Pensata

Lúcio Ribeiro

29/04/2005

Sol e sexo. E até música

"Where I come from isn't all that great
My automobile is a piece of crap
My fashion sense is a little whack
And my friends are just as screwy as me"
Weezer, em "Beverly Hills"


Salve, simpatia.
Se nada deu errado, enquanto você lê estas mal traçadas eu devo estar em algum cinema barato de Los Angeles, vendo "Sin City". O destino final, no final de semana, é o festival Coachella. Cobertura total aqui, semana que vem.

* O iPod deve ser mesmo a melhor invenção do homem depois da roda e da televisão. Por causa da viagem ao Coachella, a mim foram pedidos nada menos que oito dos mágicos aparelhinhos de música da Apple.

* Gostou do Placebo?
Vi o show em Campinas. Na verdade Jaguariúna. Lugar ótimo, som bom. Apresentação decentíssima.

* Essa, não! Como se não bastasse o revival-praga dos anos 80 e as festas já dedicadas a lembrar os anos 90, vem aí a retomada dos saudosos... anos 00. Já é must nas melhores pistas do planeta tocar "The Modern Age", dos Strokes, músicas do primeiro disco do Interpol (principalmente "Obstacle 1", no remix de Arthur Baker) e o hino "The Lost Art of Keeping a Secret", de dois discos atrás do Queens of the Stone Age.

* Anota aí: na movimentada lista que inclui shows vindouros de White Stripes, Rolling Stones,.Curitiba Pop Festival, Campari Rock, Claro Que É Rock, Tim Festival e Sonar, está entrando um novo nome. Mr. Noel Gallagher avisou, nesta semana, que na turnê nova do Oasis está garantida uma passagem pelo Brasil. Não sabe quando, não sabe onde. Mas está.

* E o Brasil descobriu o Killers. Foi "banda do mês" na 89FM, apareceu encartado em CD da revista da "Jovem Pan". Logo, "Somebody Told Me" deve entrar em alguma trilha de novela. Alguém me contou.

* Bem... Depois de uma série de duas colunas bíblicas, a Popload cai na luxúria. Vem comigo, mas venha quente.




SEXO

A banda americana Weezer, que provoca gritos histéricos no underground brasileiro, está nua. Mas não nesse sentido aí. O bom álbum novo do grupo, o esperado "Make Believe", que oficialmente será lançado no dia 10 de maio, já tem suas 12 faixas na internet. Já foi lançado virtualmente, portanto. E esta nudez não será castigada.
Ainda sobre nudez, a manchete da capa da última "Rolling Stone" entrega o esquisito mundo do Weezer: o nerd e líder River Cuomo não faz sexo há dois anos, diz o subtítulo.
Para aliviar sua "tensão", Cuomo levou a banda para gravar o primeiro videoclipe do novo disco na mansão da "Playboy", na Califórnia. O clipe da pegajosa "Beverly Hills" já pode ser visto no site da banda.
Em clima de alegria tal como no velho hit "Buddy Holly", a banda é convidada a mostrar o novo álbum em uma festinha entre gatas (coelhas) loiras. Aquele não era ambiente para o River Cuomo.

* PORNÔ - Já um cara mais "liberado" que Cuomo, o grande Josh Homme, do Queens of the Stone Age, anuncia em seu site que o também primeiro clipe do disco novo vai ser pornô. Pornô italiano. O lado visual da música "In My Head" (do CD "Lullabies to Paralyze"), segundo palavras de Homme, "envolverá muitos exemplos de tentativas fracassadas de controle do ímpeto sexual. E como não há nada que substitua um objeto do desejo". Nossa!
Já esta vou vender como eu comprei. Sabe o Brian Molko, do Placebo, a voz mais feminina do indie rock, andrógino master, tão glam que dá a mesma importância para a guitarra do que para o esmalte preto e delineador? Ele trouxe sua mulher para a longa excursão do Brasil. E ela está grávida.

* SEXO (DOS) SELVAGENS - Yes, nós temos pós-punk. A gravadora inglesa Soul Jazz está lançado por estes dias a coletânea "The Sexual Life of the Savages", que carrega o subtítulo "Underground Post-Punk from São Paulo". O disco contém músicas de Akira S e as Garotas Que Erraram, Guetto, Gang 90 e as Absurdettes, Muzak e o ex-ótimo Harry, entre outros. O álbum sai puxado pelo recém-lançado vinil de sete polegadas e edição limitada "Pânico", música das Mercenárias. No lado B, a grande "Rock Europeu", do Fellini. A organização da coletânea é de autoria dos músicos Tetine. As Mercenárias vão tocar em Londres ainda este ano, na festa de lançamento do disco.




