Pensata

Lúcio Ribeiro

18/08/2004

O futuro é agora

"I'm on it, get on it
The troops are on fire!
Ya know I need it,
much closer"
Kasabian, em "LSF (Lost Souls Forever)"

"So I'm dissatisfied, I love dissatisfied
I love to feel there's always more that I need"
Franz Ferdinand, em "Come on Home"

"I mean to say that that's alright
I did what I could!
Oh, sometimes I run
Yeah, sometimes I fall
L.O.V.E., I'll see you later"
Razorlight, em "Vice"

"You make me dizzy, running circles in my head.
One of these days, I'll chase you down"
Foo Fighters, em "Break Out"



Pois não?
Posso ajudá-lo?

* Está estranhando que a coluna entrou cedo, adiantada? Em plena quarta-feira???? Reafirmando o título, the future is noooooooooooooooooow.

* Por exemplo, a Paris Hilton. Garota cujo futuro é sempre já. Nesta semana roubaram a casa da ricaça do babado e, entre os valiosos pertences surrupiados, estariam fotos e outro show pornô em vídeo da garota herdeira, desta vez com seu hoje ex-namorado Nick Carter, do Backstreet Boys. Logo, logo vai estar sabe onde. Essa é a boa notícia, para a Paris Hilton. A má é que ela perdeu (?!?) sua cadelinha chiwawa (é assim que escreve?), a que usava roupinha Gucci e sapatinho Manolo Blahnik. O diminutivo é enfático.

* Três toques antes de começar a parada, para vale.
1. Esta coluna será produzida de Londres, na semana que vem. Se nada der errado, este colunista vai se jogar nos festivais britânicos.
2. Sabe esta história de "os Strokes não vêm mais"? Não sei não...
3. Por último, vale a lembrança: o importante é competir.




O NÃO-SHOW DO ANO:
FRANZ FERDINAND NO BRASIL


Uma das bandas mais cool e badaladas no planeta estava marcadaça para ser a grande atração do VMB, a festa anual da MTV. O grupo escocês estava confirmado para tocar na noite da premiação, dia 5 de outubro. A vinda da trupe do figuraça Alex Kapranos já ia ser divulgada quando, na última terça-feira, um telefone aqui do Brasil tocou.
O Franz Ferdinand, cuja venda do seu disco de estréia vai muito bem por aqui, decidiu esticar sua agenda nos EUA.
Estava tudo perfeito. A banda, no embalo de uma estouradaça turnê por Japão e Austrália, engata turnê americana na semana que vem em Nova York. A última apresentação, também em Nova York, será no dia 3 de outubro.
Como eles só retomam os shows no Reino Unido no dia 11, haveria tempo para uma descida até o Brasil.
O show da MTV e um outro aberto, em São Paulo, era a idéia.
Mas a banda acertou uma aparição no programa do apresentador David Letterman para o dia 4. Ainda assim daria para vir.
Mas por causa de um novo convite, desta vez da rede NBC, pintou para o dia 5, o(s) show(s) no Brasil precisaram ser cancelados.
Só nos EUA o Franz Ferdinand vendeu quase 700 mil cópias. Uma aparição no Letterman e outra na NBC são suficientes para esse número chegar a 1 milhão, marca ótima para uma banda indie e britânica. Por isso o Brasil vai ficar mesmo para o começo do ano que vem.
O Franz Ferdinand era a segunda opção da MTV, que ainda não desistiu de escalar um nome internacional para sua grande festa. O primeiro era a dupla Chemical Brothers, que também não acertou por causa de agenda.
Ver uma banda a todo gás como o Franz Ferdinand, aqui no Brasil, seria espetacular. Esse cancelamento foi de doer. Resta rezar para a NBC mudar de idéia tipo hoje, amanhã, quem sabe...




