Kennedy Alencar
17/01/2003
A crítica do Itamaraty, no atacado, é que Lula está interferindo em questões internas de outras países (Venezuela) e que isso é um jogo perigoso. Vai que o país esteja apostando no lado errado. Dizem, os diplomatas, que os EUA podem ficar chateados etc.
No varejo, os ataques são endereçados ao assessor especial de Lula para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, que foi enviado à Venezuela para tratar da crise naquele país com o presidente Hugo Chávez. Garcia é chamado de "amador" nos corredores do Itamaraty. Seu papel, porém, é de dirigente político. Ele é de esquerda e foi colocado numa posição de assessoria ao presidente. Se Lula o quisesse no Itamaraty, ele teria sido nomeado ministro. Logo, a política é do presidente. Mas culpar Garcia é mais fácil do que atacar Lula.
E até pode ser que Lula e Garcia estejam equivocados. No entanto, deve ser reconhecido que, pela primeira vez em anos, o Brasil assumiu uma diretriz clara para tentar ter presença de verdade no mundo e hegemonia no subcontinente latino-americano. É uma atitude audaz, daquelas que costumam faltar aos diplomatas (sem generalização) mais interessados em agradar a todos os lados do que em defender os interesses do Brasil.
É arriscada a linha de Lula? É. Mas como os Estados Unidos, a China, e a Rússia atuam para que tenham uma presença que conte no cenário internacional? Com certeza não é tentando agradar a gregos e troianos. É criticável a política norte-americana para o Oriente Médio, no qual assume uma posição anti-Palestina e só faz agravar os conflitos.
Mas não se pode acusar os EUA de não ter lado. Já em relação à grande maioria do Itamaraty...
Lula e a crise no Itamaraty
A política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva gerou uma crise no Ministério das Relações Exteriores, também conhecido como Itamaraty, o nome do palácio onde está instalada a cúpula da chancelaria brasileira. Excelente reportagem de Eliane Cantanhêde na Folha de 16/01 traz os bastidores dessa crise.A crítica do Itamaraty, no atacado, é que Lula está interferindo em questões internas de outras países (Venezuela) e que isso é um jogo perigoso. Vai que o país esteja apostando no lado errado. Dizem, os diplomatas, que os EUA podem ficar chateados etc.
No varejo, os ataques são endereçados ao assessor especial de Lula para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, que foi enviado à Venezuela para tratar da crise naquele país com o presidente Hugo Chávez. Garcia é chamado de "amador" nos corredores do Itamaraty. Seu papel, porém, é de dirigente político. Ele é de esquerda e foi colocado numa posição de assessoria ao presidente. Se Lula o quisesse no Itamaraty, ele teria sido nomeado ministro. Logo, a política é do presidente. Mas culpar Garcia é mais fácil do que atacar Lula.
E até pode ser que Lula e Garcia estejam equivocados. No entanto, deve ser reconhecido que, pela primeira vez em anos, o Brasil assumiu uma diretriz clara para tentar ter presença de verdade no mundo e hegemonia no subcontinente latino-americano. É uma atitude audaz, daquelas que costumam faltar aos diplomatas (sem generalização) mais interessados em agradar a todos os lados do que em defender os interesses do Brasil.
É arriscada a linha de Lula? É. Mas como os Estados Unidos, a China, e a Rússia atuam para que tenham uma presença que conte no cenário internacional? Com certeza não é tentando agradar a gregos e troianos. É criticável a política norte-americana para o Oriente Médio, no qual assume uma posição anti-Palestina e só faz agravar os conflitos.
Mas não se pode acusar os EUA de não ter lado. Já em relação à grande maioria do Itamaraty...
 |
Kennedy Alencar, 39, é colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre os bastidores da política federal, aos domingos. E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br |
