Pensata

Lúcio Ribeiro

22/04/2005

Papa vs. popload

"I've got another confession to make
I'm a fool"
Foo Fighters, em "Best of You"

"How long before you decide?
Before I know what it feels like?
Where to, where do I go?
If you never try, then you'll never know"
Coldplay, em "Speed of Sound"


Habemus Colunum.
Feriado o quê. O bicho tá pegando, o papa é contra nós, o Brasileirão vai começar...
Não dá para ficar parado.

* Pensa: Placebo na semana que vem (em SP), White Stripes em junho, Stones confirmado mesmo (janeiro), Campari Rock, Curitiba Pop Festival, Claro Que É Rock, Tim Festival, música nova do White Stripes, do Foo Fighters, quatro do Oasis, outra do Coldplay, clipe novo do Los Pirata, finalmente o disco do "internacional" Cansei de Ser Sexy. Está bom, vai.
* Ah. Esqueci uma coisa na lista acima. Vai ter Twisted Sisters em São Paulo, no MESMO DIA do White Stripes. Hahaha.




WHITE STRIPES NO BRASIL

Pode acreditar.
Segue abaixo repeteco de texto publicado por este colunista na Ilustrada de quarta passada, que adiantava as datas e explicava o que a fenomenal dupla de Detroit vem fazer no Brasil.

* A excêntrica banda do rock White Stripes anunciou nesta semana uma excêntrica turnê pela América Latina que inclui o Brasil. Na verdade um dupla cuja formação é composta apenas de guitarra e bateria, o White Stripes toca no dia 1º de junho no Teatro Amazonas, em Manaus, dia 3 no Claro Hall, no Rio, e fecha a visitação no dia 4, no Credit Card Hall, em São Paulo.

É a segunda vez que o grupo de Detroit, um dos principais nomes do novo rock, toca no Brasil. O White Stripes foi atração da edição 2003 do Tim Festival, realizado apenas no Rio.

Essa tour latina de agora começa no dia 11 de maio, em Monterrey (México), e inclui apresentações no Panamá, na Guatemala, na Colômbia e em um "local secreto" na região em ruínas das Missões, na parte argentina. O show no povoado missionário está marcado para 28 de maio. Todas as datas podem ser vistas no site oficial da banda.

O roteiro (muito) pouco convencional servira para Jack e Meg White mostrarem ao vivo o quinto e novo álbum do White Stripes, de nome apropriado para tocar em missão jesuíta: "Get Behind Me Satan".

O CD, que será lançado em 6 de junho, dois dias depois do show em São Paulo, é o sucessor do aclamado "Elephant" (2003), um dos álbuns de rock mais bem-sucedidos deste curto século.

O título polêmico do disco, bíblico, refere-se ao latino "Vade retro, Satanás" ou "Para trás de mim, Satanás", palavras que Jesus proferiu segundo o livro sagrado (Mateus 16:23).

Na última segunda-feira várias rádios de rock do mundo todo começaram a veicular a canção "Blue Orchid", o primeiro single a ser içado do quinto White Stripes. Na música, um rápido Led Zeppelin descontrolado e cantado em falsete, de dois minutos e meio, Jack White cita o "Get behind me", mas aí não inclui o nome malévolo.

O que corre no rock é que a história do "vade retro" é uma maneira de o guitarrista do White Stripes exorcisar fantasmas recentes, como problemas na Justiça, acidente de carro e um casamento abortado. Pela ordem, Jack deformou numa briga o rosto do vocalista da banda Von Bondies; quebrou seu dedo indicador esquerdo em três pedaços e teve que cancelar turnê; e foi dispensado pela atriz hollywoodiana Renée Zellweger em meio aos preparativos do casório.

"Blue Orchid", a faixa que abre "Get Behind Me Satan", chega às lojas européias e americanas como single no dia 30 de maio, uma semana antes do álbum. A música já está na internet, tanto nas comunidades gratuitas como na loja virtual do programa iTunes, onde custa US$ 0,99 para download (ainda não disponível para o Brasil).

