Pensata

Lúcio Ribeiro

29/10/2003

Situações inusitadas, estados alterados

"I do it
I do it for love
I do it
I do it for your looooooooooove"

Janitor Sessions, em "Do It for Love"

"Oh remember me
Yeah remember me
Oh remember me
Yeah remember me
Oh remember me
Will you remember me?"

British Sea Power, em "Remember Me"

"I'm burnin' through the sky yeah
Two hundred degrees
That's why they call me Mister Fahrenheit
I'm trav'ling at the speed of light
I wanna make a supersonic woman of you"

Queen, em "Don't Stop Me Now"



Oi.
Se foi, já era.
Como bem diz o Chorão.

* Um grande amigo meu não faz muito tempo me disse entusiasmado e categórico que o British Sea Power é a melhor banda de rock do mundo, hoje.
Já ouviu essa "Remember Me", da epígrafe acima? Urgente e desesperada. Parece o Bryan Ferry com sua voz cool cantando sob um som heavy metal (exagero). Corre atrás. A música, simplésima, é linda de morrer. Por uns três minutos você não vai achar meu amigo tão maluco assim.

* As pequenas coisas, as simples, como "Remember Me", viraram grandiosas e já há algum tempo ditam o que é realmente bacana. Você sabe sobre o que estou falando.

* Por exemplo, esse programa especial que o João Gordo fez na MTV, o "Família MTV", espécie de "nosso The Osbournes". Não deve ter custado um tostão furado para a emissora musical, mas atingiu 4 pontos de audiência, o que no caso da MTV é uma marca de novela das oito da Globo. É audiência maior que o gigante e pomposo VMB por exemplo.

* Bem, já, já tem papo dark e confusão no mundo pop. Lá no fim tenho um pronunciamento sério a fazer. Chega de balela e vamos à coluna, de uma vez.


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TIM FESTIVAL


Acho que não preciso gastar mais uma linha com a importância de um show do White Stripes aqui perto, né?
Nem no que representa uma balada que junta Rapture, Streets, Peaches, Erol Alkan, 2 Many DJs.
Tim Festival aqui é assunto encerrado.
Próxima!

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DESESPERO TIM FESTIVAL


* O leitor Felippe Datt, de São Paulo, diz que tem três ingressos sobrando para a sexta do Tim Festival. Quer comprar? O celular dele é 9571-8432. O e-mail, durden_gnoo@yahoo.com.br.

* Um outro leitor, também com ingressos disponíveis por cancelamento ou outra mudança de planos qualquer, estava querendo negociar duas entradas também para sexta. Mas eu não sei onde enfiei o e-mail dele. Foi mal.


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O SHOW DO RAPTURE

Vai ser engraçado ver o Rapture ao vivo. No disco não tem o que discutir. O ultrabadalado "Echos", já lançado aqui (no Brasil, não na coluna), mistura rock, electro, disco inferno, baladas minimalistas e tem a espetacular "House of Jealous Lovers".
Uma vez vi um vídeo de um show deles em um clube de Manhattan que esqueci qual. Tenebroso. Banda essencial de estúdio, nada funcionou. Aí ouvi na internet a pocket-apresentação que fizeram em Londres, no The End, na noite do Erol Alkan. Foi tudo de bom.
Aí recentemente escutei um show deles que aconteceu na França, agora em outubro. Fraco.
Mas na última sexta-feira o amigo antenadíssimo Marcos Antoniete, que está acompanhando o megafestival CMJ, em Nova York, veio com esta opinião, ao ver o Rapture em ação, no Roseland Ballroom:

