Pensata

Lúcio Ribeiro

22/10/2003

O Metrosexual e o Bill

"Don't always dream for what you want
But I love to watch good dancers talk
My heart is stronger than you all"
Sleepy Jackson, em "Good Dancer"

"Silence is easy, it just becomes me
You don't even know me, you all lie about me "
Starsailor, em "Silence Is Easy"

"Você nem imagina o que você não conheceu
Agora é tarde, é tarde, meu saco já encheu"
Fellini, em "Rock Europeu"


Rélou.
Muita gente por aí resolve casar. A assassina Bride, personagem do filme novo de Quentin Tarantino, "Kill Bill", também resolveu. No exato dia de romper com sua solteirice, foi atacada por seu chefe, o Bill, e largada à morte. Ficou uns anos em coma, acordou e foi se vingar. Até o final do filme, Bride ia abater vários inimigos (homens) cortando-lhes braços, pernas e, por que não, a cabeça.
Tem uma cena ainda em "Kill Bill" que acontece o seguinte: uma garotinha japonesa bonitinha, vestida de saia quadriculada e blazer de escola, pergunta para um homem se ele quer transar com ela. Ao falar que sim, ela enterrou uma faca na barriga do sujeito.
"Você ainda quer penetrar em mim ou sou eu que penetro em você do jeito que eu quero?", falou a pequena estudante japonesa.
Meu conselho: cuidado com a mulherada.
Li um artigo no "The New York Times" que tinha um título chamado "I sou mulher. Agora prepare para morrer", que falava que a chegada de "Kill Bill" aos cinemas era uma representação de que as mulheres estão partindo feio para a ignorância, se você ainda não tinha percebido.
E que fêmeas como a Nikita, as Panteras, as Superpoderosas e a garota (Jennifer Garner) do seriado "Alias" não estão com forte presença no imaginário pop de bobeira.

* Essa tendência de dominação feminina, mesmo na base da porrada, já começa a ter implicações no "fragilizado" e acuado lado masculino. Ao mesmo tempo que "Kill Bill" estréia nos cinemas e carrega para as bilheterias 40% de público feminino (lembre-se, é um filme ultraviolento), um livro chamado "The Metrosexual Guide to Style" é lançado com muito barulho.
O subtítulo entrega para quem é o livro: "Um manual para o Homem Moderno", assim, em maiúsculas.
Acontece que metrosexual é um subgênero masculino cada vez mais presente nas grandes cidades americanas, espécime da categoria macho que lota clubes, vai a shows, consome livros, vê muitos filmes, não sai de restaurantes da moda, está em estádios esportivos e tem uma preocupação cada vez maior com coisas que só chamavam a atenção feminina.
Metrosexual é o sujeito que não é gay de jeito nenhum, está pensando o quê, mas tem vasto conhecimentos em produtos para os cabelos, passa creme no corpo depois do banho, não sai de casa sem combinar o sapato com o cinto, só toma banho com sabonete da Lush, morre por uma calça Diesel e está interessado tanto em futebol quanto em espalhar velas transadas pela casa. E, repito, não é gay. Ou um "espada" levemente gay.
Já há todo um olhar mercadológico em cima dessa nova tendência do homem moderno.
Não quero alarmar ninguém, mas o canal pago Sony estréia em novembro por aqui o seriado "Queer Eye for the Straight Guy", o novo sucesso entre as séries americanas.
São cinco caras gays, os Fab 5, que prestam assessoria a homens não-gays em apuros na hora de comprar uma roupa, ler um bom livro, escolher vinho, adquirir o móvel certo.
Para os que querem se adiantar na metrosexualidade e virar logo um homem moderno, vou pegar dicas de estilo, comida, bebida e cultura com alguns amigos gays e publicar aqui na semana que vem. Esta coluna quer ver você na modernidade.