A loja virtual da Apple, a propósito, é lugar de uma batalha involuntária no rock. Na segunda passada, duas esperadíssimas músicas foram anunciadas como pré-lançamento exclusivo no iTunes. Além da citada feroz música do White Stripes, foi colocada disponível para download a suave canção "Speed of Sound", nova do Coldplay. Bem contra o mal?

Essa briga do "mal contra o bem" vai atingir também os primeiros lugares das paradas. Tanto o CD "Get Behind Me Satan", do White Stripes, como "X&Y", do Coldplay, aparecem nas lojas de discos no mesmo dia, em 6 de junho.

Há poucas semanas, o White Stripes anunciou seus planos de não mostrar seu novo disco nos lugares de sempre, ou seja, em turnês americanas ou inglesas. Segundo entrevista publicada no jornal "Los Angeles Times", Jack White já falava em tocar em lugares "diferentes". E citava o secular e colossal Teatro Amazonas, conhecido no exterior também como Manaus Opera House.

As exceções estão em apresentação do White Stripes em Atlanta (EUA) e no superfestival britânico Glastonbury, em junho, em que Jack e Meg são as atrações principais em meio a centenas de bandas.

O White Stripes é uma das principais bandas de rock do mundo desde que a nova geração liderada pelos Strokes tomou as rédeas da música jovem. E não é absurdo dizer que o grupo de Jack White é nome forte também na eletrônica. O megahit "Seven Nation Army", do álbum "Elephant", que ganhou incontáveis remixes e tem uma das introduções mais reconhecíveis da história, foi tocada no recente Skol Beats, dentro do set dos DJs Erick Morillo e Mau Mau.




O PAPA NÃO É POP

O tema "O Diabo É o Pai do Rock" volta a ser discutido, seja no Vaticano ou num estúdio caseiro de Detroit. Enquanto da cidade americana vem o anúncio de que o próximo álbum do White Stripes vai ter Satã no título, exorcismo no tema e diabolices no som, do menor país do mundo o novo papa assume e traz consigo a crença de que rock e pop são "cultos profanos". Ou, colocando melhor, "distrações profanas para a fé cristã".

Já tão dizendo. O livro "Introdução ao Espírito da Liturgia", assinado pelo conservador alemão Joseph Ratzinger, hoje o papa Bento 16, não deixa dúvidas: "Esses ritmos são uma expressão básica das paixões que, em grandes platéias, pode assumir características de culto ou até de adoração, contrários ao cristianismo", acredita a sua santidade. "Liberar o homem por meio de um fenômeno de massa, marcado pelo ritmo, o barulho e por efeitos de luz é falsidade."

Longe de tal discussão, o White Stripes prepara a bagagem para trazer seu show barulhento, marcado por muito ritmo e com algum efeito de luz para o começo de junho, no Brasil.

Para ajudar, a banda tem a intenção de gravar um clipe pela América do Sul, que pode ser no Amazonas ou no jesuítico solo das Missões, onde a banda programou uma de suas apresentações. O clipe deve ser da música "Blue Orchid", o primeiro single do novo disco, cuja letra versa sobre o "vade retro".

* OH MY GOD - Os britânicos do Kaiser Chiefs, desde muito a banda novíssima favorita desta coluna, esta criando assustadoras asas no mercado americano, dado o seu tamanho indie.

Por conta do lançamento de seu primeiro álbum, o ótimo "Employment", que entre os vários pequenos hits carrega a música "Oh My God", o Kaiser Chiefs conseguiu bom espaço nas principais revistas, ganhou a fama de melhor atração do último festival South by Southwest (Texas) e viu sua canção "I Predict a Riot" atingir o posto de mais pedida da rádio KROQ, de Los Angeles. Mais: é a declarada "banda nova predileta" de sir Paul McCartney e de Damon Albarn (Blur). Mais ainda: seu vocalista, Ricky Wilson, que reproduz com a garganta o melhor do punk inglês 77, é candidato a novo galã do pop.

* PROFANO - Quando se imagina que a coisa não pode piorar... O complicado garoto inglês Peter Doherty, estrela pop inglesa, ex-Libertines, atual Babyshambles, namorado de Kate Moss e frequentador assíduo de clínicas de reabilitação e páginas policiais, confessou ter feito carreira vendendo drogas, cobrando 20 libras a entrega. Revelou também ter servido sexualmente velhas senhoras inglesas. Tudo isso está no livro "Kids in the Riot", cujo subtítulo é "Nas alturas e no chão com os Libertines", que acaba de chegar às livrarias britânicas.

