Pensata

Lúcio Ribeiro

05/11/2004

A hora é esta

"We're charging our battery
And now we're full of energy
We are the robots
We are the robots"

Kraftwerk, em "The Robots"

"Kiss me, won't you won't you kiss me
Won't you won't you kiss me
Lift me right out of this world"

Primal Scream, em "Come Together"

* Opa!
Chegou a hora.
Nem tem mais o que dizer.
Mas eu digo.

* A Popload implora: não perca nesta sexta a sequência Soulwax, Cansei de Ser Sexy e 2ManyDJs. Este colunista esteve na inauguração do bar Bunker, do Sepultura, nesta quinta, e experimentou o 2ManyDJs brincando nas picapes do bar. Não dá para narrar o que foi... O incrível é que até a última quinta ainda tinha ingressos para essas três apresentações.

* Como berra o Bobby Gillespie, come together.




ALÔ, CRIANÇADA

O pop liberou a criança que existe dentro dele. Nos EUA de George W Bush 2, o primeiro lugar das bilheterias de cinema é um filme chamado "Birth", estrelado pela Nicole Kidman. Ela é uma viúva que já está se arrumando com um novo amor, vai casar de novo e tal. Mas aí conhece um menininho de 10 anos que diz ser a... reencarnação de seu marido morto. A perturbada personagem de Nicole Kidman aparece beijando forte o garoto (10 anos) e tomando banho de banheira com ele (10 anos). Puts.

Outro filme de destaque, que parece ser meia-boca mas provoca uns sustos legais, é "The Grudge", estrelado pela fofa Sarah Michelle Gellar, que um dia foi a caça-vampiros Buffy. Ela vai fazer intercâmbio no Japão, acaba numa casa mal-assombrada para cuidar de uma velhinha e fica recebendo umas visitas do além. Entre elas a de um menininho tipo 10 anos, que vira e mexe está nos sentado com cara de aflito nos cantinhos da casa. Creepy.

Virando para a música, vale o repetido. É ótimo o vídeo e música de "What Became of the Likely Lads", do Libertines, à disposição nas melhores páginas virtuais do ramo. O clipe conta uma história rápida dos guitarristas da banda inglesa, Carl e Pete, quando ambos tinham uns 10, 11 anos. Um conto urbano sobre a amizade de amigos inseparáveis que se separaram.

Mas o melhor rolou em Glasgow, Escócia, há poucos dias. Em turnê campeã pelo Reino Unido, a coolzona (veja bem!) banda Franz Ferdinand, favorita deste pedaço e favorita também na capital escocesa, fez dois shows no mesmo dia no clube Borrowlands. Um deles para menores de 18 anos. Matinê.

A cobertura da "New Musical Express" foi bem divertida. Deram fotos bacanas com as crianças, imagens de placa dizendo: "beber álcool é proibido na matinê. também não pode fumar no clube". Entrevistaram crianças de 12 e 13 anos, sobre a impressão do show do FF. "Eu achei o show maravilhoso. Mas também nunca pude ir a outros shows. Adorei "This Fire" e "Take Me Out", disse um garoto de 13. A legenda da foto final, com a banda levantando as mãos para agradecer à platéia pirralha, era ótima. "Obrigado. E lembrem-se: não converse com estranhos no caminho de volta para casa".




DEZ MÚSICAS PARA UM CERTO FINAL DE SEMANA

Não é surpresa para ninguém. Se o seu coração pulsa pop, ele vai bater mais forte nestes três próximos dias, os do Tim Festival. Mas alterações sensíveis seriam mesmo detectadas em um possível eletrocardiograma tirado exatamente nos momentos abaixo:

1. quando o Primal Scream tocar "Movin' on Up"
Você já vai estar bem assustado com a brutal avalanche sonora despejada pelo Primal Scream. Então, Bobby Gillespie e sua turma, depois de mostrar o repertório guerrilheiro dos discos "Evil Heat" e "Xtrmntr", resolvem dar uma aliviada. Mas não muito. Botam para rolar a singela e psicodélica "Movin' on Up", canção de 13 anos que aqui toca até em rádios como a 89FM. Mas na atual fase brava do grupo escocês, até "Movin' on Up" tem a leveza de uma música do Motorhead.

