Pensata

Lúcio Ribeiro

15/04/2004

Não durma até junho

EXTRA-EXTRA

Pixies - Alívio indie. A banda americana aceitou hoje de manhã (15) a transferência de seu esgotadíssimo show para a larga Pedreira Paulo Leminski, o que garante mais 5.000 ingressos para a histórica apresentação. A Pedreira vai ser "preparada" para abrigar 8.000 fãs dos Pixies. Os ingressos começam a ser vendidos no site do Curitiba Pop Festival (.com). Olho no site do festival.

*********

"George Bush SUCKS!
He's a big fat BUTT!
Did his mommy in the bathroom
and his daddy in the GUT!"
Beastie Boys, em "Time to Build Up"

"I can't explain
exactly what I am doing
standing in the rain"
Jesus & Mary Chain, em "Far Gone and Out"

"Dear can't you see, it's them it's not me
We're not enimies, we just disagree"
Royal City tomando "Is This It" dos Strokes


Opa!
Chega aí, chega aí!




No exato dia 13 de abril, em que eu comecei a escrever estas mal traçadas (não necessariamente o dia em que você as estará lendo), os Pixies iniciaram sua turnê da volta, em Minneapolis, EUA, o primeiro show da banda em 12 anos. A música pop soa mais alegre e barulhenta a partir de tal data. E até o final desta coluna entra o relato da apresentação de Minneapolis.
Em compensação, a banda americana Living Colour, de representatividade zero no rock, toca DOIS dias em São Paulo. E, a cada um ingresso vendido para o show da trupê do Vernon Reid no Via Funchal, a casa vende três para a apresentação do... Felipe Dylon.
Mas vá lá. Teenage Fanclub e o Lemonheads (que não é o Lemonheads, na verdade) vêm aí. E o importante Massive Attack, com uma pequena ajuda das buzinadas desta coluna, teve sua vinda ao Brasil finalmente confirmada para 24 de maio, no mesmo Via Funchal.
A banda havia sido oferecida há três semanas, fui avisado. Só que não confirmavam antes por causa do medo de não ter público, veja você.
O Massive Attack, que por si só é notícia mega, é só a ponta de uma história beeeem interessante, que você deve ler lá embaixo, se me deixarem contar.

* Na Argentina, o grupo de trip hop de Bristol toca no Bue Festival, dia 29 de maio, junto com o grupo tecnopop dos 80 Human League, Andy Fletcher (Depeche Mode), entre outros.
Pelas mesmas razões da dúvida do Massive Attack, o Human League ainda não teve anunciado seu show em SP, ou 30 ou 31 de maio.
O Human League solta seu CD duplo "The Very Best of" na Inglaterra, no dia 13 de maio.

* Podia ser uma epígrafe, poderia ser a epígrafe. Mas vai aqui, como trecho indie da semana, em tributo.
"Entenda-se por rock a ideologia
Entende-se por rock o som
Estende-se ao rock a atitude
Estende-se ao rock a liberdade
Compreende como se pode
Se"
Bira Ribeiro, da banda curitibana Extromodos.

* Puxa um ar e vamos logo para a coluna.

******************

O IRAQUE É AQUI

A Guerra do Iraque pertinho de você. O DJ inglês C1, uma das atrações do Skol Beats, cancelou sua apresentação no próximo Skol Beats. C1, que tocaria na tenda Bugged Out imediatamente antes do fera Renato Cohen, perdeu seus familiares em um bombardeio em Bagdá. O pai dele era diplomata, ministro do interior do curdistão...

* Não tem a ver com a guerra, mas tem a ver. Foi notícia nesta semana que o gênio brasileiro Caetano Veloso teve negado o visto especial para entrar nos Estados Unidos. Caê tem shows marcados no Carnegie Hall, em Nova York, e sempre que ia para os EUA descolava o carimbo O1 no passaporte, concedido às pessoas de "reconhecido talento". A justificativa extra-oficial era de que o não-visto seria uma represália americana às palavras do cantor baiano em 2001, no calor do 11 de setembro, quando disse que o Bin Laden era um sujeito bonito (não sei se você vai lembrar, mas rolava na época, na internet, a foto do caetano com a barba do Bin Laden). Balela. Ninguém me tira da cabeça que a represália do governo americano era vingança para cima do músico brasileiro por causa da versão horrível de "Come As You Are", do Nirvana.

