Pensata

Gilberto Dimenstein

16/08/2006

Serra foi preconceituoso?

Em entrevista à TV Globo, José Serra (PSDB) atribuiu parte da má qualidade do ensino no Estado de São Paulo à migração, o que já está sendo explorado, na campanha, como preconceito contra os nordestinos.

É certo que quanto mais pessoas pobres, migrantes ou não, entrem no sistema de ensino, maiores dificuldades para as escolas públicas. Mas o problema essencial é que a educação pública é de qualidade sofrível. Serra foi prefeito e conheceu a realidade da escolas de três turnos diurnos da rede municipal, com classes superlotadas. Viu como as professoras ganham mal, estão desmotivadas e, muitas delas, despreparadas. O que se espera que saia dali? Muitos filhos de migrantes, como Serra, freqüentaram, no passado, a escola pública. Isso piorou aquelas escolas?

A afirmação de Serra só demonstra que ele deveria estudar mais sobre educação antes de emitir esse tipo de opinião. Sua proposta mais ousada (colocar duas professoras por sala) é apenas um detalhe, que ele vende como uma grande solução. Não é uma idéia ruim, mas é apenas um detalhe. Do jeito como é apresentada tem ares de lance mercadológico.

Não creio que Serra tenha sido preconceituoso --isso não passa de exploração eleitoral--, ele só foi desinformado.

Como é desinformado Aloizio Mercadante (PT) que, ao propor o fim da progressão continuada e defender a repetência, só vai jogar mais crianças na rua.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.

E-mail: palavradoleitor@uol.com.br

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