LONDRES EM CHAMAS

"The Guardian"

O guitarrista Carl Barat, líder do Libertines


Até a hora em que escrevo isto, terça à noite, o Libertines existia ainda como banda e tinha o rock a seus pés. Com um empolgante disco novo pronto para atingir as lojas do planeta a partir do dia 30, o grupo inglês talvez tenha mesmo aparecido no show marcado nesta terça em Nova York e quinta em Los Angeles, para mostrar ao vivo quem está sendo considerado o responsável pela ressurreição do rock inglês.
Talvez ainda, o Libertines compareça, sim, para chacoalhar o colossal Reading Festival com uma esperada apresentação no palco principal, daqui a menos de duas semanas. E, quem sabe, de as cara aqui no Brasil no final do ano, como sonha a gravadora Trama.
Mas, como foi para o punk em 77 e como é hoje para o Libertines, o futuro é agora. E todas as ressalvas acima são justificáveis.
A mais inconstante, explosiva e perigosa banda nova a sacudir a música jovem britânica, o Libertines encanta com seu vigoroso indie-rock de levada punk, seu jeito de Clash, Sex Pistols e Oasis tudo junto. Não à toa, a banda cai nas mãos produtoras de Mick Jones, ex-guitarrista do lendário Clash, e nas mãos gerenciais do conhecido Alan McGee, o descobridor do Oasis.
Mas se todos esses componentes têm elevado a banda aos céus, o imponderável da relação de amor e ódio entre seus dois guitarristas, Carl Barat e Pete Doherty, pode levar o grupo à destruição em um instante.
A intempestiva relação dos dois amigos de infância, excelentes guitarristas e verdadeiros poetas urbanos do turbulento cotidiano jovem inglês, pauta a maioria das letras de "The Libertines", o segundo CD da banda, o tal que vai atingir as lojas da Inglaterra no próximo dia 30, nos EUA no dia seguinte no Brasil no começo de setembro.
Desde que saiu o CD de estréia, "Up the Bracket", no final de 2002, foi batizada de melhor banda nova britânica, virou assunto em todo lugar, principalmente nos tablóides. O sucesso repentino financiou a auto-destruição de Doherty, viciado confesso em heroína. Saiu da banda, entrou na banda, a banda acabou, a banda voltou. Doherty foi expulso, desapareceu, foi preso, brigou e quis fundar outra banda, chamada... Libertines. E Barat fez e faz o que pode para segurar a onda do amigo.
Enrolado com a polícia (veja as encrencas ao lado), com as drogas e com seus amigos, ele chegou a gravar o CD "The Libertines", mas agora só volta a tocar em shows quando estiver completamente limpo, segundo Carl Barat.
O álbum novo é um fenômeno muito antes de ser lançado. Ele é a quebra definitiva do lançamento real e virtual de que tanto teme a indústria do disco, mas que pode até beneficiá-la
"The Libertines", o CD, vazou para a internet em junho. Desde então, expressamente distribuído, fez a banda ganhar capas e capas de revistas, artigos gigantes em jornais sisudos, alta execução em rádio e uma minitour americana marcada às pressas. Banda e fãs já vivem intensamente o álbum sem ele ter sido lançado.
O Libertines, com sua juvinilia punk típica dos anos 00, pós-revolução digital, é a ponta visível de um levante de moleques de rua.que empunha guitarras e picapes para falar de suas frustrações sociais, de seu estilo de vida no limite e das idas-e-vindas sentimentais.
The Streets e Dizzee Rascal estão mudando o hip hop e chegando ao topo das paradas. Audio Bullys está devolvendo graça à música eletrônica. E o Libertines está no comando da "guerrilha" roqueira que está pondo Londres em ebolição, pronta para estourar.
A cidade vê pipocar em seu subúrbio, e graças ao grito de independência libertino, os charmosos "guerrillas shows", apresentações de bandas pequenas dentro de pubs, clubinhos gays, armazéns abandonados, metrôs e lojinhas de discos. Tudo muito bem divulgado entre amigos e pela internet.
É um pouco do que se vê aqui, com as bandas indie-fashion Cansei de Ser Sexy, Jumbo Electro etc. Mas elevado à enésima potência.
Esse papo de "guerrilla" não pára aqui. Vou voltar a ele..
Londres e o mundo (via internet) estão ardendo. Corra para os Libertines, antes que acabe.