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POLEMIZANDO

Bem-vindo à coluna mais amada e odiada do planeta. A coisa está ficando engraçada. Veja você, este espaço anda mais polêmico que a superpolêmica "Escuta Aqui", coluna do amigo Alvaro Pereira Junior. Não bastassem as reclamações "oficiais" sobre dar grande espaço aos Strokes quando ninguém em nenhuma outra publicação dá a mínima para a banda (hehê), agora chegou uma ocorrência via ombudsman da Folha de leitor que exige a coluna na quarta-feira, sem direito a atraso ou continuação (hehê).
Enquanto isso, fui informado de que um grupo de discussão passou dias, hã, discutindo porque eu abro tanto espaço aqui para falar de bandas internacionais e não olho para os grandes grupos nacionais que estão brotando em cada esquina.
Gostaria de saber se o ombudsman da versão online da revista "Dynamite" recebeu muitas reclamações porque o famoso colunista Humberto Finatti escreveu "aquilo" na semana passada. Pô, vá pegar no pé no Finatti, que deu exemplos claro de não ser um metrosexual. O cara não é moderno.

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PECHINCHA DA NOVA MÚSICA

Notícia das melhores vem chacoalhar o final do ano no mercado nacional de discos (de qualidade). A EMI/Virgin vai derramar nas lojas, em um projeto que durará de novembro até fevereiro, grandes discos de bandas pequenas por apenas R$ 15.
Não só haverá a garantia de que vários discos de destacadas bandas novas vão sair no Brasil como o custo do CD será menos da metade de um preço "normal", na média, aqui no país.
O projeto, que não acontece só no Brasil, prevê um comprometimento das bandas em conceder entrevistas à imprensa local.
A lista do pacote inicial de lançamento da gravadora inclui:
- Starsailor: banda inglesa de rock fofura que cheira muito o Verve, tem álbuns irregulares, mas singles sensacionais. O disco a ser lançado, o primeiro do projeto, é o badalado "Silence Is Easy", cuja faixa homônima ilustra a epígrafe e é linda de morrer.

- Black Rebel Motorcycle Club: nossa banda soturna predileta, da Califórnia. Vai ter seu mais recente disco, "Take Them on Your Own", finalmente lançado. Quero ver se você vai ficar tão viciado quanto eu em "We're All in Love". Acho que escuto essa música todos os dias já faz uns dois meses.

- Audio Bullys: uma das grandes bandas do ano com um dos discos do ano, pode me cobrar na listinha de melhores em dezembro. Vem aí "Ego War", que na Inglaterra foi lançado em junho. É Clash com hip hop com música eletrônica. Obrigatório, mesmo se não fosse custar 15 mangos.

- The Thrills: banda irlandesa, mas com uma carga impressionante de espírito hippie americano. O CD é "So Much for the City", outro que tem uma penca de singles legais.

- OK GO: Punk pop acelerado de Chicago. Quase emo, quase The Vines. A primeira faixa do disco "OK GO", a raivosinha "Get over It", conta com prestígio aqui na coluna.

- Ed Harcourt: "From Ever Sphere" é o álbum que sai das mãos de um cantor e compositor talentoso com um coração despedaçado. Sempre tentando manter uma certa esperança.

- The Athlete: Uma extensão do Blur, o Athlete terá lançado aqui seu álbum "Vehicles and Animals", seu disco de estréia.

- Dandy Warhols: Não sei porque o Dandy Warhols estava na lista, uma vez que o disco deles já saiu por aqui tem uns dois, três meses. Mas vou descobrir e depois eu falo.

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ENTREVISTA JACK WHITE - WHITE STRIPES EXCLUSIVO

O que foi insinuado na semana passada, a coluna traz agora, na íntegra, sem cortes, inteirinho. Toma os dois textos que saíram bastante editados na Ilustrada (Folha) desta última terça-feira.
Foi o papo que este colunista travou com Jack White, líder do White Stripes, o maior nome do Tim Festival. Para quem ainda não acordou e não se mexeu (se é que há condições para se mexer, claro), o White Stripes apresenta seu show espetacular na sexta-feira da semana que vem aqui no Brasil. Mais precisamente no MAM, do Rio. Vai perder, mesmo? Certeza?



