Pensata

Lúcio Ribeiro

22/10/2004

O pop e a reforma tributária

"If that's important to you
It's important to me
I tried to make you see
But you don't wanna know"
Libertines, "What Became of the Likely Lads"

"Hey girl, get on the dancefloor
And rip it up, yeah
That's what it's there for
So rip it up, yeah
Ah rip it up and tear it up"
Razorlight, em "Rip It Up"

"Won't you take a walk outside?
- Oh no.
Can't you find some other guy?
- Oh no"
Strokes, em "The End Has No End"


Hey, ladiiies. Como estamos?

* Você vai? Você foi? Você vem?

* Sabe quem voltou com tudo? O britpop. Ele mesmo.

* Tem mais gente que voltou. O Barão Vermelho divulga pelas ruas uma engraçada campanha publicitária, do novo álbum. É um pôster vermelho escrito "A volta do Barão Vermelho", com um selo alertando: "Cuidado".
O recado é direto.

* Falando nisso, não sei se você acompanhou as notícias internacionais nos últimos dias e tal. Mas o poderoso "The New York Times" fez importante e quentíssima revelação dos maus-tratos impiedosos sofridos por criminosos de guerra encarcerados na base americana de Guantánamo, em Cuba. Tratamento cruel e coercivo de tortura, descrito por dois oficiais americanos. Se o preso não cooperava , tiravam a roupa do cara, sentavam ele na cadeira, eram algemados ao chão e obrigados a ficarem horas sob luz estrobo na cara e rock e rap a todo volume na orelha. Em sessões de 14 horas seguidas. Hã? O que tem o Barão Vermelho com essa história?

* A coluna ganhou um monte de brindes legais do filmaço "Kill Bill" para sortear, como você vai ver lá embaixo, na excepcional lista de prêmios da semana. Se você não conferiu os filmes (vols. 1 e 2) do cineasta pop Quentin Tarantino, desencana. A Popload vai descolar o DVD da sanguinária parte 1e ingressos para o 2, a versão faroeste. Você não pode deixar passar sem conferir as duas melhores frases do cinema este ano. "I'm gonna kill... Bill" e "Bill, it's your baby". Fora a importante lição físico-mental de destruir uma tora de madeira com as pontas do dedo. Porque a gente nunca sabe quando vai precisar botar tal lição em prática.

* Deu eco a historinha da semana passada sobre a garota que ficou duas horas na fila do Tim Festival para comprar ingresso para o Jota Quest. E informes amigos disseram que, na FNAC Pinheiros, fãs do Tim se misturavam a admiradores da dupla Bruno & Marrone na longa espera até o guichê dos ingressos. Estava pau a pau.

* O caderno de TV do "Estado de S.Paulo", de um desses domingos passados, avisou que o "músico" escocês Franz Ferdinand seria atração da semana no programa do entrevistador David Letterman. Não estou aqui fazendo chacota do erro do jornal, porque esta coluna também erra, tal e coisa. Só com o grupo amigo Grenade este espaço escorregou duas vezes seguidas, hahahá, hehehê. Mas é que o "músico" Franz Ferdinand é o erro mais legal que eu vi recentemente.

* Desfalque sério na temporada de grandes shows internacionais que "globalizam" o Brasil. O veterano grupo MC5, hoje dkt/MC5, não vem mais para o festival Goiânia Noise, que acontece no final de novembro na capital de Goiás. A seminal banda de Wayne Kramer, foi anunciado, faria show único no país e talvez o derradeiro de sua volta. Mas a apresentação teve que ser cancelada por problemas financeiros. Mas parece que São Paulo...