AS MELHORES FAIXAS DO NOVO LIBERTINES

* "Can't Stand Me Now"
O primeiro single. Indie rock levado para o punk, às vezes áspero, às vezes melódico, sobre letra autobiográfica de amizade, que sugere novos tempos para o Libertines e, consequentemente, para a música inglesa.
* "The Man Who Would Be King"
Punk ópera em que a guitarra vem e vai. Excelente. Tem assobio, gritinhos e um "La la la" que dizem ser o melhor desde o que está em "This Charming Man", dos Smiths.
* "Music When the Light Goes Out"
Libertines romântico. Sonoridade tosca e bonita tudo ao extremo. Explode no meio, mas volta calma logo depois, até o final.
* "Campaign of Hate"
Guitarra monocórdica e vocal escrachado como se o Clash estivesse lançando novo disco. Começa tranquila e acaba numa disparada.
* "What Kate Did"
Punkezinho cadenciado, de acompanhar estalando os dedos, em homenagem à ex-namorada de Pete Doherty, que foi levada às drogas por ele, chegou ao fundo do poço, se limpou e terminou o namoro. "You're sweet, sweet girl, but it's a cruel cruel world".
* "What Became of the Likely Lads"
Libertines em sua melhor forma. Começo tosco, duas guitarras em caminhos diferentes sempre se cruzando, um cantando com emoção e o outro grunhindo no fundo, cheia de pique. Outro testamento de amizade que olha para a banda.




OS ENROSCOS DE PETE DOHERTY

- Agosto/2002. Nas finalizações do primeiro disco, Pete e Carl trocam socos em um estúdio de
Londres. Pete some por alguns dias.
- Setembro/2002. Com o CD lançado, ex-namorada de Pete ameaça processá-lo
devido à letra de "Horror show", inspirada nela.
- abril/2003. Primeiro show da banda nos EUA, cercado de expectativa. Mas o grupo, que fecharia uma das noites, demorou 90 minutos para subir no palco. O atraso fez com que os instrumentos fossem desligados na segunda música. Princípio de confusão só foi abafado porque conseguiram enfiar o Libertines na programação do dia seguinte.
- junho/2003. A banda parte para um turnê pela
Alemanha, Holanda, Espanha e França. O guitarrista Pete simplesmente
não aparece para a viagem. É expulso do grupo pelo telefone.
- julho/2003. Com a banda em turnê no Japão, Pete, em Londres, invade o apartamento do parceiro Carl . Rouba instrumentos musicais para vender e comprar drogas. É preso e condenado a seis meses de dentenção. É solto no terceiro mês.
- agosto/2003. Pete diz que vai formar uma nova
banda, chamada... Libertines.
- março/2004. Durante uma apresentação do Libertines
na Brixton Academy, Pete enlouquece, quebra a guitarra
e deixa o palco. A banda continua sem ele, que volta
mais tarde.
- abril/2004. Uma apresentação de Carl e Pete em um
pub termina em destruição, com a polícia tendo de
interditar a rua.
- maio/2004. Pete se interna na clínica de reabilitação Priory. Alguns dias depois, foge.
- Fim de maio. Anuncia que vai deixar o Libertines, mas
que gostaria de voltar no futuro.




CLARAH E OS LIBERTINES

A pedido desta coluna, a amiga Clarah Averbuck, escritora e cantora underground, conta a ótima história no dia que foi atrás dos Strokes e encontrou o Libertines. O assunto já foi abordado aqui, outras vezes. Mas nunca na voz (ou na escrita) da própria Clarah. Com vocês,... ela.

