Pensata

Lúcio Ribeiro

09/01/2003

Nova Ordem (pouco de 2002, muito de 2003, segredos e mentiras)

"Everybody, move your body now do it/ Here is somethin' that's gonna make you move and groove/ Hey DJ keep playing that song all night/ On and on and on (on and on and on and on and)"
"Go to the Floor", Missy Elliott

"And then it's three A.M./ And I'm on the corner, wearing my leather/ This dude comes up and he's, like, 'hey, punk!'/ I'm, like, 'Yeah, whatever!'"
"United States of Whatever", Liam Lynch

Agora sim. Feliz ano novo. Vamos nessa.
A coluna inicia 2003 com um projeto. O "Fome Pop Zero".
Já que é tempo de mudanças e o dólar está baixando on and on and on and on, vamos rogar para que mais bandas (ou alguma banda) venham para estes lados. E que os discos fiquem mais baratos. Que dê para comprar CD importado sem ter que parar de comer por causa disso. Que dê para comprar revistas americanas, inglesas e francesas com CD sem ter que vender a mãe. Que no nosso mercado apareçam mais revistas de música e cultura pop. Que os embalos de quinta, sexta, sábado e domingo à noite fervam mais. Que a Motor Music traga mais e mais bandas. Que o Rock in Rio 4 realmente aconteça. Que o Free Jazz volte e nunca mais cancele um show do Radiohead quando já estiver tudo acertado com a banda. Que o Abril pro Rock, o Goiânia Noise e o Upload tragam bandas gringas de garagem. Que a Popload mude finalmente de cara.
Esta é a ata do projeto Fome Pop Zero. Agora é todo mundo trabalhando.
A trilha sonora do FPZ é da diva do hip hop Missy Elliot, da epígrafe acima. Ela é responsável pelo primeiro grande CD lançado em 2003 (no Brasil, claro. o álbum saiu em novembro lá fora).
O lema, segundo Ms.E, é: "todo mundo mexendo o corpinho".
E vamos nós.

* Falando em Missy e mexer o corpinho...

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MISS KITTIN E MISSY ELLIOTT

Quando um ano pop começa bem, ele começa como o fez este 2003.
As duas moças do título acima, a primeira a grande diva do electro europeu e a segunda a principal mulher do hip hop americano, cada uma a seu modo, fizeram o Brasil largar bem no ano novo já em sua primeira semana.
A francesa Kittin veio de corpo e alma ao país para mostrar que o electro morreu. E viva o electro-techno, o electro-rock, o electro-rap.
A americana Elliott chegou em disco, o absurdo de bom chamado "Under Construction", que teve lançamento nos EUA em novembro, mas que acaba de chegar às lojas brasileiras em edição nacional.
Kittin chapou a pista do clube Lov.e na madrugada da última quarta com uma apresentação de DJ, uma faceta duvidosa para quem arrasa mesmo quando atua com sua obra própria, ao lado do parceiro The Hacker.
Como DJ, há não muito tempo, Miss Kittin abria espaços em clube mais com seu nome e sua marcante presença do que suas habilidades nas picapes.
Não sei qual foi a trucagem, mas o caso é que, no Lov.e, Kittin fez mágica.
Segurou a pista por duas horas e meia com um set seguro e inspirado, uma mixagem de primeira e uma "virada" de profissional.
Assumiu a pista herdando o hino electro do Fischerspooner da DJ anterior, Ana Flávia, mas já largou o gênero para buscar a punk-funk Peaches. Moderníssima.
Nenhuma das 500 pessoas do clube ousava não mover o esqueleto quando lá pelo meio do set Kittin trouxe uma inspirada montagem electro, techno para "Maniac", aquela música baba do filme baba "Flashdance". Matou.
Até seu ultrabatido hit "Frank Sinatra", de versão longa, mexida, híbrida, soou novo e sensacional.
Miss Kittin pouco sussurrou no microfone e quase nunca olhou para a pista.
Mas essa de falar muito é tarefa de Missy Elliott, a outra diva.
Abre seu delicioso "Under Construction" (Warner) com um longo e político discurso, em que explica o título do CD: sua música nunca está finalizada. É um trabalho sempre em progresso.
No novo álbum, Elliott inova com o velho. Usa sua poderosa voz, que ganhou espaço definitivo no hip hop depois da explosiva canção "Get Ur Freak On", e mistura com elementos "old school", o hip hop dos anos 80.
Participando de seu álbum, Elliott convidou feras como Ludacris, Method Man, Jay-Z, TLC e Beyonce. E dá sua contribuição ao futuro do rap lançando sua protegida Ms. Jade e ainda 50 Cent, o protegido de Eminem. Altas conexões.
Hinos instantâneos de "Under Construction": "Go to the Floor", "Hot" e a fantástica "Work It", o primeiro single, remixado por 50 Cent.
Hey, Kittin e Elliott. Por favor, mantenham essas canções tocando a noite inteira. On and on and on.
Feliz 2003.

