Pensata

Lúcio Ribeiro

04/06/2003

Pergunte ao pop

"Don't push me cause I'll fall in love
with whatever you just said"
Nada Surf, em "The Way You Wear Your Head"

"Your own personal Jesus
Someone to hear your prayers
Someone who cares
Reach out and touch faith"
Depeche Mode, em "Personal Jesus"

"And two and two always makes a five
it's the devil's way now
there is no way out
you can scream and you can shout
it is too late now
because you're not there"
Radiohead, em "2+2=5"

"I am quite happy. Unaccountably Happy"
Allen Ginsberg


Fala aê.
O assunto pop da hora é a espera do lançamento oficial do novo Radiohead, o sexto disco da banda mais cultuada hoje no mundo. Por mais que o CD que chega às lojas na segunda-feira não seja nenhuma novidade para quem o catou na internet já tem dois meses, o grupo do esquisito Thom Yorke está tratado bem ou bem por todo lugar do planeta em que é colocado um olhar pop, seja na mídia impressa ou virtual.
Então, na segunda, será possível conferir a balela de que o disco que vazou era inacabado e bem diferente da versão oficial. Pelo menos dá para deduzir isso depois que o baterista da banda, Phil Selway, soltou para este colunista na semana passada que "o disco é diferente na versão final, sim.
Os músicos percebem a diferença".

* Do que esta coluna pôde provar do álbum "real", está tudo igual. O
maravilhoso single "There There", na versão que circula por aí com a
extensão "Real Studio" não tem diferença nenhuma, a não ser que a
"verdadeira" é dez segundos mais curta. Bom, se você quiser dar uma
ouvidinha na "Real Studio" e verificar por si mesmo, dá uma chegada aqui.

* E atenção. O imolável Radiohead está sendo veementemente acusado de plágio por um amigo desta coluna. Você talvez não saiba, mas a música que abre o CD "Hail to the Thief", a meio lenta, meio porrada "2+2=5", pode ter sido "inspirada" em um episódio do... Scooby-Doo.
Pois durante uma reprise do famoso desenho do cachorro medroso, exibido no SBT às seis da tarde da última segunda, a garota Velma revela que um tal barão era o criminoso da história. E então o Salsicha mandou essa: "Tinha certeza que era ele, tanto quanto dois mais dois é igual a cinco".
Está feita a revelação. Para adentrar mais na galhofa, dá para arriscar que os mais "brasileiros" podem afirmar que Thom Yorke é fã, além do Scooby-Doo, da cantora Elis Regina, Caetano Veloso ou Roberto Carlos.
"2+2=5", não custa lembrar, quase foi escolhido como o nome do álbum do
Radiohead.

Reprodução



* Esta coluna, sob os olhos de Marco Lockmann, "nosso homem" em Nova York, vai conferir no próximo sábado o show de Thom Yorke e banda no festival Field Day, em Nova Jersey. A cobertura estará aqui, na semana que vem.

* PROMO RADIOHEAD - Está aqui sua chance de já na próxima semana botar a mão em um "Hail to the Thief" oficial, tirando o fato de que você pode comprá-lo. A coluna, que bota uma fé que a gravadora EMI vai doar para nós algumas poucas cópias da sexta obra radioheadiana, já sorteia um por conta.
Está nessa? E-mail para: lucio@uol.com.br.

* Talvez sim, talvez não, a entrevista deste colunista com o baterista da
banda entra aqui neste espaço na quinta-feira no começo da noite. Ou fica
para a semana que vem.

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ENTREVISTA: HOMER SIMPSON

Já que falamos em desenho animado e entrevista, nada como louvar a última
página da edição de junho da revista inglesa "Q", que circula nas bancas
trazendo em sua capa o espetacular White Stripes.
A "Q" sempre encerra seus números com um ping-pong divertido, inusitado com alguma figuraça da cultura pop.
Aloprando total, o entrevistado do mês é o pai do Bart, o chefe da família mais legal da história da TV. Vale colocar aqui os melhores momentos da entrevista.

"Q" - Se um grande donut é a resposta, qual é a pergunta?
Homer
- Como você acha que é o céu?

"Q" - Quem é o melhor pai: você ou o seu pai?
Homer
- Eu sou, porque quando eu estrangulo meu filho, as marcas não
aparecem.