" The Rapture entra em cena as 20h45 para um público de 3.000 pessoas que lotavam o Roseland Balroom. Luke Jenner e sua gangue são bem aplaudidos. Ele cumprimenta a platéia em castelhano ("Mui Graças") apresenta a banda em inglês ("We are the Rapture, from New York City") e diz que vai começar com uma lentinha. "Infactuation", a faixa que encerra o álbum
Echoes, abre o show. Em seguida "Out of the Races and
onto the Tracks", do E.P. "Mirror", balança a casa e o Rapture reina absoluto. As cordas da guitarra de Luke Jenner não resistem a dois sons seguidos. Rola muita energia no palco. Depois de uma música desconhecida, é a vez de "Olio". Vito Roccoforte alterna entre a bateria e os teclados. "Olio" ao vivo é totalmente dance. Várias faixas do CD rolaram até aparecer o superhit "House of Jealous Lovers" finalmente chega para fechar o show, pondo a casa abaixo. Em pouco mais de uma hora o The Rapture mostrou como se faz música a perfeita combinação entre dance e rock. Buscando referências no passado, mas soando ultramoderno. Entende?

* O setlist do show do Roseland Ballroom de sexta passada, que dá pinta de que eles vão repetir aqui uma semana depois, é o seguinte.

-Infactuation
-Out of the Races and onto the Tracks
-Unknown Song
-The Coming of Spring
-Olio
-I Need Your Love
-Open Up Your Heart
-Sister Savior
-Killing
-Echoes
-House of Jealous Lovers


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AS MÚSICAS DO WHITE STRIPES NO RIO

Num árduo trabalho de pesquisa, o leitor carioca Gustavo Marques, fã do White Stripes, pegou show a show da turnê do álbum "Elephant" e fez uma projeção estudada do que o grupo de Jack & Meg podem tocar sexta no Tim. Deu isto aqui.

- The Big Three Killed My Baby
- Dead Leaves and the Dirty Ground
- Black Math
- Seven Nation Army
- In the Cold, Cold Night
- Ball and Biscuit
- Hardest Button to Button
- Let's Shake Hands
- When I Hear My Name
- Death Letter
- Apple Blossom
- You're Pretty Good looking
- We Are Going to Be Friends
- Boll Weevil
- I Think I Smell a Rat
- I Want to Be the Boy That Warms Your Mother's Heart
- Jolene

Com alguma chance de entrar no setlist:

- Hotel Yorba
- I Just Don't Know What to Do With Myself


Com pouca chance de aparecer:


- Fell In Love With A Girl
- Hello Operator
- Truth Doesn't Make A Noise
- Little Room

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A VOLTA DOS DARKS


Tempos sombrios no pop. E parece nem ser apenas por causa da proximidade do Halloween. Os homens de casaco preto, maquiagem da tristeza e ode ao Sisters of Mercy ressurgiram da Idade Média. Os góticos estão aí.

* Na semana passada fui, como convidado, atuar como DJ no lendário Madame Satã, na agitada noite "I Love Satã".
Cheguei ir ao clube nos tempos áureos e, por isso, para mim, teria um gosto especial tocar naquele porão escuro e de tanta história.
Nos anos 80, gostava de ir à casa numa espécie de matinê satânica. Tipo assim: A casa abria oficialmente à meia-noite para a morcegóvia curtir Joy Division, Bauhaus e outros sons de melodias negras. Mas, para quem chegava às 22h e descia até a pista, dava para ouvir sons calmos e iluminados como Smiths e Echo & The Bunnymen.
Voltando, lá ia eu tocar no Satã. Estacionei meu carro, peguei os discos, dobrei a esquina e... Uma fila gigaaaaaante na porta da boate. A maioria de casacos pretos. Quem não estava de casaco, pelo menos vestia preto. Avistei um cara de branco (como eu!!!), mas a camiseta branca era da Siouxsie & The Banshees.
Coloquei o pé dentro do Satã e estava tocando Sisters of Mercy. Depois um Cure bem velho. Pensei: "derrota".
A música mais velha que eu pretendia tocar naquela pista era de 2002. Os habitantes do Satã certamente iriam botar os morcegos para me perseguir.
Que nada. A pista ferveu e a noite terminou agitadíssima. Teve até uma menina que chegou a mim e pediu: "Dá pra tocar Led Zeppelin?". Respondi que no momento não tinha nenhum disco. Ela insistiu: "The Doors?!?"

* O site da BBC inglesa, logo em sua página de abertura, investiu no último final de semana em um material gigante sobre a cultura dark. A "evolução"através do tempo (mostrando as músicas), os darks hoje etc.

