Pensata

Lúcio Ribeiro

13/08/2004

Julian, Jack, Carl e Michael

"But she said.
Baby, I like the cut of your J.I.B.
Don't believe them when they say
That you don't get nothing for free"
Libertines, em "Campaign of Hate"

"Eu tô firmão que nem as trança do meu dread lock
E hoje vamo dá uns pega lá no pet shop"
Dogão, em "Cadê a Ganja"

"I got a bad feeling about this
I got a bad feeling about this"
Taking Back Sunday, em "A Decade under the Influence"


Hello! Is this thing on?!
A gente tem o que a gente merece.
Opa, já comecei uma coluna recente com uma frase mais ou menos assim.
Vou começar de novo...

* Bom dia, se for dia. Boa noite, se for noite.
Meio que indignados, tipo zangados até, os Strokes soltaram anteontem uma nota para sua lista de e-mails dizendo que dificilmente vão fazer a turnê sul-americana neste ano, como anteriormente divulgado _ainda que extraoficialmente.
O grupo de Julian estava acertando a vinda em novembro para Chile, Argentina e Brasil, abrindo uma janela dentro da agenda das gravações do terceiro disco, previsto para o começo do ano que vem. Com letras garrafais em algumas palavras, a nota e mais informações de bastidor sugere que houve desentendimentos na hora de fechar a turnê, por causa da pouca agilidade da organização latina.
Enquanto isso (1), o single de "The End Has No End", faixa do CD "Room on Fire", já está tocando nas rádios americanas e européias. O single em si sai às lojas em setembro. No "lado B" do CD-single, uma cover da banda para a música "Clampdown", do Clash. A versão, que corre em muitas variáveis pela internet, foi tirada de um show do grupo em Londres, dezembro passado, no Alexandra Palace. E logo mais, em outubro, vem o "Live in London", o disco ao vivo da banda nova-iorquina no mesmo Alexandra Palace. Os Strokes, assim, pagam um tributo à cidade que primeiro os acolheu. O áudio vem de gravação da BBC. A idéia é soltar esse disco nas lojas com um preço bem camarada. Vamos ver.
* Enquanto isso (2)... Tudo bem que os Strokes não virão dessa vez. Vamos nos virando com o Dogão, que é mal, o acústico dos Engenheiros do Hawaii, em produção, e a turnê brasileira SOLO do Colin Hay, vocalista (ou ex) do Men at Work. Ah! E "Aqualung" nas rádios.




JACK

O jornalaço americano "New York Times" voltou a ser esperto, cobrir decente a cultura jovem e apostar no pop depois que um senhor chamado Howell Raines assumiu o comando do principal diário do planeta (acho o "Guardian", na verdade), no dia 5 de setembro de 2001, perto da data de lançamento do primeiro Strokes e alguns dias antes do dia 11 de setembro de 2001. Mas no fim Raines dançou e caiu, ano passado, demitido, quando estouraram os casos do picareta Jayson Blair.
Você sabe, os picaretas estão em ação por aí e a gente na maioria das vezes está de olho neles. Até ri deles. Mas de vez em quando o estrago causado por essa espécime nociva pode fazer mal a um ser grande como o editor executivo do maior jornal do mundo.
Mas, enfim, quase um ano depois de sua saída do "Times", o até então recluso Raines resolveu falar. E seu texto ("My Times", publicado na Atlantic Monthly") chegou a mim graças a toque do amigo Álvaro Pereira Junior, afiado colunista do "Folhateen".
No artigo, imenso, Raines explica o caso Blair e conta sobre as reformas que promoveu no jornal. Na hora de falar da editoria de cultura, revelou que, quando assumiu o "NYT", a publicação tomava baile até do "Post", seu primo pobre. E que seu jornal estava, até então, mais preocupado com os cantos obscuros da música clássica. Até que trouxeram uma editora de 30 e poucos anos chamada Jodi Kantor para cuidar do importante caderno Arts & Leisure, que circula aos domingos. E, conta Raines, todo mundo sentiu a força do "novo" "New York Times" quando Jodi deu a capa do famoso caderno dominical para o White Stripes, banda de Jack.




CARL

Se você tem uma orelha voltada ao pop mundial, já deu para perceber há algumas semanas que o planeta do rock está girando na órbita da banda inglesa Libertines.
O primeiro extrato do aguardado novo álbum (e no Reino Unido não se aguardava um álbum com tal itensidade, parece, desde que o Oasis veio com o "Morning Glory") foi lançado em forma de single na Inglaterra na última segunda-feira. O álbum cheio, homônimo, tem sua edição "real" no próximo dia 30 de agosto, com o Brasil o lançando já na semana seguinte. Conforme esta coluna vem batendo já há algum tempo, o disoc inteiro está na internet. E é espetacular.
O tal primeiro extrato é o single "Can't Stand Me Now", lindíssima, uma das maiores manifestações de amizade da história pop recente, dada a famosa química explosiva que move a banda de moleques londrinos, liderada por Carl.
Numa improvável discotecagem deste colunista no clube lov.e, importante reduto paulistano de música eletrônica, "Can't Stand Me Now" foi tocada. Libertines no lov.e. Pensa nisso.
A música, o disco e a banda vão estar muito presentes aqui por estes tempos.




