Pensata

Gilberto Dimenstein

08/11/2005

Brasil forma doutor em fraude

Não passa de asneira a recorrente a idéia de que a corrupção é monopólio do governo e a sociedade sua vítima. A corrupção é, em larga medida, resultado de uma sociedade que não fiscaliza e, pior, em que alguns setores de elite são coniventes com as mais diferentes modalidades de mazelas que vão de sonegar impostos até subornar o guarda. Estamos inventando até mesmo a fraude com doutorado.

A Folha nesta segunda-feira divulgou detalhes do mercado da venda de dissertações de mestrado e de doutorado por valores que chegam a R$ 2.000. Podem-se encontrar os vendedores abertamente na internet, todos eles, claro, titulados. Mas a verdade é que junto com seus clientes, eles participam de uma fraude.

Tão triste quanto a questão ética e o truque acadêmico. Os vendedores dos trabalhos dizem que basta fazer um amontoado de citações acompanhadas de uma profusão de notas de rodapé --tudo isso com algum requinte de organização de informações-- para que a faculdade se dê por satisfeita e o aluno saia com um título de mestre ou doutor.

Comentários desta coluna estão no www.dimenstein.com.br.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.

E-mail: palavradoleitor@uol.com.br

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