* Entrou em cartaz sexta passada, nos EUA, o filme "Gothika", superprodução com astros como Halle Berry, Robert Downey Jr., Penélope Cruz e um mote que é o seguinte: Porque alguém está morto não significa que ele foi embora.

* Falando em situações inusitadas... Bem menos dark, muito pelo contrário, foi a minha aventura de DJ na Parada da AME, sob um sol maluco, no último domingo. Toquei no carro do D-Edge. Deve ter sido a primeira vez na história que alguém tocou rock em uma parada dessas, 99,9% eletrônica. Isso é mais um sinal da mistura saudável e simpatia mútua que está rolando entre os gêneros. Até tinha uma galera rocker em frente ao carro do D-Edge, que foi prestigiar o set. Cool.

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DESENTENDIMENTOS POP


Opiniões divergentes é que fazem boas as discussões sobre tudo, de futebol ao rock. Estas duas (sobre rock) abaixo chamaram a atenção da coluna nos últimos dias.

* Nunca escondi aqui que acho o Charlie Brown Jr. uma boa banda e que o polêmico Chorão canta algumas grandes canções de amor. Do jeito tosco dele e para o público idem dele. Mas ainda assim canções representativas de um recorte jovem atual blablablá e tal e coisa.
Mas tem uma discussão legal em torno da famosa rebeldia do grupo e de sua discutida propaganda da Coca-Cola que é interessante. Foi exposta na última edição do Folhateen.
Segundo a banda dita no comercial, quem usa garrafinha da Coca-Cola tem estilo. Quem não usa é chamado à atenção.
Um leitor de 19 anos escreveu bravo para o jornal:
"Eu me senti ofendido. Fiquei revoltado porque a mensagem é muito direta: restringe a individualidade e a liberdade do jovem e cria uma padronização de gostos para que todo mundo compre a mesma coisa. O comercial usa a pressão do grupo e da banda contra o indivíduo que quer ser diferente".
Tal e-mail teve a resposta de outro jovem, de 16 anos, presidente do fã-clube Família Charlie Brown Jr.:
"O cara que critica é o mesmo que bebe Coca-Cola. O Charlie Brown está divulgando não só o refrigerante, mas também a banda e o rock".


* Lá fora, a discussão é de "gente grande" e o tema é Strokes e a cena de Nova York.
Jon Pareles, do poderoso "New York Times", é daqueles que escreve muito bem, mas está sempre seis meses, um ano atrasado nos assuntos. Muita gente no Brasil gosta do timing dele.
No domingo retrasado Pareles fez um retrato da cena de Nova York hoje, à luz do disco novo dos Strokes e da estréia em CD do Rapture. Pelo que entendi, ele acha os discos muito bons, mas não "desafiam" os fãs das bandas. E daí deduz que a movimentada cena de Nova York está passando por um momento de ressaca.
Já Neil Strauss, também do "NYT" e colaborador do "Village Voice", escreve a capa da corrente "Rolling Stone", que estampa a seguinte manchete: "Strokes - Passamos uma madrugada com os novos reis do rock".
Para Strauss, os Strokes são mais que apenas uma banda. "Quer eles gostem ou não, eles representam o algo mais. Igual o Nirvana se tornou a face do grunge no começo dos 90, os Strokes se tornaram o rosto de uma assim-chamada cena do novo garage rock."
E que, tal qual o Nirvana, já começam a ser o espelho para os aproveitadores de plantão (da música à moda), fato que significa o caminho para o fim de qualquer coisa sincera.


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CURE vs. STROKES

Com o assunto "desentendimentos" encerrado, vale destacar um trecho do texto de Strauss para a "Rolling Stone".
Ele escreve que, por mais que o assunto é garage rock, na hora de falar do novo disco os Strokes não falaram de Stooges ou Troggs, conforme se espera. O guitarrista Hammond fala que a levada reggae de "Automatic Stop" parece Cindy Laupers em "Girls Just Wanna Have Fun". Casablancas diz que o tom da guitarra de "The End Has No End" é culpa do Guns n'Roses. E o outro guitarrista, Valensi, fala a melhor, agora sobre o primeiro disco, "Is This It":
"Tem algumas linhas de baixo do nosso primeiro disco que são 100% tiradas das músicas do Cure. Ficamos até preocupados em deixá-las daquele modo no álbum, porque temíamos ser processados".

