Pensata

Lúcio Ribeiro

25/02/2005

Medo e Delírio

"Everyday I love you less and less
My problem is when you and me need sex
It makes me sick to think of you undress
Since everyday I love you less and less"

Kaiser Chiefs, em "Everyday I Love You Less and Less"

"Ziggy, eu sei pintar
Eu não vi o seu filme
Não sou de jogar
Não bebo em péééééééé"

Seu Jorge, em "sua" "Ziggy Stardust"

"I wonder why, I never wonder why
The easiest things are so hard"

Bravery, em "Unconditional"


Ay, caramba!
A coluna começa inusitada, diferente, cabeça, brasileira.
Sim, eu sou brasileiro.
Então eu vou falar agora do cinema nacional, do teatro nacional e da música nacional.

* Viva o cinema nacional. O diretor marginal Ivan Cardoso voltou a filmar. Olha o nome do filme que ele está rodando na Floresta da Tijuca: "Amazônia Misteriosa". Demais. É a história de um grupo de amigos que quer saber o que tem lá no meio da floresta. E contratam um guia para levá-los. E, na base do Santo Daime, vão se meter com duas coisas: com assassinatos sinistros e com a lenda das mulheres amazonas que se amavam. Parece que vai rolar um beijo entre as atrizes Karina Bacchi e Danielle Winits, estrelas do filme. Isto é Ivan Cardoso.

* Viva o teatro nacional. Não me pergunte como e por quê, mas comprei ingressos para a estréia da peça "Lendas & Tribos", em março, montada no teatro Dias Gomes. A peça tem capoeira e MPB e é uma realização da Oficina dos Menestréis, grupo comandado por... Oswaldo Montenegro.

* Viva a MPB. Viva Seu Jorge. O cara volta ao Brasil depois de fazer curvar os europeus diante de sua musicalidade gingada. Não estou zoando.

O badalado DJ Zane Lowe, da Radio One inglesa, me disse em troca de email que foi a um espetacular show do Seu Jorge. A chamada para a seção de lançamentos de discos do caderno de música do jornal "The Observer" era assim: "Os novos do Queens of the Stone Age, Beck e do "brilliant" Seu Jorge". Gringos....

Seu Jorge andou estraçalhando músicas do David Bowie, para um filme hollywoodiano, o "The Life Aquatic with Steve Zissou". A fantástica "Rebel Rebel" virou uma bossa nova esquálida cuja letra sofreu uma transformação brasileiro-adaptativa. Pode ser?

Na parte tal, a do refrão, a letra ficou assim: "Zero a zero, 'gora eu vou / Você deu mole, então eu marco gol / Zero a zero, você venceu / Passe amanhã e pegue o que é seu..."

É claramente uma briga amorosa de um fulano "contra" uma fulana. E, seguindo a letra, ele marca o gol, mas está zero a zero e ela vence.

Gênio. Como disse um amigo meu, depois falam de "Festa no Apê".

* Todas as datas do Placebo, a ponte-aérea São Paulo_Londres, o último texto do grande Hunter S. Thompson, a maior (e menor) banda da Seattle pós-grunge, Paris Hilton rocks, a principal música do planeta hoje. Isso e mais aquilo. Vamos nessa.




LONDRES É LOGO ALI

A música independente brasileira, quem diria, finca bandeira em Londres, o sonho máximo da música independente de qualquer lugar do mundo. Saiba agora o que está acontecendo com o grupo indie Wry, de Sorocaba, com o Cachorro Grande, de Porto Alegre, e com Seu Jorge. Seu Jorge?

Banda conhecida do circuito alternativo paulista, o Wry abandonou Sorocaba por volta de 2002 e foi cair em Londres, de guitarra e cuia.

Seus integrantes, desde então, passaram a dividir o tempo entre empregos chatos durante o dia e mergulhos na "cena" à noite.

E o Wry, para uma banda brasileira que havia pouco estava no interior de São Paulo, se encontra agora no meio do furacão do novíssimo rock inglês, bem sujo, bem de rua, bem underground.

