Pensata

Lúcio Ribeiro

21/05/2003

Você quer a azul ou a vermelha?

"You didn't realize I'm lonely
You lack the things
to which I relate
But I see no harm.
Come 'way, come 'way, come 'way
It's over"
Interpol, em "Say Hello to the Angels"

"When I'm feeling lazy, it's probably because
I'm saving all my energy to pick up when you
Move into my airspace
Move into my airspace"
Interpol, em "Say Hello to the Angels"

"Everything's a stress and what's more,/
well it's all somebody's fault/
Hey! Get over it!"
Ok Go, em "Get over It"
"You're gone from here/
Soon you will disappear/
Fading into beautiful light/
'cos everybody's changing
And I don't feel right"
Keane, em "Everybody's Changing"

"Stop the clocks and turn you love around/
let your love lay me down/
and when the night is over they'll be no sound"
Oasis, em "Stop the Clocks"


Alô. Alôôôô.
Sentiu saudade?
Foi ótima a folga/leseira, muito obrigado.
O feed-back não foi tão ruim. "Só" uns 50 leitores me xingaram. Tem repercussão lá embaixo. Tem repercussão também para o "fenômeno Rafa", o paradigma da MTV Brasil, assunto obrigatório nas rodinhas pop de descolados e modernos. E que ganhou destaque até na "Veja SP".
Vamos aí com a coluna, recuperar o tempo perdido. Os que quiserem saber de som bão, politicagem, jabá, o Álvaro Pereira Júnior "Matrix" e picaretagem no jornalismo (meu assunto predileto) que me sigam.
Antes de começar a ler (já começou), você pode escolher entre duas pílulas. A azul e a vermelha.
Se optar em tomar a primeira, a coluna acaba aqui. Você muda de página, liga o rádio para ouvir as estações de rock, não vai buscar novidades e raridades na internet, perdem shows como o do Stereo Total no Sesc e o do Blur na internet e acredita que a "Piração do Raffa" na MTV não é representativo de um estado de coisas na cultura pop brasileira.
Se você tomar a vermelha... Eu vou te mostrar o quão profunda pode ser a toca do coelho.

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ONDE FOI QUE "MATRIX" ERROU?

Dentro de algumas horas entra em cartaz em 350 cinemas do país o megaesperado "Matrix Reloaded".
A fissura da espera de quatro anos pela sequência do espetacular (mesmo!) "Matrix" chegará ao fim.
Mas agora que o filme está chegando aos cinemas, gente de boa índole crítica tem... detonado o trabalho dos irmãos Wachowski.
Assisti a este "Reloaded" em uma dessas sessões para imprensa e entrei na sala achando difícil acreditar na detonação, que toda obra muito esperada provoca essa "turma do contra", principalmente depois de ver o fantástico trailer de "Reloaded" na internet, o de quase dois minutos.
Mas o pior é que...
"Matrix", o 1, para quem não esteve em Vênus desde 1999, é uma das melhores produções de ficção científica da história. O "Blade Runner" de tempos recentes, soube misturar com decência um papo cabeça (filosofia, misticismo) com os efeitos especiais mais f*** e então novos já vistos.
Para você ter uma idéia do legado de "Matrix", o filme que fez de Keanu Reeves um cara legal mesmo misturando realidade, ficção e destino da humanidade influenciou de livros de filósofo esloveno até o videoclipe da Lanlan e os Elaines.
Mas o "Reloaded" patina na história, deixa o conteúdo de lado e o que mais "recarrega" nesta continuação são as cenas de "paradinha no ar", das balas em câmera lenta, no balé de kung-fu de Reeves. O que não necessariamente é ruim.
Mas uma das mais bacanas e elogiosas atribuições à continuação de "Matrix", que eu pude ler na imprensa estrangeira, foi que ele parece apenas um bom filme convencional de HQ, daqueles com grandiosas cenas de efeitos especiais e uma trama de substância filosófica que pouco dá para entender até para os mais antenados nas referências cinematográficas, literárias e pá. Ou pelo menos entender e achar legal.
Aí eu penso na briga do Reeves com o Agent Smith e seus 99 sósias, nos gêmeos prateados que se desmaterializam no meio da impressionante cena de perseguição de carros. E me pergunto: o que pode ter dado errado?
Claro, "Reloaded" dá errado em relação ao primeiro "Matrix", bem entendido. O filme, mesmo que só, é uma festinha para os olhos.