* Se bem que nos EUA chovem críticas favoráveis ao disco de standards americanos de Caetano. Gringo adora a exoticidade-world-music brasileira. Um dos críticos de música do "New York Times", o Jon Pareles, que escreve muito mas está sempre uns dois anos atrasado em qualquer tendência, adorou as covers do cantor baiano.

* Não sei se tem a ver com a guerra, mas o mundo está girando esquisito nos últimos dias. A Venezuela é sensação no futebol, esquadrões como o Milan, o Real Madrid, o Arsenal e o Palmeiras se deram mal, o rei Roberto Carlos foi internado às pressas com problema no coração, a Britney Spears se suicida no último videoclipe e o Nando Reis tirou a roupa em show no sul do país. Tenho a foto do Nando Reis pelado, mas vou poupar você dessa.

********************

A SENSAÇÃO "O.C."

Demorou, mas está aqui. Embacei o papo sobre o seriado mais badalado da TV por causa de uma história que está saindo publicada nesta semana na revista "Capricho". O que tem para ser dito sobre "O.C.", aparentemente um novelão americano que mistura "Dawson's Creek" e "Malhação", é o seguinte:
1. O cardápio básico da série é muita música boa, brigas de turma, pegação, dramalhão pai-e-filho, cenário paradisíaco (O.C.= Orange County), meninos e meninas lindos e roupas descoladas.
2. O seriado estreou aqui no Brasil em novembro, às quartas-feiras, 20h, na Warner. No primeiro dia de exibição, pegou um oitavo lugar da TV paga. Hoje, no seu horário, é o primeiro disparado. Mas a performance parece mais absurda quando entra as TVs abertas na jogada. No horário nobre das quartas-feiras, "O.C." fincou um terceiro lugar na média do Ibope, em fevereiro. Só perdeu para Globo e SBT. Bateu Rede TV, Band, Sony, MTV e Record, nesta ordem.
3. Nos EUA, a série já é considerada a "Sex and the City" adolescente, pois virou referência da moda teen. É impressionante como os personagens se vestem megafashion para ir à escola. A badalada e polêmica grife Abercrombie & Fich é freguesa de "O.C.".
4. A série também é porta de entrada para novos nomes do rock, hip hop e eletrônica. Não só os novos: grupos indies badalados como Smashing Pumpkins, Dandy Warhols, Chemical Brothers e Belle & Sebastian estão sempre tocando. A cada episódio, rolam umas dez músicas diferentes. Em um deles, a trama toda do capítulo aconteceu durante uma ida dos meninos ao show da banda nova Rooney.
5. Olha o que já tocou em "O.C.": Phantom Planet, All-American Rejects, Mazzy Star, Rufus Wainwright, Doves, Turin Brakes, Jeff Buckley, Brassy, Spoon Fountains of Wayne, OK Go, Death Cab for Cuties, South, Dandy Warhols, entre outras tantas.
6. Quem escolhe a música de "O.C." é o ator mais legal da série, o palhação Adam Brody, fãzoca de novo rock e amigo pessoal dos caras do Bright Eyes, Strokes, Ryan Adams.
7. Nos EUA, acaba de sair a trilha sonora do seriado, ainda sem previsão de lançamento no Brasil. O disco chama "Music from the O.C." e tem grupos como Jet e Doves.




8. Quem brilha em "O.C." e principalmente fora dele é a dondoca Mischa Barton, a fofa Marissa aí de cima, que namora com o casca-grossa da série, o loirinho Ryan. No final do ano passado, quando a série estreou, ela logo foi para as capas de revista teen. Mas a menina é um furacão. Em carreira meteórica e agitada, de fazer inveja a Paris Hilton, Mischa já estampa, toda linda, as capas de megas como a britânica "The Face" e a "Elle" americana, em suas edições de abril.
Ex-"gatinha", Mischa assumiu em pouco tempo a personalidade Courtney Love, parece. Tá bom, é muito para ela. Uma personalidade Drew Barrymore. Sempre em showzinhos de rock, baladas depois, festinhas e tal. Para "ajudar" na fama, está namorando o papa-estrelas Brandon Davis, bad boy que é figura carimbada entre as meninas de Hollywood. Por causa da atual performance vamp de Mischa, extra-seriado, ela já começa a angariar antipatias.
9. Lembra uma garotinha morta que assombrava o menino de "O Sexto Sentido"? Uma que aparecia vomitando em uma casinha de pano no meio da sala? Era a Mischa.