Desde o ano passado, o Wry está na cola de duas bandas-amigas, Subways e The Rakes, que já tocam em rádio grande e estão no importante circuito de festivais. Com os Rakes, o Wry já fez shows e tocou em pequenos festivais. Com o empresário dos Subways, Ben Kirby, o vocalista Mário Bross comanda a noite Goonite às quartas no Buffalo Bar, no movimentado bairro de Islington. Tem bandas da cena tocando ao vivo e Mário manda na pista indie rock e punk pop, segundo sua descrição. Kelle Okereke, do Bloc Party, e os caras do Franz Ferdinand e Darkness frequentam o Buffalo Bar.

Agora em março, o Wry finaliza novo álbum. Um single da banda, "Come and Fall", pode ser achado na famosa loja da Rough Trade.

Enquanto o Wry come pelas beiradas, o grupo gaúcho Cachorro Grande se instala direto no lendário Abbey Road, o estúdio mais famoso do mundo (famoso por causa daquela "outra" banda lá).

A emergente gravadora Deckdisc bancou a ida dos Cachorros para Londres para a masterização do novo disco, "Pista Livre", masterização essa pilotada pelo engenheiro de som Chris Blair, que até trabalhou no "Kid A", álbum campeão do mega Radiohead.

"Pista Simples", um álbum perfumado de Beatles, tem lançamento previsto para maio.




PLACEBO E O ESQUEMA DAS BANDAS INDIES

A única coisa a retificar no anúncio exclusivo da semana passada, sobre o festival da Claro, é que Ribeirão Preto não está mais na rota do Claro Que É Rock, na etapa das seletivas em que o grupo inglês Placebo é a atração principal, tocando em oito cidades. Campinas, de última hora, tomou o lugar de Ribeirão. Confira todas as datas da primeira etapa do festival.

15/04 (sexta) - Recife - Abril Pro Rock
16/04 (sábado) - Salvador
19/04 (segunda) - Porto Alegre
21/04 (quinta) - Florianópolis
23/04 (sábado) - Brasília
26/04 (terça) - Campinas
27/04 (quarta) - São Paulo
29/04 (sexta) - Rio de Janeiro

OS INDIES - Para entrar na seletiva do Claro Que É Rock e sonhar primeiro em tocar com o Placebo, depois no festival mesmo, no segundo semestre, é preciso enviar material da banda para a caixa postal 37808, CEP 22640-970, no Rio de Janeiro. Tem que ser banda iniciante, sem gravadora, segundo o requisito. O material tem que chegar na caixa postal até o dia 1o de abril (hehe). Um júri, armado pelo festival, fará a pré-seleção do material enviado e desta fase sairão cinco bandas de cada uma das oito cidades que receberão as seletivas regionais. Aí, segundo o informe da Claro, "o grupo de cinco bandas participará do show da seletiva regional e de cada uma das cidades sairá uma banda vencedora, que garantirá sua participação no festival. A banda eleita como a melhor de sua região por um júri especializado e pelo público receberá 15 (quinze) mil reais em equipamentos musicais, escolhidos livremente, além de garantir sua presença no festival em setembro".

Mais info, a partir de 28 de fevereiro no portal da empresa (www.claroideias.com.br).

O FESTIVAL - O Claro Que É Rock em si, o festivalzão que vai brigar grande com o Tim Festival, acontecerá em setembro, no Rio de Janeiro e em São Paulo. No Rio é 15 e 16. Em São Paulo, 16 e 17. Terá dois palcos, o principal, com cinco atrações (inter e nacionais) e o Demo Hits, para os independentes selecionados nas seletivas.




MR. HUNTER S. THOMPSON

O escritor gonzo Hunter S Thompson, um dos gênios do jornalismo americano, deu um basta na sua vida bem loka nesta semana. Ovelha negra, bêbada e drogada do new journalism, quebrou barreiras nos anos 70 ao misturar em reportagens (tipo luta de boxe, corrida de moto ou campanha presidencial) a notícia real com fantasia, mas uma fantasia própria de sua cabeça em constante viagem. E foi exatamente a sua cabeça que levou um tiro dado por ele mesmo, no último domingo, à la Kurt Cobain. Tinha 67.