Divulgação

Agent Smith agarra o pescoço de Neo, em imagem
que traduz a vontade de muitos leitores em agarrar
o pescoço de muitos colunistas (não que eu me ache
o Keanu Reeves e tal)


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OS PICARETAS

O jornalismo mundial foi abalado na última semana, depois que o poderosíssimo "New York Times" reconheceu em sua valiosa edição de domingo de 11 de maio que um de seus repórteres, de nome Jayson Blair, inventou entrevistas, plagiou textos, fraudou fotos (e o escambau) durante cinco meses.
Segundo estampou o "Times" em quatro páginas mais uma chamada forte no alto da primeira página, foram 36 fraudes em mais de 70 reportagens, que circularam de outubro do ano passado até abril deste. Outras 600 reportagens de Blair estão sendo investigadas.
O caso arranhou profundamente a reputação e escancarou a profunda crise de identidade pela qual passa o diário americano, que é um dos mais influentes jornais do planeta.
Na parte que nos toca, a da cultura pop, o "New York Times" melhorou muito sua atenção ao rock e às movimentações eletrônicas nos últimos anos, mas ainda continua sempre um passo atrás dos acontecimentos da área. O bamba Neil Strauss dá conta do recado, mas o incensado Jon Pareles e o vacilão Ben Ratliff, de bom, só têm o texto.
Mas, voltando à história de plagiar textos e inventar entrevistas, aqui no Brasil a prática é corrente, pelo que entrega o nosso bastidor jornalístico.
Começou lá atrás, nos anos 80, em um caso célebre nesta Folha de S.Paulo. A história, salvo algum pormenor impreciso, é assim:
O jornalista Pepe Escobar, talvez o escriba pop mais importante que já assinou textos em um jornal brasileiro (pelo menos para mim), escorregou quando botou na capa da Ilustrada uma crítica de um disco do David Bowie, o famoso "Let's Dance".
Acontece que alguns dias depois a própria Ilustrada traria um texto-denúncia entregando que Pepe Escobar teria "chupado" sua crítica de um livro de rock publicado pela revista "Rolling Stone".
Em novo texto, a tréplica, Pepe Escobar justificou o plágio como uma homenagem ao jogo de espelhos do escritor argentino Jorge Luis Borges, hit cult literário da época, que provocava comoção por sua cegueira e pelo precário estado de saúde, que o levou à morte em 1986.
Segundo o jornalista, seu texto da Ilustrada era um "espelho" do do livro da "Rolling Stone", uma homenagem também a David Bowie, o "camaleão".
Mesmo com a desculpa elegante de Pepe Escobar, o jornalista viria logo depois a ser acusado de colocar nas páginas da então revista "Bizz" uma entrevista-xerox do Bryan Ferry, ex-líder do Roxy Music.

* PICARETAGEM ATUAL - Em entrevista dada nesta semana à revista "Newsweek", Jayson Blair (o do caso "New York Times") afirmou envergonhado que as pessoas não deveriam acreditar em tudo o que lêem por aí. Seria um belo conselho para leitores brasileiros de cultura pop que buscam informação e opinião em jornais, revistas e internet.
Há nos últimos tempos casos cabeludíssimos de textos copiados e entrevistas inventadas, é o que corre forte no bastidor roqueiro por aqui.
Reciclagens de textos antigos, reaproveitamento ajambrado de entrevistas e até cópia de releases de discos (veja você) são descaramentos correntes na imprensa musical virtual e de papel, é o que se tem notícia.
Eu mesmo presenciei alguns casos, mas peço a licença para omitir nomes por causa da delicadeza dos fatos.
Do que dá para falar e sem fazer muito mistério, dois casos rápidos:

1. Houve não faz muito tempo uma entrevista com um veterano personagem da música americana oferecida a um grande jornal do estado. O texto foi recusado. Dias depois, um outro diário paulistano deu valor à entrevista falsa e a publicou. O mesmo jornalista andou atacando também em revistas de músicas.