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PLACEBO vs. FISCHERSPOONER

Brian Molko por aqui não rola mais. A banda vai descer até o México, no final de novembro, mas desencanou de vez da América do Sul. Acertaram uma turnê americana acima das expectativas e aí.
Já o electrogrupo Fischerspooner, segundo papo entre Casey Spooner e Marco Antoniete, disse de voz própria que vem ao Brasil em abril. Segundo ele, ou para o Sonar ou para o Skol Beats.

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A INVASÃO DOS METROSSEXUAIS

Está lembrado do papo da semana passada, né?
A nova categoria do homem moderno e tal.
Pois o episódio desta semana da nova temporada do fabuloso "South Park", lá nos EUA, mostra que os meninos preocupados porque TODO MUNDO na cidade virou metrossexual. E só querem saber de assistir aos seriados "Queer Eye for the Straight Guy" e "Will & Grace". Olha o que eles fizeram com a turma do Kenny.



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MALA CONCRETA


Você ter uma banda bacana não o impede de ser uma pessoa mala. O grupo americano Concrete Blonde está no Brasil para shows (em SP é sexta-feira) e cumpre uma agenda de divulgação que vai desde o programa do Jô ao "Pulse MTV".
Neste último, parece que a cantora e baixista Johnette Napolitano estava dando uma entrevista meio monossilábica, atravessada, foi o que me contaram. Daí, em um certo momento, pega o microfone para desabafar algo assim:
"Estou muito chateada em estar vendo aqui no Brasil um monte de bandas que imitam o Limp Bizkit. Vocês deviam olhar para as raízes de vocês e buscar influência na cultura indígena".
?!?!?!?!?!?!?!?
Dá para entender porque gringo adora Tribalistas?

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ERREI

Levantei aqui a bandeira de que o rock fofo não estava com nada. Que os novos álbuns do Belle & Sebastian estavam cheias de canções bonitinhas, mas que não eram significativas porque músicas de amor legais mesmo são as baladas gritadas, desesperadas e sinceras de gente esquisita como o Darkness, White Stripes e cia.
Mas é só ouvir Keane ( "This Is the Last Time"), Stills, British Sea Power e Starsailor ("Silence Is Easy) para ver que o quadro do rock fofo não é exatamente como eu pintei.


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POBRE NEW ORDER

Aqui no Brasil, atores bonitões da Globo, não contentes, se lançam à música pop. Ontem, assistindo ao programa da Adriane Galisteu (não me pergunte!), pude conferir uma das imolações mais imperdoáveis que o rock jamais sofreu.
A mais nova migração pop foi dada por Dado Dolabella, filho do Carlos Eduardo.
O ator galã pegou a maravilhosa "Love Vigilantes", do New Order, e transformou em alguma coisa inenarrável, versão melosa e medonha.
A performance era aquilo: ele entrou com um violão para fazer seu playback, fingia que tocava, a platéia fingia que gritava, aí ele parava de "tocar" para fazer pose sofredora com as duas mãos no microfone e a câmera cortava para mostrar uma mulher caricaturando uma empregada doméstica (deve ser personagem do programa), que pulava histérica.
Por muito menos, os ingleses declararam guerra à Argentina.



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TRÊS

A coluna entusiasticamente recomenda três músicas para agora. Vá atrás já.

"Feed Your Addiction", Eastern Lane
Primeiro single desta nova banda inglesa. Delícia indie. O grupo é recém-contratado da Rough Trade, para você ter uma idéia.

"Do It for Love" - Janitor Sessions
Outra delícia, desta vez eletrônica. Está na epígrafe lá em cima, está tocando sem parar nas rádios inglesas bacanas.
Para matar de vez, é projeto paralelo de um dos caras do grande Audio Bullys.