* Uma das mãos que embalam a boa fase do rock contemporâneo está com um dedo prejudicado. Na próxima semana, o guitarrista e cantor Jack White desembarca no Rio de Janeiro com seu White Stripes e o detector de metais do aeroporto carioca deve apitar por causa dos três pinos implantados em seu dedo indicador da mão esquerda.
Nome dos mais festejados da música jovem deste começo de século, a banda de White, 28 anos, é a grande atração do Tim Festival, megaevento de música que acontece nos dias 30, 31 e 1º.
O White Stripes, de Detroit, vem ao Brasil para dar sequência à fraturada turnê mundial do mais recente álbum, o bem-sucedido "Elephant", que já vendeu mais de um milhão de cópias e está a caminho das 700 mil cópias na Inglaterra.
Quando "Elephant" foi lançado e o hit "Seven Nation Army" chegou às rádios, o disco já era tratado pela imprensa musical como provável "álbum do ano", mesmo ainda sendo abril.
Mas no início de julho, com uma gigante turnê de verão pela América e Europa engatilhada, Jack White sofreu um acidente de carro, em Detroit, no dia de seu aniversário. O airbag espatifou em três pedaços seu dedo indicador, o que usa para os acordes e o que o ajuda a construir a fama de "novo Hendrix". Megashows como o do Reading Festival (Inglaterra) e o do Central Park Summer Stage (Nova York) foram cancelados.
Dedo reconstruído e dez semanas de molho depois, Jack White voltou ao trabalho e chega agora, pela primeira vez, ao Brasil.
"Mal consigo dobrar o dedo em 90 graus, nem dá para fazer boa parte dos acordes. Mas quem vê os shows diz que não está sentindo muita diferença nas músicas, não. Só que dói muito. Quando acaba um show, preciso passar um tempo no gelo", disse Jack White à Folha, em entrevista na semana passada direto de Melbourne, Austrália, onde o White Stripes encarou festivais, apresentações em clubes e em programas de rádio e TV.
Hoje a banda começa uma série de seis shows no Japão, os últimos antes de mostrar no Rio com quanta energia e barulho se constrói uma das mais impressionantes performances do novo rock.
Jack White é o tal. Desde que apareceu para a cena pop em 2000/2001, tem contabilizado uma lista enorme de "o melhor isso e aquilo". Um hit seu, remixado, já migra com sucesso, e em três versões diferentes, para a música eletrônica. E seu nome começa a chegar até ao cinema.
Eleito o sujeito mais bacana hoje na música jovem no mundo (revista "Spin" de setembro), com grande cartaz tanto na cena underground quanto junto ao público da MTV, White finalizou dois filmes recentemente.
Ele é o marido de Renée Zellweger (namorou com Jack, estava no acidente e já é sua ex) em "Could Mountain", superprodução de Anthony Minghella ("O Talentoso Sr. Ripley") que estréia nos EUA no Natal.
Atua no novo filme de Jim Jarmusch, "Coffee & Cigarettes", que anda percorrendo festivais internacionais e traz ainda no elenco Roberto Benigni e Cate Blanchett.
A ligação de Jack White com o cinema está firme também no rol de amizades do músico. Uma de suas melhores amigas é a diretora Sofia Coppola, filha de Francis, que dirigiu o videoclipe de "I Just Don't Know What to Do with Myself", música do CD "Elephant".
O White Stripes divide com os Strokes a responsabilidade de, em 2001, ter contribuído com sangue novo no rock para devolver o gênero às paradas e elevar o entusiasmo de crítica e público não só com o som eletrônico.
A banda tem uma formação bizarra e só aparece vestido de vermelho e branco --e às vezes preto. É formada por Jack e pela baterista Meg White e só. Não tem baixo. Não tem outro guitarrista.
A estilosa Meg nem toca tão bem assim, mas não precisa. Jack toca por ela, pelo baixista que não existe e por mais um time de guitarrista que não há, tamanha sua habilidade e velocidade em levar o som do White Stripes do blues ao rock ao punk ao country dentro de uma mesma música.
Isso tudo vai poder ser comprovado no Rio de Janeiro, na próxima semana. O White Stripes está escalado para fechar o palco principal do Tim na sexta-feira, 31. Em ação estará Meg e seus movimentos suaves e a fúria de Jack, com suas mãos de Hendrix e seu dedo cheio de pinos.