2. Um outro fato lamentável do qual até eu participei involuntariamente envolveu, em 2001, a banda-furacão Strokes. Julian Casablancas, arisco vocalista do grupo nova-iorquino avesso a entrevistas, apareceu em uma revista brasileira de música falando sobre a banda, a fama e tal e coisa. O papo teria sido por e-mail.
Na semana seguinte ao lançamento em banca da revista, estive na cidade de Providence, nos EUA, para assistir a um show da banda. Umas horas antes da apresentação, conversei com o brasileiro Fabrizio Moretti, baterista dos Strokes, no momento em que ele montava seu instrumento no palco do local.
Falando sobre a repercussão da banda no Brasil, comentei sobre a façanha da revista brasileira de ter conseguido uma entrevista com o "difícil" Julian. Fabrizio se mostrou surpreso: "Que entrevista é essa? O Julian não dá entrevistas para ninguém".
Avisei que foi uma assim e assim, concedida por e-mail e tudo mais. Fabrizio não acreditou e mais tarde perguntou, no camarim, para o próprio Julian se a história tinha rolado mesmo. E depois do show me falou:
"O Julian disse que não falou com ninguém do Brasil. E que não abre um computador há uns seis meses".
Da pasta de picaretagem do autor da ousadia acima existem muitas outras e até mais legais que a narrada. E elas só se avolumam, pelo que eu escuto falar. O cara é o Jayson Blair brasileiro.
Faça como o sugerido pelo Blair original: não acredite em tudo o que você anda lendo.

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UMA PARA O CORAÇÃO

Dedique um tempo para encontrar na internet a belíssima "Everybody's Changing", single recém-lançado pelo grupo inglês Keane, da nova safra britânica.
A canção é uma delícia romântica, o vocal é muito bom e a letra é de amolecer pedra. Atualmente inunda as rádios rock inglesas.
No quesito fofura, é a "Silent Sigh" (Badly Drawn Boy) ou "In My Place" (Coldplay) deste ano.
Como dizem os ingleses, a música é "gorgeous".

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E O "GARAGEM"?

