Pensata

Gilberto Dimenstein

25/04/2006

A nova abolição da escravatura

Quando olhamos os números da educação brasileira ficamos, e nem poderia ser diferente, envergonhados. Refletem a obviedade de que disseminar conhecimento a todos não fez parte das obsessões nacionais e pagamos o preço através da miséria e da violência. Por isso, merece extrema atenção um movimento alinhado nos bastidores envolvendo fundações empresariais, altos executivos de empresas, entidades representativas de secretários estaduais e municipais da educação, dirigentes de entidades como UNESCO e Unicef.

O que se pretende é envolver a elite cultural, empresarial, política, acadêmica e sindical do país, para uma mobilização, com índices concretos e mensuráveis, pela melhoria da educação. Seriam poucos indicadores, mas claros, que façam parte da preocupação cotidiana assim como os indicadores de renda. Nestas eleições, candidatos a governador e a presidente já teriam de se manifestar sobre essas metas que, em larga medida, dependem deles.

Esse plano estabeleceria um prazo de 16 anos --exatamente para coincidir com as comemorações do bicentenário da Independência-- para que as metas fossem sendo atingidas ano a ano. Não é um projeto de governo, mas de nação.

Olhar a longo prazo, acima dos governos e dos partidos, e fazer da educação uma meta nacional é trazer para os dias contemporâneos a nova versão da abolição da escravatura, devido à importância que a disseminação do conhecimento tem para a liberdade humana.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.

E-mail: palavradoleitor@uol.com.br

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