Dias antes do suicídio, Hunter inventou um novo esporte, o Golfe ao Alvo, um golfe cujo taco seria uma espingarda. E explicou sua invenção para o ator Bill Murray ("Encontros e Desencontros"), em um papo telefônico. Thompson botou a idéia e a conversa com Murray em seu último texto, para a ESPN. Abaixo, um trecho:

"A morte do hockey profissional na América é um presságio desagradável para pessoas com investimentos pesados em times da liga. Mas, para mim, significa pouco ou nada -- e foi por isso que liguei pro Bill Murray com uma idéia que mudaria nossas vidas para sempre.
Era 3h30 da manhã de uma terça-feira escura quando eu ouvi o telefone tocar na linha pessoal dele em New Jersey. "Bem pensado", eu disse a mim mesmo enquanto acendia um Cohiba. "Ele deve estar bem acordado uma hora dessas, ou pelo menos eu posso deixar uma mensagem bem animada."
Meu pressentimento sinistro estava certo. O filho-da-puta atendeu na quarta chamada, e eu senti meu coração disparar. "Porra!", pensei. "É assim que impérios são construídos." Tarde? Eu sei o que não é tarde.
"Gênios ao redor do mundo ficam de mãos dadas, e um choque de reconhecimento faz com que todo o círculo gire."
H.Melville disse isso no inverno de 1914 e Murray está bem ciente disso.
Só um louco iria ligar para uma lenda do tamanho do Bill Murray às 3h30 da manhã sem nenhum bom motivo. Seria um movimento fim-de-carreira, além de extramamente rude.
Mas meu motivo era "mais que bom"

BILL: "Alô?"
HST: "Oi, Bill, é o Hunter."
BILL: "Oi, Hunter."
HST: "Você está preparado para uma idéia poderosa? Quero te perguntar sobre golfe no Japão. Fiquei sabendo que eles estão construindo campos verticais um em cima do outro".
BILL (parecendo estranhamente desperto): "Sim, eles têm ao ar livre, cobertos..."
HST: "Vi fotos. Achei que pareciam pistas de boliche empilhadas uma sobre a outra"
BILL: (Risos)
HST: "Estou trabalhando em uma história bem bobinha aqui. É maravilhosa. Inventei um novo esporte. É o Golfe ao Alvo. Vamos dominar o mundo com essa coisa"
BILL: "Mmhmm."
HST: "Te liguei pra você me dar uma consultoria no lançamento. Nós já o lançamos na verdade. Na última primavera, o "xerife" e eu jogamos lá fora no quintal. Ele ficou com minha Ping Beryllium 9 e eu fiquei com a espingarda dele, e mais ou menos a uns 9 metros de distância a gente colocou um linóleo verde e uma bandeira. Ele mirava o verde. Eu estava há uns 3 metros de distância dele, com a arma. Meu objetivo era, em suas tacadas, estourar suas bolas a tiro, claro, como um pombo de argila.
BILL: (Risos.)
HST: "Não funcionou no começo. A arma que eu estava usando era pequena demais. Mas a de dois canos com certeza deu certo. E foi divertido"
BILL: (Risos.)
HST: "Certo, não queria te acordar. mas eu sabia que você ia querer ficar no térreo dessa coisa"
BILL: (Silêncio)
HST: "Quer discutir isso amanhã?"
BILL: "Claro."
HST.: "Excellent."

(continua...)
(no sports.espn.go.com/espn/page2/story?id=1992213)

