Pensata

Gilberto Dimenstein

10/10/2006

FHC é um injustiçado

No debate na TV Bandeirantes, Lula quis sempre puxar Fernando Henrique Cardoso, numa tentativa de valorizar seu governo --e Alckmin, a exemplo do que Serra já tinha feito no pleito passado, se esforçou para tirar o ex-presidente do foco, com medo de desgaste.

FHC transformou-se num objeto indesejável da política brasileira, cujo nome aparece associado a desemprego e crise. Entende-se o jogo eleitoral, mas é uma injustiça, derivada do jogo rasteiro do poder e da falta de informação histórica.

Está na biografia de FHC ter derrotado a inflação quando ninguém imaginava que poderia ser derrotada. Isso significou substancial aumento do poder aquisitivo dos mais pobres. Só isso já faria com que olhássemos com mais consideração ao ex-presidente.

Mas também está na sua biografia ter aprovado a Lei da Responsabilidade Fiscal, que ajudou a disciplinar os gastos públicos --e, no futuro, será vista como um dos momentos mais importantes na história da modernização do Estado brasileiro.

Foi em seu governo que se disseminaram os programas de renda mínima, agora reunidos (e melhorados por Lula) no Bolsa Família.

Importante aqui não elogiar as conquistas inegáveis de FHC, mas conhecer a nossa história, aprendendo com os erros e também com seus acertos.

Assim como temos de reconhecer que Lula já mereceria ter entrado para a história por ter uma política de esquerda que soube manter e aprimorar a estabilidade econômica, combinando-a com maior distribuição de renda e menos pobreza.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.

E-mail: palavradoleitor@uol.com.br

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