10. "O.C" seria uma mera novela teen com tudo o que tem de ruim nisso, não fosse todos os itens acima. É bem movimentado e está cheio de intrigas modernas. Às vezes tem mais reviravoltas de um intervalo a outro que um capítulo inteiro de "24".

**************************

NÃO DURMA ATÉ JUNHO

B-e-a-s-t-i-e B-o-y-s. Foi marcado para 15 de junho o lançamento mundial de "To the 5 Boroughs", o primeiro disco do grupo de hip hop nova-iorquino em seis anos. Alguns jornalistas americanos já ouviram o disco e dizem que é... punk. Dá para sentir o clima pela epígrafe que abre esta coluna. A música que abre o successor do ótimo "Hello Nasty", "Ch-Check It Out", vai estar disponível no site oficial dos Beastie Boys nas próximas semanas. O tracklist, para você dar plantão nos sites de download, é:
"Ch-Check It Out"/ "Right Right Now Now"/ "The Hard Way"/
"Time To Build"/ "Rhyme the Rhyme Well"/ "Triple Trouble"/
"Hey F*** You"/ "Oh Word?"/"That It's That All"/
"All Life Styles"/ "Shazam!"/ "An Open Letter to NYC"/
"Crawl Space"/ "The Brouhaha""We Got The"/

************************

TRÊS MÚSICAS URGENTES

"Majesty", Madrugada
Não me pergunte por que, mas Madrugada é uma banda norueguesa nem tão nova assim, nem tão sensível assim, mas fez talvez a balada mais linda do ano.

"Staring at the Sun", TV on the Radio
Pop esquisito, incômodo, saído do Brooklyn pós-hype. Nada convencional, meio perturbador. Recomendadíssimo. Nunca a Funhouse ou um show dos Los Hermanos viu uma costeleta indie maior que a do guitarrista do TV on the Radio, que se veste como os Strokes e tem o cabelo At the Drive In. Entendeu?

"Baby You Should Know", Joy Zipper
Já que é para falar de bandas sinistras, vamos dar ver ao atual grupo predileto do meu amigo italiano Walter, que há uns dois meses grita de Milão que Joy Zipper manda no iPod dele. Dupla de Long Island. Tipo Air, mas diferente.

************************

UMA PARA OUVIR, OUTRA PARA VER

"Is This It", Royal City
A gravadora Trama acaba de lançar no Brasil o espertíssimo "Stop Me If You Think This One Before", álbum comemorativo (25 anos) do selo inglês Rough Trade. Gravadora que já foi dos Smiths e que agora é dos Strokes (na Inglaterra). O disco consiste em bandas da Rough Trade fazendo cover de banda da Rough Trade. Tem Eastern Lane, Belle & Sebastian, Veils e British Sea Power. Duas bandas interpretam os Strokes no disco. Uma é o Detroit Cobra, cobrindo "Last Nite". Outra é essa Royal City", dando ainda mais sensibilidade à maravilhosa "Is This It". Já vale o disco.

"Darts of Pleasure", Franz Ferdinand
Essa é sobre o clipe, que está encontrável por aí. É muito cool de tão simples. Mas tem umas tomadas engraçadas. A história do vídeo é vista (vista!) pela boca do vocalista Alexander Kapranos.

***************************

CURITIBA POP FESTIVAL

Na mesma ainda. Pode ter show extra, pode ter a mudança para a Pedreira (8 mil pessoas) decretada, pode não rolar nada além do já previamente acordado.
Depende de um e-mail dos Pixies.