"Q" - Você acha que o Bart o respeita?
Homer
- Ele não quer seguir meus passos. Ele nem mesmo gosta de usar o banheiro depois de mim...

"Q" - O que afinal o Ned Flanders fez a você?
Homer
- O Flanders me deixa maluco porque ele... é que ele... ele me deixa muito maluco.

"Q" - George Bush, o pai, disse que a América devia ser mais como os Waltons e menos como os Simpsons. Isso feriu seus sentimentos?
Homer
- Quando Bush pai era presidente, as coisas estavam difíceis: a
economia era uma merda e ele guerreava contra o Iraque. Mas agora seu filho é o presidente... E está tudo do mesmo jeito.

"Q" - Se você estivesse morto, o que estaria escrito em seu túmulo?
Homer
- "D'Oh!"

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MÚSICA PARA AGORA

"I'm a bomb" - Electric Six
Se você não encontrar essa maravilha rock-esquisita na internet, tenha muita calma. O disco já, já vai sair aqui no Brasil pela Sum Records.

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REPERCUSSÕES: APELIDINHO ÍNTIMO E MULHERADA FERA

As histórias da semana passada, a do "apelidinho íntimo" e do abismo sexual provocado pela supremacia feminina, renderam muitos e-mails e continuações.
Toma aí:

* apelidinho - entre outros, destaco o de leitora que mora na França. Ela
mesmo conta: "Desde pequena sou conhecida como OZé Bundinha (é que eu gosto muito de dançar e dar umas reboladinhas... e meu pai sempre me enche e diz: Sua OZé Bundinha!!). Então é assim que meu namorado me chama e eu retribuo com "OMi Cariño", "Omeu querido" em espanhol... É que ele é espanhol.

* o abismo dos sexos - Lembra o papo sobre a superioridade intelectual
feminina em relação a rapazes de mesma idade? Então...
Para quem arranha o inglês, vale conferir o artigo que o megajornal
britânico "The Observer" publicou no último domingo, sob o título "The
Trouble with Girls". Diz a chamada, mais ou menos assim e Oadaptada ao
português: "Para muitas garotas bem-sucedidas no vestibular, ser brilhante e bonita não é suficiente: elas têm que ser as mais brilhantes e as mais bonitas. A que leva esse perfeccionismo obsessivo? E quão perigoso para elas é isso?". O texto completo está aqui.

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NOVA YORK - A SEGUNDA ONDA

Enquanto o pop ainda deglute a estupenda safra de boas bandas que emergiu de Nova York depois que os Strokes gritaram "Last Niiiiiiiiiiiite", saiba que uma nova leva já reclama por seu espaço.
O correspondente nova-iorquino Marco Lockmann, em uma escapadela a SP,
trouxe o CD "NY: The Next Wave", uma compilação dos melhores grupos surgidos recentemente no trajeto Manhattan-Brooklyn.
Aqui nesta coluna, na hora apropriada, você vai ouvir falar de Elefant, The Fever e Stellastarr, entre outras. E também do Electro Putas, banda de nome legal mas som nem tanto.

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TECHNO ROCK

Superou todas as minhas expectativas o apetite despertado por esta coluna
para o advento do techno rock, a mistureba musical que usa riffs de
guitarras para servir de batida eletrônica e tem chacoalhado as pistas
espertas.
Muita gente mesmo escreveu pedindo o single caseiro que agrega as
desconstruções roqueiras do DJ de eletrônica Adam Freeland (ver coluna
passada), que esticou-e-puxou hinos como "Smells Like Teen Spirit" (Nirvana) e "Idioteque" (Radiohead) e pedradas novas como "Seven Nation Army", do White Stripes.
Saiba que um deliciosíssimo híbrido de rock e eletrônica foi até lançado em single oficial, há pouco tempo.
É a versão techno rock de "Clocks", baladaça do Coldplay que, neste caso,
não é mais do Coldplay somente. Chama "Clocks Remix" e vem assinada como
Cosmos vs. Coldplay. Pegue já a sua.

* Como eu tinha prometido (prometi?), esta coluna oferece audição e
descarrego da "Smells Like Teen Spirit" versão eletrônica, de Adam Freeland.
Ela está aqui. Vai ouvir o que o cara fez com o Cobain. Pode parecer exagero, mas fica um pouco difícil ouvir a original depois de requebrar numa pista ao som do Nirvana dance.
Depois me conta como foi a experiência.