Arquivo Pessoal

Clarah Averbuck anda de ônibus com Carl Barat,
em Liverpool. E Clarah com os Libertines
(mais a garota Francesca)


"No dia 28 de agosto de 2001, depois de ver um show maravilhoso dos Strokes em Liverpool, o primeiro depois do lançamento do "Is This It" --Deus, faz muito tempo--, me vi na rua, sem muito dinheiro e sem a opção de pegar um trem de volta para Londres até as 6 da manhã. Enquanto eu resmungava, chegou esse moço bonito (como todos os ingleses) e me salvou dizendo "let's go to uncle Phil's house", como se fosse uma coisa supernormal ficar indo para casas de Uncle Phils por aí.
Perguntei quem diabos era uncle Phil. Ele apontou para outro menino, que estava acompanhado de uma garota muito simpática, e disse "his Uncle Phil". Eu não tinha exatamente uma opção, e, depois de emprestar minha camiseta onde se lia "bad kitty" para o moço bonito que tremia de frio, pegamos um táxi e fomos para a casa do uncle Phil ("Quando ele abrir a porta, todo mundo grita "UNCLE PHIL" e o abraça, OK?", disse Peter, tentando amenizar o fato de que eram três da manhã e que fazia dois anos que ele não via o uncle Phil), um senhor careca e bonachão com um sotaque fortíssimo de Liverpool. Eu mal entendia o que ele dizia.
Eles todos eram muito legais, especialmente Francesca, a mulher de Peter, que era o sobrinho do uncle Phil. Nos divertimos horrores, fomos ver os cavalos (eu não queria ver os malditos cavalos, estava frio e eu estava cansada e emocionada, mas encheram o saco) e conversamos muito e dormimos espalhados pela sala e passeamos em Liverpool no outro dia e voltamos para Londres à noite. Na verdade, voltamos com certa dificuldade, porque eles não tinham bilhetes de trem e nós fomos expulsos pelo homem rude.
Acabei resolvendo o problema com a lábia brasileira que os ingleses nem sonham em ter, e os três ficaram muito felizes, e eu também fiquei muito feliz por conseguir ajudar, poxa, eles me salvaram de ficar no meio da rua abandonada sozinha no frio e me levaram para uma casa quentinha.
Chegando em Londres, eu não tinha para onde ir e não tinha mais nenhum dinheiro. De novo eles me salvaram: Peter e Francesca me abrigaram, mas só por aquela noite, porque estavam sendo despejados. Eu queria ajudar, mas não deu. Então, depois de dois dias inteiros juntos, nos separamos. Fui embora enquanto eles encaixotavam coisas. Triste. Tentei mandar e-mails para Francesca, mas acho que ela não é muito nerd ou simplesmente não ficou a fim de responder. De qualquer forma, tenho uma foto dela na parede do meu quarto.
Foi um dos dias mais legais da minha viagem para a Inglaterra.
Um detalhe: Peter e Carl tinham uma banda, e Peter nunca parava de dizer que eles eram melhores do que os Strokes e que, se eu fiquei emocionada com aquele show de Liverpool, deveria ouvir a demo deles. Oquei, eu disse. Me mandem. Estou esperando até hoje, mas também, agora não precisar mais. Agora eu já ouvi, droga. O nome da banda é Libertines."

* Clarah Averbuck é autora do livro "Vida de Gato" (editora Planeta)




KATIE

Katie Lewis foi a última namorada do problemático Pete Doherty. A garota, mesmo tendo desaparecido da vida do jovem músico, "para não morrer" segundo ela, vai estar presente de certa forma no disco que a banda está por lançar.
A menina é a Katie de "What Katie Did", uma das mais bacanas faixas de "The Libertines".
Katie, dia destes, foi encontrada pelo tablóide inglês "The Mirror", famoso. E, para o jornal britânico, ela contou como afundou em cocaína, crack e depois foi se acabar com heroína, seguindo a onda de Pete.
"No começo eu estava deslumbrada com ele. Queria participar do seu mundo. Faria o que ele pedisse. Logo, estávamos gastando 1.000 libras (R$ 5 000) em drogas."
O namoro dos dois coincidiu com o estouro do Libertines dentro do rock inglês. E, conta Katie, quanto mais o sucesso levava a banda para o alto, Pete afundava no seu vício.
A barra pesou e pesou. Os dois se tornaram criminosos, até, quando a grana acabava e não dava para comprar mais drogas.
"Quando Pete recebeu seu primeiro disco de prata, da gravadora, vendeu por 100 libras (R$ 500) e torrou em crack", disse Katie.
Ela afirmou ainda que, quando os Libertines se apresentaram em abril do ano passado no "Top of the Pops", famoso programa musical da TV inglesa, ele estava "high" em heroína.
Quando Pete foi preso por assaltar a casa do amigo de banda, Katie se internou numa clínica de desintoxicação. Se limpou e largou o irrecuperável namorado.




