Gilberto Dimenstein
29/10/2002
Muita gente queria que, em nome da estabilidade financeira, ele logo informasse os nomes de quem vai pilotar a economia. Mas estaria reproduzindo a velha lógica de que os ministérios econômicos são mais relevantes _ele ganhou a eleição, porém, baseado na promessa de melhoria dos indicadores sociais.
Nada é mais absurdo num país com tanta terra do que a fome. É fácil falar em fome, mas é difícil definir quem merece o benefício e, mais, como esse benefício se complementa ás demais políticas federais, estaduais e municipais.
O risco é essa política contra a fome repetir a velha lógica assistencialista, comprovadamente uma fonte de desperdício. Já vimos no passado o que ocorreu com políticas federais de distribuição de alimentos. Seria um retrocesso ao que já existe.
Os programas de renda mínima (e a distribuição de alimentos é mais uma modalidade desse tipo de ajuda às populações mais pobres) têm de exigir sempre contrapartida, obrigando a beneficiário a algum tipo de compromisso: a bolsa-escola, por exemplo, exige a manutenção da criança em sala de aula.
Fora disso, vira uma esmola que dá pouco dinheiro para os pobres e muito aos espertalhões.
O melhor que se pode fazer agora pela área social é evitar a fragmentação e dispersão de projetos _a área social tem fome de eficiência.
A fome de Lula
O primeiro anúncio do presidente eleito Lula foi a criação da secretaria contra a fome. Pelo menos do ponto de vista mercadológico, ele acertou.Muita gente queria que, em nome da estabilidade financeira, ele logo informasse os nomes de quem vai pilotar a economia. Mas estaria reproduzindo a velha lógica de que os ministérios econômicos são mais relevantes _ele ganhou a eleição, porém, baseado na promessa de melhoria dos indicadores sociais.
Nada é mais absurdo num país com tanta terra do que a fome. É fácil falar em fome, mas é difícil definir quem merece o benefício e, mais, como esse benefício se complementa ás demais políticas federais, estaduais e municipais.
O risco é essa política contra a fome repetir a velha lógica assistencialista, comprovadamente uma fonte de desperdício. Já vimos no passado o que ocorreu com políticas federais de distribuição de alimentos. Seria um retrocesso ao que já existe.
Os programas de renda mínima (e a distribuição de alimentos é mais uma modalidade desse tipo de ajuda às populações mais pobres) têm de exigir sempre contrapartida, obrigando a beneficiário a algum tipo de compromisso: a bolsa-escola, por exemplo, exige a manutenção da criança em sala de aula.
Fora disso, vira uma esmola que dá pouco dinheiro para os pobres e muito aos espertalhões.
O melhor que se pode fazer agora pela área social é evitar a fragmentação e dispersão de projetos _a área social tem fome de eficiência.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras. E-mail: palavradoleitor@uol.com.br |