Pensata

Lúcio Ribeiro

07/01/2004

20 razões para amar 2004

"We gotta smash it up
You won't abandon us again"
Courtney Love, em "Mono"

"Son, I'm 30
I only went with your mother 'cause she's dirty
And I don't have a decent bone in me
What you get is just what you see, yeah"
Happy Mondays, em "Kinky Afro"

"My milkshake brings all the boys to the yard
And they´re like
It´s better than yours"
Kelis, em "Milkshake"

"Can you feel it, sister saviour
drawing you into the club?"
Rapture, em "Sister Saviour"


Feliz 2004, todo mundo.
Vamos nessa.
Melhor, vamos com a Courtney Love, que já entrega aí em cima o mote do ano novo.
A coluna agradece --e retribui-- a pancada de votos bacanas e incentivos e tudo mais que chegou nestes últimos dias de 2003.
Entramos, eu e você, na Popload ano 4. Estou com uma impressão de que vai ser legal.



* Dias prazerosos na Buenos Aires pós-hecatombe econômica me deixaram com duas dúvidas. Como é que eles têm, e nós não, Burger King, Tower Records, "Rolling Stone" própria, "Les Inrockuptibles" própria, internet barata a cada esquina, "Kill Bill" há tempos em cartaz, uma cultura futebolística moderna, o canal "Fashion TV", as minas do Team Ex? Outra: será que o tema da torcida do Boca Juniors, "Somos nosotros", é a versão brasileira para o "É nóis"?

* Amiga entrando na famosa padaria perto da MTV flagrou uma mesa com uma moçada que, sem coisa melhor para fazer, estava lascando a lenha neste colunista. Até aí, a vida é assim mesmo. Recebo "informe" divertidos e diários sobre gente metendo o pau na coluna. E coluna, entre algumas coisas, serve para ser fuzilada e tal. Não se pode dar boi para colunista. Mas a galera da padaria, segundo a amiga, reclamava das epígrafes (?!?). "O cara repete as epígrafes toda hora", inconformava-se um reclamão. O pior é que, acho, essa da Kelis que coloquei lá em cima já saiu há uns meses.

Esse papo me fez lembrar da discussão sobre a Madonna no começo do "Cães de Aluguel", do Tarantino. Luxo.

* O primeiro grande objeto de consumo de 2004 acaba de aparecer nos EUA. A camiseta Free Jack White, corruptela da famosa peça que pedia liberdade para a ladra hollywoodiana Wynona Rider. O guitarrista do White Stripes pode bem pegar um ano de cadeia por socar e deformar o desafeto do Von Bondies. Quero a minha, claro.

* Consegue sentir isso, sister?

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20 RAZÕES PARA AMAR 2004

o disco do Morrissey
2. o seriado O.C. da Fox, meio "Dawson's Creek", mas bem mais punk.
3. o trio de bandas novas inglesas, Eastern Lane, Franz Ferdinand e Razorlight, lançam seus discos de estréia já no começo deste ano, depois de alguns singles poderosos.
4. o reality show "Vida Simples", estrelado pela dondoca Paris Hilton, aquela ricaça e estrela do famoso vídeo pornô, vai passar no Brasil. É o máximo.
5. por conta das festividades dos 450 anos da cidade de São Paulo, muitas atrações pop das boas devem passar por aqui até quando 2005 chegar. E não estou falando de Ja Rule, Snoopy D-O-double G e Iron Maiden. Teenage Fanclub, uma grande banda da Manchester dos 80, Christina Aguilera, Eminem, Travis, Kings of Leon, Fischerspooner, Fatboy Slim devem deixar suas digitais em Cumbica.
6. o Teenage Fanclub não só vem vem tocar aqui em maio, como vai ter sua preciosa coletânea vai sair no Brasil pela Sony.
7. "Kill Bill Vol. 1" estréia dia 19 de março. "A Escola do Rock", com o Jack Black, parece que entra em cartaz até antes.
8. o iPod vem aí em versão míni e mais barata.
9. no meio do ano, "Kill Bill Vol. 2" deve entrar em cartaz.
10. a temporada nova de "24", a terceira, estréia na Fox em fevereiro. E o seriado mais cool dos últimos tempos chega à Globo, quem diria. A primeira temporada vai passar na TV aberta nos próximos dias.
11. 29 de fevereiro.
12. o Oasis completa dez anos do lançamento do grande primeiro álbum, "Definitely Maybe", e promete marcar a data de alguma forma. Tudo isso fora o disco novo, também para 2004.
13. o Palmeiras está de volta à primeira divisão.
14. o British Sea Power vai superar o Coldplay como a banda mais "fofa"da Inglaterra.
15. o Duran Duran vai soltar um disco depois de 21 anos.
16. o farofeiro Benny Benassi vai sacudir o Skol Beats no final de abril com o hit "Satisfaction". E o povo cantando "Touch me... `Til I can get my..."
17. vai ter Olimpíada. E Olimpíada é sempre legal.
18. o DVD fofo do Belle & Sebastian vai sair em fevereiro/março no Brasil.
19. outro seriado bacana, o divertido "Arrested Development", estréia no dia 11 de janeiro.
20. "Winning Days", disco novo dos australianos do Vines, sai no dia 8 de março.