2. quando o Libertines libertar "What Became of the Likely Lads"
A banda da hora, a música da hora. Carl Barat vai olhar muito para o lado sem ver o parceiro Pete Doherty, que foi sacado do Libertines pelo estilo de vida exagerado. "Likely Lads", lentinha e barulhenta, acelerada e lírica, é encantadora e tem a forte amizade dos dois guitarristas como tema. Em performance ao vivo tosca, como geralmente o é, deve ser um dos principais momentos do Tim Festival inteiro.

3. quando a PJ Harvey gemer em "Is This Desire?"
É a apresentação anti-Primal Scream. E ver a cantora inglesa ali, toda sexy-estranha, assoprando palavras na bela "Is This Desire?", enquanto a nota estourada do baixo vai machucando, fará você transmitir a resposta a ela, em pensamento: "É, sim".

4. quando o Kraftwerk operar "Musique Non-Stop"
O show vai estar acabando. Todo aquele climinha filme de ficção científica antigo, indo embora. Aquela mulher-andróide do telão , acompanhada no fim por várias vozes masculinas robóticas, dizendo "music... non-stooooop", depois de dez minutos de música. Vai parecer que ela está tirando um sarro da sua cara, mas não está.

5. quando o 2ManyDJs misturar "Seven Nation Army" com qualquer coisa
Só se eles resolverem parar agora. Mas, pelas últimas apresentações da dupla, o onipresente hit do White Stripes vai e volta várias vezes durante todo o set. Aquela linha de baixo (baixo?) inicial virou forte coro humano no festival de Coachella, em maio. E os irmãos belgas riam e abaixavam o som para a massa "tocar" com a boca.

6. quando o Brian Wilson transmitir "Good Vibrations"
Se os remédios dele forem tomados no horário certinho, se no sono dele da noite anterior tiver sido tranquilo... Acompanhar "Good Vibrations" estalando os dedos e batendo o pé vai ser um acontecimento.

7. quando o Cansei de Ser Sexy brincar de electro em "A-La-La"
Fique sossegado. Seu corpo vai ficar sair do controle quando o Adriano apertar o botão e a mulherada do CSS sujar de punk a deliciosa disco-electro "A-La-La", que vai estar no primeiro disco da trupe paulistana. Mas depois ele volta ao normal. O corpo, não o Adriano.

8. quando o Soulwax executar "Any Minute Now"
Corra. Pense Rápido. A mensagem do 2ManyDJs enquanto banda de rock é rápida. Tão urgente que dá medo. Um dos singles do ano, ao vivo, em São Paulo.

9 - quando o De Leve zoar em "Caipirinha Man"
Você já deve ter ouvido falar no estilo do rapper carioca, nosso Eminem-Streets de Niterói. Então é isso aí.

10 - quando o Mars Volta se descontrolar em "Inertiatic"
A hora em que dois fantasmas sobrevoarão o Jockey. O do ótimo ex-grupo At the Drive in, de onde o Mars Volta derivou, e do polêmico W2, o símbolo que resultou da eleição no país de onde o Mars Volta derivou.




CANSEI DE SER SEXXXY

Para quem não sabia tocar nada até o ano passado e agora está escalado no mesmo festival de Primal Scream, Kraftwerk e Brian Wilson, que há décadas sabem tocar tudo, o combo paulistano electropunkpop fashionista Cansei de Ser Sexy é um fenômeno.

Sonho realizado de banda independente brasileira, que em pouco mais de um ano trouxe o lema punk do "vamos nessa nós mesmos e agora" aos tempos modernos, o septeto de seis meninas e um rapaz chega ao principal festival pop sem ao menos ter um disco lançado.

Cria da geração internet que se fez e se faz através de e-mails, blogs e fotologs, o CSS é atração de hoje no palco Motomix do Tim Festival, espremido na programação pelos belgas Soulwax e 2ManyDJs. A farra promete ser grande.

Liderado pelo baterista Adriano Cintra, o único que tinha uma carreira no grupo, graças a suas atuações na guitarra do atuante Thee Butchers' Orchestra, o CSS agitou a música independente paulistana com shows badaladíssimos, uma zoeira sonora debochadamente sem muita técnica mas com muita atitude, e uma aproximação com a moda, graças à veia fashion de metade do grupo, que estuda ou trabalha no meio. E o Cansei de Ser Sexy decolou.

