Pensata

Lúcio Ribeiro

21/01/2005

Quem fez quem?

"Would you like to come in now?
Would you like to come inside?
Chemical Brothers, em "Come Inside

"I beat that bitch with a hit
I beat that bitch with a hit
I beat that bitch with a hit"
Miss Kittin, em "Requiem for a Hit"

"Michael Jackson, Prince, Bruce Springsteen,
Tinar Turner, David Bowie,
Van Halen, Madonna..."
Mylo, em "Destroy Rock'n'Roll"




Si como no?




Epígrafes com alto teor dance. É tipo homenagem para "Push the Button". Para quem ainda não o catou no éter, o CD novo do Chemical Brothers chega às lojas nesta segunda.na Inglaterra e vem loguinho para o Brasil, segundo a EMI. O disco tem pelo menos cinco hits imediatos. "I need to believe in something", grita Kele Okereke (Bloc Party), na faixa "Believe". Coisa séria.




Quem já acredita em "something" e, mais, manda todo mundo "fazer something" é a Britney Spears, de calcinha e sutiã pretos, cantora de banda de rock e fazendo air guitar no novo videoclipe dela, "Do Something". Coisa, hum, séria.




Coisa séria, MESMO, é a música nova do distintíssimo System of a Down, "Cigaro", que vai estar no CD que sai no final de fevereiro. Vou dizer a primeira frase da canção, mas, se você é daqueles que fica facilmente ofendido, pula de item.
"My cock is bigger than yooooooooooours".




Beastie Boys onde? E, entre outras coisas, o rock canadense fala à coluna de forma exclusivíssima. Tudo lá embaixo.




Ano Rrrrrrrrrrrrrrock! Ivete Sangalo na capa da "Capricho" com a camiseta "Rock'n'Roll High School", dos Ramones. Só isso.




Chega aí, pode entrar. Quem tá aqui tá em casa.

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LAVOISIER NA BALADA

Se o químico francês Lavoisier estivesse vivo hoje, ele estaria se divertindo na noite, fácil. E não necessariamente ao som dos Chemical Brothers, sua possível banda favorita..

Essa balela é para dizer que a lei do "nada se cria e nada se perde, tudo se transforma" sempre foi tão apropriada para a natureza quanto o é, já faz algum tempo, para as pistas de dança. Do inglês Erol Alkan e seus hits misturados, do Jay-Z se misturando aos Beatles, todo mundo que frequenta o rock e a eletrônica sabe da máxima científica aplicada ao pop. Mas de uns tempos para cá está demais.

No meio do ano passado um tal de Cajmere lançou um single de uma tal "Powered". Só em vinil. Quando "Powered" bateu no meio da pista e voltou, trouxe as explicações. Cajmere é um dos codinomes usados pelo DJ Green Velvet, de Chicago, no começo de carreira. e "Powered" é "só" uma excelente mistura, tudo ao mesmo tempo, de "Love Buzz", do Nirvana, "House of Jealous Lovers", do Rapture, e "The Power", aquele antigo poperô do Snap. Deu para entender?

Outro exemplo de que nada se perde é o que fez o trio dinamarquês Whomadewho, que é divinamente classificado na seção punkfunk dirtydisco nowave. Se nada der errado, junto com a gravadora groovie alemã Gomma, o Whomadewho (da turminha boa do mixador Headman e do Munk) vai ser uma das coisas mais faladas neste ano, no terreno electronic-rock. O Whomadewho pegou o hit contagioso "Satisfaction", do farofa Benny Benassi, e transformou o electro-dance em... rock'n'roll.

É incrível descobrir, agora em 2005, que uma música tão pop-grude como "Satisfaction" ainda não se esgotou. A versão rock é ótima. Por duas razões:

Primeiro porque é... ótima.

Segundo porque os vocais são bem.. rock. Um cara e uma mina cantam, e aqui fica uma sugestão sincera deste colunista: na versão do Whomadewho, o cara canta IGUALZINHO ao Supla, gênio. E a garota lembra muuuuuuito a Luiza Lovefoxxx, do Cansei de Ser Sexy.