COACHELLA MUSIC FESTIVAL

São quase 100 bandas e quase também 50 graus de temperatura na cabeça. Todas as principais cenas musicais representadas e um cenário paradisíaco em meio ao deserto. Atrações velhas, novas e novíssimas de Nova York, Londres, Sri Lanka e Brasil. Começa amanhã e vai até domingo, na cidade de Índio, Califórnia, o colossal Coachella Festival, o primeiro dos festivais gigantes de música jovem do mundo ocidental.
Coldplay mostrando o disco novo, New Order também, Weezer também, a volta do Nine Inch Nails, a ressurreição da lendária Gang of Four, do Bauhaus, a sublimação do garoto do Brigh Eyes, os outrora superstars da eletrônica Chemical Brothers sendo empurrados para a tenda, a melhor banda do badalado rock canadense, o DJ brasileiro Marky e um desfile de ótimos grupos iniciantes do Reino Unido. Por dois dias, a cidadezinha de Indio representará de fato o "California Dreaming".
É a sexta edição do Coachella Valley Music and Arts Festival. Em 2004, o festival fez história ao ser responsável pela reunião dos Pixies, promover o último show de turnê do Radiohead (desde o Coachella 2004 a banda não toca), escalar o Beck como show surpresa.
"No ano passado conseguimos reunir com conforto cerca de 60 mil pessoas nos dois dias do festival", disse a este colunista, por email, o promotor Paul Tollett, da empresa Goldenvoice, que gerencia o Coachella (pronuncia-se "coutchéla"). "Este ano estamos preparados para abrigar 70 mil, o que deve mais que dobrar a população de Indio", afirmou. Indio fica a duas horas de carro de Los Angeles, na direção sudeste.
O Coachella já é a principal reunião jovem em torno de música nos Estados Unidos, a despeito da insistência em sobreviver do outrora gigante e itinerante Lollapalooza (que este ano vai acontecer estancado em Chicago, em julho). Moderno e alto-astral, o Coachella dialoga com a geração iPod --tem uma tenda de apresentações de DJ com o aparelhinho da Apple--, tem um índice de criminalidade bem diferente dos festivais europeus --apenas alguns cambistas foram presos no ano passado-- e só precisou socorrer seis pessoas no departamento médico, por causa de sintomas relativos à alta temperatura da região desértica.
"Mais e mais os americanos não precisam ficar saudosistas do Woodstock ou têm que embarcar para a Inglaterra para viver o clima mágico de festival. O Coachella tem conseguido reunir no mesmo lugar um sem-número dos artistas mais importantes da atualidade e um público diverso, que se diverte em todas as cenas", falou Tollett.
Dado à promoção de retornos de famosas bandas extintas, o Coachella chegou a soltar uma escalação que continha o nome do grupo inglês Cocteau Twins. E, na categoria "boato forte", especulava-se até uma volta dos adorados The Smiths.
"O Cocteau Twins estava confirmado, mas tiveram problemas internos e cancelaram a apresentação. Sobre os Smiths, a única coisa que eu sei é que o Morrissey parece que vem ao festival. Para assistir", disse o empresário da Goldenvoice.
O Coachella oferece aos olhos não só o leque centenário de atrações, mas também um cenário paradisíaco. O festival é erguido em um site enorme à beira de colinas de pedras e ornado com palmeiras plantadas artificialmente em meio à aridez da região, que circundam seus cinco palcos/tendas. Por causa do sol de rachar, várias estruturas metálicas e artísticas gigantes são espalhadas na área do público. No Coachella, insetos imensos que à noite ficam iluminados ou tótens futurísticos do tamanho de um prédio de três andares jogam vapor de água ininterruptamente, para aliviar o calor da platéia.
Para falar que o festival não tem lá sua inconveniência, a despeito da temperatura elevada é preciso carregar blusa. À noite faz frio.