"Mummy, I've Had an Accident", LFO
Ei, o LFO está de volta! Eletrônica encontra hip hop e vira pop. A música é bem boa e o nome é o melhor.


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ECHO & THE BUNNYMEN NO BRASIL

Confesso que há muito tempo continuo prestigiando o grupo de Ian McCulloch apenas pela rica história e não mais. Mas dois amigos me fazem ficar bem atentos para as apresentações que os Bunnymen farão na segunda quinzena de novembro aqui no Brasil (Porto Alegre, 17, SP, 18).
Um viu o show em Paris e chapou. O já citado Marcos Antoniete assistiu à performance de McCulloch/Sergeant no domingo passado e disse só uma palavra: "Maravilhoso".

* A turnê que inclui o Brasil passa antes pelos EUA e vai depois para o Japão e Austrália. Faz parte dos festejos dos 25 anos de uma das duas principais bandas de Liverpool em todos os tempos. Liverpool, não se esqueça, é a terra do The La's.
Ainda para comemorar o aniversário dos Bunnymen, os cinco primeiros álbuns do grupo, do "Crocodiles" ao homônimo, vão ganhar versão remasterizada, encarte comemorativamente encorpado e disco inflado com músicas raras, lados B, versões ao vivo, covers, demos e sobras de estúdio.


Bring on the dancing horses!


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MAIS TIM FESTIVAL


Essa vem do chegado Marcelo Costa e interessa diretamente à população indie: MacMcCaughan, guitarrista e vocalista da antigamente adorada banda Superchunk, deve chegar ao Rio junto com o Lambchop, para o show de quinta. McCaughan vai ser um dos 14 músicos que se apresentarão pelo volumoso grupo americano.

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FELLINI

A banda paulistana Fellini caiu de graça no Tim Festival deste ano. O grupo nem estava em atividade, mas faz parte de uma nova (e salutar) vocação do festival (suponha que é uma extensão natural do Free Jazz) de chamar a seus palcos grupos e DJs nem tão badalados. No caso do Fellini, "nem tão tocando".
Segundo o curador do Tim Festival para assuntos roqueiros, Hermano Vianna, a história da banda nos anos 80 é a principal responsável pela "convocação" do grupo a tão pomposo evento internacional.
O Fellini, nos anos 80, fazia um sucesso razoável entre os críticos de música, mas não conseguia vender muito disco.
Cheguei a ver um show do grupo, salvo engano no teatro da GV (será?), e na época achei espetacular. Denso, climático e até empolgante.
A banda se perdeu por aí, depois, e nunca mais teve representatividade marcante na cena roqueira nacional, vivendo de voltas esporádicas e projetos paralelo. Mas até hoje sei de cor a letra de "Rock Europeu" e "Funziona Senza Vapore", letras do início. Portanto entendo a "homenagem" de Vianna.
Não é para qualquer banda encarar um festival do porte deste Tim. Principalmente em meio às atrações que está. E no palco principal, ainda por cima. E no Rio de Janeiro, mais por cima ainda.
O Fellini toca depois do Whirlwind Heat, de Detroit, grupo bem novo mas já com turnês européias nas costas, e imediatamente antes do Super Furry Animals, banda brit gigante no País de Gales e de público respeitável galesa considerada grande no Reino Unido.
No Tim Festival, o grupo toca com seus quatro integrantes originais. Thomas Pappon, Cadão Volpato, Jair Marcos e Ricardo Salvagni.
O que o Fellini vai tocar, o que a banda acha da "responsabilidade" de tocar perto de Rapture e White Stripes e como eles receberam o convite, você lê abaixo, nas palavras do baixista do grupo, o Jair Marcos.
*
Popload - Vocês se surpreenderam com o convite do Tim Festival, já que pelo que soube vocês não estavam na ativa no momento?