* O duo Chemical Brothers fez um grande show de rock na última quarta, no Pacaembu. A música eletrônica da dupla é a maior amiga da galera que não curte só música eletrônica. Fora que as canções têm refrão e eles dão bis. E Noel Gallagher (Oasis) e Wayne Coyne (Flaming Lips) cantam para eles. E eles começam com uma introdução de Beatles. E citam New Order. E eles são psicodélicos. E se pensam que é show repetitivo, pois há tempos não lançam um CD de inéditas, eles mexem tanto nas próprias músicas que fazem delas novas. A primeira parte do show foi só OK. O som começou titubeante, falho, mas logo se transformou na melhor e mais alta qualidade sonora que o Pacaembu já ouviu. Pessoas que eu conheço, que moram em bairros próximas do vale onde fica o estádio, escutaram o show de suas casas, uma delas no Sumaré (será?). A segunda porção do show, que mais ou menos começou com a destruição (mesmo) do hit de "Setting Sun", foi espetacular. "Setting Sun" foi emendada por "Golden Path", sem o vocal. Não tocaram na íntegra, só trechos espalhados, a música nova, "Electronic Battle N.º 7", que é de quebrar a espinha. Pouparam São Paulo da clínica ortopédica, vamos pensar assim.

* A Radio One inglesa começa a soltar, faixa por faixa, todas as músicas do disco novo da molecada do Kings of Leon. Já ouvi umas cinco, e nenhuma é ruim. A ótima "Bucket", o primeiro single, já está tocando na nossa Brasil 2000FM. "Bucket" será lançado na semana que vem. O CD novo, "A-Ha Shake Heartbreak", na semana seguinte.

* A esta hora, você deve saber, os ingressos para o que interessa (para nós) no Tim Festival já eram. Foram-se. Gone. Menos um: parece que ainda restam para a ótima noite "after" de Cansei de Ser Sexy + 2ManyDJs. A noite do escracho, da diversão. Ou seja, obrigatória. Para os sem-ingresso em geral, só resta uma esperança... A bolsa de ingressos.




BRITPOP VOLTA A SER LEI

Olha ele aí! No paralelo da grande movimentação de bandas babies que chacoalha o Reino Unido e além-mar, o velho britpop ressurgiu das cinzas. O britpop, tal qual o conhecíamos, ressuscitou. Parece que o ótimo guitarrista Graham Coxon vai voltar para o Blur, depois que foi forjado um encontro amistoso com o ex-desafeto Damon Albarn. Coxou sem o Blur acabou de lançar um disco bem legal. O Blur sem Coxon ainda funciona. Mas o Blur recomposto, inteiro, volta a ser uma superbanda.
O amado grupo galês Manic Street Preachers volta encantado com o single "The Love of Richard Nixon", lançado nesta semana em três versões. A priori esquisita ("o que aconteceu com os Manics?"), a música vai conquistando com sua letra forte ("Ah, the love of Richard Nixon/ death without assasination /The love of Richard Nixon/ yeah they all betrayed you") e sua levada tipo... A-Ha. Delícia.
Num caso mais, hã, "nosso", a voz de Noel Gallagher, o dono do fundamental Oasis, ecoou pelo vale do Pacaembu, aqui pertinho, na noite de anteontem. Parecia ter saído da boca de um anão de filme do David Lynch. Foi quando a dupla inglesa Chemical Brothers desconstruiu aqui pertinho um próprio hit seu, "Setting Sun", que tem o vocal convidado do guitarrista do Oasis. Medo.
A contribuição Pulp para essa ressurgência do britpop da classe de 1995 vem no cinema. Foi anunciado que o adorado Jarvis Cocker vai escrever toda a trilha sonora do próximo filme do Harry Potter, o quarto. Ainda, Cocker emprestará sua cara de dandi inglês para uma cena deste "Harry Potter & The Goblet of Fire", em participação ainda a ser definida.
Da segunda geração do britpop, o Travis vê nas próximas semanas o lançamento de uma coletânea intitulada "Travis: Singles", um embrulho do melhor que a banda construiu no reino das músicas singelas. O CD vem com um DVD que trará todos os videclipes da banda, incluindo a famosa cover de "Hit Me Baby One More Time", música original da... Britney Spears. As imagens de "One More Time" são tiradas de um programa da VH1, canal americano de música.
No estilo Coxon-Albarn, uma outra re-união de ex-amigos-inimigos é mais que oficial: o andrógino vocalista Brett Anderson retornam às boas com o guitarrista Bernard Butler e formaram uma nova banda, além do Suede. Com o nome The Tears, a dupla anunciou que o primeiro disco da parceria sai em março.
O Suede, grupo que despertava paixão incontrolável mesmo estando fora da tríade de sustentação da febre britpop (Oasis-Blur-Pulp), ainda comove, inclusive no Brasil.
Leitor desta coluna, Eduardo Palandi recém-entregou à banca examinadora da Faculdade de Direito do Centro Universitário UNISAL sua monografia, cujo título era "O ICMS e a Reforma Tributária".
Na lista de agradecimentos, entre familiares e professores, está Brett Anderson e sua banda, o Suede, "por trazer palavras quando simplesmente não as tinha".
Para muita gente, o britpop ainda é lei.