***************************************

UMA ENTREVISTA

Revista musical badalada, a britânica "Q" é daquelas que entrevistam quem quiser, a hora que quiser (tirando o Morrissey). Posto isso, eles guardam a última página de suas edições para entrevistas pouco convencionais, tipo "supresa", meio zoeira. Para botar algum ídolo diante de perguntas bestas, fora do padrão o disco/a música/o show. Geralmente ficam bem interessantes, no mínimo bizarras, como a da edição de maio, esta última. A entrevistada é a Brody Dalle, a bonitaça vocalista punk do Distillers. Vou reproduzir um pouco como rola uma entrevista de última página da "Q".
Q - Como você está?
BD -
Estou muito bem, obrigada. Estou em Los Angeles fazendo as malas para ir para a Inglaterra.
**
Q - O que tem nos seus bolsos, agora?
BD -
Nada, surpreendentemente. Não estou usando calcinhas, logo não posso encher meus bolsos de coisas, senão a calça vai cair.
**
Q - Quem foi a última pessoa para a qual você ligou. O telefone estava ocupado quando liguei?
BD -
Liguei para o demônio. Não. Na verdade, foi para minha amiga Amanda de Cadenet. Nós nos conhecemos seis meses atrás e ela tirou umas foto pornôs minhas, nua. Ela é uma grande fotógrafa.
**
Q - Aparentemente você nada muito bem. Já chegou bem no fundo quando mergulhou de um trampolim?
BD -
Já. Mas isso não tem muita graça comigo. Eu sempre dou barrigadas. Eu chego à água como uma bomba e toda água da piscina vai pra fora.
**
Q - Qual o seu principal vício?
BD -
Tem muitos. Cigarro e homem, eu acho. Eu adoro meus homens.
**
Q - Você já foi presa?
BD -
Não, mas já dei um tapa na cara em uma policial. Eu fugi da minha casa quando eu era criança e ela me capturou e me chamou de "vaca riquinha". Eu falei para ela se foder e ela me bateu. Ela era uma dessas policiais lésbicas enormes.
**
Q - Você olha para a Courtney Love e imagina: "Não deixe que isso aconteça comigo"?
BD -
Sim. Você olha para ela e tira uma lição para si. É preciso se equilibrar numa balança entre o conservadorismo e o culto a você mesmo, porque os extremos dessas duas coisas são nojentos.

**************************************

LOLLAPALOOZA INDIE

A música independente, quem diria, vai ao mainstream, vira mega, ganha ajuda pública, tratamento profissional e varre São Paulo a partir deste domingo. Com uma mão forte da Prefeitura e o aval da rádio rock Brasil 2000, a cidade enxerga oficialmente a ascensão do rock indie paulistano, quando abriga o festival itinerante chamado São Paulo Independente.
O evento vai tirar 24 bandas dos clubinhos e espalhá-las, por quatro edições, em lugares como o calçadão do Vale do Anhangabaú (Centro) e os bairros da Mooca (zona leste), Santo Amaro (zona sul) e Butantã (zona oeste). São shows gratuitos e ao ar livre.
Quem abre o São Paulo Independente é a banda favorita da casa, o Los Pirata, que toca no Anhangabaú às 14h. A novíssima Cansei de Ser Sexy e os "veteranos" do Butchers também estão na primeira edição, toda ela boa, de cabo a rabo.
Confira toda a programação do SP Independente.

18 de abril - Vale do Anhangabaú
Los Pirata
Borderlinerz
Nitrominds
Daniel Beleza e Os Corações em Fúria
Butchers´ Orchestra
Cansei de Ser Sexy

16 de maio - Mooca
Lambrusco Kids
Gram
Os Excluídos
Polara
White Frogs
Ludov

13 de junho - Santo Amaro
Forgotten Boys
Lava
Inocentes
Zumbis do Espaço
Hats
Biônica

11 de julho - Butantã
Killi
Dance of Days
Street Bulldogs
Crazy Legs
Frila
Objeto Amarelo

******************************

BRASIL INDIE

Mais do que São Paulo, a pátria vai dormir de ouvidos tampados a partir deste final de semana.

* RECIFE - Na sexta tem início mais uma edição do respeitadíssimo Abril pro Rock, que honestamente sobrevive no pós-mangue beat e é forte referência da cena local. Dá espaço para o rap hype do Marcelo D2, para o rock malvado do Forgotten Boys e importa os gringos Destruction (Alemanha) e Vive La Fête! (Bélgica). A aposta, segundo ouvi, é a cearense Karine Alexandrino. A info total e a programação completa do Abril pro Rock você pega no site www.abrilprorock.com.br

* GOIÂNIA - No meio do país, foi divulgada a programação do agitado Bananada 2004, um dos dois festivais que dá fama da mais roqueira das capitais à cidade de Goiânia. O Bananada 2004 vai acontecer nos dias 21, 22 e 23 de maio e terá como grande nome o grupo americano Lemonheads (o dândi Evan Dando e uma banda de apoio). Na sexta, o primeiro dia, o destaque é EDUR EBELP, do DF, uma veterana banda da região que se apresenta às avessas. O gaúcho Wander Wildner encerra a segunda noite. O Lemonheads fecha o domingo e o festival. Tem tudo no www.monstrodiscos.com.br.