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DISCOS DE 2004

Confira abaixo quais são os lançamentos que, numa visão primeira e rápida, devem balançar o pop neste ano:

* AIR - O extracool duo francês vem com lançamento mundial de seu esperado terceiro disco, "Talkie Walkie", previsto para chegar às lojas na última semana de janeiro.
Encontro de Serge Gainsbourg com Radiohead, o Air apareceu com o CD de estréia, "Moon Safari", em 1998, delicioso álbum retrô sarcástico, que ao mesmo tempo fazia uso do som cafona de cabaré francês e do classudo jeito de fazer climas e climas dentro da mais moderna música eletrônica. "Talkie Walkie" não traz nenhum rasgo de inovação, mas é estilosíssimo space pop. Leia ainda nesta coluna entrevista exclusiva com Nicolas Godin, uma das metades do Air. A conversa saiu publicada na Ilustrada, da Folha de S.Paulo, no final de dezembro.

* LE TIGRE - Em março/abril chega o CD "Mr. Lady" (nome provisório, o mesmo da gravadora), que vai tirar o ótimo Le Tigre de sua toca, em algum porão de Nova York. A última coisa que se ouviu da banda foi o álbum "Feminist Sweepstakes" e depois alguns remixes. Depois, o trio de lesbo-punk hibernaram esperando o electroclash e a cena rock de NYC passar. Agora que a coisa acalmou, lá vem elas. Assisti a um show do Le Tigre uma vez e estava lotadaço. Mas eu devia ser um dos dois únicos homens que estavam no lugar. Senti-me um pouco coagido. Quase "tive" que ir embora.

* WEEZER - Um descarregamento de produtos Weezer é esperado para este ano, para alegria dos fãs dos Los Hermanos pré-MPB. Além do disco novo "totalmente rock´n´roll", segundo River Cuomo, vêm aí um DVD de três horas de duração (clipes, ao vivo, imagens de turnê) e uma reedição luxuosa do disco azul, o CD de estréia, que em 2004 completa 10 anos. Tenho uma história engraçada de 1994 para falar sobre este disco, que conto na hora apropriada.

* RYAN ADAMS - Sai aqui no Brasil até o final do mês o disco "Rock N Roll", o novo do guitarrista indie-solitário Ryan Adams, uma espécie de New Young da geração Strokes. O título do álbum, que foi lançado nos EUA e Inglaterra no ano passado, é escrito ao contrário e com as letras invertidas. Adams talvez esteja querendo dizer alguma coisa. O disco tem algumas músicas médias, mas várias que justificam o dinheiro empregado. "So Alive", "She´s Lost Total Control" e "This Is It" merecem o descarrego online. Esta última, que abre o disco, mostra a ligação de Adams com a banda de seu amigo de cena, a do Julian Casablancas. Não faz muito tempo chegou à internet uma belezura de versão ao vivo de "Last Nite", assinada por Adams. Ele já tinha feito, a seu modo, outra versão legal dos Strokes, mas de "Is This It". As duas, parece, vão ganhar versão de estúdio e aparecer em single de Ryan Adams.