"ESGOTOU? DOIS MIL INGRESSOS?"

Site amigo publicou entrevista nesta semana com o baterista Gary Powell, do Libertines, feita desde Nova York. Powell se mostrou satisfeito quando avisado de que os ingressos para a banda dele causaram o primeiro esgotamento de ingressos para o Tim Festival. "Legal. Quantas pessoas compraram?" A entrevistadora esclareceu: 2.000. "Você está brincando! Eu estava esperando que iria tocar para no máximo 500 pessoas."




LIBERTINES, MONTREAL

* Direto de Montreal, Canadá, o leitor chamado Régis (não sei o que fiz com o email onde tem o sobrenome dele) passa o relato da apresentação do Libertines na cidade.
"Ontem à noite foi o show do Libertines aqui em Montreal, num antigo e agora reformado cabaret, rebatizado de La Tulipe. O lugar é pequeno, para tipo 700 pessoas, com camarote na ala superior e área de mesas embaixo, sendo que a pista é bem pequena, para talvez 250 pessoas.
Show bem enérgico do começo ao fim, com uma banda cheia de 'tics' (premeditados ou não, não sei): um vocalista posudo --camiseta lendo "rude boy"-- que só falou com o público uma vez, para tirar uma com um cara na frente do palco que estava com uma blusa de lã naquele calor...
O baixista era outra figura, que tomava Black Label na garrafa a cada fim de música. Isso para não falar do baterista, que tocou o show inteiro sem camisa e com uma... peruca loira. Ele, negro. Só tirou no fim o show, quando jogou pra platéia. O guitarrista que está no lugar do Peter Doherty era o mais quieto e a cada fim de música ficava paralisado encarando a platéia, sério, com a guitarra pendurada no pescoço e braço esquerdo estendido.
O clima lá era este: platéia ia à loucura pulando o tempo todo a cada música, um monte de gente com câmeras digitais filmando videoclipes, o baixista dançando e tomando whiskey e a banda arrasando. Aliás, no final do show teve a quebradeira da bateria, que começou com o vocalista pulando em cima dela e seguiu com a banda chutando cada pedaço da bateria pelo palco. Fiquei com uma impressão de que queriam imitar o Nirvana."




TEORIAS LITERÁRIAS

Chegaram com certo barulho às livrarias americanas três autobiografias pesadas de roqueiros idem. Passaram suas vidas para a literatura o vocalista Anthony Kiedis, dos Chili Peppers, o baterista e extrela de vídeos caseiros Tommy Lee, do Motley Crue, e Dave Navarro, guitarrista do Jane's Addiction. Os livros, respectivamente, têm os títulos de "Scar Tissue", "Tommyland" e "Don't Try This at Home".
Segundo o Daily News entregou os "melhores momentos" de cada livro, em uma engraçada comparação, listada em ranking. A tradução é do jornalista Marcelo Bernardes, baseado em Nova York.