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CURITIBA POP FESTIVAL

O que poderia ser a primeira grande partida para o ano rock brasileiro, o CPF, está embaçado. O festival, que a princípio foi dito que ia (estava previsto para) acontecer no começo de março, já está adiado para maio.
O que consta é que duas atrações internacionais estariam na pimba para vir: uma histórica banda inglesa e os Strokes.
Sobre a segunda, um e-mail que recebi esta semana de um agente da banda é desencorajador: "The Strokes will not be playing this festival, as they are currently working on their next album".

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PREVISÕES 2003

Esta coluna fez uma consulta rápida a uma bola de cristal indie que tem um terreiro em Aparecida do Norte, terra santa do interior paulista. E conseguiu prever algumas coisas sobre o 2003 pop. Quem não for forte o suficiente para lidar com essas coisas pode pular para o próximo item:

* NOMES A PRESTAR ATENÇÃO:
- The Star Spangles (de NY; resolve tudo em menos
de dois minutos por canção).
- Hot Hot Heat (o novo The Cure?).
- Audio Bullys (dupla de Londres, os novos magos da eletrônica).
- 50 Cent (rapper preferido do Eminem, sujeito barra pesada de som idem. Já ouviu "Wanksta"?
- The Gossip (garageira boa de Olympia, Washington. A vocalista gordinha e feroz Beth Ditto deve ser irmã da Karen O. do Yeah Yeah Yeahs, mas elas ainda não sabem).

* BLUR: É triste, mas este álbum do Blur vai ser o flop do ano. A saída do guitarrista Graham Coxon e suas invencionices desnorteou a banda, que não vai ser salva nem pelo mago Fatboy Slim.

* RADIOHEAD: Depois de terem atravessado anos para fazer "Kid A" e "Amnesiac", esta fabulosa banda de Oxford gravou um disco em menos de dois meses e que "soa bastante diferente" de tudo o que já fizeram, segundo o baterista Phil Selway. Thom Yorke deixou escapar na "Spin" que queria um disco "sexy, feito para as pessoas transarem".

* ZWAN: Billy Corgan, dEUS para muita gente, lança o disco com sua Zwan no dia 28. Pela pinta do single vai ser provavelmente o segundo melhor disco do ano.

* TRIBALISTAS: O fantástico trio vai lançar logo no primeiro semestre o "Tribalistas 2", para não bobear, já que o disco do ano passado vendeu bem. Mas, de novo, uma fatalidade. A prensagem vai sair errada de novo. E com a embalagem dos Tribalistas o fã da banda vai levar para casa um CD com músicas do Tiririca.

* CARDIGANS: Com participação de membros do Soundtrack of Our Lives e do Hives, o disco de retorno da banda após cinco anos vai agitar o pop, quando sair, em março.

* VINES: O esquentadinho Craig Nicholls, em show no Brasil, no Rock in Rio 4, vai tocar pelado, bater em todos os integrantes da banda e se matar no palco carioca, depois de show histórico.

* MORRISSEY: De gravadora nova, finalmente o "ser humano mais maravilhoso da Terra" vai lançar um disco de pérolas pop sensíveis, que deixarão o mundo mais feliz. E por causa disso não vai haver mais a guerra EUA-Iraque.

* PORTISHEAD: Depois de longo silêncio, finalmente a banda triste da inconsolável Beth Gibbons lançará outra obra-prima, tão linda e tão densa que deixará o mundo mais baixo-astral. Sem nada a perder, os EUA invadirão o Iraque.