OS PRINCIPAIS SHOWS DO COACHELLA 2005

* Nine Inch Nails - O grupo do desequilibrado Trent Reznor volta a testar seu gigantismo no pop americano fechando o festival, no domingo. O cardápio do novo NIN é o álbum novo "With Teeth", primeiro disco da banda em seis anos. "With Teeth" sai na semana que vem.

* Coldplay - A banda inglesa que mais se deu bem no mercado americano nos últimos tempos volta à cena carregando seu disco novo, "X&Y", que será lançado no dia 6 de junho. O primeiro single, "Speed of Sound", chegou recentemente às rádios de todo o mundo.

* Outros retornos - O cavernoso Bauhaus, do gótico Peter Murphy, cai dos anos 80 direto no Coachella. Show de alto risco. Quem for de preto ver o Bauhaus naquele calor.. O New Order, também ícone do som britânico dos anos 80, mostra ao vivo o novo disco, "Waiting for the Siren's Call", lançado há algumas semanas. O lendário grupo pós-punk Gang of Four, com formação original, aparece no Coachella. A banda, que fez alguns shows na Europa neste ano, estava separada desde 1981.

* Bright Eyes - O prodígio Conor Oberst, veterano músico de 24 anos que "é" o Bright Eyes, sai do underground e explode no mainstream. O herói do indie americano lançou dois discos este ano, um diferente do outro. O Coachella deve ser dele.

* Arcade Fire - Extraordinária banda do badalado novo rock canadense leva seu som triste e frio para o calor californiano. Do contraste deve sair um show memorável.

* Weezer e Wilco - O queridíssimo Weezer toca no embalo d o disco novo, "Make Believe", que sai dias depois, em 9 de maio. O mais que queridíssimo Wilco corrige erro histórico: ia tocar no Coachella 2004, mas cancelou perto do festival iniciar.

* Eletrônica na tenda - Explicitando a tendência de a música eletrônica voltar aos clubinhos, os ex-gigantes Chemical Brothers e Prodigy, que até há pouco faziam apresentações de arena, tocam ao vivo na tenda eletrônica do Coachella. Mais: Miss Kittin, Tiga, Unkle, Ben Watt, Roni Size, Josh Wink, Armin Van Buuren, Marky.

* Invasão britânica - Bloc Party, Futureheads, Razorlight, Kasabian. A esquadra de guitarras do Reino Unido chega a todo gás ao Coachella. Na parte "perfect pop" calminho, tem o Doves, o Keane, o Snow Patrol e o ótimo British Sea Power.

* O rock americano - Os novos nova-iorquinos Bravery, Radio 4, Fiery Furnaces e o ótimo Secret Machines. Os "velhos" Mercury Rev, Fantômas (Mike Patton) e Café Tacuba (México). Mais Rilo Kiley, The Kills, Dresden Dolls. O rock norte-americano está muito bem representado..

* M.I.A. e Diplo - O funk carioca vai por vias tortas ao Coachella. O que de mais bombástico o pop tem a oferecer atualmente sai do som dessa garota do Sri Lanka e desse DJ americano. É funk carioca, mas é também hip hop, ragga, electro, música étnica. Já bem definiram como a "música eletrônica da periferia mundial".




MARKY NO COACHELLA

O DJ brasileiro Marky, 29 anos, é uma espécie de Sepultura da música eletrônica, quando o assunto é reconhecimento internacional da música "made in Brazil". Astro mundial da facção drum'n'bass, o DJ paulistano que saiu da Penha para ganhar residência em clubes ingleses, só este ano vai tocar em megafestivais mistos como este Coachella (se apresenta amanhã) e o britânico Glastonbury, em junho.

Semideus de quase todas as edições do Skol Beats, Marky estrela ainda o Homelands, festival inglês que "nem conta", uma vez que é essencialmente de música eletrônica.

* Como é para você, um artista de drum'n'bass bem-sucedido na Europa, tocar hoje nos EUA? Como está a movimentação do drum'n'bass americano?
Marky -
Existe uma cena bem interessante de artistas e produtores em Los Angeles, perto do festival. Também em Detroit, Nova York, e Chicago. Tem muita coisa boa rolando e uma identidade forte sendo criada com relação a esse drum'n'bass tipicamente americano. Conheço o AK 1200 [veterano produtor e DJ de drum'n'bass da Florida]. Ele é muito bom.