* A escritora indie Clarah Averbuck quis escrever sobre Thompson. E escreveu: "O pessoal do CardosOnline vai cometer suicídio coletivo", disse um amigo de um amigo meu, que eu não conheço -- mas que mandou muito bem. O CardosOnline era um e-zine gaúcho onde eu orgulhosamente comecei a minha vida pública, assim como Daniel Galera e Daniel Pellizzari. E, desculpe a pretensão, tal e-zine foi um dos introdutores do jornalismo gonzo por esses pagos. Gonzo consiste em ser jornalista e ser escritor ao mesmo tempo em que se é uma pessoa interessante, personagem de si mesmo, que fica se metendo nos lugares e opinando e fazendo parte da história e falando exclusivamente sobre coisas que o interessam. Ou seja, muito mais legal do que esse jornalismo sem graça e distante que temos por aqui. Não se pode usar primeira pessoa em paz que já começam a confundir com egocentrismo. E pode até ser mesmo, mas quem se importa se for legal? O que importa é ser bom. O resto é supérfluo.
E Hunter Thompson era bom.
Era.
Bum, tiro na cabeça. Miolos pra todos os lados, eu imagino. E lá se vai o Senhor Gonzo. Sobreviveu a tanta droga e acabou pegando uma arma da sua coleção e tendo uma última idéia - boa ou ruim, ele só poderia dizer depois de executá-la. Bum. Ele dizia que a ficção é baseada na realidade a não ser que você escreva contos de fada. Então não reparem o monte de "eu" no texto, foi ele que me ensinou. Mas agora ele está morto e todo mundo vai saber, mais uma daquelas coisas que a gente guarda numa caixinha debaixo da cama como um tesouro secreto e que um dia todo mundo descobre.
Bum. Tiro seco.
Eus pra todos os lados, eu imagino.
Eu não li todos os seus livros, nem metade do que ele escreveu
na "Rolling Stone", e mesmo que eu venha com aquele papo da caixinha debaixo da cama acho que todos os jornalistas que se prezem e não querem ser medíocres e substituíveis deveriam conhecer o meu amigo Gonzo. E especialmente todos os estudantes que podem representar a salvação do jornalismo brasileiro deviam cobrar dos seus professores que dão a mesma aula há 20 anos que eles conheçam e introduzam seus futuros alunos ao Seu Gonzo. Que bum, estourou os miolos e deixou de ser uma lenda viva pra ficar pra sempre nos livros. Como diria o Leonard Cohen, "todo mundo sabe que você é eterno quando você escreveu uma linha ou duas."




MS. PARIS HILTON

Essa é e está bem viva. A herdeira triliardária do conglomerado Hilton se meteu em outro zunzum no sábado passado, depois que um hacker conseguiu entrar na agenda do seu celular e liberou para o mundo o telefone de vários famosos. A maioria das celebridades chegou a receber cerca de 100 trotes logo na madrugada de sábado, quando os números foram parar na internet.

Parece que o email também foi hackeado. E umas fotinhos rolam pela rede.

Amigo acha que é coincidência demais o celular e o e-mail dela serem hackeados logo agora que o filme "House of Wax" vai estrear em maio (em agosto no Brasil). Um balanço do que rolou com a Paris desta vez:

* Fotos da moça, topless, se atracando com a VJ Eglandina Zingg, da MTV Latino (registrada na lista de números como Egplant Dike Ass). Até a MTV noticiou;
* Anotações de celular do tipo "telefonar para o gary e pegar o vídeo de tudo". Vídeo? Uhn...
* Em um trote dado por um site, o ex-namorado Nick Carter soltou: "A Paris é tão burra...";
* A Fergie, do Black Eyed Peas, reclamou que tarados não param de ligar para ela depois que o número foi publicado na internet;
* Entre os amigos de Paris que tiveram de trocar de telefone: Jay Z, Eminem, Jared Padalecki (de Gilmore Girls), Fred Durst e Lindsay Lohan;
* Em um dos e-mails hackeados, Lindsay conta a Paris: "Jessica simpson estava só no pó no banheiro do shoreclub. Eu a vi no banheiro com seis garotas, limpando o nariz. Fiquei chocada, mas meu motorista disse que tinha visto ela pedindo pó na outra vez que ela veio para cá";
* Vários dos nomes estavam escritos de forma errada (as anotações, então...). Paris virou piada - de novo;
* Outra anotação: "get birth control kill pill";
* Um dos contatos de Paris, um tal de Paul, deu uma entrevista a uma rádio americana. O radialista: "Você transou com ela?". E o cara: "Não, foi só sexo oral.";
* O ator Simon Rex escreve, via e-mail: "Você é a melhor f*** que eu já tive.";
* Mais de Lindsay, agora sobre Ashlee Simpson: "Arme para alguém pegá-la cheirando coca!";
* Fred Durst, também por e-mail, declara seu amor eterno e diz que não se barbeou (!) desde a última vez que eles se viram;
* Um dos e-mails mandados por Paris para um tal de Mark tem uma linha de assunto simples: "My ass." Junto com o e-mail, uma foto do ass dela.




LEVANDO PARA FORA

Nada mais natural que a principal música do ano passado, a ainda hoje estupenda "Take Me Out", do Franz Ferdinand, ganhassem roupagens outras.

A festiva banda nova-iorquina de gay disco Scissor Sisters amansou a explosão de ""Take Me Out" e fez a música ir no ritmo pianinho. Parece, mesmo, Elton John.

