Pensata

Lúcio Ribeiro

26/05/2005

O bizarro e o mistério

"Say 'Yes'"
say 'Yes, I Need You'"
Blood Arm, em "Say Yes"

"I'm thinking about my doorbell
When you're gonna ring it?
when you're gonna ring it?"
White Stripes, em "My Doorbell"

"The sun will shine on you again
A bell will ring inside your head
And all will be brand new"
Oasis, em "A Bell Will Ring"


Buenas!

"Bell", acho que deu para notar, é a palavra da semana. Tocou o seu?

* Se nada fugir do programado, este colunista embarca nesta quinta para Missiones, Argentina, enviado para ver o primeiro show do satânico White Stripes para brasileiros. É que, na verdade, Missiones é um estado argentino coladinho a Foz do Iguaçu, Paraná. E vai estar cheio de brasileiros no local, pelo que eu senti pelos emails à coluna. Na sexta à noite, mais tardar no final de semana, entra um relatinho do show aqui, em parte nova. Vem para completar o restante do "assunto White Stripes", que vem forte mais embaixo.

* Sobre o maior enigma destes tempos, nenhuma novidade. Ainda não é conhecida a verdadeira identidade do Senhor Piano. Para quem não leu a coluna na semana passada ou frequentou o noticiário internacional de tudo quanto é lugar, Senhor Piano é o jovem loiro e espertamente bem vestido encontrado em abril perto de uma praia inglesa. Vagando sem rumo, completamente ensopado e em transe. Desde então, jamais emitiu uma palavra. Não tinha documentos e as etiquetas de suas roupas haviam sido arrancadas.

Sem conseguir descolar nenhuma informação do sujeito, as autoridades meteram o cara em um hospital psiquiátrico. Quando alguém teve a grande idéia de dar papel e lápis para o quietão, ele desenhou um piano perfeitamente, com esmero técnico. Então levaram o esquisito para uma sala que tinha o instrumento. O moço entrou, sentou-se no banquinho e tocou Beethoven, Tchaikovsky e até Beatles como se tivesse dando um concerto no Scala, de Milão. Depois voltou ao transe maluco.

As polícias inglesa, canadense (apareceu um Senhor Ninguém por lá anos atrás) e francesa estão mobilizadas na tentativa de descobrir quem diabos é esse sujeito. Mais de 300 nomes possíveis estão sendo investigados, de uma lista de mil que foram indicados por telefone, email e carta por pessoas que disseram saber quem está por trás do Senhor Piano.

Depois de comentar o caso na semana passada, esta coluna recebeu vários emails de gente arriscando um palpite sobre a verdadeira identidade do cara. Até uma comunidade brasileira no orkut, sobre o Senhor Piano, apareceu, motivada por este espaço.

Alguns acham que é uma peça publicitária do novo disco do Oasis, que sai dia 30. Outros pensam que é alguma promoção de CD novo do Radiohead, o que faz algum sentido, uma vez conhecida a banda de Thom Yorke.
Um leitor lembrou bastante do caso de um tio dele de Barbacena, interiorzão de MG, que desapareceu por uma semana e voltou falando fluentemente várias línguas que NUNCA tinha estudado.

O mistério continua.

* Em entrevista a este colunista, o estiloso vocalista Kele Okereke, do ótimo Bloc Party disse o seguinte sobre a possibilidade da banda se apresentar no Brasil: "Sim, vamos tocar aí antes do final do ano. Não me lembro agora o nome do festival."




SEMANA WHITE STRIPES

Aliás, semanas White Stripes, no plural. Esta aqui e a outra.

A dupla da barulhenta Detroit chega nesta quinta pertinho do Brasil. Jack e Meg White tocam à noite num bar nas Barrancas de Iguazu, no estado jesuíta das Missiones, Argentina, que fica a 15 minutos de carro da cidade de Foz de Iguaçu, Paraná. E é para lá que eu devo ir.

A banda traz ao vivo para estas bandas (hum!) o novo disco, o bíblico-perturbado (e vazado) "Get Behind Me Satan", que será lançado no planeta nos dias 5 e 6 de junho, horas depois do show de São Paulo, no dia 4, no Credicard Hall.

O show das Missiones será num bar chamado La Reserva. E, somado ao concerto no colossal teatro Amazonas, em Manaus, faz parte do lado bizarro da turnê sul-americana. A banda deve gravar as duas performances para um DVD futuro.

Segundo informações, ambas as apresentações estão com os ingressos esgotados. Os 700 ingressos para o show de Manaus não duraram três horas, quando colocados à venda, na última segunda-feira.

Para a parte paulistana da turnê, as entradas consumidas já chegam a 3.000, em número de quarta-feira.

* Uma turnê bizarra para uma banda anormal. Pode-se falar qualquer coisa do White Stripes, menos que essa seja uma formação roqueira "normal". Seja pela formação do grupo, pela música, clipes ou pela atitude. Ou seja por este ótimo novo disco, o "Get Behind Me Satan".

