Pensata

Kennedy Alencar

15/09/2006

O plano de Alckmin para ir ao 2º turno

Apesar de as pesquisas apontarem como mais provável a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno, a cúpula da campanha do tucano Geraldo Alckmin mantém a esperança de levar a disputa para a segunda rodada.

Tal esperança é baseada na combinação de uma série de fatores nas próximas duas semanas. Avalia-se que uma eventual e provável abstenção de cerca de 20% do eleitorado prejudicaria mais Lula. Será mantida a estratégia de tentar conquistar votos entre os eleitores mais ricos e mais escolarizados. Eles seriam mais suscetíveis a abandonar o petista do que os mais pobres e menos escolarizados.

Para tentar conquistar votos entre os mais ricos e mais escolarizados, Alckmin terá eventos de campanha na região Sul e tentará pescar votos nos grandes colégios eleitorais de Minas e Rio de Janeiro. Uma ofensiva em busca do voto evangélico está em curso.

Divulgada terça-feira (12/09), pesquisa Datafolha mostrou Lula com 11 pontos percentuais de vantagem sobre a soma dos adversários _suficiente para vencer no primeiro turno. A duas semanas da eleição, a campanha alckmista crê que ainda haveria tempo para tirar entre 4 e 6 pontos percentuais de Lula e levá-los para a soma dos adversários. Se tiver êxito, aumenta muito a chance de uma segunda fase.

No Datafolha, Alckmin bate Lula por 52% a 25% no segmento de eleitores com renda familiar mensal superior a 10 salários mínimos. Essa faixa equivale a 5% do eleitorado.

A cúpula da campanha tucana vê espaço para aumentar essa dianteira de 27 pontos. O mesmo raciocínio valeria para o eleitorado escolaridade superior. O tucano marcou 43% contra 29%. Esses eleitores equivalem a 11% do total.

Para sua avaliação se confirmar, o PSDB sabe que precisará conquistar mais votos nos segmentos com renda familiar mensal entre 5 e 10 salários mínimos e escolaridade média.

Por último, a campanha tucana avalia que a abstenção no dia do primeiro turno, 1º de outubro, será de cerca de 20% nacionalmente. Mas ela seria maior no Nordeste e entre os eleitores mais pobres e menos escolarizados, justamente a região e os segmentos do eleitorado que mais cacifam Lula.

Essa combinação de fatores seria mais do que mera esperança, dizem estrategistas de Alckmin. Afirmam que, a duas semanas do primeiro turno, a imprensa e os institutos de pesquisas estariam se precipitando ao dar a fatura como liquidada.

Mais: a cúpula tucana diz que, se Lula for obrigado a enfrentar um segundo turno, entraria na nova fase da campanha eleitoral com uma derrota psicológica. Alckmin, então, teria uma chance real de batê-lo. A conferir. Parece uma tarefa para lá de hercúlea.
Kennedy Alencar, 39, é colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre os bastidores da política federal, aos domingos.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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