Combinação explosiva. O Supla, quer dizer, o cara que canta, acaba gritando "Rock'n'roll, baby. F**king rock'n'roll". Será que é o próprio?

Quer mais? Então tome "There's no LSF", Kasabian vs. Blur. O Kasabian, a mais nova tradução do indie dance largado da Inglaterra, é misturado ao grande Blur, exatamente o da fase indie dance, que gerou hinos como "There's No Other Way". E você pensa que acabou? Então ouça Kasabian vs. Stone Roses, mix de "Processed Beats", do primeiro, e o clássico "Waterfall", do segundo.

Várias músicas já estabelecidas gerando três novíssimos hits. Não seria de espantar se num belo dia o LCD Soundsystem aparecesse com algo tipo "Lavoisier is playing at my house".

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B-E-A-S-T-I-E BOOOOYS

Veio à tona uma data dos nova-iorquinos bambas Beastie Boys em Santiago, que seria parte de uma turnê da banda pela América do Sul. O que vem de gente quente no Chile é que o show de Santiago foi marcado esta semana para o próximo dia 19 de março, mas sujeito a alterações.

O acertado é que os Beastie Boys caiam no lado sul da América assim que a turnê por Japão e Austrália tivesse fim, no final de fevereiro. E que o trio encararia "un periplo por la región que también incluiría presentaciones en Brasil y Argentina".

Em show dos Beasties Boys o bicho pega. Amigos meus quebraram pé e braço em apresentação dos meninos.

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OUTRAS 24 HORAS

Medo. Depois da ameaça de assassinato do candidato à presidência americana, de uma bomba nuclear quase explodir em Los Angeles e após uma arma biológica dizimar metade da população da cidade, começou agitada nos Estados Unidos a quarta temporada da espetacular série "24".

Equivale a dizer, começou o quarto pior dia da vida do agente antiterrorista Jack Bauer. O seriado, no formato "tempo real" e para qual é recomendado assisti-lo ao lado de aparelhos como desfibrilador e tubo de oxigênio, verá seu ano quatro iniciado no Brasil apenas no longínquo 7 de março, no pós-Carnaval.

Voltando, a série começou agitada dentro e fora da tela. Dentro: um apaixonado (por uma linda mulher... casada) Jack Bauer foi demitido da agência secreta por causa do vício em heroína (adquirido em missão). E agora trabalha direto para o Secretário de Defesa dos EUA. A primeira hora começa com um trem explodindo por um turco. Mas o trem explodindo foi só uma despistada para um negócio muito maior E aí, a tal linda mulher...

O capítulo de estréia de "24", de duas horas de duração, teve generosas críticas na imprensa americana. Até o grande colunista de cultura do "New York Times", Frank Rich, gastou linhas falando do início da série e de como agora "24" deixou de poupar os inimigos e deu nome aos bois: nada de um sujeito de um país da ex-Europa Oriental com sotaque esquisito. São iranianos, iraquianos, a Al Qaeda.. Rich termina dizendo como vê o mundo pop ficcional mais bem preparado para lidar com o terrorismo internacional do que o governo real.




TOMA AÍ - Por causa de um amigo bem relacionado e com grande agilidade no mundo paralelo, este colunista já viu chegar a suas mãos (hum... às do colunista) os cinco primeiros episódios da nova temporada de "24". As cinco primeiras horas completas. E ainda prepara uma ocasião especial para vê-los, por que a coisa não é simples assim. Mas isso não impede de sortear aqui, para quem não quer esperar até lá em março para ver o Bauer em ação, um CD com as duas primeiras horas da série, tirada da TV americana e gravada no formato ".avi". Se você sabe dos riscos, peça para entrar no sorteio, através do lucio@uol.com.br. Vai encarar?

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BBB

O "Big Brother". Mas o "Britânico", não o "Brasil".
Lá o que está rolando é o "BB" de celebrities, já falado aqui nesta coluna.

