Pensata

Lúcio Ribeiro

01/06/2005

Escândalo

"Yeah, you're pretty good looking, for a girl
But your back is so brokeeeeeen"
White Stripes, em "Pretty Good Looking"

"Darling, what you gonna do now
Now that you've noticed
It all went wrong"
Magic Numbers, em "Forever Lost"

"Você chegou em mim
Aí eu tive que escutar
Papinho, papinho"
Kelly Key, em "Papinho"

"And yes, this is my singing voice,
It's not irony, it's not rock'n'roll,
we're just talking, to the kids"
Art Brut, em "Formed a Band"

"I'm gonna fight them off
A seven nation army couldn't hold me back"
White Stripes, em "7 Nation Army"


Oi.

Eu sei. Exagerei nas epígrafes...

* O White Stripes está na área. Ainda bem que não estamos mais naqueles tempos em que a praxe era que só bandas decrépitas vinham para o Brasil. Muito pelo contrário, este é o caso em que uma superbanda no auge aparece por aqui, com um esperado disco novo, antes mesmo de mostrá-lo ao vivo nos EUA e Europa, semanas antes de ser a maior atração do gigantesco Glastonbury, para um show que não é daqueles dentro de um megafestival. É obrigatório ou o quê?

* Neste meio de semana, Jack e Meg tocam/tocaram em Manaus. E, para o sábado, em São Paulo, parece que o show vai ser bom. Para o imenso Credicard Hall, perto de 4.500 ingressos já tinham sido vendidos até segunda-feira. No Rio, para a apresentação de sexta no Claro Hall, até a data foram consumidas 1.500 entradas.

* Posso estar enganado, mas dentro de dezenas de músicas novas absurdamente legais gerada pela música pop nos últimos meses, a mais bacana hoje deve ser essa simplezinha "Forever Lost", da banda inglesa Magic Numbers. Parece Belle & Sebastian no frescor hippongo. A letra é triste, mas a melodia é alto astral. Dá vontade de sair pulando de alegria. Dois irmãos e duas irmãs de Londres. Fizeram colaboração vocal no último disco dos Chemical Brothers.

* Um toque para o Skol Beats, o maior festival de música eletrônica do Brasil e internacionalmente conhecido. Mire-se no exemplo do gigante Homelands, que aconteceu no final de semana passado na Inglaterra. Atrações principais: The Streets (hip pop), Beck (pop rock), Roots Manuva (hip hop), Mylo (electronic rock), Audio Bullys (electronic rock), Bravery (indie) e Babyshambles (indie).

* Aliás, falando em Homelands e The Streets, parece que Mike Skinner tocou uma versão de "Drop the Pressure", hino do DJ escocês Mylo. Eu preciso muuuuuito ouvir isso. Alguém?

* Vamoaê.




MISTÉRIOS

Um dos segredos mais saborosos da história, a identidade secreta do "Garganta Profunda", o famoso informante dos dois jornalistas do "Washington Post" que derrubaram um presidente nos EUA nos anos 70, foi revelada nesta semana. Ele hoje é um velhinho de 91 anos, que vive na Califórnia, com a saúde precária. Na época, era um misterioso fumante que aguardava um dos repórteres mover um vaso de flor na sacada de seu apartamento para sinalizar que ele queria um encontro clandestino, geralmente em um estacionamento escuro, toda vez que ele estava desesperadamente perto de uma informação importante e queria saber que caminho seguir.

* Os tchecos alarmam que têm a resposta para o mistério dos anos modernos: a real identidade do "Senhor Piano", protagonista do delicioso caso que tem sido acompanhado de perto por esta coluna. O jovem de aparentes 30 anos foi encontrado em abril vestindo terno escuro e gravata encharcados, vagando em silêncio e em transe perto de uma praia no sudeste da Inglaterra. Sem falar uma palavra desde então, mostrou-se dotado de uma técnica espetacular na arte de tocar piano. Um político tcheco disse que o Senhor Piano da Inglaterra se chama Tomas e é um amigo seu que integrou como tecladista uma banda de rock cover chamada Ropotamo, de Praga. Ele não o via fazia dez anos. Um jornal tcheco publicou uma foto deste Tomas, de anos atrás, e realmente parece o Senhor Piano bem mais jovem. As autoridades britânicas dizem que vão estudar com seriedade essa pista tcheca, mas que ela é apenas uma das 250 "revelações" sobre a identidade do pianista misterioso. Desde que o caso veio a público, o Senhor Piano já foi sem nunca ter sido um artista de rua francês e um pianista clássico sueco desaparecido.

* As séries "Lost" e "24" chegaram ao fim nos EUA e, consequentemente, acabaram também para quem os via via (hehe) internet. Confesso que me sinto órfão e meio sem ter o que fazer agora, no quesito "seriado no sofá, tomando sorvete". Sensação de vida vazia. E o pior: com algumas perguntas que vão me acompanhar até setembro/outubro:

(1) Será que um dia vamos saber alguma coisa sobre qualquer coisa em "Lost"? O que é aquele aviso da segunda temporada que diz "Eles não são os sobreviventes que eles pensavam que fossem". Sério. A música que eu citei, "Forever Lost", do Magic Numbers, devia ser a trilha sonora de "Lost".

(2) Você viu o que aconteceu ao agente Jack Bauer, no último "24"? E agora?




BECK, MORRISSEY, NEW ORDER, STROKES

Tirando o que a gente sabe sobre Franz Ferdinand, Interpol e M.I.A., monte este quebra-cabeças comigo.