* A ENTREVISTA

Folha - Depois de um longo afastamento, o White Stripes voltou aos shows no meio de setembro. Como está este reinício de turnê?
Jack White
- Tem sido muito bom voltar a tocar e os concertos estão bem intensos. Na Austrália e na Nova Zelândia são sempre apresentações bem agitadas, selvagens até. A gente tocou em alguns festivais aqui e a partir de amanhã [dia 14 último] começaremos uma série de shows em clubes, o que eu prefiro.

Folha - E o seu dedo machucado?
White
- Não está indo nada bem. Não estou completamente recuperado e dói bastante. Quando acaba um show, preciso passar um tempo no gelo para ficar razoável para a apresentação seguinte.

Folha - A dor limita seus movimentos com a guitarra?
White
- Bastante. Mal consigo dobrar o dedo em 90 graus. Com isso não dá para fazer boa parte dos acordes. Tenho três parafusos com os quais vou conviver para sempre. Tento me virar com os outros dedos para chegar às notas. Mas quem vê os shows diz que não está sentindo muita diferença nas músicas, não. Falam que eu sempre fiz cara de dor para tocar, então eu pareço normal no palco [risos].

Folha - Você tem alguma expectativa quanto a tocar no Brasil?
White
- Não sei por que, mas desde a escola eu sempre tive curiosidade de viajar até a América do Sul. Finalmente chegou a hora, embora tudo vá ser muito rápido. Sobre receptividade ao White Stripes, eu não tenho idéia do que eu posso encontrar aí, de quanto somos conhecidos, de quantos discos a gente vende. Algumas pessoas já me enviaram artigos sobre nós que foram publicados em jornais brasileiros, mas eu não sei ler em português, então não adianta muito.

Folha - Você pode adiantar como vai ser o show do Rio?
White
- Vai ser bem energético, pode apostar. Ouvi dizer que a platéia brasileira transmite bastante energia e isso vai combinar perfeito com o que eu e Meg costumamos oferecer do palco.
O show do White Stripes é o mais simples possível. É só uma guitarra, alguns teclados e uma bateria. É um show diferente a cada noite. Não planejamos nada, escolhemos as músicas na hora, não fazemos passagem de som. Dentro dessa simplicidade, buscamos tocar o mais alto possível.

Folha - Como estão as vendas de "Elephant", seu CD?
White
- Ultrapassou 1 milhão nos EUA. Está perto de 700 mil cópias vendidas na Inglaterra. E chegamos à marca de 15 mil cópias na Nova Zelândia, o que é fabuloso [risos] [?!?].

Folha - O quanto você gosta do álbum "Elephant", o último, comparando com os três CDs anteriores?
White
- O primeiro álbum ["White Stripes", de 1999. relançado em 2002] vai ser sempre o meu favorito. A sonoridade crua dele é o que eu sempre busco na hora de compor. Mas "Elephant" está em segundo, bem perto.

Folha - A música "Seven Nation Army" já ganhou pelo menos três versões remixadas para as pistas eletrônicas. Já ouviu alguma delas?
White
- Mostraram-me uma, que o DJ [britânico] Adam Freeland fez. Achei muito boa. Gosto dessa apropriação de minha música por uma outra pessoa, mas não deixo de achar engraçado saber que uma canção minha possa virar música eletrônica. Engraçada, mas sempre interessante.

Folha - Fale sobre seu lado hollywoodiano? O que atraiu você para o cinema?
White
- É curioso. Os convites foram aparecendo. Mas minha atuação está e será sempre ligada à música. Em "Cold Mountain", do [Anthony] Minghella, eu canto três canções no filme. Mas logo devo me afastar do cinema. Sou ruim atuando.