MICHAEL

Assunto já extensamente tratado neste espaço, há algumas semanas, o mais famoso gay atualmente no Reino Unido não é gay.
Para lembrar: a esperta "Michael" é música do aclamado grupo escocês Franz Ferdinand. Fala sobre dois rapazes dançando de modo muito sexy ("So sexy/ You're sexy") numa festa. Na verdade um rapaz, o Michael (o segundo seria o vocalista, Alex Kapranos).
Single e vídeo são hit, na Inglaterra e adjacências. A letra versa sobre uma "bonitos garotos numa bonita pista de dança".
Pois bem, o tal Michael, muito amigo do vocalista Alex Kapranos, do FF, apareceu para dizer que não é gay. E tem uma linda namorada francesa para provar. Ele é Michael Kasparis, que além de ser amigo dos caras do FF toca guitarra na banda V-Twin, também de Glasgow. A namorada trabalha na MTV britânica.
Segundo Michael, ele, Kapranos e Nick McCarthy, também dos Ferdinand, foram uma noite a uma boate chamada Disco X, na capital escocesa. Numa empolgação extra provocada por bebida, Michael sentiu um ímpeto de subir no pódio e dançar. E no pódio tinha outro cara dançando. Mas não rolou nada demais, de acordo com o Michael não-gay.
O vídeo de "Michael" já pode ser encontrado por aí. Não é grande coisa. Gravado num porão de um prédio em Berlim, e estrelado pelo próprio Michael, o clipe mostra a estilosa banda tocando em um ambiente com um monte de caras, uns sentados, outros dançando.
Aí, numa cena bizarra em um elevador, onde estavam os sujeitos e a banda, alguém chega no Michael e arranca o braço dele, como que querendo guardar uma lembrança do cara. Hum.
"Minha mãe já viu o vídeo algumas vezes e está orgulhosa de mim. Mas ela veio me perguntar se eu sou gay, embora saiba que eu tenho uma namorada desde os 15 anos."




POPICESSSS

Pintou uma banda MQN na área, que não é a de Goiânia e vai abrir shows para o CPM22. Ou o Fabrício Monstro emagreceu e ficou com a cara do Dawson ("Dawson's Creek") ou tem coisa errada aí.// O grupo inglês Transcargo (nunca ouvi) ocupa o palco da Funhouse (Bela Cintra) nesta sexta. Quem viu no Sul recomenda. A Lulina (PE) abre e a Kátia discoteca.// Na mesma noite, na Discotraxx (al. Franca; nunca fui), rola um show cover do Morrissey. Uh!!// Ainda na sexta, a banda barulhenta Biônica, de tantos shows devassos pelo underground paulistano, lança seu álbum de estréia neste sábado no Outs (r. Augusta). O disco tem o nome bacana "São Paulo Saloon: a Discoteca do Diabo".// Música da semana: "A Decade under the Influence", do Taking Back Sunday . Emoooo.// Duas novas noites vigorosas de sábado mandam bem neste final de semana. O algo stoner nada stoner Objeto Amarelo toca no Exxex Clubaet (Clodomiro Amazonas). Enquanto isso, nas noites roqueiras de sábado do Jive, tem Transistors.// Lazy Sundays ruma para o Atari, no domingo.// Ainda no domingo, na Loca, tem show da Gisele Madonna e discotecagem do Mauro Borges. Essa balada é recomendação da viril Zap'n'Roll. Li lá. Pois é. Se o Finatti tá falando que é boa...// Lááá em Londrina, nesta sexta, tem show da banda uruguaia de surf music Supersónicos, bem acompanhada dos Autoramas (RJ) mais Frenetic Trio. Na segunda, o Supersónicos surfa na Funhouse.// Ainda na segundona, no D-Edge, tem a lasciva Margaret Doll Rod, de Detroit. Discotecagem dos Berderlinerz e João Gordo.// Lááááá em Recife, o Coquetel Molotov começa no final de agosto a promover festas mensais no Barramundo Social Clube, escalando bandas locais e de outros estados. A estréia, no dia 21, é com o Mellotrons (PE) e as bandas The Automatics (RN) e Montgomery (RN).




PROMOÇÃO DA SEMANA


Anota aí. Tem um fantástico show em CD do Libertines, chamado "Piss Me Off", tosco de tudo, que caiu na net recentemente e parece ter acontecido dentro de uma loja de discos de Londres. Com várias músicas do disco novo. Tem ainda um CD live do ótimo Los Pirata, em apresentação nos estúdios da rádio Brasil 2000 FM, de SP. Ótima qualidade, nos dois sentidos. Tem também mais uma cópia oficial do "Tyranossaurus Hives", o disco bala do Hives. E tem o "São Paulo Saloon: a Discoteca do Diabo", pedrada de estréia do Biônica. Mergulhe no sorteio, mande seu e-mail com sua opção de escolha para lucio@uol.com.br e espere pela recompensa divina.




RESULTADO DAS PROMOÇÕES

A atual e a atrasada. Tome tento.

* CD "Tyranossaurus Hives", do... Hives.
Getúlio Tomazzini
Belo Horizonte, BH

* Livro "Vida de Gato", da escritora Clarah Averbuck
- Sonia Aparecida Sodré
(não informou a cidade)
- Diogo Ferreira
São Paulo, SP

* "Final Straw", CD lindão do Snow Patrol
- Carolina Thompson
São Paulo, SP
- Julião-STC
São Paulo, SP

* edição caseira do poderoso "Always Outnumbered Never Outgunned", do Prodigy
Ellen Silva
Fortaleza, CE




HORA DE DAR TCHAU!

Tchau!
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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