Você sabe, o Bez, ex-dançarino do Happy Mondays, está na parada. E por causa da presença do lesadaço no programa, já está renascendo um culto forte à ex-banda de Manchester. Além de os discos do Happy Mondays ganharem novo gás nas vendas, o grupo resolveu marcar uma turnê, com o The Farm ("All Together Now") abrindo.

O do sempre "loaded" Pete Doherty, ex-Libertines e atual Babyshambles, quase participou, mas ele teria dito que seria um perigo ficar preso em um lugar sem ter acesso aos produtos que mantêm seu vício pesado. A produção do programa chegou a oferecer a Pete fortes medicações nos bastidores do "BB", para livrá-lo da fissura em pleno ar.

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LITERATURA PARA OUVIR

Já tem forma e cores a edição nacional do livro "Trainspotting", do escocês Irvine Welsh, livro que surgiu na época em que a literatura catapultou o rock (britpop) e a música eletrônica (lembra "Born Slippy", do Underworld, no filme?). E nas próximas semanas é a vez de ser lançada por aqui "31 Canções", coletânea de ensaios sobre as músicas que marcaram a vida do escritor pop Nick Hornby. Mas... sem o CD. O que é uma sacanagem mas ao mesmo tempo não tem problema nenhum.




TOMA AÍ - Um fresquíssimo exemplar de "Trainspotting", lançado pela Rocco, vai a sorteio naquele endereço de sempre. É só se candidatar.

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NOVO IPOD (HÃÃÃÃ?)

iPod Shuffle. Em tom de brincadeira, pensava-se, a Apple aconselha pessoas a "não come"" (Do not eat) o novo e maravilhoso iPod que tem tamanho de um Trident. Parece que, na verdade, os advogados da megaempresa estão preocupados com a possibilidade de os clientes irem longe demais com a comparação do aparelhinho mágico com o chiclete. E também com a chance de alguém usar o iPod Shuffle para se, hã, se divertir demaaaaais com o iPod de formas sugestivas... (Do not... eat).




Em tempo, a primeira leva de iPod Shuffle, agora, só em lista de espera. Em Nova York e Londres, o aparelho lançado na semana passada já está esgotado.




Moderna e enxergando longe, a marca Triton botou modelos para desfilar com iPod na São Paulo Fashion Week.

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POR FORA




Da CALIFÓRNIA, por Sérgio Dávila

"Da série o crime imita a arte, que imita a vida: a malandragem das drogas do Queens, em Nova York, gosta tanto do seriado 'The Wire' (o maior sucesso atual da HBO, exibido nos domingos à noite), que a polícia passou a assistir aos episódios para saber o que a bandidagem planeja fazer na semana seguinte. Por exemplo: os traficantes tiraram da série a idéia de só usar celular pré-pago uma vez e jogar fora, para dificultar a escuta, já que cada número a ser interceptado pela policia precisa de aprovação judicial. Até o juiz liberar a escuta no novo número, o celular já está no lixo. E um novo em uso..."




De LONDRES, por Marco L.

"É "Control" o título provisório do filme sobre Ian Curtis, o líder-mártir do Joy Division. A biografia será dirigida pelo fotógrafo de rock Anton Corbjin, que estréia da direção. Os produtores do filme são Tony Wilson ("A Festa Nunca Termina") e a viúva de Curtis, Deborah. O filme deve ser baseado em "Touching from a Distance", o livro de Deborah sobre o marido que se enforcou nos anos 80. O holandês Corbjin, hoje um dos maiores fotógrafos de rock do mundo, famoso pelo seu trabalho com o U2, decidiu se mudar para a Inglaterra em 1979 para fotografar a sua banda favorita na época, o Joy Division. A decisao de quem vai ser Ian Curtis no cinema será no mínimo polêmica. Estão cotados o astro Jude Law e Sean Harris, que já encarnou Curtis no filme de Tony Wilson."