Folha - Você atua no mais recente filme do Jim Jarmusch. Como é sua parte nele?
White
- Exatamente como o nome do filme ["Coffee & Cigarettes"], nós tomamos café e fumamos alguns cigarros num bar. No filme, Meg me ajuda a consertar uma máquina de jogos eletrônicos. É tudo o que fazemos.

Folha - Como está a movimentada cena atual de bandas de Detroit? Você tem produzido boa parte das bandas de lá, não?
White
- A cena é movimentada e cheia de bandas boas. Eu procuro ajudar no que dá. Gosto desse lado de produção, também. A última banda que eu produzi, que é fantástica, é a Whirlwind Heat.

Folha - Então é verdade que a escalação dessa Whirlwind Heat no Tim Festival foi indicação sua?
White
- Apenas disse que eles eram um grande nome de banda nova para tocar. O Whirlwind Heat, ao contrário do White Stripes, não tem guitarra. Mas dá para dizer que o baixista deles é um "guitar hero". Quem for ver o grupo não vai se arrepender.

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WS NO TIM. JÁ ERA


Acabaram os ingressos para o palco principal da sexta-feira no Tim Festival (demorou...). Ver White Stripes, Rapture, Super Furry Animals, Fellini e Whirlwind Heat, para quem não comprou a entrada, não dá mais.
Só resta uma coisa.

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TIM NA TV

O festival vai passar no Multishow. E vai ganhar um especial na Globo. Detalhes na semana que vem.


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ELLIOTT SMITH

Que coisa, hein? Tinha 34 anos. Vi um show do cara, em Londres, há dois anos, que foi bem soturno, mas não parecia que o cara ia acabar com uma faca enterrada no peito alguns meses depois. Já Marco Lockmann, que por alguns anos foi a antena desta coluna em Nova York e em breve mandará informes de Londres, viu show de Smith em Manhattan no ano passado e lembra que o cara estava acabado, aparentando uns 50 anos. E esquecendo todas as letras. Triste.

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BRASIL VS. VENEZUELA

É incrível como a força do Brasil diante do cenário musical internacional continua sendo zero.
Troco informações com um leitor latino que trabalha com música e jornalismo no circuito Venezuela, México e Chile. Na sexta-feira cedo recebi um e-mail dele dizendo que havia sido avisado de que o Metallica teria cancelado a turnê da América Latina, alegando cansaço físico e mental.
De imediato, liguei para a produtora do show no Brasil, para verificar a informação.
Nada constava. Muito pelo contrário. Os ingressos estavam vendendo cada vez mais, a banda de abertura havia acabado de ser oficializada, tudo correndo normalmente.
No final da tarde ainda da sexta, liguei de novo. Nada.
Na segunda-feira, no fim do dia, chega o comunicado oficial. Os shows do Metallica no Brasil foram cancelados porque a banda estava alegando cansaço físico e mental.


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TEENAGE FANCLUB NO BRASIL


Deu no "Diário de Pernambuco". A queridola banda escocesa Teenage Fanclub tem quatro show marcados no Brasil em março do ano que vem. Três em SP, no Sesc Pompéia, e um em Recife, no festival No Ar Coquetel Molotov. A vinda da banda está atrelada aos nomes da gravadora indie paulistana Slag Records e da produtora recifense Coquetel Molotov. 2004 vai começar muito bem.

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BELLE & SEBASTIAN - PAPO SOBRE O TEMPO

Galera fã do rock fofo, preste atenção. Não há uma crítica estrangeira que eu leia sobre "Dear Catastrophe Waitress", novo disco do B&S que está saindo na semana que vem no Brasil, que não diga maravilhas sobre o CD, "o melhor do grupo" e tal.
Achei o disco médio, na verdade. Legais, para mim, só a faixa homônima e o primeiro single, "Step into My Office, Baby", que já nem são espetaculares.
Esta coluna conversou nesta semana com o tecladista da banda, Chris Geddes, por telefone.
Tirando o blablá dos shows-loucura no Brasil, dois fatos me chamaram a atenção.
Uma que, por uns bons três minutos, o músico gastou a ligação falando do tempo bom lá em Glasgow, perguntou como estava o clima aqui em São Paulo e mostrou-se preocupado com essa coisa da mudança climática global por causa do desequilíbrio causado pelo progresso e pá.
Outra é que, uma notícia que me deixou um pouco desapontado, é que agora ninguém na banda mantém mais seus trabalhos normais diários. Todos largaram os empregos de professores, bibliotecário, arquiteto, para viver da música. Teria o charme do B&S acabado?



