Pensata

Gilberto Dimenstein

06/03/2007

Coragem, aborto e legalização das drogas

Pode-se não gostar das idéias do governador do Rio, Sérgio Cabral, mas não vejo como deixar de considerá-lo um político corajoso --aliás, dos mais corajosos que vi nos últimos tempos, por tocar em temas delicados como aborto e legalização de drogas.

Já disse várias vezes em meus artigos que a criminalidade tem várias causas e deve ser enfrentada em múltiplos flancos preventivos e repressivos. É o que tenho visto funcionar em projetos contra a violência dentro e fora do Brasil. De Nova York passando por Bogotá e Medellín, chegando ao Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo.

Nessa complexa ofensiva certamente facilitar que a mulher possa determinar o tamanho de sua família evitando filhos indesejados é um, entre tantos recursos, para reduzir a exclusão --aliás, há vários estudos mostrando a relação entre planejamento familiar e crime.

Muita gente séria, contrária ao uso de droga, vai se convencendo ou suspeitando de que a clandestinidade acaba agregando violência ao vício, que deveria ser tratado como uma questão se saúde pública, não de polícia. E deveríamos tratar os vendedores de drogas assim como tratamos os vendedores de cigarro.

Tais discussões são extremamente complexas e existem argumentos bons de ambos os lados, mas devem estar em debate e, devemos reconhecer, Sérgio Cabral ajudou a trazê-los para a agenda nacional.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.

E-mail: palavradoleitor@uol.com.br

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