* Como é a receptividade americana ao seu nome, uma vez que seu "domínio" é na Inglaterra?
Marky -
Dentro da cena; nos clubes, revistas programas e estações de rádio, as pessoas me conhecem. Também me reconhecem na rua dependendo do lugar onde estou. Na verdade, quem reconhece mais as pessoas sou eu. Sou bom fisionomista.

* O que representa para você tocar em festivais gigantes como o Coachella Festival, cujo forte é o rock?
Marky -
Para mim é um grande abraço que o público me dá. Ter promoters de todos os lugares do planeta me chamando para tocar é um reconhecimento fortíssimo. Com certeza é um degrau a mais que estamos construindo para a cena do drum'n'bass brasileiro.

* Você vai tocar numa tenda onde o público vai ser bem misturado, com fãs desde Chemical Brothers a Miss Kittin. Você "alivia" no seu set, já que você não está tocando em uma tenda exclusiva drum'n'bass?
Marky -
Sim há um desconto da minha parte. Uma coisa é tocar na tenda da Movement no Skol Beats, em que todos já são "iniciados", já conhecem a dinâmica e a linguagem do drum'n'bass, outra coisa é mandar meu set num festival com tantos tipos de artista e performances. Basicamente, o caminho que faço para chegar ao mesmo ponto de exaltação é diferente.




RADIO GAGA

Você já deve ter percebido que está chegando o fim das rádios como as conhecíamos. Principalmente aqui no Brasil, todas são muito chatas, previsíveis, com DJs que "agitam" e que são movidas a muitos jabás.
Já devo ter contato aqui a história de uma banda de rock amiga que foi bater na porta de uma rádio rock com seu disquinho.
- Ouve este disco. A galera tá curtindo. Os shows têm boa resposta. Vê se não dá para tocar aí".
- Puts, cara. Não vai dar. Tem que ter algum dinheiro envolvido. Todo mundo aqui curte sua banda, já ouvimos e tal. Mas sem dinheiro não rola, infelizmente

Quem frequenta assuntos musicais na internet já deve estar sentindo vibrações fortes vindas de fora, carregando as palavras sattelite radio, podcasting e tal.

Na última segunda-feira, a Ilustrada publicou vasto material sobre como as rádios vão mudar e vão mudar sua vida. O texto, assinado pelo chapa Diego Assis, vai ser devidamente reproduzido aqui embaixo. O material da Ilustrada foi editado junto com um texto que fiz sobre rádios bacanas de internet. Esses podem ser novidade para leitores da Folha, não para os deste espaço. Então não vou dar repeteco do meu texto.