* DIZZEE RASCAL - A gravadora Trama talvez ainda não saiba, mas se ela quiserem ganhar alguma grana (e qualidade) vai ter que lançar no Brasil logo o disco do rapper inglês Dizzee Rascal, o campeão "Boy in da Corner". Rascal, 18 anos, faz parte deste futuro da música inglesa que está voltando aos clubinhos pequenos, tem um pé no garage britânico e transita na mesma mão de gente como The Streets, Basement Jaxx e Audio Bullys. Som das ruas, companheiro.

* BASEMENT JAXX - Já foi falado bastante por aqui no ano passado. É só para avisar que "Kish Kash", o terceiro disco da explosiva dupla britânica, já está in da house, se é que você entende. E que eles podem também pintar ao vivo em SP em abril.

* MORRISSEY - Chega em abril. Chama "You Are the Quarry". Tem uma música chamada "How Can Anybody Possibly Know How I Feel?". Sério.

* COURTNEY LOVE - A namoradinha punk da América reassumirá seu posto no pop americano com "America´s Sweetheart", seu primeiro disco solo, que sai no começo de fevereiro. Em seu site oficial (.com), Love apresenta uma música nova, "Mono". Ouve lá. Lê lá em cima. Love está de volta, apesar da Brody Distillers.

* DISTILLERS - Falando em Courtney Love, está programado para bem breve o lançamento no Brasil de "Coral Fang", disco da banda do furacão Brody Armstrong, que já está se chamando Brody Dalle. A princesa das trevas do punk americano arrancou fora o sobrenome do cara do Rancid, o Tim. Até porque, ela está pegando o Josh Homme, do Queens of The Stone Age e não fica bem. "Coral Fang" é o primeiro CD "global" do Distillers, que nos limites da cena californiana já é até veterana (salvo engano tem outros dois discos, um deles já saiu até no Brasil). Tem o rasgo punk, mas não passa agora de pop estridente, nesta fase mainstream. A semelhança de Dalle e Love está só na voz. A australiana do Distillers é bem mais bonita e anda gritando as últimas sílabas das frases mais demoradamente.

* THE CHARLATANS - Sem título ainda, sai provavelmente em junho o oitavo disco de uma das grandes bandas do saudoso britpop inglês. É o primeiro disco de inéditas do Charlatans em três anos e, segundo corre, só o primeiro single já vai levar a banda aos grandes festivais do verão. A música se chamará "Up at the Lake".

* GREEN DAY - Respeito com eles. Beatles da geração neopunk americana (a frase não é minha), o Green Day chega em meados de 2004 com o CD de título provisório "Jesus of Suburbia", depois de quatro anos de sumiço. De acordo com o figura Billie Joe Armstrong, vai ser diferente de tudo o que você já ouviu do Green Day. Mas quando escutar as músicas vai logo perceber: "É Green Day".

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MAIS DISCOS

O que também está à vista nos lançamentos de 2004:
* Para quem ainda acredita no Nine Inch Nails, em março chega "Bleedthrough".//O quarto System of a Down, que será "eletrônico", sai em setembro/outubro.//"From a Basement on the Hill", o disco que o guitarrista Elliott Smith estava fazendo quando foi encontrado morto, será lançado no meio do ano, com uma música chamada "See You in Heaven".//Para os retromodernos, esperem para maio o novo Hot Hot Heat.//Para os emo, o próximo Jimmy Eat World bomba em julho.//Para os grunge sobreviventes, sai ainda este mês um "Very Best of" do Helmet. Helmet é f***a.//Para os eletrônicos, em fevereiro deve ter por aqui o novo Crystal Method.
* Se eu estiver esquecendo (e estou) algum disco previsto para agitar 2004, lembra aí. Na semana que vem eu atualizo a lista.

