Kennedy Alencar
21/04/2006
Lula já tem atuado politicamente para minar a maioria da oposição na CPI e priorizará a defesa do amigo e presidente do Sebrae, Paulo Okamotto. A oposição escolheu Okamotto como alvo prioritário a partir de agora para tentar enfraquecer Lula na CPI dos Bingos. O governo tentará reforçar seu time na comissão.
O presidente também estimulará os petistas que queiram recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra decisões da CPI dos Bingos que julguem prejudiciais ao governo e a eles próprios.
Para o Palácio do Planalto, um depoimento de Thomaz Bastos no Senado, como quer a oposição, seria repetição do evento de quinta-feira (20/04) na Câmara. Lula acompanhou pela TV apenas trechos do depoimento de Thomaz Bastos na Câmara. Recebeu informes de auxiliares, que lhe transmitiam a avaliação de que o ministro estaria indo bem.
Esses assessores disseram que Thomaz Bastos transmitiu segurança e credibilidade ao defender que a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa não foi ato de governo, como a oposição queria caracterizá-lo, mas "erros" de pessoas públicas punidas rapidamente.
Em tom de brincadeira, um auxiliar do presidente disse que Thomaz Bastos era "o novo Palocci". Dando-se conta da comparação infeliz na atual conjuntura, explicou: o ministro da Justiça lembrava o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho por dar depoimentos ao Congresso que diminuíam a força da crise política em vez de aumentá-la.
"Tirou um pouco da pressão" foram as palavras usadas por um membro da cúpula do governo para expressar a avaliação do próprio presidente. Lula teria dito que o governo ganhou uma batalha, mas que a guerra ainda seria "longa e dolorosa".
Versão bem política
Para colegas de ministério, Thomaz Bastos também foi hábil politicamente. Não feriu Palocci nem Jorge Mattoso, ex-presidente da Caixa, mais do que o necessário. O governo teme retaliações dos dois, que já foram apontados pela Polícia Federal como autores da violação do sigilo de Francenildo.
Thomaz Bastos também preservou o presidente ao dar a versão de que só em 27 de março, segunda-feira, teria ficado clara a culpa de Palocci para Lula. Na quinta anterior, dia 23, Thomaz Bastos se reuniu com Lula e o aconselhou a demitir Palocci. Na tarde daquele dia, o ministro da Justiça havia participado de reunião na casa do então ministro da Fazenda com Mattoso e o advogado Arnaldo Malheiros.
Apesar de dizer que foram discutidos aspectos gerais do crime da quebra de sigilo e não detalhes, como uma eventual confissão de Palocci e de Mattoso de que teriam ordenado e violado o segredo bancário do caseiro, Thomaz Bastos saiu da reunião convencido de que deveria aconselhar Lula a demitir Palocci.
Lula aprova MTB e reforça defesa na CPI dos Bingos
Avaliando que o depoimento do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) na Câmara diminuirá o peso do "caso Francenildo" na estratégia da oposição de ataque o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acredita que a principal batalha agora se dará na CPI dos Bingos.Lula já tem atuado politicamente para minar a maioria da oposição na CPI e priorizará a defesa do amigo e presidente do Sebrae, Paulo Okamotto. A oposição escolheu Okamotto como alvo prioritário a partir de agora para tentar enfraquecer Lula na CPI dos Bingos. O governo tentará reforçar seu time na comissão.
O presidente também estimulará os petistas que queiram recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra decisões da CPI dos Bingos que julguem prejudiciais ao governo e a eles próprios.
Para o Palácio do Planalto, um depoimento de Thomaz Bastos no Senado, como quer a oposição, seria repetição do evento de quinta-feira (20/04) na Câmara. Lula acompanhou pela TV apenas trechos do depoimento de Thomaz Bastos na Câmara. Recebeu informes de auxiliares, que lhe transmitiam a avaliação de que o ministro estaria indo bem.
Esses assessores disseram que Thomaz Bastos transmitiu segurança e credibilidade ao defender que a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa não foi ato de governo, como a oposição queria caracterizá-lo, mas "erros" de pessoas públicas punidas rapidamente.
Em tom de brincadeira, um auxiliar do presidente disse que Thomaz Bastos era "o novo Palocci". Dando-se conta da comparação infeliz na atual conjuntura, explicou: o ministro da Justiça lembrava o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho por dar depoimentos ao Congresso que diminuíam a força da crise política em vez de aumentá-la.
"Tirou um pouco da pressão" foram as palavras usadas por um membro da cúpula do governo para expressar a avaliação do próprio presidente. Lula teria dito que o governo ganhou uma batalha, mas que a guerra ainda seria "longa e dolorosa".
Versão bem política
Para colegas de ministério, Thomaz Bastos também foi hábil politicamente. Não feriu Palocci nem Jorge Mattoso, ex-presidente da Caixa, mais do que o necessário. O governo teme retaliações dos dois, que já foram apontados pela Polícia Federal como autores da violação do sigilo de Francenildo.
Thomaz Bastos também preservou o presidente ao dar a versão de que só em 27 de março, segunda-feira, teria ficado clara a culpa de Palocci para Lula. Na quinta anterior, dia 23, Thomaz Bastos se reuniu com Lula e o aconselhou a demitir Palocci. Na tarde daquele dia, o ministro da Justiça havia participado de reunião na casa do então ministro da Fazenda com Mattoso e o advogado Arnaldo Malheiros.
Apesar de dizer que foram discutidos aspectos gerais do crime da quebra de sigilo e não detalhes, como uma eventual confissão de Palocci e de Mattoso de que teriam ordenado e violado o segredo bancário do caseiro, Thomaz Bastos saiu da reunião convencido de que deveria aconselhar Lula a demitir Palocci.
Kennedy Alencar, 39, é colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre os bastidores da política federal, aos domingos. E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br |