Enquanto a programação de rádio rock no Brasil beira a indigência e tudo bem, chega semanalmente à coluna e-mails perguntando sobre o paradeiro do programa 'Garagem', que com seu jeito agressivo e polêmico desfilava música decente por duas horas às segundas-feiras, pela rádio Brasil 2000.
Até a direção da rádio achar que o 'Garagem', que tinha público próprio, era líder no horário e tinha uma das maiores audiências de programas da emissora, não "cabia" mais na programação.
Pois, então. O 'Garagem' está tentando voltar, em alguma rádio. O problema é que...
Para dar uma satisfação aos leitores que curtiam o 'Garagem', é melhor a coluna abrir espaço para um de seus apresentadores explicar como está a epopéia do programa em busca de um dial.
Com a palavra Álvaro Pereira Júnior, um dos apresentadores do 'Garagem', colunista do "Folhateen" e editor-chefe em São Paulo do "Fantástico", da Rede Globo.
"Se eu tivesse de selecionar o assunto mais citado nas dezenas de e-mails que recebo por dia, sem dúvida seria o 'Garagem', programa que até o fim do ano passado eu apresentava em uma FM de São Paulo com os amigos Paulo César Martin e André Barcinski.
Perguntas sobre uma possível volta do "Garagem'' também são as mais frequentes nos trabalhos de faculdade em que sou entrevistado.
Nas entrelinhas, dá a impressão de que desistimos do programa, ou que não estamos nos esforçando o bastante. Não é isso. O problema é que negociar aqui no Brasil, sem muito dinheiro na parada, é loucura.
Quando o 'Garagem' acabou, a gente não esquentou muito. Paulo, o mais 'garageiro' de nós três, disse que tínhamos boa entrada na 89 FM, de São Paulo. Ele e o André foram até recebidos pelo dono da dita cuja, que disse que adorava o programa e nos ligaria dias depois. Estamos esperando até hoje.
Comecei então a atacar nos e-mails. Mandei mensagem para a Metropolitana FM.
O diretor de programação respondeu rápido --dizendo, educadamente, que não tinha o mínimo interesse em nós.
Escrevi até ao dono da Jovem Pan FM, que, num primeiro momento, respondeu. Só num primeiro momento.
Próxima etapa: apelar. Eu e Paulo fomos à Imprensa FM, especializada em forró, que vende seus horários. Pensamos: se ninguém nos quer, a gente paga e tudo bem. Só que a Imprensa não tem horário bacana disponível, só uns espaços cabulosos no fim-de-semana! Sem chance.
Decidimos jogar mais alto. Entrei em contato com a Transamérica, onde o diretor artístico, Ruy Balla, nos tratou com a maior atenção. Eu, o Paulo e a Espetacular Larissa, nossa produtora, nos reunimos com ele, que ficou de falar com seus superiores. Coisa rara no Brasil, ele falou mesmo! Só que seria preciso um patrocínio acima de nossas possibilidades. Não deu.
Quase no fim do túnel, uma última esperança: a Kiss FM, que dez em cada dez leitores acham que seria a estação ideal para o programa. No fim do ano passado, eu tinha até falado com o dono, que me atendeu uma vez e depois estava sempre 'viajando'.
Depois de um longo esforço de minha heróica secretária, consegui o nome de um certo Evaldo, diretor artístico da Kiss. É mais fácil marcar uma entrevista com o presidente Lula do que com esse homem. Não sei que história minha secretária, a Beth, inventou, mas o fato é que uma bela hora, depois de duas (!) semanas de tentativa, o Evaldo atendeu.
Pegou o telefone bufando, sem me dar moral. Depois, mais simpático, marcou uma reunião para as 10h de terça passada. Você foi? Nem o Evaldo. Aperecemos lá, pontualmente, e ele não estava. 'Compromisso inadiável', disse a recepcionista.
Sentiu o drama, jovem leitor? No Brasil, ter iniciativa não basta."

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A VERDADE SOBRE O JABÁ

Falando em rádios e situações lamentáveis, a Ilustrada (Folha de S.Paulo) publica nesta quarta-feira (ou publicou, depende de quando você está lendo isso) uma matéria bombástica sobre o esquemão de cobrança para veiculação de música em rádio e TV no Brasil, o popular jabá.
André Midani, um dos nomes mais poderosos da indústrica musical brasileira desde os anos 90, resolveu abrir o jogo para os repórteres Pedro Alexandre Sanches e Laura Mattos.
No ventilador, Midani atirou artistas, gravadoras, TVs, apresentadores e, principalmente as rádios. Confira um pedaço da entrevista.

* Pergunta - Os grandes nomes de su­cesso pagam jabá?
Midani
- Até hoje. Hoje estou realmente afastado, mas até um ano atrás era assim. Havia núme­ros, que eram estupendos. Nos anos do milagre brasileiro do iní­cio do governo FHC, se nos Estados Unidos o custo de lançar uma música no rádio com esse tipo de ajuda promocional era de US$
300 mil por uma canção, no rádio brasileiro era de R$ 80 mil a R$
100 mil, na época em que um dó­lar era um real. Ou recebi infor­mações erradas, ou esses núme­ros são reais.

Pergunta - Para uma rádio não seria vantajoso tocar a nova música de
artista de grande sucesso?
Midani
- Não hesito em dizer que, a não ser honrosas e poucas
exceções, como Roberto Carlos, não importa o tamanho dos artistas. Tem que pagar. A honra e o prazer são coisas que não existem mais.

Pergunta - Mesmo a rádio correndo o risco de prejudicar sua própria audiência?
Midani
- É, mas a partir do mo­mento em que o sistema funciona dessa maneira, não tem como. Uma toca porque alguém deu di­nheiro, outra também toca o mes­mo cara, então todo mundo vai. Hoje, a indústria fonográfica vive um momento de crise estrutural(por causa da mudança de tecnologia), criativa (porque raramente se pega um artista que já está pronto no primeiro disco) e eco­nômica (por recessão).