* PECADO - Algumas músicas dos CDs mais aguardados do ano no rock, que serão lançados nos próximos meses, já estão correndo em alta velocidade de computador a computador, em formato MP3.

Só do próximo álbum do Oásis, "Don't Believe the Truth", previsto para 30 de maio, já vazaram quatro canções, além da já bem distribuída "Lyla", o single. São perfeitamente e virtualmente encontráveis as belas "The Meaning Of Soul", "Let There Be Love", "Keep the Dream Alive" e "Mucky Fingers", esta última a coisa mais parecida com Velvet Underground desde que o Velvet Underground acabou..

A bela "Best of You", novíssima do Foo Fighters, que vem aí com disco duplo, acaba de ganhar os ares. Incrível como o Foo Fighters nunca decepciona. "Speed of Sound", o primeiro single do novo álbum do Coldplay, já está nas rádios e na Internet. E é bem fofa. Que beleza!

* GULA - Ou não-gula. Parece que consta do contrato de shows do Placebo no Brasil uma linha que diz claramente que a banda não aceita comer carne de cobra ou de macaco.




POLÊMICA INDIE

Uma coisa nebulosa está ocorrendo nas seletivas do Claro Que É Rock, sobre as oficialmente anunciadas bandas que foram escolhidas para abrir para o Placebo. E depois devidamente desclassificadas. Pelo que eu sei, foram "retiradas" do evento o Pullovers & Geanine Marques (dos shows de SP), o Violins e o Bois de Gerião (da etapa brasiliense) e o Darma Lovers (de Porto Alegre). Não achei ninguém da Claro para se manifestar. Deixo só, então, a posição do Pullovers sobre o que aconteceu e o que a organização do festival argumentou.

* "Segundo a organização do festival, isto (a desclassificação) se deveu a denúncias de que Pullovers & Geanine Marques são uma banda com um esquema 'profissional' de distribuição e vendas de CDs (leia-se distribuição Tratore). A injustiça está, em primeiro lugar, no fato de que o regulamento não dizia ser proibido um esquema profissional de distribuição. Dizia apenas ser proibido que a banda pertencesse a algum selo.

Em segundo lugar, maior injustiça ainda é o fato de 90% de todas as bandas classificadas para o festival contarem com exatamente o mesmo esquema de distribuição que têm Pullovers & Geanine Marques (com, inclusive, Fuga e Biônica --2 bandas selecionadas junto com Pullovers & Geanine Marques para a etapa paulistana do festival-- pertencendo exatamente à mesma distribuidora do Pullovers --a Tratore-- e vendendo seus CDs exatamente nos mesmo lugares)."




POPICES

Recado rápido. A próxima Popload pode entrar mais cedo, na quinta. Se tudo sair como o planejado, este colunista embarca para a Califórnia na semana que vem, para enfrentar o calor e a correria do megafestival Coachella. Isso é assunto para outra hora.// Popload Brasil Tour 2005. Festa classe A na festa Orange, no Lago Sul em Brasília. Som bom, vibe imensa, megalotação. Brasília deve entrar de novo na programação rapidinho. Próximas paradas: São Paulo em maio (Funhouse) e Belém (PA), em junho.// Você, de SP, está desesperado para ver o Placebo. Calma que está chegando. Relato das apresentações em outras praças dizem que a banda abalou. Shows nervosos. O da Bahia foi tão nervoso que o Brian Moko ficou insano uma hora, tipo final da primeira música, desceu na platéia, arrancou a câmera de alguém na platéia e jogou no chao. Aí se pegou com a "vítima". Uns seis seguranças apartaram. Tem vídeo disso! Daqui a pouco aparece.//Essas coisas acontecem raramente. O Milo Garage ia sediar mais uma festa da Peligro, as quintas-feiras andam bombando por lá e tal. Aí, na edição passada da balada, os caras da Peligro arrastam para o local o DJ Diplo, carinha dessa onda forte de ragga electro batidão que está zunindo forte. O DJ americano, namorado da já famosa M.I.A, estava de bobeira aqui em SP, esperando a hora de pegar o seu avião de volta, e tocou por uma hora na festa da Peligro. Groove total, ele mandou ver Daft Punk misturado com funk carioca. Luxo. É bacana testemunhar um show surpresa legal, mesmo de um cara ainda desconhecido como o Diplo. Chance quase única, porque vai ser difícil o cara tocar no Milo de novo. Principalmente porque ele é uma das estrelas do Coachella 2005 e já está garantido no próximo Tim Festival, junto com a M.I.A.// Polêmica nova no Claro Que É Rock de Florianópolis, que rolou quinta passada. Recebi vários emails contestando a vencedora da etapa catarina entre as bandas indies nacionais. Foi um grupo de rap, que não tocou nem os 20 minutos totais da apresentação, de tanta vaia que levou.// Tô ouvindo o disco do Weezer novo. Já pegou?// Não vou conseguir ver o show do Placebo em SP, na quarta. Devo ir a Campinas na terça, para não perder a banda. Algum campineiro pode dizer se o local do show aí é bom?