RADIOATIVIDADE

Há 50 anos, a TV iria matar o rádio. Não matou. Há 20, alguém disse que os videoclipes é que iriam jogar a pá de cal nas FMs. Não foi dessa vez. Com a popularização dos tocadores de MP3 como o iPod, da Apple, que permitem que se carregue no bolso mais de 24 horas de música, o assunto voltou à baila: o rádio vai morrer?
Não necessariamente.
Com a ajuda da mesma tecnologia digital que vem sendo acusada de ameaçá-lo, o rádio -ou a idéia de transmissão de áudio para qualquer tipo de receptores móveis- começou o ano de 2005 como um dos principais tópicos de discussão do universo da música e adjacências, a saber, empresas de tecnologia, fabricantes de celulares e demais interessados no mercado em expansão da distribuição de música digital.
Nos EUA, onde o assunto foi capa da revista "Wired", em março, e também debatido no festival de música e tecnologia M3, em Miami, a renovação do rádio parte de frentes diversas. Uma das mais vigorosas, entretanto, é ascensão das chamadas rádios por satélite, que, semelhante às TVs a cabo, cobram uma assinatura dos usuários em troca de mais de uma centena de canais segmentados, "sem censura e sem comerciais".
"As emissoras tradicionais não são mais controladas por gente da música, mas por contadores", acusa Liquid Todd, DJ e locutor da Sirius Satellite Radio, que tem entre seus programas -não só musicais mas de informação, humor etc.- as grifes do polêmico radialista Howard Stern, Eminem, Fred Schneider (do B52's), Jerry Seinfeld, Bill Cosby e o skatista-celebridade Tony Hawk.
Com 1,5 milhão de assinantes, a Sirius divide o novo mercado com a XM Satellite Radio, que tem uma carteira de clientes ainda mais gorda: 3,8 milhões, com crescimento de 540 mil usuários só no primeiro trimestre de 2005, segundo a "Business Week".
Ainda assim, as velhas FMs não foram deixadas para trás. Fabricantes de telefones celulares e de tocadores de MP3 --neste caso, à exceção da Apple-- também já vêm embutindo receptores de ondas de rádio em seus produtos.
"75% das pessoas ainda descobrem suas músicas preferidas ouvindo rádio", afirma Alberto Moriondo, diretor de soluções de entretenimento da Motorola. De olho no filão, a empresa desenvolveu um sistema que permite que o usuário grave um trecho de uma música que esteja tocando numa estação de rádio, envie por celular para uma central e receba os dados sobre a faixa e as possíveis formas de comprá-la por telefone.
Outra ferramenta desenvolvida pela fabricante, batizada de iRadio, possibilita a transmissão de faixas em MP3 do celular diretamente para o rádio do carro.
Principal concorrente, a Nokia também aposta no futuro do rádio. Por meio de uma ferramenta batizada de Visual Radio, o ouvinte recebe no celular, juntamente com o áudio, informações em texto sobre a faixa e outras opções de interatividade.
"O Visual Radio é uma tecnologia que redefine a experiência com o rádio FM não somente para os ouvintes mas também para as estações de rádio, anunciantes e operadoras. Nunca mais as pessoas terão que imaginar quem está tocando o que no rádio", sugere Fiore Mangone, gerente de produtos da empresa.
Outra face do novo "rádio" é a tendência dos "podcasts", que recentemente também chegou ao Brasil. As aspas em rádio são porque, apesar de emular parte da linguagem radiofônica (locução, informação, seleção de músicas etc.), o "podcast" é um arquivo de áudio digital que pode ser gravado por qualquer pessoa e disponibilizado na internet, por meio de blogs e sistemas desenvolvidos especialmente para transmiti-lo a um grupo de assinantes. (Imagine um blog que avisasse ao leitor sobre cada atualização feita pelo autor; é essa a idéia, só que com as informações gravadas em áudio).
"A principal diferença [em relação ao rádio] é que o "podcast" oferece ao ouvinte a escolha de quando ouvir os programas, já que ele baixa para o computador e passa para um tocador portátil, podendo escutar quando tiver tempo livre", explica Guilherme Leite, 28, autor de um dos primeiros "podcasts" do Brasil. "Ele passa para o ouvinte o controle do que ouvir e de quando ouvir."
O também "podcaster" René de Paula Jr. acrescenta: ""Podcasts" são um sintoma, mas não o remédio. O fato de as pessoas estarem buscando alternativas mais humanas, mais espontâneas e autênticas é um sinal de que as rádios de massa estão deixando muito a desejar". Autor do "podcast" "Roda & Avisa", grava reflexões diárias no trânsito, no trabalho e onde quer que tenha um gravador à mão. A imaginação --e uma conexão com a internet-- é o limite para a sua rádio particular.




A RÁDIO DO FUTURO. HOJE

* Rádio por satélite - Tecnicamente, a mudança está na forma de transmissão, que passa a ser feita por satélite. Como nas TVs por satélite, como Sky e Directv, o usuário precisa ter um receptor e um código de assinante para que a emissora libere o sinal.
- Vantagens: uma única emissora transmite mais de cem canais diferentes, muitos deles livres de propagandas. A arrecadação de receita pelo método de assinaturas, permite que as emissoras apostem em uma programação mais segmentada, o que acaba sendo um diferencial em relação às rádios comerciais de massa
- Desvantagens: requer a compra de um receptor específico e o pagamento de uma taxa para as operadoras
- Exemplos: Sirius Satellite Radio (www.sirius.com) e XM Satellite Radio (www.xmradio.com)

* Rádio no celular - Recentemente, os fabricantes de celulares passaram a embutir em alguns modelos de aparelhos receptores de rádios AM/FM. A principal mudança, no entanto, deve começar a acontecer quando emissoras, operadoras e artistas firmarem parcerias nas quais será possível agregar à música informações sobre o intérprete, o autor, o álbum, mecanismos para comprá-la pelo celular etc.
- Vantagens: é mais um passo na convergência de mídias que vem sendo capitaneada pelos fabricantes de celular. Além de tocadores de MP3 e ringtones, conexão com a internet e recursos de informática, os telefones podem tomar o lugar do velho radinho de pilha. Em alguns modelos, será permitido transmitir as músicas armazenadas no aparelho para o sistema de rádio do carro
- Desvantagens: apesar de a recepção de sinais abertos de rádio não ser cobrada, todos os demais serviços devem resultar em gastos extras na conta de telefone do final do mês
- Exemplos: Virtual Radio, da Nokia, e iRadio, da Motorola