Já o pesado grupo escocês Biffy Clyro fez "Take Me Out" parecer obra do Marilyn Manson.

Enquanto isso, na semana passada, na Escócia, o Franz Ferdinand ele mesmo surpreendeu em show beneficente, para ajudar as vítimas do Tsunami e tal. Emendaram a "Jacqueline" uma cover de 'In Bloom", do Nirvana, que ficou bem decente.




O GRUNGE ESTÁ VIVO. E TEM 10 ANOS DE IDADE

Haha! O rock está em produção descontrolada. A coisa anda saindo de todas as formas, cores, cheiros, jeitos, estilos. E está ótimo.

Por exemplo o Smoosh, novo produto da antes prolífica Seattle, que já foi elogiado pela "Mojo", "CMJ", ganhou cinco estrelas da "Alternative Press" é a banda-querida atual do Eddie Vedder, do Pearl Jam.

Nada muito diferente com bandas novas "escolhidas" não fosse o Smoosh um grupo de duas irmãs, Asya e Chloé, a primeira de 12 e a segunda de 10 anos de idade!!!

Asya é guitarrista, tecladista e canta. Chloé é uma baterista, dizem, melhor que a grande Meg White.

As meninas foram um achado do baterista do Death Cab for Cutie, que tem uma loja-escola de rock, onde um dia a Chloé entrou para comprar um violino e saiu com um set de bateria.

Pouco depois e a história você vai saber até cansar, o Smoosh já estava abrindo os shows do Death Cab.

O Smoosh, para completar, caiu nas graças de Everett True, o jornalista britânico, ex-"Melody Maker", que descobriu o grunge, Seattle, Nirvana e esteve inserido na grande revolução do rock da virada dos 80 para os 90.

True edita hoje a ótima e indie revista "Plan B", cuja capa desta edição estampa Asya e Chloé.

Está na "Plan B": "Eu sei o que você está pensando. Irmãs bonitinhas americanas + longos cabelos compridos e loiros + adoradas pelas rádios alternativas comerciais + patrocinadas por uma marca de refrigerante = Hanson. Errado, embora não haja nada de errado com isso, já que "Mmmbop' foi uma das grandes músicas-chiclete dos anos 90, o equivalente a "Hey Ya' para estes tempos. Fácil!"

Asya e Chloe não cantam pop-chiclete. Não têm fãs mirins que se descabelam por elas. Elas têm canções que são pegajosas mas inteligentes, um indie-rock inocente e puro, despretensioso e desleixado. Seus fãs são bem grandinhos, daqueles que se arriscam em moshs e gostam de rock de verdade, continua a dizer o texto.

" Elas sabem tocar, sabem estruturar uma música e criar uma letra. Conseguem surpreender uma multidão de fãs de Pearl Jam e Sleater Kinney, e sabem reduzir um jornalista ao mais constrangedor dos silêncios."

Everett True tenta buscar explicações para sua "adoração": "Se nos passam a vida toda dizendo que arte tem que ser instintiva, então que importa com que idade ela é criada? Pessoas falam de "pureza" na música como se houvesse um Santo Graal a ser alcançado. Mas quem melhor para chegar lá que umas garotas que nem haviam nascido quando "Nevermind" foi lançado??? "

Elas, sobre a família: "Nosso pai só quer que a gente vista camisetas enormes e jeans, como se a gente fosse do rock, que é o que ele gosta.

Ele curte Nirvana, Soudgarden e Interpol. Minha mãe gosta de Enya (Asya faz cara de nojo)".

* Tem um parte sensacional da conversa entre as garotinhas e o jornalista tarimbado Everett True, que é de chorar de boa.

Ele pergunta o que elas gostam no grunge e se elas já ouviram falar do Nirvana, já que são tão novinhas. Elas respondem que na verdade não, "mas meu pai disse que foi você quem apresentou o Kurt pra Courtney, e que você tinha começado todo o grunge".
Everett: "Yeah, I guess".
Elas insistem: "Se ela realmente matou o Kurt, isso significa que você começou e acabou com o grunge!"
Everett: "Eu não acredito que eu tenha começado e terminado".
Elas: "Você não acredita?"
Everett: "Bem, não sei. Talvez".
Elas: "Você NÃO SABE????".
Everett diz para as meninas que Kurt teria "adorado conhecê-las". Elas perguntam: "ele era legal? Você acha que a gente o conheceria?".
Ele: "vocês são uma banda de Seattle. Ele morava aqui. Tenho certeza que ele teria convidado a vocês para abrir para o Nirvana".