Jair Marcos -
Eu, por exemplo, estava com um amigo fotógrafo, tomando umas cervejas num happy hour, na Praça da Liberdade, quando recebi um chamado em meu celular. Era o Cadão: "E aí, está sentado?". Fiquei assustado, com medo de que viria alguma notícia ruim. Pelo contrário. "Fomos convidados a tocar no Tim Festival!". Fiquei realmente radiante. Claro que é uma grande surpresa, pois a gente só fez alguns (re)encontros, em 98, em uma miniturnê por São Paulo, Brasília e Rio, e depois em 2000, no Rec Beat, em Recife. Por outro lado, após quase 20 anos de estrada, acho que a banda tem lá seus méritos para compor um festival dessa monta. Apesar de o grupo não estar na ativa, seus integrantes sempre continuaram produzindo música, em projetos paralelos. Juntar o Fellini, no caso, é sempre um exercício muito prazeroso, e esperamos dar conta do recado. Daremos!

Popload - Como rolou o convite?

Jair -
Bem, o disco "Amanhã É Tarde", em que estão só o Thomas e o Cadão, gravado em Londres, me parece, é o grande responsável. Ao que parece o Hermano Vianna teve acesso a esse trabalho e resolveu, como um dos curadores do Tim, travar um contato com o Rodrigo Lariú, da carioca Midsummer Madness (lançado no ano passado), para fazer o convite. E aí rolou...

Popload - Qual o tipo de som que vocês vão apresentar no Tim festival? Vocês continuam fazendo um tipo de bossa rock?

Jair -
Faremos um show com as músicas mais marcantes de todos os discos. Terá os sambas fortes, mas após muitas negociações entre nós resolvemos incluir rock também. O primeiro disco quase ficou de fora...

Popload - Vocês não vão tocar "Rock Europeu"?
Jair - Sim, o primeiro disco só não ficou de fora porque devemos sim incluir esse nosso hit. Aliás, ela até foi incluída na programação da Brasil 2000 FM.

Popload - Como vai ser tocar (1) junto de bandas como o Whirlwind Heat e o Rapture, duas competentes bandas da cena indie estrangeira, e (2) para um público que estará chegando para ver o White Stripes?

Jair -
Cara, confesso que não conheço o som das duas primeiras, e mais vagamente o White Stripes. Parece uma noite meio bizarra, não? Conversamos entre nós, e chegamos à conclusão de que temos que ficar bem à vontade, na nossa, fazendo os sons que marcaram uma época, pelo menos na cena underground. Como já respondi, daremos conta do recado, e acho que até agradaremos aos gringos.

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DISTILLERS


Pegou.
Por onde quer que você olhe, a banda neopunk Distillers aparece com destaque. Você lembra, é daquela punk bonitona Brody Armstrong, que apareceu aqui com foto há uns meses.
Ela já esteve também estampada desde a "The Face" até a "Nylon" ("é o solavanco que o punk rock precisava"). E agora ganhou capa da "New Musical Express". Vê aí embaixo.
A garota já está, hã, pegando o fera Josh Homme, do Queens of the Stone Age.
"Drain the Blood" e "Die on a Rope", do disco ("Coral Fang") lançado neste mês, tocam direto nos principais programas de new music da Radio One.
As músicas são boas, no que esse punk pós-Rancid pode ser bom. Não é punk-Libertines, sabe?
E a voz de Brody é muito igual à da Courtney Love.




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FRIENDSTER

Sou um friendster agora, mas ainda estou a caminho de descobrir por que esse programa é "a coisa mais importante da internet depois do Napster". Já encontrei vários brasileiros nele. Para quem quer saber o básico, dá uma lida nisto aqui, que achei na net:
O Friendster é um programa de comunicação, um misto de chat e instant message, que usa um sistema inovador de socialização. Quando se conecta ao serviço Friendster, o usuário pode conversar normalmente com as pessoas de sua lista de contatos e, além disso, tem a opção de acessar a lista de contatos das pessoas em sua própria lista.
Segundo a empresa Friendster, o sistema simplesmente simula uma vida social realista. "Quando você se torna amigo de alguém, é natural que conheça os amigos dele, e se ficar amigo de um deles, é natural que também conheça os amigos dele, e vice-versa." disse o CEO da Friendster em entrevista para a "Wired News".
O resultado é a criação de enormes redes de contatos e amigos. Você entra no Friendster, conhece alguém e em poucos dias já tem uma lista enorme de amigos. Ao fazer o cadastro - totalmente gratuito - o serviço solicita uma lista de interesses, para simplificar o trabalho de pessoas que queiram conversar com gente como você.
O Friendster está tendo um crescimento desenfreado desde seulançamento, em março. Contando já com mais de 1 milhão de usuários, o número de adesões cresce 20% por semana.
Courtney Love e Moby, só para dar dois, estão no Friendster. Você pode cruzar com eles a qualquer momento desses.