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O DESEJO POP DO ANO

É uma obsessão macabra. O Lula precisa ver isso, porque está virando anseio popular. A última enquete do ano, em que esta coluna perguntava qual o desejo pop do leitor para 2003, deu dis-pa-ra-do que o sonho de uma gente é ver a banda Radiohead no Brasil.
* Uma turnê de Strokes e White Stripes no Brasil é algo muito querido, também.
* O leitor Edson Amorina quer "ter grana para torrar em tudo que é CD que a coluna indica".

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OS MELHORES DE 2002 NA VISÃO ESTRANGEIRA

Para enterrar de vez o ano passado, confira como os principais veículos pop do planeta enxergaram o ano passado na música jovem.
Na lista da estilosa "The Face", revista britânica de comportamento, música e moda, o topo ficou com o jovem Mike Skinner, um inglês branquelo que grava sob o nome The Streets. Para aqueles que gostam de correr atrás de originalidade no pop, "Original Pirate Material" (sem trocadilhos) é o CD do ano, em que Skinner incorpora pop e hip hop ao já revigorante UK Garage.
"Hot in Herre", balaça do rapper Nelly, foi a música do ano. Ainda para a "Face, 2002 pertence ao The Vines (segundo melhor disco do ano, segundo a "New Musical Express"), ao grupo russo de lesbo-teen Tatu, coqueluche na Europa, e aos seriados, filmes e bandas novas dos EUA.
O The Streets fez babar também os jornalistas dance da "Muzik", revista voltada para as pistas eletrônicas, e os franceses da "Les Inrockuptibles". O álbum aparece bem nas listas do "New Musical Express" (3º) e da "Uncut" (5º).
"A Rush of Blood to the Head", do Coldplay, banda britânica que vem encantando os americanos, foi o melhor do ano para o "NME", mas não entusiasmou muito outras publicações. Para a americana "Spin", o primeiro lugar é de "White Blood Cells", da dupla Jack e Meg White, os White Stripes, lançado originalmente em 2001. Atrás, vêm Wilco e Beck.
Já para o sisudo diário britânico "The Independent", não houve muito sangue jovem no pop em 2002. O jornal escolheu entre os seus melhores discos de Tom Waits, Cornershop e os "difíceis" islandeses do Sigur Ros.
O hard rock estratosfericamente pesado de "Songs for the Deaf", do Queens of the Stone Age, não atingiu o topo de nenhuma lista, mas foi bem lembrado em quase todas: "Mojo" (3º), "NME" (6º), "Spin" (8º), "Les Inrockuptibles" (9º) e "Face" (10º).
Já a "Rolling Stone" soltou listas pessoais de vários de seus jornalistas. Dá para ver em www.rollingstone.com/news/ newsarticle.asp?nid=17262.
Entre os maiores destaques de 2002, segundo a californiana revista "Entertainment Weekly", está o "garage rock", a sedimentação do novo rock de Strokes, White Stripes, Hives, Vines que vieram de lugares díspares e devolveu a graça à MTV americana. Segundo a "EW", a série "Sopranos" foi a melhor coisa da TV no ano, o disco do The Streets foi o campeão e de novo o rapper Nelly, que fez muito moleque americano botar uma tira de esparadrapo no rosto, ganhou como melhor música.
Melhor canção, para a "NME", foi "There Goes the Fear", do Doves, o single do ano. Em segundo ficou o EP do Yeah Yeah Yeahs e, em terceiro, "Hate to Say I Told You So", do Hives.
O item fashion do ano, ainda para a "NME", foi as meias listradas. A droga do ano foi maconha. O livro, "Journals", do Cobain. A coisa do ano foi telefone celular com câmera. Chega.

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A INVASÃO DOS DVDs

Foi bem pouco divulgado, mas quem caçou presentes de Natal em lojas de discos viu na prateleira dos DVDs uma batelada de coisas boas no formato, em edição nacional.
Do documentário oficial do explosivo "Never Mind the Bollocks", da banda punk inglesa Sex Pistols, até o famoso show em que o superDJ Fatboy Slim realizou na praia de Brighton, é possível topar na seção DVD das lojas com Blondie, Marilyn Manson, Charlatans, Soft Cell, David Bowie, Smashing Pumpkins, Gorillaz.
Antes de dar um pitaco sobre o que os principais lançamentos trazem, vale dizer que uma pernada atrás de um preço decente é recomendável. O do Fatboy Slim, cheguei a ver valores entre R$ 40 (galerias) e R$ 56.
A maioria dos DVDs tem lançamento da ST2 Video, que vem lançando em média uns dez por mês do formato.
Um papo sobre os melhores (ou pelo menos os que eu vi):

