Pensata

Gilberto Dimenstein

09/10/2006

Muito show, poucas idéias

O debate foi um belíssimo show, por manter, por mais de duas horas, a tensão entre os candidatos Lula e Alckmin. Não houve um único instante ameno, insosso, sonolento --nesse aspecto foi um notável resultado jornalístico, graças à flexibilidade para que os candidatos pudessem se expressar.

O problema é que faltou o essencial para quem queria ir além do show.

Se o espetáculo foi revelador do tom da campanha e da estratégia de marketing das candidaturas --e até revelou um Alckmin especialmente agressivo--, o telespectador mais crítico, interessado em soluções, certamente saiu frustrado.

Afinal, a grande questão nacional é hoje saber como vamos crescer mais rapidamente nos próximos anos para reduzir a miséria, aumentar o nível de emprego e elevar a renda. Sabe-se que cortes nos gastos públicos terão de ser feitos. Mas quando, onde e como? Quem vai perder. O que fazer para estancar os buracos provocados pelas aposentadorias?

Certamente não se vai modificar muita coisa fechando alguns ministérios, economizando dinheiro dos gastos dos assessores e ministros nem vendendo o Aerolula.

Foi um ótimo entretenimento e ajudou a expor mais os candidatos para a escolha do eleitor. Mas, se alguém queria propostas, soluções, foi dormir de mãos vazias.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.

E-mail: palavradoleitor@uol.com.br

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