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LOCK N LOLL

A banda punk japonesa Guitar Wolf vem aí. Tocam dia 11 em São Paulo, junto de Butchers e Los Pirata, no Trip Dancing Bar. Noitaça imperdível.



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MEGABALADAS

Dias agitados em SP, embora o bicho esteja pegando no Rio de Janeiro nestes próximos dias. Concrete Blonde toca no Credicard Hall nesta sexta. Sábado tem o techno delicioso do DJ francês Laurent Garnier, no Unique Club. O grande Front 242 eletroniza o DirecTV Hall no domingo. Vem aí Public Enemy com D2, no Via Funchal. Snoopy Dogg Dog? Boato, ainda. O DJ Paulão, do Garagem, toca em dois lugares no sábado. O segundo é o Trip Dancing Bar. Antes de tudo isso, na quinta, os ótimos Luca & Liana tocam no Blackbox (Itaim).


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4:48

A coluna, pensa que não?, também vai ao teatro. Está em cartaz no Sesc Belenzinho, aos sábados e domingos, a peça "4:48 Psicose", dirigida por Nelson de Sá e debruçada em texto da teatróloga inglesa Sarah Kane.
Este colunista está nos créditos como consultor musical. A peça se desenvolve sob versões mexidas de Nirvana, Radiohead, Tindersticks, entre outros. Os atores são Luciana Vendramini e Luiz Paetow.


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PRONUNCIAMENTO

A coluna não vai ao ar normal na semana que vem. Está planejado para este colunista uma doce viagem até San Francisco, a terra do Álvaro Pereira Júnior.
Ainda não está definido, mas pode ser que ela seja obrada a várias mãos, que eu mande um "oi" de longe ou simplesmente não circule. A última é difícil. E pára de espernear.
Se tudo der certo, na volta vou ter bastante assunto para contar.

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PROMOÇÃO DA SEMANA

A concorrência será para faturar o seguinte:
* Edição especial de "One by One" do Foo Fighters, dupla, com um CD bônus de seis faixas extras.
* Strokes novo e oficial
* O último Blur raro e exclusivo, do "Observer".
* Dois CDs do Front 242, o ao vivo "Re:Boot" e o novo, "Pulse"
* Um ingresso para o show de White Stripes/Rapture no Tim Festival, doado pela leitora Patrícia Nepolini. Os interessados precisam mandar email até quinta (hoje) às 18h, com telefone. Se o vencedor for do Rio, será avisado e pegará o ingresso comigo direto no MAM. Se for de São Paulo, tem que pegar a entrada na própria quinta à noite. Se for de outro lugar, a gente vê o que faz.

Tenta a sorte.

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VENCEDORES DA PROMOÇÃO

* Strokes oficial
Elson dos Santos Lima
São Paulo, SP

* Strokes caseiro
Helena R. Teti
São Bernardo do Campo, SP

* A edição especial do "Hail to the Thief", do Radiohead
Tamires Satto
Goiânia, GO

* DVD do Chemical Brothers
Silvio "Kid"
Niterói, RJ

* O disco do Chemical Brothers
Lúcio Ribas Teixeira
São Paulo, SP

* O Blur especial, do "Observer"
Marcelo Tovalinni
Florianópolis, SC

Falta algo?


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ENTÃO TÁ

Vou ali e já volto. Prometo voltar um novo sujeito.
Vem aí quarta para ver o que você encontra.
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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