Depois de um início virtual que lançou um EP que poucos viram e soltou canções em uma espécie de blog de MP3s da gravadora Trama, o Trama virtual, o Cansei de Ser Sexy já tem finalmente seu primeiro disco em fase final de mixagens.

E uma audição inicial avançada de "CSS Suxxx", nome provisório do tão-secreto CD e uma autoparódia tipo brincadeira interna da banda, deu para perceber que o disco é surpreendente.

Supreendente de bom, supreendente de caprichado, surpreendetemente significativo.
"CSS Suxxx", que deixa de fora os hinos "Bezzi" e "I Wanna Be Yr J.Lo"", faz menção à alcalinada vocalista Lovefoxxx, sensacional na voz "comportada" de estúdio. E zoa com o suxxx, uma curruptela de sucks, como quem diz que a banda, hum, sucks. Mas eles não estão nem aí.

O dedo produtor de Adriano Cintra transformou toda a indisciplina punk barulhenta do CSS dos shows em um electro sujo e delicioso, nove faixas que são ótimas para entrar desde nas discotecagens modernas do 2ManyDJs ou num perfeito disco de covers da Kelly Key.

Faixas como a singela "Poney Honey Money", furiosa como "Sô Lôra, Sô Burra" (cover do grupo indie Disk Putas) e agitada como "A-La-La", para citar só três das nove do álbum que sai até o final do ano, botam a banda em um patamar bem acima da média da cena independente nacional.

"Não sei quem nos indicou para o Tim Festival", diz a guitarrista Ana Rezende. "Eu estava vendo TV em casa, o telefone tocou com um número do Rio. A pessoa disse que era da Dueto. Que produzia o festival e...

Fiquei superfeliz e já aceitei o convite. Depois eu avisei o resto da banda. Ninguém justificou a escolha e nós também não perguntamos por que o CSS."

A trajetória do CSS roça a "última tendência" da indústria musical americana, que é o fenômeno dos MP3s blogs, sites para iniciativas informativas e auditivas independentes que transformam em um executivo-de-grande-gravadora amador qualquer menino que tem dois ouvidos e um computador, segundo festejam no underground dos EUA.

O conceito de postar mp3 de grupos independentes (mais fotos e informações básicas) em sites de amigos já atinge 200 MP3 blogs nos EUA, um número 20 vezes maior do que existia no começo do ano, segundo a revista "Spin". Bandas hoje relativamente famosas como Scissor Sisters e Secret Machines começaram a aparecer nos legais (lei) MP3 blogs, que foge dos contratos de gravadoras e grandes artistas.

Tal idéia é o que dá reconhecimento e confere notabilidade a bandas minúsculas como o CSS e a sites como o da Trama Virtual (www.tramavirtual.com.br). O Cansei de Ser Sexy, que a partir da madrugada deste sábado vai ter um megafestival no currículo sem ter um álbum na discografia, chacoalhou a cena indie brasileira muito porque postava suas canções (as que elas ficavam prontas) no MP3 blog brasileiro, liderando o top 100 da Trama Virtual com cada música que disponibilizava.

Virtualidades à parte, hoje à noite, já amanhã, é hora de ver que o Cansei de Ser Sexy é uma banda bem real.




HOJE TEM 2MANYDJS

Banda de rock "de dia" e dupla de DJs "à noite", os irmãos belgas Stephen e David Dewaele chegam ao Tim Festival para zoar o barraco. Donos do intenso Soulwax (a banda) e do divertido 2ManyDJs (DJs...), os Dewaele espremem o brasileiro Cansei de Ser Sexy na programação do palco Motomix desta sexta-feira e encerram o primeiro data do festival fazendo festa como se fosse... 2004.

Algo moderno, a versão Soulwax traz na bagagem seu recém-lançado novo CD, sua recém-iniciada megaturnê e aumenta o volume para entregar cançoes pop orientadas por guitarras. Supermoderno, o lado 2ManyDJs vem para sacudir a tenda madrugadeira com o som que deu fama à dupla: discotecagem animada que mistura duas músicas conhecidas de outros artistas e as transforma em uma praticamente nova, o chamado "bootleg", fenômeno musical da geração internet.

