Pensata

Kennedy Alencar

24/02/2006

PIB de 2005 enfraquece Palocci

Rogério Buratti e cia. causaram dano imenso à imagem pública de Antonio Palocci Filho, mas não abalaram o prestígio do ministro da Fazenda junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O que tirou força de Palocci no governo foi o desempenho pífio da economia no ano passado, como confirma a divulgação hoje do PIB de 2005. Apenas 2,3% de crescimento na comparação com 2004, cuja taxa foi de 4,9%.

O Brasil só perde do Haiti no campeonato de menor crescimento do PIB da América Latina. A economia brasileira levou um tombaço no ano passado, resultado de uma política monetária que vinha sendo criticada dentro do próprio Ministério da Fazenda desde abril de 2005.

A divulgação do PIB, providencialmente deixada para véspera de Carnaval, interrompe uma série de notícias positivas que Lula julga fundamental para vitaminar sua chance de se reeleger.

Esse resultado, pior do que a cúpula do governo esperava, não significa que Palocci esteja escanteado ou que vá deixar a Fazenda se Lula se reeleger. O ministro é suficientemente habilidoso para superar tormentas.

No entanto, o PIB de 2005 limita o poder de Palocci, que vem perdendo todas as batalhas econômicas de 2006 contra um grupo de ministros que lhe faz contraponto mais eficiente do que fazia José Dirceu quando chefe da Casa Civil. Expoentes desse grupo, a ministra Dilma Rousseff, sucessora de Dirceu, e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ganharam força perante Lula.

Mais: o presidente se sente enganado por Palocci. No ano passado, o ministro e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, lhe prometeram crescimento de pelo menos 4%. Lula chegou a falar de público que a taxa poderia ultrapassar 5%. Terá de engolir agora um número bem fraquinho.

Para minimizar o impacto negativo, o governo divulgará dados pontuais para mostrar que, em alguns setores, houve no ano passado crescimento significativo e bem superior ao PIB. Outra desculpa oficial será a surrada expressão "fotografia do passado". Ou seja, a maré ruim já passou e a economia está crescendo num ritmo maior.

Tudo isso é verdade. Mas também é verdade que o país marcou passo em 2005.
Kennedy Alencar, 39, é colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre os bastidores da política federal, aos domingos.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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