* FATBOY SLIM: É o máximo. Se os outros de uma certa forma têm um resultado esperado _clipes, shows conhecidos em VHS etc._, o do DJ superstar é belo, atualíssimo e quase fez a praia inglesa de Brighton afundar.
Para a segunda apresentação armada por Fatboy Slim (o alter ego do DJ Norman Cook) na cidade litorânea, registrado neste "Big Beach Boutique II", eram esperadas 60 mil pessoas, como no evento de 2001. Segundo as autoridades locais, em 2002 compareceram 250 mil. Norman Cook, que já se apresentou no Brasil (2001), tem uma relação especial com Brighton, considerada a meca do gênero eletrônico big beat.
O DJ ganhou fama tocando na famosa festa Big Beat Boutique, que ocorria no clube The Beach, em Brighton. A Big Beat Boutique de festa virou selo e fez sucesso graças às atuações de Fatboy nos picapes. Britânicos de toda a ilha visitavam a cidade portuária para conferir o talento do DJ em rachar o assoalho da pista do The Beach.
Não é de espantar que o show do DVD, ocorrido em julho passado, tenha levado pânico às autoridades locais, mesmo sendo considerado a maior festa dance de 2002. Seu balanço final foi impressivo: o caos causou a morte de uma clubber, uma enfermeira, e juntou 100 toneladas de sujeira.
O show, como pode ser visto no DVD, juntou uma massa humana na areia da praia. O palco era montado em um píer, com um telão gigante atrás da mesa de som de Cook. Um sem-número de barcos acompanhava do mar a performance do DJ.
O DVD intercala com rapidez de videoclipe as movimentações de Cook, o povo dançando e tomadas largas da massa que se postou à frente do palco. No som, Cook alternava modernidade com canções suas e clássicos da eletrônica, tudo brilhantemente remixado. O DJ abriu com "It Just Won't Do", de Tim Deluxe, hino dance do verão europeu passado.
Chacoalhou com Basement Jaxx, brincou com a introdução de "Born Slippy" (Underworld), tocou as próprias "Right Here, Right Now" e "Star 69", e botou uma baba romântica do grupo pop All Saints, para acalmar os ânimos da platéia extasiada.
No DVD, na seção "extras", há uma divertidíssima opção de acompanhar o show sob os comentários de Cook e de uns amigos. Como se a apresentação já não fosse bacana o suficiente.
Cook tenta assegurar o "Big Beach Boutique III", para o próximo verão. Resta saber se a população de Brighton vai permitir.

* SOFT CELL: Outro DVD que vale o dinheiro investido é o da banda inglesa de "tias velhas" Soft Cell.
"Live in Milan", gravado na Itália no ano passado, marca a grande volta aos palcos da banda pioneira do tecnopop do começo dos anos 80, que terminou a década rachada.
Banda que na verdade é uma dupla, o Soft Cell, de Marc Almond (vocalista) e Dave Ball (sintetizadores), pode ser considerado um dos pais do electro, gênero eletrônico de "resgate".
Há cerca de 20 anos, Marc Almond forjava as mais bonitas letras do pop inglês, ao lado de Morrissey, dos Smiths. Simplicidade e lirismo bem colocados, ambos colocavam suas palavras a serviço dos amores frustrados, sempre do ponto de vista gay.
Lançado na Europa e nos EUA em outubro de 2002, "Live in Milan" reúne todos os clássicos da dupla, mais o material do disco representativo do retorno do Soft Cell, o CD "Cruelty without Beauty". Estão lá os clássicos "Tainted Love", hino gay da geração pós-punk (1981), "Torch", "Bedsitter", "Say Hello, Wave Goodbye" e "Memorabilia".
A volta do Soft Cell vem a calhar em tempos de electro, som pop eletrônico que busca suas batidas secas no som inglês dos anos 80. Juntando a isso o apelo saudosista, a dupla lotou grande parte de suas apresentações recentes.
O clube Rolling Stone, de Milão, que serve de cenário para o show do DVD, está chapado. E todo mundo canta junto com o carismático Marc Almond, que mostra boa forma. Sua voz é maravilhosa.
"Live in Milan" traz ainda, como extra, uma boa e emblemática entrevista com Almond e Ball, que conta desde o início da banda, em uma universidade de artes de Oxford no final dos anos 70, até as brigas e o recomeço.
IMPORTANTE: Segundo apurou Bruno Saito, redator da Ilustrada, o Soft Cell pode vir ao Brasil neste ano, trazido pelas mãos da agência Smartbiz, responsável pelo agendamento das atuais apresentações de Miss Kittin no país.