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PARA NÃO ESQUECER 2003

Eu sei que essa coisa de retrospectiva já encheu, pá. Mas andei vasculhando as colunas do ano passado inteiro e lembrei de algumas coisas que foram muito importantes em 2003 e, portanto, devem ser lembradas. Aí vai. Não doera nada.

2003 foi o ano em que.

* RAFA - O VJ Rafa apareceu na MTV e revolucionou o modo de a gente assistir a um clipe. A emissora deu ao rapaz um quadro só dele, que rola às quintas dentro do "Jornal da MTV". Com o famoso mote "um olhar diferente do Rafa", um clipe era exibido ao fundo, enquanto o VJ aparecia na frente e fazia uma "intervenção" no vídeo, declamando poemas, interpretando textos, bradando letras, agachando, saltando e, o máximo, tocando air guitar. Virei fã do Raffa.

* METROSSEXUAL - E de uma costela gay nasceu o homem moderno. Entre outras coisas, 2003 será marcado pelo ano do aparecimento do termo "metrossexual", designação fashion-mercadológica para um homem das grandes cidades que gasta mais de 30% de seu salário com cosméticos e roupas, frequenta manicures, aprecia um bom vinho, adora um shopping, é (para resumir) mais que simpatizante da cultura gay. Mas não se engane: é um sujeito bem macho.
Desde meados deste ano o mercado publicitário americano está atrás do dinheiro deste ser vaidoso, geralmente bem colocado profissionalmente e que não vive sem sua marca predileta de hidratante para a pele. E atrás dos anunciantes está a cultura pop.
E mais do que um modismo passageiro, como era a aposta quando a palavra metrossexual se alastrou na mídia, a presença desse homem com "H" está viva nos EUA e bem visível no Brasil.
O canal pago Sony exibe por aqui o mais comentado seriado novo de 2003, "Queer Eye for the Straight Guy", que pode ser traduzido como "O Olhar Gay para o Cara Hétero". A série é uma espécie de "reality show" em que cinco gays especialistas em moda, decoração, cultura, comida e vinhos são acionados para transformar um sujeito heterossexual careta em um "novo homem". Mais ou menos como transformar um sapo em um príncipe. "Queer Eye..." estreou em julho nos EUA e desde novembro passa na Sony brasileira, aos domingos, às 20h30. Na internet circula desde outubro, em programas de download, o divertidíssimo episódio 708 do desenho "South Park", em que toda a cidade, inclusive os levados meninos-personagens, viram metrossexuais. Mas depois de muita confusão com essa história de

* MAIS: A primeira música pop a balançar 2003 foi "Danger! High Voltage!", do Electric Six. // Praga mortal na internet, a caixa postal de todo mundo ficou atolada em janeiro com um texto filosófico sobre o primeiro aniversário do Mano Wladimir, menino que ganhou esse nome ímpar da mãe, a cantora Marisa Monte. Lembra? E depois veio a onda de verter o texto para vários idiomas, usando a ferramenta do Altavista.//

* KATE MOSS- A supermaneca virou uma das mais atuantes personagens do rock, em 2003. A uma certa altura do ano, ela já era assunto porque:
1 - vivia na companhia dos caras do Primal Scream.
2 - Em vários shows dos Strokes e do White Stripes, nos EUA ou na Inglaterra, lá estava Moss e suas amiguinhas.
3 - Foi capa da revista "W" com um visual David Bowie fase Ziggy Stardust.
4 - Encanou com os meninos do Kings of Leon e era vista sempre nos bastidores dos shows da banda americana em Londres.
Mas a apoteose de Kate Moss se deu em agosto, quando ela fez um strip-show no clipe do White Stripes, "I Just Don't Know What to Do with Myself que teve direção de Sophia Coppola. Empolgada, a coluna publicou quatro fotos dela no clipe.


