Pensata

Gilberto Dimenstein

18/10/2005

O referendo e os assassinos do futebol

Só porque passou, na segunda-feira passada, na frente de são-paulinos, quando ia pegar seu ingresso, um torcedor da Ponte Preta foi perseguido, massacrado e estouraram-lhe, com chutes, a cabeça. Morreu. No dia anterior, um palmeirense levou um tiro de um corinthiano e também morreu.

O futebol passou a atrair gangues que usam as torcidas organizadas como fachada e pretexto para a selvageria --isso, graças, em parte, à sensação de impunidade. É uma das evidências da epidemia da violência que se propagou pelo país, a tal ponto que muita gente deixou de ir ao campo.

O que está, de verdade, em discussão nesse referendo sobre o desarmamento é menos a arma --afinal, pode-se matar com chutes ou com um revólver-- mas até que ponto a sociedade conseguirá se organizar para prevenir e punir a barbárie.

No essencial, os partidários do "sim" e do "não" vão sair ganhando independentemente do resultado: o referendo vai estimular ajudar as pessoas cobrarem mais do poder público para que assegure a paz.

Se, no passado, os temas que imperaram nos debates nacionais foram, entre outros, inflação e desemprego, no futuro será cada vez mais a violência.


PS - Comentários desta coluna estão no www.dimenstein.com.br.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.

E-mail: palavradoleitor@uol.com.br

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