* SMASHING PUMPKINS - "Vieuphoria", do ex-grupo de Billy Corgan, é registro da banda tocando ao vivo no começo de carreira (de 92 a 94). É a passagem ao DVD da fita VHS, lançada em 1994. No novo formato tem ainda "The Lost Tapes '94", oito músicas a mais de show da época do álbum campeão "Siamese Dream".

* GORILLAZ: "Celebrity Take Down" traz animação, clipes, performance ao vivo, documentário e bobagens eletrônicas promovidas pela banda-cartoon de Damon Albarn, também líder do Blur.

* SEX PISTOLS: Chama "Never Mind the Bollocks".
Versão oficial dos bastidores que levaram a banda a gravar o álbum mais famoso do punk rock. Tem trechos de apresentações famosas e/ou inéditas e entrevista com os membros do grupo.

* DAVID BOWIE: DVD duplo com 47 músicas do cantor inglês. Este "The Best of" tem todos os videoclipes de Bowie mais apresentações ao vivo na TV inglesa na década de 70.

* CLUBTRONIC: Com Marky, Patife, Renato Cohen e outros.
Vendido como o primeiro DVD de música eletrônica nacional, apresenta DJs brasileiros tocando em duas festas promovidas por uma rádio paulistana, uma em 2001, outra em 2002.

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PROMOÇÕES DA SEMANA

A primeira do ano vai sem enquete. Direto ao assunto.
Quem mandar seu email para lucio@uol.com.br vai concorrer a:

* Um DVD do Fatboy Slim, "The Big Beat Boutique"
* Um DVD do Soft Cell, "Live in Milan"
* Um álbum "Under Construction", da Missy Elliott
* Um CD caseiro de "Nocturama", o ainda inédito álbum do ótimo Nick Cave
* O álbum "A Rush of Blood to the Head", do Coldplay, um dos discos do ano

Manda bala.

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OUTRA NOITE INDIE EM SP

O incansável promoter indie Márcio Custódio ataca novamente. Ele estréia a Superblast, noite rocker nova no bacanudo Tramp
Club, que agora dedica suas noites de sábado para o britpop, new rock, garage, punk etc., sempre com apresentações ao vivo. Neste primeiro sábado, 11, tem Ordinaria Hit, Skywalkers e Drosophila. O Superblast conta nas picapes, além do próprio Custódio, com Click e o grande Kid Vinil. O Tramp Club fica rua Padre Garcia Velho, 63, perto da Fnac.

* PROMOÇÃO: Quer ir de graça na estréia da Superblast? Esta coluna oferece dois pares de ingressos para quem mandar e-mail até sábado ao meio-dia para lucio@uol.com.br. Quem ganhar vai ser avisado por volta de 15h, por e-mail. Vai nessa.

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POPICES

* TEATRO: A peça campeã de audiência "A Vida É Cheia de Som e Fúria", baseada em livro de Nick Hornby, reestréia com roupagem nova na próxima terça em SP, no Sesc Consolação. Mais na semana que vem.

* AUTORAMAS: O guitarrista Gabriel, da banda indie carioca Autoramas, conta como foi a turnê no japão tocando com os punks impagáveis do Guitar Wolf:
"Sucesso total com todos os shows lotados, os CDs e compacto vendendo bem, com destaque nas lojas. Vendemos também bastantes camisetas, só alegria. Foi muito bom por que tocamos em lugares que bandas que a gente se amarra,como Muffs, Man Or Astroman?, tocam quando vão ao Japão. A sensação é muito boa de poder tocar nesse circuito com o mesmo tratamento e equipamento e demais condições que essas bandas...
Utsunomyia e Fuji são cidades bem pequenas, os shows foram em lugares um pouco menores, mas o equipamento muito bom! o público nem se fala.
Nagoya é uma cidade meio do tamanho de Brasília ,uns 3 milhões de habitantes, foi muito bom. Lá a gente tocou, além do Guitar Wolf, com uma banda sensacional de lá mesmo, chamada Gasoline, que lança seus discos pela Estrus.
Osaka foi a primeira grande metrópole da turnê. Foi também onde tivemos nosso day-off e compramos a cidade inteira.
Em Tokyo, o show já estava sold out antes mesmo da gente ir.
A turnê foi muito além das expectativas. Sem contar que deu para assistir a cinco showzaços do Guitar Wolf!"