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iPOD VIRA HIT NO BRASIL

Ainda como recuerdos de 2003, em abril do ano passado, meio tímida, a coluna destacava o brinquedinho da Macintosh que eu tinha ganhado havia um ano naquela data. Embora o troço desse pinta de revolucionário, sempre fiquei assim de falar, já que o preço era salgado e aquele modernoso toca-MP3s não era um aparelho tão popular assim. Como ninguém consegue brecar a revolução da música na internet, o iPod hoje é o mais importante e simbólico instrumento de música deste século. Ele existe já em três versões (relativo a sua capacidade de armazenamento), ganhou compatibilidade com o PC e, no Brasil, se mostrou um hit neste Natal. O iPod teve esgotado todos os seus modelos nas duas megalojas Fnac paulistanas (cerca de 80 aparelhos só na loja da Paulista, segundo este colunista apurou). Não sobrou nem aquele para amostra. Agora lê isso aqui: na terça-feira desta semana, em uma dessas feiras gigantes da Macintosh, nos EUA, foram apresentados os iPod Mini, que tem o tamanho desses celulares pequenos e capacidade de carregar 1.000 músicas de qualidade de CD. Mais: vai ser bem mais barato que os modelos "maiores" (custará, se tudo correr dentro da normalidade, uns R$ 1.000) e terão a carcaça colorida, quebrando o tipão branco da Macintosh.

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AIR - ENTREVISTA

Com "Talkie Walkie", CD em que pela primeira vez a dupla dispensa os cantores convidados e usa (bem) vocal próprio, o Air volta a encontrar a luz pop. O disco não tem uma "Sexy Boy", clássico de pistas de "Moon Safari". Mas tem várias como "Surfing on a Rocket", canções pop viajantes de efeito cinematográfico. A banda dá a música. As imagens ficam por nossa conta.
Sobre isso e outras coisas, esta coluna conversou no finalzinho do ano passado com o músico Nicholas Godin, uma das metades da cultuada dupla francesa. Lê aí embaixo a entrevista, que saiu publicado na Folha no dia 26 de dezembro.

"Talkie Walkie", o novo disco, é o terceiro álbum de verdade do Air ou você conta todos os envolvimentos da banda em outras paragens, com o cinema e também com a literatura?
Nicolas Godin - "Talkie Walkie" é nosso terceiro disco oficial, em que a parceria se dá apenas entre mim e o Jean-Benoît (JB Dunckel), pensando apenas em Air. Sem elementos externos influenciando na composição. É um Air puro ("fresh Air"), se você me permite o trocadilho.

Por que o Air demorou quase três anos para gravar um disco novo?
Godin - Pode não parecer, mas foi um período de intenso trabalho para nós. Depois que lançamos o "10,000 Hz Legend", nós saímos para uma turnê de mais de cem shows no mundo todo, o que demorou mais de um ano. Quando voltamos para Paris, fizemos música para uma companhia de balé. Na sequência, compusemos uma peça musical para um escritor italiano, Alessandro Baricco. "Talkie Walkie" já está pronto desde abril, maio deste ano. Mas só conseguimos terminar a produção há pouco tempo.

Como você descreveria este "Talkie Walkie"?
Godin - Não acho que eu seja a melhor pessoa para descrevê-lo. Não saberia falar sobre ele objetivamente, porque tem uma carga muito autobiográfica neste disco. E isso certamente vai passar desapercebido por quem o ouvir. O que você achou do álbum?

Ele é mais "alegre" como o "Moon Safari" (1998) e menos melancólico como o "10,000 Hz Legend". Você também pensa assim?
Godin - Talvez no estado de ânimo "Talkie Walkie" se aproxime mais de "Moon Safari", mesmo. Definitivamente ele está longe do clima de "10,000 Hz Legend". "Talkie Walkie" é nosso disco mais pop, mais fácil.

Vocês pela primeira vez não utilizaram cantores convidados e preferiram botar suas próprias vozes nas músicas. Por quê?
Godin - Para economizar algum dinheiro (risos). Brincadeira. É que de repente descobrimos que não ia ficar tão ruim, como sempre imaginamos que pudesse ficar, se nós mesmos botássemos falsetes e sussurros próprios.