GUITARRADA NO BUSH

Pesos pesados do rock americano vão correr as regiões mais áridas de idéia dos EUA com um megafestival contra o atual presidente americano. Acontece em outubro o Vote for Change, evento que reunirá Bruce Springsteen, REM, Pearl Jam, Ben Harper etc. Os shows serão no Meio Oeste americano, Flórida, Michigan. A carta de intenções do festival é clara: "Vote for Change é uma reunião de músicos em torno de uma mesma idéia: a necessidade de mudar a direção de nosso país. Nós compartilhamos a crença de que esta é a mais importante eleição de nossas vidas. Estamos lutando por um governo aberto, racional, para frente e humano. Nós queremos ser ouvidos".




BLUR DESCONSTRUÍDO

Viva o mundo virtual livre. Blur electro, Blur hippie, Blur hip hop.
A banda inglesa teve seu importante álbum "Parklife" (1994) demolido, para ser erguido no lugar um excelente bootleg de músicas misturadas chamado "Parkspliced".
As canções do Blur, desconstruídas e reconstruídas, estão no site : www.parkspliced.gybo.org.
O hino "Girls & Boys" parece ser propriedade do Kraftwerk. Está cheia de barulhinhos de computador e é cantada por um robô. Outro hit do Blur, "Parklife", foi brilhantemente mixada a "God Only Knows", clássico do Beach Boys.
A linda balada "End of the Century", do grupo britpop, foi transformada em um drum'n'bass.
Corra até o site e garanta o seu Blur mexido. Mais de 5.000 pessoas já se inscreveram no Gybo.




POPICES

"Art Bitch", nova música do Cansei de Ser Sexy, está no site da Trama, o Trama Virtual. As meninas (e o menino) não estão para brincadeira./// O poderoso Los Pirata toca nesta quinta no Sesc Pompéia. Acho que é no teatro. E é grátis, para melhorar./// Falando em Los Pirata, a banda surf punk é atração, junto do intrépido combo Jumbo Elektro, da noite 2emum, ótimo projeto de rock no improvável Avenida Club, ex-reduto de shows do Sérgio Reis e de pagode. Onde um dia foi a Rádio Clube, disco famosa dos anos 80. O 2emum é quinzenal, aos domingos, e o próximo evento acontece no dia 29.// Galera séria arma neste sábado festa rocker chamada Closed, aberta a todos, na rua. Dr. Vila Nova, 241, nas imediações do Mackenzie. Tem show do Continental Combo (ex-Momento 68) e o ingresso é R$ 10, com direito a duas latas de cerveja. Mamata.///




PROMOÇÕES DA SEMANA

Por enquanto, tem mais Libertines e o bootleg "Piss Me Off", campeão de pedidos aqui na coluna. Mais um exemplar de "São Paulo Sallon: a Discoteca do Diabo", da quente banda paulistana Biônica. Tudo para ser pedido no lucio@uol.com.br. Tudo para sorteio. Na continuação da coluna tem mais promoção.




