
Já estou com saudades do PT
Faço parte de uma geração cuja vida adulta confunde-se com a história do PT, com seus 25 anos de vida. Era parte de minha paisagem.Incomodavam-me as suas baboseiras econômicas, sua defesa das corporações (especialmente do funcionalismo público), sua postura terceiro-mundista em política internacional que incluía agrados a Gaddafi, Fidel e Hugo Chávez. Incomodava-me a desproporção entre a pretensão de Lula e seu despreparo administrativo.
Apesar disso, gostava como eles empunhavam a bandeira do social; algumas das grandes conquistas sociais se devem a eles, como a bolsa-escola, orçamento participativo e, em parte, o programa de médicos de família. Do que eu gostava mais era a barulheira que faziam por causa da ética. Tinha lá seu exagero, jogo de cena, mas, no final, o país saía ganhando. Em resumo, mantinham a busca da utopia dentro da esfera institucional.
Esse PT já não existe e nem sei se continuará a existir. Acabou a ingenuidade, substituída pela perversa lógica do que existe de pior na política. Não sei se conseguirão se recuperar. Mas, para o fortalecimento da democracia, alguém terá de ter esse papel.
Já estou com saudades do PT.
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Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras. E-mail: palavradoleitor@uol.com.br |