"Seja com o Soulwax ou com o 2ManyDJs, o importante é fazer as pessoas dançarem", disse à Folha, da Bélgica, por telefone, o músico Stephen Dewaele. "E isso é sempre mais fácil com o 2ManyDJs, porque é só botar para tocar música boa de artistas bons e conhecidos. Com o Soulwax você precisa sempre estar se superando, porque não é todo mundo que conhece sua música."

A "aventura" 2ManyDJs nasceu em Londres, em 2000, depois que o Soulwax lançou seu segundo álbum, o aclamado "Much against Everyone's Advice", de 1999. E o que era para ser um projeto paralelo, apenas diversão, pegou muito mais fama que a banda, a então atividade principal.

"Quando estávamos excursionando com o álbum anterior do Soulwax, a gente ficava entediado depois dos shows, sem ter o que fazer, a não ser ir a lugares onde DJs tocavam house music. Queríamos algo mais que aquilo", conta Stephen. "Aí eu e o baterista do Soulwax à época montamos o Macgregor & MacGregor, para fazermos nossas próprias festinhas e tocar a música que gostávamos. Mas então o baterista se casou e foi morar em Nova York. Chamei meu irmão para substituí-lo, porque àquela altura já tinha uma programação de shows para cumprir. No fundo, não queríamos ser DJs. Era só um jeito de acabar bem a noite. Nunca imaginamos que isso iria nos levar a tocar no Japão e no Brasil."

Os Dewaele e seu 2ManyDJs são considerados o "sangue novo" que nos últimos anos deu uma motivação diferente à cultura dos DJs, trazendo o público de rock para o ambiente da música eletrônica, que neste século assiste a um esvaziamento constante.

Misturas quebra-espinhas de Nirvana com soul music, White Stripes com electro e Eminem com tecno é o que saem das picapes do duo, que foi um dos destaques do Tim Festival do ano passado para quem presenciou a apresentação quase incógnita.

"Na verdade não há nada de novo no que o 2ManyDJs faz. O hip hop sempre fez "bootlegs", com Grandmaster Flash, Afrika Bambaataa e muitos outros. A gente só resgatou um pouco essa mistura para o mundo dos superstar DJs, incluindo rock, disco, música francesa brega. Roubamos a idéia do hip hop, atualizamos e virou coisa nova", afirma Stephen, que deve tocar uma música do Sepultura na discotecagem do Tim Festival.

"Os garotos do Sepultura ficaram de nos mostrar algumas cançoes. E acabamos de fazer uma mixagem ótima de Miss Kittin com Kraftwerk. Quais as músicas que usamos? Na hora vocês vão ver."

* Confira mais sobre o papo com Stephen.
Popload - O que mais o excita hoje? Tocar numa banda como o Soulwax ou atuar em picapes como um dos 2ManyDJs?
Stephen Dewaele
- Adoro as duas coisas, de modo igual. Na nossa carreira, sempre entendi que não poderia haver o 2ManyDJs se não existisse o Soulwax. E não tem Soulwax sem o 2ManyDJs. São prazeres que se complementam. O que mais me agrada é que para mim são atividades bastante similares que têm uma diferença enorme. Essa é uma lógica meio torta, mas que para nós faz todo o sentido. Mas é sempre mais difícil estar numa banda, muitas coisas podem dar errado.
Seja no Soulwax ou no 2ManyDJs, o mais importante é fazer as pessoas dançarem. E isso é sempre mais fácil com o 2ManyDJs, porque é só botar para tocar música boa de artistas bons e conhecidos. Com o Soulwax você precisa sempre estar se superando.

Popload - Quem veio primeiro, a banda ou a dupla de DJs?
Dewaele
- A banda. Quando estávamos excursionando com o álbum anterior do Soulwax ("Much against Everyone's Advice", 1999), a gente ficava entediado depois dos shows, sem ter o que fazer, a não ser ir a lugares onde DJs tocavam house music. Queríamos algo mais que aquilo. Aí eu e o baterista do Soulwax à época montamos o Macgregor & MacGregor, para fazermos nossas próprias festinhas e tocar a música que gostávamos. Mas então o baterista se casou e foi morar em Nova York. Chamei meu irmão para substituí-lo, porque àquela altura já tinha uma programação de shows para cumprir. No fundo, não queríamos ser DJs. Era só um jeito de acabar bem a noite. Nunca imaginamos que isso iria nos levar a tocar no Japão e no Brasil.