QUEENS OF THE STONE AGE AO VIVO

Los Angeles, último dia 18. No Henry Fonda Theatre, em Hollywood, o chapa José Flávio Junior pagou os tubos para ver o melhor show de banda de rock da Terra. E o que ele viu foi o seguinte:

"O que menos importava era o sapato branco de Josh Homme. E o cifrão que ele trazia costurado na calça. O concerto sold-out em Hollywood ia dizer se a imprensa européia estava certa ao criticar o novo álbum e o novo show do Queens of the Stone Age. Bem, digamos que Homme fez um show "cala-boca". Começou com "Someone's In the Wolf", com a banda tocando atrás de uma tela branca (só se viam as sombras dos integrantes) e seguiu intercalando músicas dos quatro álbuns, além de algum material das Desert Sessions. "Avon", "You Would Know" e "Regular John" (com um "momento Steve Vai" de Homme, como o próprio definiu) deixou os fãs das antigas emocionado. Eu, que apreciava a mágica do guitarrista ruivo pela sexta vez (cinco shows do QOTSA e uma Desert Session), não conseguia raciocinar direito. Quanto mais sentir a falta de Nick Oliveri. Troy, Joey, o casal Alain e Natasha (do Eleven) e Mark Lanegan (numas dez músicas) fizeram tudo o que o mestre mandou. E ele ainda trouxe Billy Gibbons, do ZZ Top, para uma versão de "Precious and Grace" e para a nova "Burn The Witch". Por essa ninguém esperava. Já tinha sido bom de mais ouvir "Leg Of Lamb", "I Never Came", "Medication", "Feel Good Hit Of The Summer", "The Lost Art of Keeping a Secret"... Mas ainda tinha o barbudo no bis. E "Long Slow Goodbye" no segundo bis. Duas horas depois, eu tinha 153 dólares a menos no bolso (80 para o cambista, 73 de merchandising oficial) e um sorriso no rosto que nenhum comentário da imprensa européia poderia tirar."




PROMOÇÃO DA SEMANA


Vem que tem. Só ingressos, desta vez.

* um par de ingressos para o show do Placebo, mais as cinco nacionais, em São Paulo, quarta.

* um par de ingressos para o show do Placebo, mais as cinco nacionais, em Campinas, dia 26


Os concorrentes aos ingressos devem mandar junto do email seus telefones, para contato imediato. Os dois vencedores de Campinas deverão retirar os ingressos comigo na terça, aí na cidade.




RESULTADO DA PROMOÇÃO

Atenção para os ganhadores. Ficou assim:

* um par de ingressos para o show do Placebo em São Paulo.
Henrique Roosevelt K. Lima
São Paulo, SP

* um par de ingressos para o show do Placebo em Campinas, dia 26
Renata Assis
Bauru, SP

* Um CD "Lullabies to Paralyze", do Queens of the Stone Age
Marta A. Berilo
Rio de Janeiro, RJ

* Um pacote EMI, com Gorillaz ("Feel Good Inc"), o disco do Doves e a coletânea do Placebo
Marcelo Nassif
Porto Alegre, RS
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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