Pensata

Gilberto Dimenstein

26/07/2005

Acabem com o presidencialismo

Lula é mais uma prova de que o parlamentarismo seria o melhor regime para amenizar crises políticas no Brasil.

Estamos diante do risco de o presidente se tornar inviável politicamente, caso as denúncias comprometam ainda mais seu partido, seu governo e ele próprio. No mínimo, já está provado sua inabilidade administrativa, tantas são as pessoas que lhe são tão próximas acusadas de irregularidades. Falta, porém, muito tempo para as próximas eleições e o país corre o risco de manter um presidente abatido.

No parlamentarismo, a crise seria rapidamente resolvida. Se Lula fosse o presidente, se mudaria o primeiro-ministro. Se ele fosse primeiro-ministro, sairia e teria alguém com maior legitimidade em seu lugar.

Nesses últimos 20 anos de poder civil, tivemos um presidente que morreu (Tancredo Neves), outro que foi tirado do poder (Collor) e agora mais Lula, cujos ex-auxiliares estão metidos num dos maiores escândalos da história do país. Já seria o suficiente para mostrar que o presidencialismo é um risco.

Não me entendam mal: não quero mudança durante o mandato de Lula. Só acho que devemos levar mais a sério a proteção da democracia e reduzir a taxa de instabilidades, o que significa pensar, para o futuro, a implantação do parlamentarismo.

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Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.

E-mail: palavradoleitor@uol.com.br

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