De MILÃO, por Walter Matsuzoe

"Rocket, o melhor clube de rock de Milão, resolveu fazer algo inusitado: um karaoke rock. Mensalmente ( sempre no último domingo ), quem quiser saborear 15 minutos de fama, pode arriscar um Oasis ou quem sabe até um Radiohead, com uma banda tocando ao vivo. Todas as "apresentações" são filmadas e é possível comprar um DVD com o vexame."

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POPLOAD BRAZILIAN TOUR 05

Foi espetacular, animadíssima e "hot" a passagem deste colunista por Florianópolis. Pista sempre cheia, povo com as mãos para cima e gente pedindo até Kaiser Chiefs. Luxo.

Já que o espaço se abre, este escriba tenta engatar verdadeira turnê absurda e deve fechar novas discotecagens, para as próximas semanas, em lugares como Vitória (ES), Franca (SP) e Porto Alegre (RS).

Enquanto a "brazilian minitour" não se consolida, Popload e Garagem se encontra nesta sexta nas picapes do Atari, onde haverá discotecagem minha na noite do Paulão. Balada forte. Aparece lá.

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POPICES

Nesta quinta (hoje, para quem estiver lendo... hoje), na descolada loja-bar Milo Garage (Ninguém rela no pôster do Secret Machines. É meu!), tem festa da descolada Peligro, com show do descolado Objeto Amarelo. Noite descolada, portanto.// Sexta, no "palquinho quadriculado" da Funhouse, toca a indie-fashion Pullovers, com participação da Geanine Marques.//

Ah, ainda na sexta, nesta balada do Atari em que este colunista toca com o Paulão Garagem, tem um especial do Franz Ferdinand.// Já sábado, no Atari, a banda santista Drosophila toca na noite bamba do Click, Vinil, Custódio.// Enquanto isso, ainda no sábado, o Last Pain leva sua dor derradeira ao Jive, na noite comandada pelo Flavio Forgotten e a Lu Riot. Na noite, a Valéria Valium engata uma performance.// Informação internacional. O ex-menudo Charlie foi preso está semana em Miami. Para você ver como é a vida?// Música linda da semana: "In a Funny Way", Mercury Rev. Está no disco novo, que será solto na semana que vem.//

Neste domingo, Daniel Belleza e os Corações em Fúria e a banda de meninas (não só) Verafisher defendem com força o indie rock na festa do projeto 2emum, no bacana Avenida Club (Pedroso de Moraes). Até aí, tudo bem. Mas a noite vai ter ainda, nas picapes, a presença DELE, o orkuteiro e inqualificável Humberto Zap Finatti. Para não perder.// O disco novo do Beck, parece, já vazou. E, parece, é fraquinho.// Este renascimento do Coldplay no noticiário pop, causado pela expectativa da chegada do novo CD da banda, quase teve que dar espaço para uma... morte. O avião de 30 lugares em que estava o vocalista Chris Martin teve pouso forçadíssimo na África, nesta semana.

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CULPE O CANADÁ

Os moleques do desenho americano absurdo "South Park" estão proibidos de fazer troça do vizinho Canadá. O mais quente levante de bandas boas a tentar mudar o eixo da música jovem (Inglaterra-EUA) vem da terra gelada que um dia deu ao rock Neil Young, aquele que cantou que o rock'n'roll está aqui para ficar.

E, dependendo do que se viu no final de 2004, o paralelo da frase famosa de Young e seu conterrâneo canpop é mais que oportuno. O rock canadense, não é novidade para quem acompanha este espaço, já enfileira nomes de bandas badaladas por qualquer canto pop, tais como The Dears, Arcade Fire, Death from Above 1979 e Unicorn, só para ficar com alguns. Do Japão à França, da Inglaterra ao Brasil.

A situação inusitada deste despertar do Canadá para a música está indo além fronteira muito por culpa de duas coisas: do governo canadense e de uma obsessão esquisita com a morte.

"Pode até ser coincidência que a melhor música por aí esteja vindo daqui", disse à Folha sem modéstia, de Montréal, por telefone, o vocalista do grupo Dears, Murray Lightburn, considerado uma espécie de Morrissey negro. "Mas o apoio financeiro que as bandas receberam do governo e do lado empresarial para gravações e turnê está mostrando resultados."