Alguma razão especial para o disco se chamar "Talkie Walkie" (é como os franceses chamam o aparelho walkie-talkie)?
Godin - Eu e Jean-Benoit passamos o tempo todo no estúdio nos comunicando pelo "talkie walkie" (walkie-talkie), durante o processo de gravação. Era um modo de falarmos coisas nossas sem alardes, sem ter que gritar no meio de tanta gente no estúdio. E, por causa do caráter autobiográfico que tem o disco, é também uma metáfora do único modo pelo qual temos coragem de expressar a quem ouve o disco o que achamos do amor, da vida, essas coisas. Uma comunicação individual, direta e sem estar frente a frente.

O que você considera importante na música que ouviu em 2003? Quais discos que você gostou de ter comprado neste ano?
Godin - Outkast, Blur, Radiohead. Ouvi muito Queens of the Stone Age neste ano. Adoro essa banda. O White Stripes é muito bom. Os Strokes também. Eles têm um look excelente.

Como você vê o Air dentro da música pop atual?
Godin - O Air é uma banda única naquilo que faz. Nossas canções têm uma relação bem estreita com climas de outras áreas culturais fora a música. Em especial com o cinema. Podemos dizer que fazemos um pop cinematográfico. Somos o único representante desse estilo.

Como estão os planos para os shows do "Talkie Walkie"? Alguma chance de passar pelo Brasil?
Godin - Nenhuma. A América do Sul é um lugar em que queremos tocar, mas está longe de isso acontecer. Vamos começar a excursionar em janeiro, numa tour mais curta que a última. Foi muito exaustiva, e não queremos passar muito tempo longe de casa.

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BELLE & SEBASTIAN

Esta coluna, de opinião sempre "firme", já veio a público para dizer que mudou de idéia e hoje acha o fino o disco "Dear Catastrophe Waitress", o álbum que o Belle & Sebastian lançou no ano passado. Fazer o quê.
Agora cá estou de novo para dizer que, além de o clipe da canção "Step into My Office, Baby" ser bem legal, no single tem uma música que vale ir até a Escócia para escutar. É a terna "Desperation Made a Fool of Me".
Voltando ao clipe, é a triste história de um pobre limpador de janelas que é perseguido no prédio em que trabalha por uma mulherada sedenta de prazer.

* DVD - Sai em bem breve, pela Trama, o DVD "Fans Only", coleção dos clipes-fofura da banda, performances ao vivo, cenas de turnê, entrevistas, aparições na TV. Tem a banda no Jô Soares. Mas ainda assim o DVD parece ser bem legal. Será que tem mais cenas no Brasil?

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PAPINHO FINAL

Como dizem lá no Rio: "Caracas!"
Não vai caber tudo nesta coluna.
Vou deixar um pouco para a semana que vem.
Devo: A eleição da atração internacional mais desejada pelos leitores; o seriado O.C.; a Paris Hilton, o seriado dela e o que fazem na hora em que ela usa calça baixa e aparece o cofrinho da menina e muitas outras popices.
Vai assistir ao "Peter Pan" para ver o lance da Wendy com o Capitão Gancho?
Você viu que a cena rock paulistano ganhou até um after-hours. Vai acontecer no clube Atari. A banda Pullovers, neste sábado/domingo, toca às 4 da manhã do domingo no clube.
Agora vê as promo da semana aí embaixo e tchau.

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PROMO

A primeira do ano, de mim para você.
Escrever para lucio@uol.com.br é concorrer a:

* um disco "Rock'n'Roll Riot", que o "New Musical Express" soltou no ano passado. Tem Libertines, Franz Ferdinand, Easter Lane, Von Bondies, Stills, Yeah Yeah Yeahs e Thrills, entre outras bandas.
* O discaço "Kish Kash", do Basement Jaxx, que acaba de sair no Brasil.
* O Strokes raro, com cinco faixas, versão demo de "Last Nite" e "Meet Me in the Bathroom". Editado em 2003 no jornal inglês "The Observer".

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VENCEDORES DA PROMO DO DIA 18/12

* O espetacular "Speakerboxxx/Love Below", disco do Outkast
Nelson Patolla
São Paulo, SP

* O calendário rock 2004 da "NME"
Ilda C. Oliveira
Belo Horizonte, MG

* DVD do Depeche Mode
Fê Martins
Santos, SP

É isso.
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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