*************************************

DRIVE

Saindo do mega indie e voltando para os clubes, o badalado Atari estréia nesta quinta (dia 15) a noite Drive, de eletro e rock, com show da energética banda Borderlinerz. Este colunista é o convidado da noite de abertura do projeto, para mandar som na pista ao lado de Kid Vinil, o empresário indie Click e a Lu Riot. A O Atari fica no finalzinho da Alameda Lorena, nos Jardins.

******************************

POPLOAD ACHA GUITARRA DO NIRVANA

Esta coluna encontrou a guitarra, ou pelo menos o que sobrou dela, com a qual Kurt Cobain comandou a primeira parte do histórico show do Nirvana em São Paulo, no Morumbi, durante a edição de 1993 do festival Hollywood Rock.




A relíquia, parte de uma Fender Stratocaster preta, mora há 11 anos em Barueri, na Grande São Paulo. O segurança Alexandre Neves, hoje 31 e na época 20 anos, recebeu a parte de baixo da guitarra das mãos de Kurt Cobain, no meio da apresentação da banda de Seattle, logo após a primeira das duas sessões de quebradeira do instrumento protagonizada pelo líder do Nirvana no palco paulista.
Neves lembra que Cobain veio descendo do palco, destruindo o instrumento pelo caminho. Quando chegou ao fosso onde ficam os fotógrafos, a guitarra já estava dividida em duas partes. Uma com o braço e as cordas, outra com o corpo da guitarra, já devidamente destruído.
Salvo engano de memória, era o final da execução da música "Blew".
"Eu estava assistindo ao show grudado na grade. De repente, o Cobain iniciou a quebradeira e começou a vir em direção do público. Os olhos azuis dele estavam bem arregalados, ele estava em transe. O cara veio vindo segurando cada parte do que sobrou da guitarra em cada mão. Uma delas caiu da mão dele, porque as cordas se enroscaram em algum lugar. Aí, perto da gente, ele começou a dançar exibindo a parte da guitarra que sobrou. Nisso já estava bem perto do público. Numa tentativa de escapar do cerco dos seguranças, ele ficou de frente para mim. Eu me estiquei todo e pedi a guitarra. E ele deu", conta Neves.
O rapaz, que à época era "fã fervoroso das bandas grunge", diz que, ao pegar a Fender quebrada, um monte de gente quis tomá-la dele. "Eu abracei a guitarra, comecei a ir para trás, distribuindo cotoveladas, para sair da multidão."
A segunda parte do show, Neves viu de trás, mas feliz com a relíquia recebida.
O segurança até pensa, hoje, em se desfazer da guitarra que Kurt Cobain (que se suicidou há dez anos) usou no show de São Paulo, naquele 16 de janeiro de 1993.
"Não sou mais apegado à música, como era naqueles tempos", afirma. "Mas teria que ser por bom dinheiro."
No show do Morumbi, Kurt Cobain quebrou duas guitarras e um amplificador. A primeira das guitarras (parte dela) é a que foi parar nas mãos de Alexandre Neves. A segunda foi destruída depois da canção que encerrou a apresentação, "Territorial Pissings".
Logo após o primeiro ato de violência de Cobain com seu instrumento, o guitarrista voltou para o palco e a banda trocaram de função. Kurt foi para a bateria, o baixista Krist Novoselic assumiu a guitarra e o então baterista Dave Grohl pegou o baixo. Uma sessão de covers bizarras foi iniciada: tocaram "We Will Rock You" (Queen), "Should I Stay or Should I Go" (Clash), "Rio" (Duran Duran), entre outras.
O show do Morumbi desagradou parte da crítica e do público paulistano, porque o Nirvana dava pinta de estar ensaiando no palco do Morumbi, e não se apresentando para 80 mil pessoas em um festival (segundo números de Dave Grohl).
Pelos mesmos motivos, foi considerado histórico por outra fatia grande de fãs e jornalistas.

