Kennedy Alencar
01/07/2005
As recentes revelações a respeito da movimentação financeira de empresas de Marcos Valério, publicitário acusado de ser o operador do suposto "mensalão", reforçaram a seguinte avaliação da maioria dos órgãos de imprensa:
1) O PT tinha um caixa dois,
2) Esse suposto esquema foi montado pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e pelo tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e
3) É impossível que Lula não soubesse disso.
Diante dessa tese, as apurações jornalísticas se concentram na busca da prova de que Lula sabia de tudo, o que ele nega em irados desabafos de bastidor. E Jefferson, que faz acusações verossímeis, diz que Lula não sabia.
No depoimento à CPI dos Correios, um colega de partido, Arnaldo Faria de Sá (SP), perguntou ao presidente licenciado do PTB por que ele poupava o presidente da República.
Não posso atacar um inocente, respondeu Jefferson. O depoente relatou o seguinte: ao falar com Lula do "mensalão" e da troca de um diretor de Furnas, o presidente deu demonstrações, sinceras no entender dele, de não estar a par da eventual mesada a deputados do PP e do PL nem da suposta tentativa de Dirceu de segurar na estatal de energia um funcionário que o primeiro mandatário queria trocar.
Se Jefferson, autor de acusações que abalaram a República, defende Lula, o presidente ainda tem chance de superar a crise. Isso ajuda a montar uma barreira que evite a contaminação do presidente. Lula, porém, precisará errar menos na política, algo que disse que jamais faria.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS), tribuno que costuma jogar gasolina na fogueira das crises, disse na CPI dos Correios que todo mundo quer dar uma chance a Lula de superar as dificuldades e tocar adiante o governo. Lula também deveria agradecer a Simon.
Lula deve agradecer a Jefferson
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria agradecer ao deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Na maior crise de seu governo, ele se transformou no seu defensor de maior credibilidade.As recentes revelações a respeito da movimentação financeira de empresas de Marcos Valério, publicitário acusado de ser o operador do suposto "mensalão", reforçaram a seguinte avaliação da maioria dos órgãos de imprensa:
1) O PT tinha um caixa dois,
2) Esse suposto esquema foi montado pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e pelo tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e
3) É impossível que Lula não soubesse disso.
Diante dessa tese, as apurações jornalísticas se concentram na busca da prova de que Lula sabia de tudo, o que ele nega em irados desabafos de bastidor. E Jefferson, que faz acusações verossímeis, diz que Lula não sabia.
No depoimento à CPI dos Correios, um colega de partido, Arnaldo Faria de Sá (SP), perguntou ao presidente licenciado do PTB por que ele poupava o presidente da República.
Não posso atacar um inocente, respondeu Jefferson. O depoente relatou o seguinte: ao falar com Lula do "mensalão" e da troca de um diretor de Furnas, o presidente deu demonstrações, sinceras no entender dele, de não estar a par da eventual mesada a deputados do PP e do PL nem da suposta tentativa de Dirceu de segurar na estatal de energia um funcionário que o primeiro mandatário queria trocar.
Se Jefferson, autor de acusações que abalaram a República, defende Lula, o presidente ainda tem chance de superar a crise. Isso ajuda a montar uma barreira que evite a contaminação do presidente. Lula, porém, precisará errar menos na política, algo que disse que jamais faria.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS), tribuno que costuma jogar gasolina na fogueira das crises, disse na CPI dos Correios que todo mundo quer dar uma chance a Lula de superar as dificuldades e tocar adiante o governo. Lula também deveria agradecer a Simon.
Kennedy Alencar, 39, é colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre os bastidores da política federal, aos domingos. E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br |