Pensata

Gilberto Dimenstein

13/07/2006

A boa lição do PCC

Os métodos do PCC são terríveis e selvagens, mas há, em tudo isso, uma boa lição de civilidade: estamos vendo como a repressão é limitada para enfrentar a violência. Quanto mais se prende (e é isso o que a opinião pública quer), mais vulnerável fica a sociedade --isso porque o PCC se torna ainda mais forte.

Quanto mais se pede tratamento desumano aos presos, num espírito de vingança, mais e mais somos, como estamos vendo, as vítimas, e não só eles, os delinquentes.

Mais importante do que tudo, quando menos conseguimos oferecer mecanismos de inclusão, evitando a marginalidade infanto-juvenil, o que exige práticas muito melhores de políticas públicas, mais difícil será evitar que o PCC tenha adeptos, por uma simples questão da lei da oferta e da procura.

Quanto mais retardamos as reformas para que o país cresça, com menos peso do Estado e gastos públicos mais qualificados, mais inseguros ficaremos no futuro, por falta de empregos.

Essas são as boas lições do PCC.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.

E-mail: palavradoleitor@uol.com.br

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