NASCIDA PARA GRITAR

Ela nunca foi fácil, mas agora está impossível. Em sua atitude mais levada desde que sugou o dedo de Robert DeNiro em "Cabo do Medo" (1991), a atriz Juliette Lewis ataca agora de princesa punk. Diva roqueira. Deusa eletrônica.
No melhor estilo Dave Lee Roth (Van Halen), só que com bem menos roupa, Lewis se lança à música, monta a banda The Licks, participa do disco novo do Prodigy, faz o show mais comentado do festival americano Vans Warped Tour e se tranca em um estúdio em Los Angeles para só sair de lá com seu primeiro disco pronto.
É dela os vocais gritados das ótimas "Spitfire" e "Hot Ride", duas faixas violentamente eletrônicas que constam do álbum "Always Outnumbered Never Outgunned", poderoso CD do Prodigy, que será lançado na semana que vem na Inglaterra e na seguinte aqui no Brasil. E em "Twista", que não estará no disco, reservada para ser um extra de single.
Mas o negócio da atriz é rock. Ela montou a farofa séria Juliette & The Licks e sonha em abrir os shows do Darkness, para dar uma idéia.
Lewis formou o Licks com a amiga Patty Schemel, ex-baterista do Hole. O álbum de sua banda, já batizado de "...Like a Bolt of Lightning", tem o lançamento previsto para este mês de setembro.
No site oficial da banda, o www.julietteandthelicks.com, dá para sentir onde Lewis se meteu. Tem fotos e reportagens sobre suas bombásticas apresentações recentes na Vans Warped Tour. Mas com uma mínima procura na internet dá para ouvir músicas como "Got Love to Kill", "American Boy" e "Shelter Your Needs". Bom proveito.




LONDON CALLING - 400 SHOWS

Então. É para inglês ver e enjoar. De Madonna a Donnas. Do megaconhecido Morrissey ao megadesconhecido Sons and Daughters. Do espalhafatoso Darkness às recatadas garotas do 5.6.7.8's, que, tirando os japoneses, só quem assistiu a "Kill Bill" conhece. A esse caldo, junte Strokes, Pixies, Franz Ferdinand, Green Day, 50 Cent, Libertines Dido, Pink, The Killers, White Stripes, o rap e a eletrônica.
Mais de 400 nomes que falam alto à música jovem recente e não tão recente, dos mais estelares aos mais underground, se apresentam nos próximos dias em Londres e arredores, em dois supereventos badalados, um festival novo, em lugares gigantes como o Wembley Arena ou nos vários clubinhos da capital inglesa.
Amanhã e domingo, cerca de 70 mil pessoas pegam o caminho do Hylands Park, 1.500 acres de linda área verde encravado bem no centro da cidadezinha de Chelmsford, a 55 km a nordeste de Londres. O endereço é o do V Festival, o anual evento bancado pelo conglomerado Virgin.
Esta edição de 2004 apresenta no domingo um interessante encontro de dois gigantes do rock independente americano, cada um a seu tempo. Os Strokes fecham o palco principal do V Festival já dando mostra de seu novo disco, o terceiro, que está sendo gravado em Nova York. A banda, que chacoalhou o novo rock em 2001, (ainda) está cotada para tocar no Brasil ainda neste ano.
Logo antes dos Strokes entra em cena a reformada banda Pixies, seminal banda da virada dos 80 para os 90 que depois de década separada protagonizou a volta à ativa mais celebrada dos últimos tempos. A celebração do encontro de Strokes e Pixies fez a edição do V em Chelmsford ver seus ingressos se esgotarem meses antes do evento, fato raro para o festival da Virgin.
Na mesma hora de Pixies e Strokes, o Massive Attack e a banda Starsailor vai puxar o palco secundário, enquanto Primal Scream e Groove Armada comandam a arena dedicada ao som eletrônico.
Os artistas principais da primeira noite do V 2004, amanhã, são os popularíssimos (por lá) Dido e Muse no palco principal, os meninos do Kings of Leon no segundo palco e o Basement Jaxx incendiando a arena.
Quando Pixies e Strokes estiverem guardando suas guitarras para deixarem Chelmsford, neste domingo, a cantora Madonna vai estar recolhendo todos os seus figurinos depois de apresentação em Londres, na primeira de sua residência de quatro noites no colossal Wembley Arena.
A Re-Invention Tour 2004, que começou em maio em Los Angeles, é a primeira turnê da Madonna em três anos e Londres respira Madonna nas ruas, revistas e jornais. Mas, ainda assim, nenhuma das quatro noites no Wembley está esgotada.