Murray, um dos sujeitos mais "cool" na música pop em 2004, segundo o semanário inglês "New Musical Express", se refere ao Factor, um fundo governamental dedicado ao talento musical canadense, que assiste a banda ainda na produção, na distribuição e na promoção do disco.

O levante canadense com empurrão estatal já começou a ser sentido em 2002, quando nomes como Hot Hot Heat, Stills e Broken Social Scene já apareciam com destaque na música pop, aproveitando a porta aberta por Strokes e White Stripes, na revolução do novo rock.

Mas agora a cena surge forte, una, liderada pela turma de Montréal, representada pelos já altamente badalados Dears e principalmente pelo insólito Arcade Fire, duas bandas que foram assombradas pela morte.

"Nosso segundo disco (o primeiro internacional) nasceu quando despertamos do 11 de Setembro e de toda aquela tragédia", fala Lightburn, sobre a inspiração que gerou o álbum "No Cities Left" (Não Restaram Cidades), o atual cartão de visita do Dears para o pop mundial -- o papo com o vocalista do Dears você acompanha na íntegra no próximo item.

Já o sexteto Arcade Fire arranjou espaço em várias listas de melhores de 2004 mesmo lançando seu primeiro CD no final do ano, o sugestivo "Funeral". O tom funesto do disco foi originado durante as suas gravações, quando quatro familiares dos integrantes morreram.

A morte parece ter dado vida longa a Dears, Arcade Fire e o restante do canpop (a explosiva dupla Death from Above 1979, de Toronto, tem morte no nome).

O Dears já está escalado para a próxima edição do festival Glastonbury, em junho, um dos maiores festivais de rock do planeta. Steve Lamacq, da BBC de Londres, o mais conceituado DJ da música indepentente, elegeu "Lost in Plot", lindíssima canção de "No Cities Left" (lançado em outubro), como sua melhor música de 2004. A banda de Lightburn começa na quarta-feira próxima, em Dublin, uma turnê européia que só vai acabar no final de fevereiro, na Suécia.

O que o Arcade Fire já causa ao pop também impressiona. Se em outubro o grupo era considerado, entre centenas de outros, a banda mais "hot" do festival nova-iorquino CMJ, agora em 2005 o sexteto canadense vai tocar no Coachella, na Califórnia, o maior festival do verão americano.

Atualmente em turnê pelos EUA, o Arcade Fire vive um namoro americano desde que seu "Funeral" foi elevado à categoria de álbum do ano segundo o sisudo jornal "Washington Post", que já derrubou presidente.

Uma incrível procura por ingressos fez o show da banda em Nova York, marcado para o dia 1º de fevereiro, ser movido do clube Bowery Ballroom (550 pessoas) para o Webster Hall (2.500). As 500 entradas para a apresentação que aconteceria ontem no Troubador, em Los Angeles, levaram 15 minutos para se esgotarem, quando foram postas à venda.

Todo o barulho em torno do Arcade Fire vai aumentar ainda mais em fevereiro, quando "Funeral" for lançado no Reino Unido. A gravadora Rough Trade venceu uma verdadeira batalha para assegurar a edição inglesa do disco.

No Brasil, "Funeral", edição americana, pode ser comprado a preços brasileiros (R$ 35) na gravadora virtual Peligro.

Na internet, pode ser facilmente encontrada uma versão ao vivo de uma música chamada "Brazil", que nada mais é que a versão indie rock de "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso. Mas, em vez de cantar coisas como "Tira a mãe preta do cerrado", o Arcade Fire usa frases mais americanizadas de uma versão antiga para a música de autoria de Frank Sinatra.

Outra conexão insólita entre os novos roqueiros canadenses e o Brasil aparece no lado B do single de "Romantic Rights", lançado em novembro pela dupla do barulho Death from Above 1979 --formada em Toronto pelo baixista Jesse Keeler e o baterista-cantor Sebastien Grainger.