* "Get Behind Me Satan", o quinto disco do White Stripes, vazou em larga escala na sexta-feira passada. No sábado, já tinha mais emails na minha caixa postal falando sobre o disco na internet do que os que concorriam aos prêmios da promoção.

No começo desta semana, chegava à Popload o disco oficial, em um formato de vinil duplo, luxuoso.

Um disco, tão bonito quanto esquisito, que vai da sutileza de uma canção de ninar ao som de uma serra elétrica sem controle, aí vai um faixa a faixa rápido das melhores músicas de "Get Behind Me Satan".

1. BLUE ORCHID - É o single, já bastante conhecido. Para resumir: Led Zeppelin.

2. THE NURSE - O disco está na primeira música e você pensa: "Cacete, o que esses caras estão fazendo?" Esta canção é uma bonitinha balada levada por uma... marimba(!!). Que de vez em quando, em alguns momentos, é rasgada por uma guitarra chorosa de Jack e principalmente pela Meg, que esmurra a bateria de um jeito de dar medo, em sua melhor atuação no White Stripes.

3. MY DOORBELL - Delicioso blues pop levado por piano e bateria, que embalam a inspirada voz de Jack, que canta normal pela primeira vez no disco. Gozado: é blues, mas é quase funk.

4. FOREVER FOR HER (IS OVER FOR ME) - Outro tesouro sonoro de piano e bateria, mas desta vez cadenciada, mais para balada. A parte que Jack canta, tipo sofrendo, "This love is only a fraction of what I can give to you", é de matar.

8. PASSIVE MANIPULATION - Música de meio minuto, cantada por Meg. Na canção, ela avisa às mulheres para tomarem cuidado no relacionamento com os homens.

9. TAKE, TAKE, TAKE Talvez a melhor do disco, uma opereta whitestripiana. Cheia de fases, barulhinhos, com piano, guitarra, percussãozinha e um refrão macabro e dobrado de Jack.

* Para você que pensa em não ir ao show do White Stripes, seja no Amazonas, no Rio (dia 3) e em São Paulo, dois toques:

1. A banda é considerada a principal atração do Glastonbury deste ano, um dos maiores festival de música do mundo, com mais de 100 bandas muito bem escolhidas no elenco.

2. A revista "Time Out" inglesa publicou a lista dos 100 melhores shows que Londres já viu em todos os tempos. E entre performances históricas do Clash, Stones Beatles e Bob Marley está o White Stripes, em nono lugar. A apresentação mencionada é uma de 2001, na explosão do novo rock. O segundo show dos Stripes em Londres. De acordo com a revista, "Um dos dias mais quentes da história da Inglaterra. E o White Stripes foi incendiário".

* FESTA WHITE STRIPES - No dia 4, logo após o show da dupla em São Paulo, o clube Outs (rua Augusta) organiza uma festa em homenagem a Jack e Meg. Na discotecagem, este colunista e o DJ Paulão, do Garagem. Parece que vai ter sorteio de várias cópias do disco novo do White Stripes, antes mesmo de o CD chegar às lojas. E parece também que vão aparecer por lá dois convidados muito especiais. Você sabe: com essas coisas não se brinca.

* E o clipe doido de "Blue Orchid", quem viu? Foi ao ar na semana passada na TV inglesa e está hoje no site oficial do White Stripes, esperando para você ver. Não dá para explicar direito como ele é. Só digo que tem o Jack com movimentos de alma penada em filme de terror, a Meg estraçalhando pratos, uma criancinha, serpentes, uma mulher esquisita que anda de sapatilhas de balé com salto gigante, a maçã branca e um cavalo branco no meio de uma sala. É mais ou menos assim.




NO FINAL DE SEMANA

Nos próximos dias entra um complemento forte da coluna. O show do White Stripes nas Missiones, notícias do Oasis e de seu maravilhoso álbum novo (acho que, pelo jeito, daqui até o final do ano vamos ter notícias do Oasis por aqui toda semana), Coldplay, Foo Fighters, prêmios, resultados, popices e outras coisas. Chega chegando.




MUDANÇA DE PLANOS

Esta coluna não vai ser completada, como prometido (para variar).
É porque a desta semana já chega na quarta-feira.
E aí vai ter White Stripes na Argentina, num galpão coberto com lona de feira para 500 testemunhas. "Seven Nation Army" versão hipnótica. "I Just Don't Know What to Do with Myself" versão galera. Fatos e fotos.
O show de Manaus, o de São Paulo, a festa "especial" do sábado no Outs.
O Tim Festival nu.
O Campari Rock nu.
Quarta, durante o dia, vai estar tudo aqui. Acho.
Desta vez não vai ser como a primeira música do disco novo da Kelly Key
Esta semana não tem premiação, o que vai me ajudar a regularizar entregas.
Mas na próxima coluna tem.
Certs?

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  • Erramos: "O bizarro e o mistério"
    Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

    E-mail: lucio@uol.com.br

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