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A TOUR DOS STROKES

A turnê pop mais bacana da temporada é a que corre desde esta semana os EUA. Strokes e Kings of Leon excursionando juntos. E esta coluna vai acompanhar de perto a partir desta os shows de San Francisco, Los Angeles, Nova York e Houston (este beeeeeem de perto).
Nesta semana, Rogério Negrão, leitor que mora em Los Angeles, foi até San Francisco conferir o primeiro show dos Strokes mostrando o novo disco. E relata.


















The Strokes - Kings Of Leon
21/10/2003
Bill Graham Civic Auditorium
San Francisco, CA

Luzes se apagam e logo vem a guitarra básica seguida do vocal de Casablancas. São os Strokes começando no palco a apresentar pela primeira vez ao público americano da Costa Oeste as músicas do seu novo trabalho, "Room on Fire", que sai aqui
nos EUA na terça-feira que vem. Foi como se a platéia já conhecesse as músicas, mesmo que nunca tenham escutado uma canção do CD novo.
Minha impressão é a de que a banda evoluiu. O som continua sendo único entre as novas bandas de rock de levada punk, principalmente quando comparada com o grupo que abriu o show, o Kings of Leon, bem competente, mas com um futuro incerto se comparado com o som dos Strokes, que inaugurou essa categoria de bandas de "neoretropunk"
que surgiram nos últimos anos.
A banda alternou músicas do novo álbum com as já conhecidas de "Is This It" por uma hora e meia. E posso que no mínimo três músicas serão lançadas
como "hits" imediatos nas rádios de rock alternativo daqui. O publico dancou e agitou muito com a banda em todas as canções, o que fez com que Casablancas
descesse do palco e cantasse uma música inteira junto com o publico alegando se "sentir sozinho". Este foi meu segundo show do Strokes e posso garantir que, pela qualidade do som, energia do público e da banda, irei a muitos outros. Eles vieram para ficar.


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QUATRO MÚSICAS

* "I Wanna Make It Wit Chu", Josh Homme e PJ Harvey
Faixa do projeto "Desert Sessions", de Homme, o cabeça do maravilhoso Queens of the Stone Age. Este é o volume 9 e 10 deste trabalho paralelo do músico e traz uma penca de convidados. PJ Harvey cantando como femme fatale é demais.

* "No Matter What to Do", Benny Benassi
É igualzinha a anterior, o megahit "Satisfaction". Portanto, bem legal.

* "Silence Is Easy", Stairsailor
Já falei desta?

* "Fortune Faded", Red Hot Chili Peppers
Cool.

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KILL BILL, LÁ E AQUI

Mais sobre o filme de Tarantino. Você já deve ter visto o trailer por aí, se é que você não está marcando. Tudo o que você precisa saber de antemão é que é o filme em que a Uma Thurman corta muitas cabeças e, no meio de uma briga, se equilibra em cima da espada de um inimigo.
O indie carioca Luciano Vianna viu o filme em NYC e conta um pouco como é a bagaça.

" 'Kill Bill' é uma fábula de ação no melhor estilo Tarantino de ser, cheia de ações absurdas e diálogos pop. Pop japonês, diga-se. O filme é recheado de frases em japonês e em certos trechos parece mais um mangá travestido de pulp fiction americana do que uma produção hollywoodiana.
Dividido em dois volumes (o primeiro chegou as telas americanas na semana retrasada), 'Kill Bill' traz uma excelente Uma Thurman como uma espécie de ninja vingadora que, depois de ter passado quatro anos em coma por culpa de um ataque comandado pelo misterioso Bill, se recupera e sai atrás das assassinas de elite que a atacaram.
Chamadas de Deadly Viper Assassination Squad (DiVAS), as assassinas são vividas por Daryl Hannah, Vivica A. Fox e uma engraçadíssima Lucy Liu ("Panteras"), entre outras. Se não chega a ter a
genialidade de 'Pulp Fiction', este 'Kill Bill' também não compromete a carreira de Tarantino."