Trata-se da faixa "Do It 93 (Live in Rio)", gravada, segundo os créditos do CD, em "Edmundo's Pepe Beach"... Edmundo, aquele? Pepê, aquela?




DEARS - Leia a entrevista com Murray Lightburn, o vocalista da banda Dears, originalmente feita para a Folha de S.Paulo. O álbum "No Cities Left" deve sair no Brasil ainda neste semestre, pela gravadora Trama ou por iniciativa independente, principalmente porque Lightburn afirma ter convite para tocar aqui no país.

Folha - Do final de 2004 para cá o Dears já é razoavelmente conhecido no pop. Do final de 2004 para trás, qual é a história do Dears?
Murray Lightburn
- O Dears começou há uns dez anos. Éramos eu e dois amigos, que depois largaram a banda. O Dears é um sexteto que tem três pessoas fixas. As outras três estão sempre saindo. Em 1998, gravamos um disco, "End of a Hollywood Bedtime Story". Ninguém estava fazendo, no Canadá, o mesmo tipo de música que nós. Então conseguimos boas críticas. Até que lançamos "No Cities Left", no ano passado.

Folha - Como você vê o salto na carreira do Dears de Montréal para o Reino Unido em 2004?
Lightburn
- Eu ainda não entendi direito, sabe? Mas vou levando na boa. Nosso segundo álbum é o primeiro lançado fora do Canadá!

Folha - O que achou de a "NME" ter colocado você na lista das pessoas mais descoladas de 2004?
Lightburn
- É tudo muito bom, fantástico, mas eu não me considero nem um pouco "cool". Você deveria ver minha calça de pijama. É muito, muito "uncool"..

Folha - Fale um pouco do álbum "No Cities Left".
Lightburn
- A inspiração para esse álbum foi a esperança nos momentos de desespero. O disco nasceu quando despertamos do 11 de Setembro. Estávamos indo para o estúdio, ligamos a TV e toda aquela bagunça estava acontecendo. Isso muda você. É triste que algo tão trágico precise acontecer antes que você pense sobre as coisas importantes da vida. Ou da morte, que seja.

Folha - Quais são os planos da banda para 2005?
Lightburn
- Temos uma turnê imensa começando em 19 de janeiro. Em algumas cidades nos EUA, Reino Unido e Austrália. Vamos começar a trabalhar em nosso terceiro álbum em abril. E tem esse papo sobre nós irmos para o Brasil. Temos o convite.

Folha - Não há muitos negros no rock. E agora surgem você e o Kele Okereke, cantor do Bloc Party. É a vez de cantores negros?
Lightburn
- Acho que sim. Estive em uma conferência e um cara disse que, em dez anos, os negros vão estar totalmente fora do hip hop! Em 20, as pessoas vão achar que hip hop é coisa de branco!

Folha - Que tipo de música você gosta de ouvir?
Lightburn
- De todos os tipos. De Led Zeppelin a Smiths a...

Folha - Você curte bandas novas?
Lightburn
- Tirando as bandas dos meus amigos, fica difícil porque... você ouviu falar daquela banda Modest Mouse? Finalmente eu os ouvi, depois de todo o hype. Não são maus. Normalmente bandas novas me entediam. E é isso que me preocupa: não quero que as pessoas ouçam The Dears e fiquem entediadas.

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PRÊMIOS (OFERECIDOS E DADOS)

Para completar o pacote de promoções desta semana (CD do episódio de "24" e livro "Trainspotting"), esta coluna bota a sorteio também a nova coqueluche dos leitores: a cartela cool de ímãs do Radiohead, oferecida na semana passada e megapedida. De quebra, vai também uma cópia caseira do novo Chemical Brothers, "Push the Button", desta vez a última, porque em duas semanas a versão oficial sai no Brasil.




RESULTADO DAS PROMOÇÕES - A lista de ganhadores das semanas passada e retrasada pintam aqui ainda hoje. Porque, por enquanto, é só.

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Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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