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SOBRE A "NOVA" DOS STROKES

Ainda à luz da semana passada, esta coluna proporcionou em um site
"paralelo" a chance de os leitores conferirem com os próprios ouvidos o que a loira Vitamin C montou misturando "Last Nite", dos Strokes, com "Heart of Glass", do Blondie. Nova York dos 70 contra Nova York dos 00.
Pois através de um dispositivo cool de aferição, deu para contabilizar quase 1400 leitores que foram lá na página ouvir a música, em cinco dias. Bem legal.

* Em tempo: Vitamin C, codinome de Collen Fitzpatrick, é também conhecida
como a vocalista do grupo Eve's Plum e trabalhou no filme "Dracula 2000",
lixo produzido pelo bamba Wes Craven.

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PERGUNTE A CLARAH

Certa vez ganhei da escritora e bloggeira gaúcha Clarah Averbuck um exemplar do livro "Pergunte ao Pó" ("Ask the Dust"), do escritor americano John Fante, considerados (autor e obra) precursores da literatura beatnik.
"Pergunte ao Pó", para resumir, é a história de um jovem escritor tentando escrever um livro. Ou uma romântica história de um relacionamento repleto de desencontros e com final infeliz.
Sinta o Fante: "Ela se foi, engolida pelo deserto. Talvez alguém tenha a
recolhido e levado de volta para o México. Talvez ela tenha voltado para Los Angeles e morrido em um quarto empoeirado. Tudo que sei é que ela se foi, o cachorro se foi, e não sobrou nada além da sua história que eu quero contar".
Além "de recomendar o livro pela beleza da escrita enxuta e direta de Fante, madame Averbuck ressaltava a raridade da cópia, garimpada em um sebo.
Ainda não consegui (dificilmente consigo essas coisas) ler o livro em sua
totalidade, mas percebi de cara a importância do romance de Fante e do
tesouro que era ter em mãos tal livro lançado nos anos 70 e que depois
desapareceu de circulação.
Pois "Pergunte ao Pó", para a felicidade geral dos pré-beats, beats e
pós-beats, foi relançado agora no Brasil, pela editora José Olympio.
Agora a Clarah deve parar de me ameaçar para devolver o livro, brava porque eu tive a coragem de ainda não ter lido o Fante.

PROMOÇÃO FANTE: Ganha um exemplar da nova edição do celebrado "Pergunte ao Pó" quem mandar e-mail para lucio@uol.com.br e, claro, for sorteado.
Esta coluna também caminha ao lado da literatura, tá pensando o quê?

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FESTIVAIS LEGAIS E O CARLINHOS BROWN NO MEIO

* O maior festival de música jovem do mundo, o Reading Festival (22 a 24 de agosto), está uma decepção neste ano. Só tem umas 25 bandas legais, que valem o ingresso. Fraco. E tem um problema danado que é a reforma das linhas de trem da Inglaterra justo no feriadão quando acontece o Reading. Ou seja, trem para voltar para Londres não há.

* O Field Day, que ocorre neste final de semana nos EUA e foi tratado como o novo Woodstock, está uma bagunça só. Parece que é no Brasil. Três dias antes de sua realização, o evento que seria realizado sábado e domingo em Long Island passou para Nova Jersey e acontecerá apenas no sábado. Foi um problema de segurança policial.
Algumas bandas confirmaram, outras desistiram. De qualquer modo, até a hora do fechamento desta edição marcaram presença Radiohead, Beastie Boys, Blur, Underworld, Interpol. Uma zona, mas nada mau.

* O escocês T in the Park, que rola dias 12 e 13 de julho perto da cidade de Perth, traz o melhor elenco dos festivais britânicos deste ano. Tem os veteranos, novidades, Coldplay e White Stripes, é forte também em artistas da eletrônica. Dá uma olhada no www.tinthepark.com, se interessar.

Reprodução

Logo do festival de Benicàssim, na Espanha, que
acontece no começo de agosto


* Não. Na verdade quem tem a melhor escalação é o majestoso Glastonbury. É de 27 a 29 de junho. Só no sábado, dá para ver Interpol, Libertines,
Supergrass, Flaming Lips e Radiohead. Ganha por pouco do sábado do Reading, que vai ter Rapture, The Kills, Mars Volta, Libertines, Doves, The Streets, White Stripes e Blur. A diferença do Glastonbury é o Radiohead.