* Para terminar, vem a pergunta apropriadíssima neste caso: "O que você pensa estar fazendo quando tiver 18 anos?"
- "Estar em uma banda. Quer dizer, se isso ainda for divertido".

* Vá atrás do Smoosh!




POR FORA

* Marco L., de Londres
"Depois de forte concorrência entre as gravadoras locais (com a versão importada do álbum vendendo muito...), esta semana saiu por aqui, finalmente, o CD "Funeral", do grupo canadense Arcade Fire. As críticas têm sido absolutamente positivas. A "New Musical Express" chegou a criar um novo gênero musical para a música do grupo: "goth-garage". E David Bowie já disse que "Funeral" é o melhor disco que ele ouviu nos últimos tempos."

* Walter Matsuzoe, de Milão
"Minha melancolia de final de inverno me bloca. tentei escrever alguma coisa sobre os clipes novos do New Order e do Doves, que estrearam por aqui, mas o texto ficou poético demais. Meio fora do estilo da coluna. Então não vou mandar nada nesta semana, tá? O que eu tinha em mente era falar do pop perfeito das bandas citadas. E, como me senti um teenager ouvindo aquelas duas músicas... Deixa pra lá."




POPICES

Aqui vamos nós.// Músicas master da semana, uma velha, outra nova: "The Modern Age", Strokes, e "Honest Mistake", do Bravery.// Mais uma. Música da semana para quebrar tudo: "Grippa", do maluco Saul Williams, que quer mostrar do que as estrelas são feitas.// Surge o primeiro after rock do Brasil. O agitador carioca Luciano Vianna bota suas festas London Burning para começar às 5 da manhã no sábado, no OZ Club. Vai até às 9h.// Meu iPod carrega o disco novo do Queens of the Stone Age há tempos. O "Lullabies to Paralyze". Mas vi/ouvi/li tanta gente torcendo o nariz para o CD que estou com medo de ouvi-lo. Travei. Não é possível que o QOTSA possa ter feito um álbum de nota menos que 8,5. Ainda duvido.// Popload Brazilian Tour 2005. Este colunista discotecou em duas festas ótimas, quentes e agitadas no final de semana passado, a primeira em Vitória (Espírito Santo) na sexta. A segunda em uma fazenda em Franca, interior de SP. Cada uma a seu modo, o bicho pegou bem nas duas paradas. Dá uma olhada, por exemplo, no que foi discotecar em Franca...

Carlos E. Freitas


Neste sábado, com nova formação, o Borderlinerz manda ver na festa Viva El Roque!, no Jive.// Ainda no sábado, o Transistors se apresenta na Funhouse.// No domingo, no projeto 2em1 do Avenida Club, os shows desta vez são dos divertidamente sérios Jumbo Elektro e do Guilhermoso Wild Chicken.// Voltando ao sábado e indo para a TV, quem tiver tempo de ouvir umas lorotas pode catar este colunista sendo entrevistado pelo programa indie "Pop Mix". O "Pop Mix" vai ao ar aos sábados na TV Millenium, canal 16 da TVA, às 15h. No palco rola show do Headphone. E vai mostrar ainda clipe do Ludov.// O show do Iggy Pop no Chile foi postergado para final de abril. E o Curitiba Pop Festival é no começo de maio...// Dei mancada com o nome do disco e DVD do Placebo, "Once More with Feeling". Escrevi "One More...". Aliás, sempre escrevo "One". Encanei.//




PREMIAÇÃO DA SEMANA


Valendo.
* Um DVD do White Stripes, o sensacional "Under Blackpool Lights"
* Um DVD do Scissor Sisters, o festeiro "We Are. And So Are You"
* O Guia 02Neurônio Rio/SP de baldas e lugares descolados, para compra e diversão, de autoria de Nina, Jô e Raq.
* A última (a última!!) cartela de ímas de geladeira do Radiohead.




LOGO MAIS

A looonga lista dos vencedores das premiações passadas. E mais alguma coisa que estou esquecendo...
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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