A mesma cidade que abriga Madonna vai ter, ainda na semana que entra, shows de todos os tipos e tamanhos, como o da sensação The Killers (Las Vegas), o dos veteraníssimos MC5, heróis do rock alternativo americano, além de Bloc Party, Futureheads e The Cribs, bandas da falada novíssima geração da música britânica.
Até que chega o outro final de semana. E a coisa complica de vez. Na sexta, dia 27, começa o espetacular Reading Festival, cujo slogan é "talvez o principal encontro de público jovem, grande atmosfera e boas bandas de rock do planeta". Em três dias entram em ação cerca de 140 atrações. Tudo espalhados em uma fazenda no meio da cidade universitária de Reading, que fica a 40 minutos de trem de Londres, mais ou menos.
O festival deste ano é encabeçado, em seu palco principal, pelo gigante Darkness e Offspring (na sexta), pela excelente linha formada na sequência por Franz Ferdinand, Libertines, Morrissey e White Stripes (sábado) e Green Day e 50 Cent fechando o domingo e o festival em si.
O último dia do Reading, este feito para a juvenilia britânica e puxado pelo Green Day com seu álbum novo ("American Idiot", a ser lançado), é quase que totalmente voltado para o neopunk, emocore e hip hop. Foi o primeiro a ter todos os 60 mil ingressos esgotados. Agora, para as outras noites, os bilhetes também já eram.
O que reúne mais expectativa é o line-up do sábado, que termina com a volta ao Reino Unido do meteórico grupo escocês Franz Ferdinand, depois de uma bem-sucedida turnê por Austrália, Japão e agora por EUA. O Libertines, pronto para explodir com o já badalado segundo disco "The Libertines", que nem foi lançado ainda. O sempre respeitado Morrissey, que liderou uma das bandas locais mais queridas da história. E o White Stripes, retirado do exílio estratégico para realizar seu único show do ano.
Da enorme lista de atrações do Reading 2004, 50 Cent (Chimera Hip Hop), LCD Soundsystem (Sonar Brasil), 2ManyDJs/Soulwax, Kinky e Dizzee Rascal (Tim Festival) e MC5 (Goiânia Noise) têm o Brasil em sua agenda futura. O escocês Franz Ferdinand, que estava acertando participação na festa do Video Music Brasil, da MTV, cancelou nesta semana sua vinda.
Paralamente ao Reading, mas em Londres mesmo, e no mesmo final de semana do feriado bancário, os famosos jardins vitorianos de Kings Cross recebem em oito palcos ao ar livre outra carga de 100 atrações do novo indie, electro, hip hop e até jazz.
O Cross Central Festival, armado no coração de Londres pela primeira vez, reúne badalados DJs como Derrick Carter, Erol Alkan e Mark Farina, novos grupos como British Sea Power e The Others e os modernosos LCD Soundsystem, Chicks on Speed, Ladytron e Blackstrobe estão escalados. Também o Soul II Soul Soundsystem, que na sequência do Cross Centra Festival vem ao Brasil para ser destaque no Brasilia Music Festival Electronic, em setembro.





HUM!

Por enquanto é isso. Não dei conta de falar do Killers, do guerilla rock e da história dos palavrões. Fica para a semana que vem. Devo, não nego. Mas a coluna está de bom tamanho. // Repetindo, este espaço será preenchido de Londres na semana que vem. Espere boas, mas não graaandes coisas.// Mais uma promo para engrossar os prêmios da semana: vão a sorteio dois exemplares de uma das mais bem sacadas e necessárias revistas pop que já saíram no Brasil nos últimos anos. Chama "Hype", é feita pelos sujeitos que tocam a revista de cinema "Set" e está chegando agora às bancas em seu número dois. Matérias boas de música, cinema, games e HQ. Tente a sorte aqui, no lucio@uol.com.br, ou então pegue a sua na banca.// Ganhadores da promoção da semana passada: "Piss Me Off", o ao vivo do Libertines vai para Marcella Castro Pellegrini (Campinas, SP); Los Pirata ao vivo na Brasil 2000FM é do Júlio Ribeiro (Porto Alegre, RS); o disco novo do Hives saiu para Luis C. P. de Silva (São Paulo, SP); e o disco da banda paulistana Biônica será enviado ao Márcio Rossi (não disse a cidade). É isso. Até a volta.
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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