Pensata

Gilberto Dimenstein

10/04/2007

Nós matamos motoqueiros

Um motoqueiro morre todos os dias apenas na cidade de São Paulo. Pelo menos três deles sofrem graves acidentes. Quem entra no pronto-socorro público fica horrorizado com o tamanho desse massacre do qual somos mais do que observadores. Somos participantes.

Se o governo tem sua cota de culpa por não conseguir fiscalizar o trânsito, a sociedade também é responsável. Afinal, são as empresas e indivíduos que pagam pelo serviço de motoboys desqualificados, submetidos a uma situação de estresse constante e a regras de trabalho precárias. Alguns trabalham mais do que 16 horas por dia, estimulados a correr mais para ganhar mais.

Por isso, vale a pena prestar atenção numa experiência que acaba de começar: a distribuição de selos de qualidade para empresas de motofrete e motoboys que se disponham a seguir normas de segurança. É um selo voluntário. Isso significa que seu sucesso dependerá de as pessoas contratarem as entregas exigindo o certificado de qualidade e valorizando a responsabilidade do trânsito.

São detalhes desse tipo que medem nossa capacidade de reagir ou não à barbárie, tornando-nos educadores ou cúmplices da matança.

PS-Os nomes das empresas que receberam o selo estão no meu site www.dimenstein.com.br
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.

E-mail: palavradoleitor@uol.com.br

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