* Fora do reino, o sempre delicioso festival de Benicàssim, balneário
espanhol entre Barcelona e Valência, no comecinho de agosto, continua...
delicioso. Além de não atrair 100 mil pessoas e ser pertinho da praia, vai ter em 2003 de Blur a Groove Armada, de Placebo a Miss Kittin, de Travis a Beth Gibbons (Portishead).

* Mas troféu de festival mais bacana do ano vai para o gigantesco Roskilde, que acontece na Dinamarca. É um que apareceu bastante nos noticiários de 2001 (2000?) depois que morreram bastantes fãs do Pearl Jam. O Roskilde 2003, presta atenção, vai reunir entre 26 e 29 de junho agora os seguintes nomes: Queens of The Stone Age, Blur, Coldplay, Metallica, Interpol, Electric Six, Doves, Iron Maiden, Asian Dub Foundation, Massive Attack, Erol Alkan, Kills, Raveonnetes, The Streets, Zwan e... Carlinhos Brown. Olha só o que os caras falam da atração brasileira: "Fængende latin".

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TEENAGE FANCLUB NO BRASIL

Nem tanto. Mas o fato é que o "nice" disco do Nice Man, projeto do baterista Francis McDonald, já foi lançado por aqui, pelo selo indie Slag Records.
McDonald, bom frisar, toca na próxima quarta-feira na choperia do Sesc
Pompéia. Detalhes do CD e da apresentação podem ser encontrados no site da Slag (www.slagrecords.com). No endereço
(www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0306200311.htm tem uma crítica minha ao disco. Não vou colocá-la aqui de novo para não cansar quem já tinha lido o texto na Folha de terça-feira.

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POPICES

* O pessoal do "Garagem" confirmou mais uma de suas agitadas festas de rock.
Acontece no sábado-14, no Trip Bar (Vila Madalena). A atração desta vez é a presença do global Zeca Camargo nas picapes. Além de o Zeca manjar do
assunto, essa vai ser a festa do "Garagem" com a maior quantidade de mulher, pode escrever./// Copacabana princesinha do rock. A festa London Burning volta a acontecer às sextas-feiras na remodelada casa Bunker, no Rio de Janeiro. Isso na sala 2. Na 1, Edinho e Wilson Power mandam ver a Alien Nation, outra festa rock. Na reinauguração, já nesta sexta, a London Burning põe no palco as bandas Ramirez e Glamourama. Você tem conhecimento do que o vascaíno vocalista do Glamourama faz no palco, não tem?/// A animada festa "Popscene" volta ao charmosíssimo centro velho de Santos. A primeira da nova temporada acontece também no sábado-14.///O agitado Rogério Real assume, ao lado da Érica de Freitas, a residência dos sábados da Sound, no DJ Club (Jardins). A pista da casa vai ficar mais dance e moderna, comemore. Real já tocou lá o "Smells Like Teen Spirit" roubada pelo Adam Freeland, para ter uma idéia. Deu gritaria./// 34 atrações, do Cachorro Grande aos Paralamas, se apresentam no Porão do Rock 2003, o mais lotado evento indie do Brasil. No site www.poraodorock.com.br tem tudo sobre o
festival, que acontece em 6 e 7 de julho./// Poim!

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DOIS PRÊMIOS

Na verdade, três. A coluna oferece dois exemplares do número de estréia da desbocada revista "Crocodilo" (Ed. Conrad). E, ainda, um CD oficial do
Placebo, o "Sleeping with Ghosts". Se estiver a fim, manda um e-mail aí para lucio@uol.com.br.

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VENCEDORES DA PROMOÇÃO

Vê aí se seu nome está entre os papa-prêmios da semana passada.

* Um single caseiro de Adam Freeland, que botou o Nirvana, o White Stripes e o Radiohead para dançar. Até demais.

- Eunice R. Silveira
Londrina, PR

* Um "Think Tank", do Blur
- Paulo Érico Eutides
São Paulo, SP

* Duas "Crocodilo"
- Mauro Lucas Pinto
Santos, SP

- Mikele Miccione
Belém, PA

* o CD "Sleeping with Ghosts", do Placebo
Doralice Fidalgo
Porto Alegre, RS

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CHEGA

Beleza, então? Vou nessa.

Você pode achar graça, mas, se tudo acontecer como está marcado, a coluna da semana que vem vai ser enviada de... Ibiza.
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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