* KILL BILL BRASILEIRO: Cena vista há alguns meses pelo Cleiton Proud, chegado da coluna.
Local: Tribe House.
Momento: Show da banda Paranóia Oeste.
O quê: a banda estava tocando sua última música, e o baterista estava espancando seu instrumento com duas raquetes de tênis, mas infelizmente a
atenção do público foi roubada por outro acontecimento; Um carinha tentou, digamos, flertar com uma menina que estava junto com uma amiga, na platéia. Após levar um sonoro "Não", mostrou seu dedo médio para sua pretendente. As duas não pensaram duas vezes e desceram o sarrafo no cara. Não contente com isso, derrubaram o maluco da escada do Tribe House e encheram o infeliz de
chutes, enquanto ele estava deitado no chão. Foi foda.

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SUPERBALADAS


















Só fica em casa quem quer. Ainda nesta quinta-feira, a Rock Me (Paulão/Larissa/Lúcio), noite roqueira do Jive (Alameda Barros), apresenta a banda Jumbo Eletro, o melhor nome de grupo da música nacional. Que som que é?/// Sexta-feira este colunista participa orgulhosamente participa tocando na estréia na estréia da noite I Love Satã, na lendária casa Madame Satã (Conselheiro Ramalho). Já dancei muito Smiths e Bauhaus naquele antro histórico. Tocam ainda o DJ Magal, o Spavieri, a dupla Larissa Z e a DJ Polly e o projeto Pé-de-Vento../// Na Torre, também na sexta, a banda Pullovers se apresenta no palco altão.///Sábado, o site Erika Palomino e o Ampgalaxy (Fradique Coutinho) trazem a SP o DJ inglês Jonny Slut, da badalada casa Nag Nag Nag, de Londres., porão do Soho que enche de gays, transexuais, heteros convictos e eles, os metrossexuais. Slut, o cara da foto acima. vem para tocar sua mistura de rock, punk e electro, mas não só. Fetichista, ele se monta de gótico moderno, faz performance e canta músicas de sua banda-projeto, a Atomizer. Parece que ele entra tipo 2h30. Programão./// Não muito longe dali, na mesma rua para ser exato, tem o projeto rock eletrônico do All Stars, no Trip Bar (o do dragão), adivinha com quem? Eu, o Rafael Perrota e a banda Supralux./// Ainda no sábado, na noite Delicious da Funhouse (Bela Cintra), tem show do Sapato Bicolores, banda de Brasília, e discotecagem das espetaculares gêmeas Beuke./// Para fechar o sábado lotado de baladas, no Dynamite Pub (Cardeal Arcoverde), festa da Zap'n'roll, que promoverá o genial encontro nas picapes do colunista desbocado Humberto Finatti e o performático DJ Rafa, da MTV. Ainda na discotecagem tem o Luís César, editor da revista "Zero".


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PROMOÇÕES DA SEMANA

Toma aí. E-mails para este colunista e para o ombudsman concorre da mesma forma aos sensacionais prêmios, quais sejam:

- A primeira edição oficial e naciona de "Room on Fire", disco novo dos Strokes
- A edição especialíssima de "Hail to the Thief", do Radiohead (detalhes na coluna anterior).
- Um Blur exclusivo, com faixas inéditas, raras, ao vivo, que saiu na revista do superjornal britânico "Observer" (detalhes nas colunas anteriores).
- O CD duplo "Singles 93-03", coletânea master do fundamental duo inglês Chemical Brothers.

Tá bom ou quer mais.

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RESTO

- Lista dos vencedores da semana passada? Semana que vem.
- Friendster, Fellini, Front 242, o desenho brasileiro do Radiohead? Semana que vem.

Ah, não. Lá vem mais reclamações.

Tchauzinho.

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Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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