Pensata

Gilberto Dimenstein

12/11/2002

Uma bomba para Lula

O salário mínimo é a primeira e gigantesca bomba para Lula. Se ele der um aumento de R 240, como era defendido pelo PT, terá de achar no orçamento a bagatela de R 5 bilhões. Isso sem ter ainda encontrado os recursos para a campanha contra a fome.

Lula terá de usar o argumento que os presidentes usam _e o PT sempre criticou. O salário é baixo, mas o governo tem pouco dinheiro para arcar com o aumento dos gastos da Previdência.

Há, porém, um argumento perverso e sempre levantado por técnicos que estudam políticas de combate à fome. É perverso por atacar os idosos, um segmento frágil. O aumento do salário mínimo implicaria transferência de mais R 5 bilhões para idosos, que já não estão no auge de sua produtividade.

Os técnicos argumentam que se esse mesmo dinheiro fosse aplicado na melhoria da escolaridade dos jovens, formando uma mão-de-obra mais produtiva, o ganho social seria maior. Esse valor seria mais que suficiente para atacar os guetos, onde impera a delinquência juvenil.

Chega a ser tenebroso pensar nesse cálculo, mas, goste-se ou não, tem fundamento.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.

E-mail: palavradoleitor@uol.com.br

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