* Rádio digital ou HDRadio - Conhecido como "high definition radio" ou rádio de alta definição, consiste na conversão do sinal analógico para o digital. Além de uma melhora na qualidade do som (em direção a algo similar a um CD), o digital permite que diversos canais sejam transmitidos em uma mesma freqüência
- Vantagens: reduz os níveis de ruído e de interferência e permite que as emissoras mantenham o seu antigo número no dial. Para o ouvinte, além de não exigir assinatura, é sinônimo de qualidade e, possivelmente, de segmentação da programação das rádios comerciais
- Desvantagens: é necessário que as emissoras comprem um transmissor digital --o que já vem acontecendo nas principais rádios FM brasileiras-- e, por outro lado, que os receptores dos ouvintes também decodifiquem o sinal digital. Caso contrário, a programação será reconvertida para o analógico
- Exemplos: rádio BBC (www.bbc.co.uk/digitalradio); em fase de testes no Brasil

* Podcasting - Neologismo criado pela junção da palavra "pod", do tocador de MP3 da Apple iPod, com "casting", sinônimo de transmissão, em inglês, o "podcasting" mistura a idéia de portabilidade de áudio com os blogs de internet. Como no caso dos diários de texto na rede, todo mundo pode criar o seu "podcast". Basta gravar um programa caseiro, com ou sem músicas, convertê-lo para o formato digital no computador e, com a ajuda de um programa chamado iPodder, distribui-lo para a sua lista de assinantes
- Vantagens: para o produtor, o custo é baixo (tempo + equipamento de gravação); para o ouvinte, geralmente é nulo, já que a grande maioria dos "podcasts" são distribuidos gratuitamente na rede. Além de avisar o usuário de que um novo programa está "no ar", o "podcasting" pode ser carregado em qualquer tocador de música digital, como o iPod, e escutado quando e onde o ouvinte desejar. No futuro, pode ser usado como ferramenta de distribuição pelas próprias rádios
- Desvantagens: permitir que qualquer pessoa crie o seu programa, significa também que nem tudo o que circula pela rede vale a pena ser ouvido. Outro fator complicador é que, no Brasil, os tocadores de MP3 portáteis ainda são muito caros. Nesse caso, quem não tiver o aparelho, pode ouvir o "podcast" diretamente no computador
- Exemplos: no Brasil, há o "Roda e Avisa" (www.usina.com/rodaeavisa), o "Eu Podo" (www.euPodo.com.br) e o "Gui Leite" (www.guileite.com.br), entre outros; no exterior, um dos pioneiros é o "Adam Curry Show" (www.curry.com), um ex-VJ da MTV.




PROMOÇÃO DA SEMANA

* Um sensacional kit White Stripes, oferecimento da Sum Records. A discografia completa (quatro CDs) mais o DVD ao vivo na Inglaterra. É kit comemorativo à espera do "Get Behind Me Satan", o próximo álbum da banda de Detroit, que sai em junho. Aliás, você já viu a capa do álbum e a capa do single ("Blue Orchid")?
* Uma lembrança do Coachella 2005. É prêmio no escuro. Ainda não sei o que ainda, mas vou trazer algo bacana do festival para o sorteio. Candidate-se.
* O CD "Aha Shake Heartbreak", recém-lançado (aqui) discos dos meninos bacanas do Kings of Leon.




TCHAU MESMO

E é isso. Até a volta. Bom show do Placebo para quem ainda vai. Espero que não eliminem bizarramente nenhuma banda nacional da etapa do Rio de Janeiro do Claro Que É Rock. Tudo a ver, mais nada a ver, o the one and only Humberto Finatti, da "concorrente" Zap'n'Roll", pede para a galera ir ao site da Dynamite votar na premiação da revista sobre os melhores do indie nacional. O antigo Prêmio Dynamite conta a partir desde ano com a chancela da Claro. Fui.
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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