* É preciso ver a íntegra da reportagem. Ou na versão impressa ou na on line.

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OUTRA PARA O CORAÇÃO

Eles são bonitos, se vestem legal e a música é ótima. A frase não é minha, mas, se a moda é copiar, estamos aí. Para quem ainda não teve a coragem (ou grana) de adquirir a edição nacional (Trama) do discaço "Turn on the Bright Lights, do nova-iorquino Interpol, saiba que lá na faixa cinco repousa o mais novo single do CD. A lindona "Say Hello to the Angels" é outra que tem tocado muito nos programas decentes das rádios inglesas e merece ser tocada milhares de vezes em seu aparelho. A canção pega você pela orelha e leva para uma volta no som britânico dos 80, empregando um rock urgente atual tal qual o visto em grupos primos da cena, como o conterrâneo Strokes. A letra é de matar de tão boa e romântica e triste. Não à toa, é a primeira a ganhar duas epígrafes na coluna. Fica o toque.

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BLUR - SOM E IMAGEM

Enfim "Think Tank", velho conhecido dessa gente bonita que bebe música da internet, já está nas lojas, via EMI. O disco, o sétimo do Blur, foi lançado na Inglaterra no último dia 5 e logo na primeira semana sentou no primeiro lugar das paradas de lá.
O lance é que o estiloso site da banda, o www.blur.co.uk, traz um suculento bônus para quem curte o (hoje) trio liderado por Damon Albarn.
Com uma rápida inscrição no site, dá para ver e ouvir um dos cinco shows que o Blur fez no Astoria, em Londres, recentemente.
O set list inclui de músicas do novo CD até clássicos do tipo "Girls & Boys" e "Song 2". Ao todo, são 19 canções.
E tem mais.

* PROMOÇÃO: A coluna entrega um CD deste show do site, para sorteio. A apresentação, do último dia 12, foi gravada da Radio One inglesa. Quem quiser tentar a sorte, o e-mail para entrar no sorteio é aquele: lucio@uol.com.br.

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MOMENTO RAFA

Está instaurado a partir desta semana a existência de um cantinho dedicado à famosa "Piração do Rafa", que já atravessa fronteiras intermídias.
Sucesso do "Jornal da MTV" e programa obrigatório das quintas-feiras, o quadro é apresentado como "um jeito diferente de o Rafa ver videoclipes". Para quem nunca viu o quadro, um clipe é projetado ao fundo, enquanto o VJ declama poesia ou um texto de sua autoria.
Há duas semanas (isso iria ser comentado na semana passada, se tivesse tido coluna), ele "olhou mais de perto" um velho clipe dos Paralamas, o da música "Track Track".
Em tal performance videoclíptica, Rafa parece estar desapontado com uma garota e fala umas verdades para ela. "Eu não sou bobo. E você acha que sou vivo. E que te amo. Mas não te amo. Eu amo eu".
Segundos depois, ele já mostra que mudou de idéia e está atrás da menina. "Eu quero você. Mas você não me procura. Eu não sou bobo. E mesmo assim eu te amo". Sério. Arnaldo Antunes devia ficar com vergonha.
Em Rafa vs. Paralamas, o início da performance é sensacional. O vídeo começa a passar e nada de o VJ aparecer. De repente, quando a indignação começa a tomar conta do espectador, Rafa dá um salto diante da câmera. O show enfim ia começar, com direito até a um air guitar agachado, coisa que eu nunca havia visto.
Na semana passada, Rafa mandou isso em cima do clipe legal daquela baba dos Titãs em que o Miklos fica fazendo cena com um elefante:
"Quem quer ouvir bandas? Quem quer ouvir mais músicas, se músicas são corrompidas, são mentiras", polemizou o VJ, sem medo de perder o emprego

* Nesta semana o Rafa foi agraciado com texto e foto na edição São Paulo do semanário "Veja".
Para quem nunca viu o DJ que a direção da emissora musical acha que é "a cara da MTV" (no que eu muito concordo), aí está a foto dele que saiu na "Vejinha".