Popload - O que você acha de o 2ManyDJs ser considerado mágico na arte do "bootleg", aquela técnica de misturar duas músicas conhecidas e transformá-las em uma nova?
Dewaele
- Acho engraçado, porque não há nada de novo nisso. O hip hop sempre fez "bootlegs", com o Grandmaster Flash e muitos outros. A gente só resgatou um pouco essa mistura para o mundo dos superstar DJs, incluindo rock, disco, música francesa brega. Roubamos a idéia do hip hop, atualizamos e virou coisa nova. No final de tudo, é só um meio de mixar músicas.

Popload - Nos últimos sets do 2ManyDJs me pareceu que a maior diversão de vocês ainda foi desconstruir "Seven Nation Army", do White Stripes, e "House of Jealous Lovers", do Rapture. Elas vão estar no show do Tim Festival? E você pode adiantar alguma música e artista que também serão desosados pelo 2ManyDJs?
Dewaele
- Rapture e White Stripes devem estar sim. Ainda são os melhores exemplos de música moderna para as pistas. Sobre nosso set aí no Brasil, talvez toquemos alguma música do Sepultura. Ficaram de nos mostrar algumas cançoes. E acabamos de fazer uma mixagem ótima de Miss Kittin com Kraftwerk. Quais as músicas que usamos? Na hora vocês vão ver.

Popload - Você e o David têm um pai DJ. Qual a história?
Dewaele
- Meu pai, Zaiki, foi uma espécie de John Peel da Bélgica. Tinha programa de rádio e até na TV. Uma figura muito popular na mídia belga. Quando eu tinha 14 anos, ele falou: "Hoje a rádio está na sua mão. Você vai fazer o programa." Aí eu toquei meus discos do Kraftwerk.

Folha - Como foi a experiência de tocar no Rio de Janeiro, no Tim Festival do ano passado?
Dewaele
- Foi espetacular. Eu sempre achei o Brasil um "outro mundo", por não saber o que encontrar. E achei o lugar bonito, o público animado, com uma atitude bonita. Gostei tanto que voltei como turista este ano a São Paulo, com minha namorada. Acompanhei o pessoal do LCD Soundsystem no Sonar Brasil, fui a umas lojas de disco, conheci o pessoal do Sepultura. Eles até me convidaram para tocar em um clube com eles, fora do Tim Festival. Acho que vamos.

Folha - Neste ano vocês deram um tempo com o 2ManyDJs para dar um pouco de vez ao Soulwax. Como estão os shows do novo álbum, o "Any Minute Now" (O terceiro disco do Soulwax foi lan©ado em agosto e a banda está em plena turnê européia)?
Dewaele
- Os shows têm sido exatamente como é o álbum, cheios de energia. É uma apresenta©ão que deve ser diferente para cada um que o assiste, porque o disco é assim. A cada vez que você o escuta, vai descobrindo algo diferente nele. Pelo menos é assim para nós.

Popload - O disco abre com uma música chamada "E-talking", que é o novo single. Ela é sobre o que: conversas na internet ou conversas sob o efeito de ecstasy?

Dewaele
- Ecstasy. Mas não é uma música pró ou contra drogas. Ela fala sobre nossa experiência como DJs na noite e o fato de conversarmos com pessoas em estado alterado, o que geralmente rende um papo engra©ado e diferente. Mas é uma música ingenua, inofensiva. Apenas divertida.




GLOBO ENCANA NO LIBERTINES

Não só o "Jornal Hoje" dedicou nesta semana um bloco inteiro para o grupo inglês Libertines, como a emissora carioca anunciou que vai exibir dois especiais do TIM Festival com uma hora de duração cada, nos dias 07 e 14 de novembro, após o programa Sob Nova Direção. O primeiro programa - deste domingo, apresentará a transmissão ao vivo do show da banda The Libertines diretamente do Jockey Club de São Paulo. O segundo especial (do domingo dia 14) será um resumo dos melhores momentos dos três dias do TIM Festival 2004.

****************************************

PJ HARVEY - SÁBADO

Peraí. Você vai perder a PJ Harvey no Tim, neste sábado?: A amiga Teté Ribeiro viu a mulher em San Francisco e grita da Califórnia para você não marcar essa bobeira.