* HISTÓRIA DO ROCK: A Fundação Cultural de Curitiba promove um curso de história do rock, como parte da XVIII Oficina de Música de Curitiba. Serão cinco décadas em uma semana, ministrada pelo agitador indie curitibano Abonico Smith. O curso vai de 20 a 24 de janeiro. Mais informações a respeito do curso e da Oficina pelo telefone (41) 321-3271.

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ENTREVISTA JOE STRUMMER: "CLASH VIRIA PRO BRASIL"

Publico agora uma entrevista que fiz com o ex-líder da banda inglesa Clash, que morreu no finalzinho do ano passado na Inglaterra, aos 50 anos.
A entrevista foi feita em julho de 2002 e era inédita. Guardava ela para um livro que estou fazendo. Mas a morte de Strummer fez com que ela saísse da gaveta e fosse parar na Ilustrada do dia 30 de dezembro.
Strummer, no papo, disse que o Clash estava com shows marcados no país. Mas não veio porque a banda acabou antes.
Sobre o Clash e sua importância para o rock eu não preciso falar aqui, acredito. Então confira direto a entrevista. Saiu assim na Folha:
Uma das principais bandas da história do rock, o Clash, veja só, iria se apresentar no Brasil nos anos 80. Só não veio porque a banda... acabou antes.
O guitarrista Joe Strummer, em conversa telefônica com a Folha cinco meses antes de sua morte, contou sobre o azar brasileiro.
O grupo, quando acabou, (por volta de 1986), tinha só Strummer e o baixista Paul Simonon da formação original. "Tínhamos planejado uma turnê mundial que incluiria shows no Brasil e na Argentina. Não deu para ir."

Folha - Como vai sua banda nova, os Mescaleros, que já nem é tão nova assim?
Joe Strummer -
Tudo vai bem para um senhor de 50 anos que não está mais preocupado em resolver os problemas do mundo de cima de um palco, com show todo dia, estúdio o tempo todo.

Folha - Qual é a rotina do "senhor" Joe Strummer hoje em dia, como rock star?
Strummer -
Como tem que ser. Alguns shows marcados, turnês não muito longas, planejo um disco a cada dois anos, tenho trabalhos esporádicos na BBC como DJ. Tenho a vida tranquila, mas nunca deixei a música. Depois que fiquei velho, me interessa descobrir os sons feitos em lugares distantes.

Folha - Pode-se dizer que você continua aquele processo do Clash, de adicionar estilos variados ao punk?
Strummer -
O que faço não é mais punk. Mas também não é world music. O Mescaleros faz "world rock".

Folha - É verdade quando você diz que não quer mais resolver os problemas do mundo, como nos tempos do Clash? Você faz músicas e shows beneficentes, não?
Strummer -
É diferente quando você é jovem e quer resolver tudo sozinho e, mais velho, quando quer "ajudar" a resolver. A segunda opção é a mais sábia.

Folha - Você tem saudade dos tempos do Clash?
Strummer -
Sim. Acho que fizemos coisas interessantes para a música jovem.

Folha - Você tem contato com os ex-Clash?
Strummer -
Ouço mais sobre eles do que realmente os encontro. Sei que Mick [Jones, guitarra" tem trabalhado com vídeo, cinema. Paul [Simonon, baixo] deixou a música pela pintura.

Folha - Se o Mescaleros faz "world rock" e lida com elementos musicais de várias partes do mundo, não interessa a você tocar em lugares fora do eixo Europa-EUA? Lugares tipo o Brasil?
Strummer -
Claro. Planejamos tudo com calma e uma turnê por lugares como o Brasil está nos planos. Era para eu já ter tocado aí com o Clash, mas não aconteceu.

Folha - Com o Clash?
Strummer -
É. Tínhamos planejado uma turnê mundial por volta de 1985, 1986, que incluiria shows no Brasil e na Argentina. Não deu. A banda acabou antes.

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ENTÃO TÁ

Feliz 2003.

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Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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