Mário Rodrigues



O texto da revista diz que, na procura de um seguidor de Marcos Mion, a MTV encontrou o freak que faltava. Entre as pérolas poéticas do Rafa em sua leitura toda pessoal dos clipes, a "Veja SP" aponta a frase: "Chegamos até aqui, e continuamos nós mesmos / Falando, pensando, diluindo, escrevendo e acreditando em bobagens..."
Por favor, alguém sabe quando e motivado por qual clipe o Rafa soltou essa maravilha?

* Dentre as curiosas sugestões de clipes para uma "Piração do Rafa" enviadas por leitores desta coluna, elegi a minha favorita: "Revolution Action", do Atari Teenage Riot. Boa pedida.

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CROCODILO

Chega às bancas na semana que vem a improvável e desbocada nova revista "Crocodilo", editada pela Conrad. Ainda não consegui bater o olho na publicação, mas, pelo que fala o release da "Crocodilo" e pela capa dessa espécie de "Mad" realmente levada a sério, dá para acreditar mesmo que a revista chega "para subverter valores estabelecidos pela sociedade", é "uma publicação contra a moral e os bons costumes", e aborda "de modo irônico e crítico assuntos que você não vê na grande mídia.
Confira os destaques do primeiro número da "Crocodilo", que será mensal e custará R$ 6,90 o exemplar.

* Como fazer sexo com vale-almoço na zona vertical mais legal de SP
* Repórter loira da CNN transa com Bin Laden? Conheça o filme que dividiu o mundo pornô
* Os 50 piores jogadores da história
* Sexo da mulher tem gosto de tofu
* Origami pornô
* Como escapar do exército
* Como se dar bem sendo gay enrustido

Esta é a capa do número um da revista

Divulgação



A "Crocodilo" reúne uma trinca de jornalistas que exercia comando no extinto grande diário "Notícias Populares", informação que já antecipa a encrenca editorial a vir por aí.

* FESTA: a "Crocodilo" comemora na próxima segunda-feira seu lançamento no ótimo clube D-Edge (Barra Funda). É na noite rock comandada pelo VJ e punkster João Gordo. Este colunista e o editor da "Crocodilo", o Paulão do Garagem, são os DJs convidados da noite. Pinta lá no D-Edge.

* PROMOÇÃO: a Conrad enviou à coluna três exemplares da primeira "Crocodilo" para sorteio. Se você estiver a fim de concorrer à revista, e tentar aumentar seu repertório de assuntos pertinentes nas rodinhas de amigos, mande e-mail para lucio@uol.com.br.

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UM TEENAGE NO BRASIL

Momento de acertar contas com o passado da música independente de ponta, o Brasil que recebeu recentemente a pixie Kim Deal para show por aqui agora vai ver na terrinha um teenage.
O baterista Francis McDonald, um dos fundadores da espetacular banda escocesa veterana Teenage Fanclub, chega solo ao Brasil no começo de junho para quatro shows: SP, Rio, Goiânia e Londrina.
MacDonald vem divulgar o CD de estréia do seu projeto chamado Nice Man, que será lançado no Brasil pelo pequeno selo indie Slag Records.
O disco, encomendável no site www.slagrecords.com, sai por R$ 15. O CD é bem... Teenage Fanclub. "Get That Girl" e "Daydream Girls, são adoráveis.

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PROMOÇÕES DA SEMANA

Consegui reunir uma coleção muito boa de prêmios para a coluna, que serão liberadas durante as próximas semanas.
Então, para somar com o disco do Blur ao vivo e a revista "Crocodilo", aí vão a sorteio mais dois quitutes sonoros:

* Uma sacola White Stripes, com o sensacional CD "Elephant" mais uma camiseta da banda.

* O CD "Ventura", o novo do Los Hermanos, a maior banda indie do Brasil.

O esqueminha é manda e-mail para lucio@uol.com.br., para entrar na concorrência. Está esperando o quê?

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POR ÚLTIMO...

A lista dos vencedores das promoções passadas entra no ar daqui a pouco. Assuntos prometidos para esta coluna e que aqui não estão, ficam para a próxima. Fazer o quê, não é mesmo.

Stay trusty!
Plim!
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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