"Daí, né, a P.J. entrou no palco, lá pras 9 e meia (suuuuper tarde, aqui na Califórnia). Antes teve um show de uma tal de banda chamada Knife and Fork, que eu não conheço e vou esperar os meus amigos mais afoitos darem um parecer qualquer antes de investir meus ralos dólares e o pouco tempo que me deram pra viver aqui na Terra da Granola.

De volta à Deusa do Rock, Polly Jean estava com um vestido vermelho ultra-sexy acima do joelho, mas não muito curto, com uma manga só, três-quartos e meio pata de elefante, um luxo. Ah, e um sapato prateado de salto altíssimo em cima do qual eu nunca imaginei que nenhuma criatura ousasse dançar por mais de meia hora. Ainda mais cantando junto. E tocando guitarra. Em cima de um palco!

Tudo bem que ela não deve medir mais de metro e meio e nem chega a pesar 50 quilos, apesar do vozeirão dar a impressão de ter uma caixa toráxica no mínimo tamanho 44 para dar a base. Neca, ela é magrelinha, dança sempre do mesmo jeito -- variações do mesmo jeito, na verdade. No primeiro show que vi dela, quando abriu pro U2 no Madison Square Garden, em NY, e acabara de lançar "Stories From the City, Stories From the Sea" (gostou do "acabara", Luri?), era sempre assim, todo o peso do corpo apoiado no pé direito e o pé esquerdo atrás, batendo os dedos meio marcando o ritmo, meio marchando.

Agora, na turnê do "Uh Huh Her", o novo disco (ótimo, mas o anterior é o meu favorito dela, e um dos 10 favoritos de todos os tempos), ela já aprendeu outros passinhos, então batia o pé esquerdo atrás, mas também chegou a dar uma chacolhada com o microfone na mão, fora do pedestal e até rebolou de costas pra platéia e aí abaixou o corpo e deixou que a gente visse que ela usava uma calcinha da mesma cor do vestido. Ou assim me pareceu, lá da última fileira onde foi possível comprar um ingresso pro show um mês antes.

E teve uma hora e quinze de show, misturando as músicas do disco novo e do anterior, com mais um guitarrista, um baixista bem louco que bateu duas vezes a cabeça nas caixas de som de tanto que ele se jogava de um lado pro outro, e dois bateristas, sendo que um deles só se juntava ao resto do bando em algumas músicas. Aí teve o tradicional bis longuésimo de mais meia hora de show. E fim. É sempre assim. Ela sabe que vai ter bis mesmo, então prepara como se o show não tivesse chegado ao fim quando ela para de cantar. É um intervalo, e ela não vai fazer nem cara de surpresa quando voltar, que a P.J. não é boba nem nada.

Também não tem cenário, backing vocals, ventiladorzinho pra fazer o cabelo voar, nada disso. É a música dela, cantada por ela, com uns caras no fundo pra acompanhar. E não tem coisa melhor.




PROMOÇÃO DA SEMANA

E-mails sorteados no baú da felicidade da Popload vão concorrer a:

* um single original de "What Became of the Likely Lads", com uma versão diferente da do disco, mais uma inédita.
* uma camiseta feminina da Vinil (ver coluna da semana passada), com a estampa de uma turnê fictícia do Depeche Mode. A Vinil mostra suas camisetas de rock no www.garagem.net/vinil.
* Uma coletânea caseira do Peel Sessions dos Smiths, com raridades de uma da banda mais querida de todos os tempos gravadas no programa do saudosíssimo DJ inglês John Peel, morto recentemente. No CD, oferecido no capricho pelo leitor Alisson Guimarães, tem 15 faixas dos Smiths, entre elas "What's Difference Does It Make?" e "This Charming Man".




RESULTADOS DA PROMOÇÃO

Sabe quem ganhou?

* A camiseta de menino da Vinil, com estampa do show fictício deSonic Youth/My Bloody Valentine/Dinosaur Jr.
Paulino Ribeiro
Ribeirão Preto, SP

* Uma camiseta de menina do "Kill Bill", volume 2.
Helena Maria Batallin
Rio de Janeiro, RJ

* Uma camiseta da ótima Franz Ferdinand.
Cida Cobain
Salvador, BA




TIM-TIM

Um brinde para o seus shows. Semana que vem a gente volta com vida nova.
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

Leia as colunas anteriores

//-->

FolhaShop

Digite produto
ou marca