**********************************

A VOLTA DOS PIXIES

Mil pessoas entupiram um café em Minneapolis para ver o grande retorno da banda Pixies. Tocaram uma hora e meia. Só os principais sucessos, com alguns poucos lados B. A primeira música que a banda toca ao vivo em 12 anos foi "Bone Machine", seguida de "Wave of Mutilation".
Informações dão conta que, assim que os Pixies apareceram em cena, foram tão ovacionados que demoraram a ligar os instrumentos. O baterista Dave Lovering pegou uma máquina fotográfica e tirou uma foto do público, de tão emocionado que estava com a saudação.
A listas das músicas foi a seguinte:
"Bone Machine"
"Wave of Mutilation"
"U-Mass"
"Levitate Me"
"Broken Face"
"Monkey Gone To Heaven"
"Holiday Song"
"Winterlong"
"Nimrod's Song"
"La La Love You"
"Ed Is dead"
"Here Comes Your Man"
"Vamos"
"Debaser"
"Dead"
"Number 13 Baby"
"Tame"
"Gigantic"
"Gouge Away"
"Caribou"
"Isla De Encanta"
"Velouria"
"Wave of Mutilation (UK Surf)"
"Where Is My Mind?"
"Into The White"

* Em todos os 14 shows dos Pixies nos EUA, serão vendidos um disco da apresentação. Você vê o show e, por US$ 25, sai com um CD daquele concerto. Não dá para comprar pela internet. Tem que pegar na hora. Há uma pré-venda de praticamente metade das cópias, que já estão todas esgotadas, para qualquer dos shows. Na apresentação de Minneapolis, tinha gente querendo comprar o CD por R$ 200.

*********************************

DOZE

Tema da coluna há uns dois anos, quando a edição americana chegou às lojas em meio a muita polêmica, o livro "Doze" ("Twelve") ganha sua versão em português, que será lançada segunda-feira na Bienal do Livro de SP.
"Twelve", o número do título, é o nome de uma droga cinco vezes mais alucinante que ecstasy. A droga é o combustível de baladas barra pesadas frequentadas por adolescentes ricos de Nova York e Brooklyn. É levado nas festinhas do Brooklin por um traficante de 17 anos, cujo pai é dono de restaurantes em Nova York.
Não só pelo forte conteúdo, "Twelve" chamou muito a atenção na época por ter sido escrito por Nick McDonell, de... 17 anos.
Mister Hunter Thompson, o gonzo do novo jornalismo, curtiu o moleque e tratou de escrever na contracapa do livro um texto elogioso sobre o garoto-autor.
Donell, o escritor teen, hoje com 19 anos, vai estar aqui em SP na segunda, para o lançamento de seu livro na Bienal.

********************************

INGRESSOS SKOL BEATS

Mais um par de entradas para o maior festival de eletrônico do Brasil vai ser sorteado neste exato momento em que eu escrevo. Peraí, deixa eu ir até os e-mails.
(...)
(...)
E o sorteado é Julio Cesar Tiraboschi Junior.
Atenção: todos os ganhadores devem retirar os convites comigo, em um modo a combinar. Porque, se não vierem, as entradas vão ser sorteadas novamente na última coluna.
Então, até agora, os ganhadores são:
* Cíntia Shiraíshi
* Julio Cesar Tiraboschi Junior

**********************************

MAIS INGRESSOS

Toma aí mais dois pares de ingressos para o Skol Beats 2004, que acontece no próximo dia 24, no Anhembi, em São Paulo. Para concorrer, o jeito é enviar e-mail para lucio@uol.com.br. Pensa: Basement Jaxx, Fischerspooner, Darren Emerson (ex-Underworld)...

********************************

PROMOÇÕES DA SEMANA

Para eu conseguir resolver os problemas de Correio com os prêmios atrasados, nesta semana, excepcionalmente, a coluna SÓ vai sortear os ingressos do Skol Beats. Só isso.
Na semana que vem, voltam a estarem na roda os disquinhos legais de sempre, os preparados, os prêmios popozudos...

**********************************

VENCEDORES DAS PROMOÇÕES

* Livro "Kurt Cobain - Fragmentos de uma Autobiografia", de Marcelo Orozco
Teodora Suodini
Santos, SP

* Disco do N.E.R.D., "Fly or Die", a versão rock dos caras do Neptunes
Hector P. Cintra
Fortaleza, CE

********************************************

BEM

Já deu. Do Morrissey eu falo na semana que vem. Já viu o clipe novo da Britney Spears, polêmico? Leu lá em cima sobre as novidades do show do Pixies em Curitiba?
Stay gorgeous. Vou nessa.
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

Leia as colunas anteriores

//-->

FolhaShop

Digite produto
ou marca