Pensata

Gilberto Dimenstein

14/03/2006

O cúmulo da ignorância

Vemos todos os dias e por todos os lados os sintomas da baixa escolaridade dos brasileiros. Vemos, por exemplo, na imensa taxa de adolescentes grávidas. Ou na incapacidade de boa parte da população de entender um texto simples. Vemos também na baixa produtividade dos trabalhadores ou falta de cuidados elementares com a saúde. Nada, porém, é tão revelador do extremo da ignorância do que uma estatística: anualmente, 550 mil que nascem no Brasil não têm nenhum registro.

Sem certidão de nascimento, elas não existem como cidadãos. E, pior de tudo, têm mais dificuldade de receber benefícios sociais ou até se matricular numa escola. Vamos repetir: são 550 mil.

Uma das razões para esse número é apenas desinformação: muita gente não sabe que, desde o final da década de 90, não se cobra mais para tirar a certidão. Por isso, foi lançada, nesta semana, uma mais que urgente campanha, envolvendo diferentes entidades, lideradas pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), para que se informe a todos sobre esse elementar direito.

Às vezes, combater a miséria exige menos dinheiro e esforço do que se imagina. Às vezes, basta um pouco, muito pouco, de informação.

Comentários desta coluna estão no www.dimenstein.com.br.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.

E-mail: palavradoleitor@uol.com.br

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