* Namoradas e esposas
1º. Tommy Lee: Heather Locklear, Pam Anderson, Carmen Electra, Mayte (ex de Prince)
2º. Dave Navarro: Carmen Electra, ex de Tommy Lee
3º. Anthony Kiedis: Nina Hagen, Ione Sky e Sofia Coppola, antes de ela ser famosa.

* Prostitutas e atrizes pornô
1º. Navarro - Navarro lista em sua agenda o telefone de várias prostitutas sob o termo Pelicanos. Navarro era amigo de muitas delas, chegando a tirar uma da prisão. Uma prostituta aparecia de vez em quando na casa do roqueiro para levar guloseimas para o cachorro dele.
2º. Lee - Não paga por prostitutas, mas tem vários amigos na indústria pornô (o ator Ron Jeremy é um deles) e costuma acompanhar as filmagens, o que levou Heather Locklear a se separar dele.
3º. Kiedis - Foi o pai dele quem o apresentou às prostitutas, mas ele não costuma fazer muito uso delas, a não ser comprar drogas de algumas.

* Drogas e álcool
1º Kiedis - O pai dele o apresentou à cocaína, heroína e aos Quaaludes. Ele se lembra de 87 situações em que usou crack e outras drogas.
2º. Navarro - 62 situações com LSD, Ecstasy, cocaína, heroína.
3º. Lee - Järgemeister, cocaína e Ecstasy

* Assassinatos, suicídios e acidentes
1º. Navarro - Mãe é morta por um namorado obsessivo. Contempla o suicídio em uma ocasião e tem uma overdose depois de romper com uma namorada.
2º. Kiedis - Duas namoradas têm overdose e quase morrem na sua frente. Os amigos River Phoenix e Hillel Slovak morrem.
3º. Lee - Dá uma festa para o filho pequeno, mas um dos convidados, um garoto de 4 anos, morre afogado na piscina.

* Obsessão com o pênis
1º. Lee - Roqueiro abre o livro entrevistando o próprio pênis. Revela que cortejou Pamela Anderson cantando a respeito de seu avantajado membro, que ficou famoso depois do vídeo caseiro do casal ter sido pirateado. Gosta de chamar o membro de 'Grande Truta'.
2º. Navarro - O maior elogio que uma stripper ou prostituta pode fazer à Navarro é dizer que o pênis dele é do tamanho do de Tommy Lee.
3º. Kiedis - Ele assume que os integrantes do Chili Peppers já usaram meia por dentro da calça para aumentar o tamanho do pênis.

* Fetiche
1º. Navarro - Unicórnio, relógio com cuco e caixões. Grava cada detalhe de sua vida, com câmeras escondidas pela casa.
2º. Lee - Dedos femininos do pé (ele chama de 'lindos pequenos porquinhos'). Enterrou a placenta de Pamela Anderson no jardim para dar sorte aos filhos.
3º. Kiedis - Usa seringas com sangue para pintar quadros.




BOLSA DE INGRESSOS

Filantropia pura. O próximo em primeiro lugar. Esta coluna inicia agora uma campanha para salvar os desesperados sem estradas para o Tim Festival, sempre com a ajuda do leitor. Vamos aos poucos, para não virar bagunça.

Ingressos para: Primal Scream e PJ Harvey.
Quem tem: Anselmo Pereira Ribeiro
Quantidade: dois
Preço: R$ 80, cada.

Contato: anselmoperibeiro@msn.com




PROMOÇÃO DA SEMANA

Só belezuras rolam no sorteio desta semana. Porque estamos aqui, eu e a Popload (isso é uma homenagem), para bajular o leitor querido.
A lista de prêmios desta semana inclui.

* Uma camiseta feminina e oficial e linda do Franz Ferdinand. Hey, ladies. Emails masculinos também são bem-vindos, porque sempre tem aquele presente campeão, e tal.

* Um kit "Kill Bill", com camiseta, o CD da trilha da parte 2, o DVD do 1 e dois convites para ver o 2 no cinema. É moley?




TCHAU

Desculpa sair assim, rapidinho, mas preciso ir nessa. Lista de vencedores, na semana que vem. Já é.



Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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