Pelo que eu entendi, e sem falar ainda do Campari Rock (agosto) e o Curitiba Rock Festival (setembro), e concentrando esforços na guerra dos celulares, o festival Nokia Trends acontece nos dias 9 e 10 de setembro. Uma semana depois, o Claro Que É Rock é montado, nos dias 17 e 18, nas mesmas datas do Brasília Rock Festival. Aí, nos dias 21, 22 e 23 de outubro, chega o Tim Festival, aparentemente só no Rio. Digo aparentemente pelo seguinte: o Tim fechou com a estrela do jazz Wayne Shorter, saxofonista, para o dia 21. No dia 22, Shorter toca no Ibirapuera em São Paulo. Mas acho que isso não quer dizer muita coisa.

Agora...

No final de outubro, provavelmente no dia 31, será realizado no Chile o SUE (Santiago Urbano Eletrônico) Festival, que confirmou oficialmente Beck e Morcheeba. Diz que falta pouco para confirmar New Order. E que estes mesmos shows acontecerão no BUE, da Argentina. E no Brasil. Dizem ainda que só não terão o Morrissey, que está vindo tocar no Brasil, porque o ex-Smiths tocou por lá no ano passado.

Da Inglaterra, vem a história de que o The Cure, agora um trio, vem ao Brasil em setembro.

E os Strokes, oficialmente, avisam que não desistiram de tocar no Brasil ainda este ano, conforme vêm prometendo. Dizem até que estão em conversação com um promotor brasileiro para aparecerem por aqui em novembro.

Monte seu festival.




WHITE STRIPES

Lúcio Ribeiro
Ingresso do show do White Stripes


Este colunista foi enviado à Argentina na semana passada para ver a bizarra apresentação do grupo de Detroit em um bar de Puerto Iguazu, pertinho da fronteira com o Brasil. Chapa desta coluna, o jornalista Thiago Ney, o Ney, está na mesma condição, só que em Manaus, para ver o show bizarro no maravilhoso Teatro Amazonas desta semana. Juntos, eu e o Ney fizemos um texto para a Ilustrada desta semana, que segue abaixo.

Mais: relato do show da Argentina. Mais: dois ingressos do White Stripes em São Paulo para sorteio. Mais: a festa depois do show do White Stripes em SP. Jolene, please don't take it, even though you can.

Lúcio Ribeiro
Cartaz do show do White Stripes, em Puerto Iguazu


* Que o White Stripes nunca foi uma banda de rock "normal" já se havia percebido. Mas agora que os exóticos irmãos-marido-e-mulher Jack e Meg White se armam de um disco estranho e de uma turnê bizarra que envolve o Brasil a coisa ficou engraçada.

Após passar por ruínas na Guatemala e por países como Panamá, Colômbia e México, a dupla de Detroit fez show num jardim de bar na fronteira de Foz do Iguaçu (Paraná) com Puerto Iguazú (Argentina) no dia 26. Nesta semana uma performance ímpar ocorre/ocorreu no centenário teatro Amazonas, em Manaus.

"Seria muito fácil excursionar pelos EUA e pela Europa", disse Jack em entrevista coletiva terça em Manaus. "Queria tocar em locais onde as pessoas não tivessem nos visto, pois o público é mais entusiasmado. O teatro Amazonas foi o primeiro lugar em que pensamos."

A "correção de rota" vem na sexta e no sábado, quando o guitarrista Jack e a baterista Meg se apresentam no Rio, onde já estiveram em 2003, e em São Paulo.

Os lugares, hum, diferentes para tocar foram exigências expressas da banda, que querem filmar tudo para um DVD a ser editado no final do ano, como parte de um pacote que terá como produto principal seu quinto disco, o ótimo "Get Behind Me Satan", cujo lançamento mundial é na semana que vem. O disco há dias na internet, é impregnado por marimbas e pianos e marcado pela economia das guitarras tão caras à banda. Sem falar no título bíblico, "Vade Retro, Satanás", e letras agridoces para exorcizar tragédias particulares especialmente de Jack White, principalmente amorosas.

"O título é referência à minha fala preferida de Jesus, dita a Pedro. Gosto da ambigüidade", disse Jack.

A saga do White Stripes por essa "América profunda" foi parida quando Jack teve idéia de tocar na Ilha de Páscoa. Avisado por um produtor que "seria impossível fazer show ali, a menos que fosse um luau", o guitarrista mudou seus planos.

Colecionador de estátuas religiosas e de animais empalhados (ele tem uma zebra em casa), Jack gastou US$ 600 (R$ 1.400) em imagens de santos na passagem por ruínas na Guatemala.

A turnê nada convencional do White Stripes continuaria nesta quarta no teatro Amazonas, que terá pela primeira vez sua excepcional acústica ocupada por um show de rock (tirando os eruditos, poucos artistas da MPB se apresentaram ali). Inaugurada em 31 de dezembro de 1896, a imponente estrutura receberia ontem "O Barbeiro de Sevilha", no encerramento do 9º Festival Amazonas de Ópera.

Os 629 ingressos colocados à venda foram vendidos em três horas. O restante dos 701 lugares do teatro serão ocupados por convidados, entre eles o governador do Estado, Carlos Eduardo de Souza Braga (PPS), e o prefeito da cidade, Serafim Corrêa (PSB). Tanto nos 266 lugares da platéia como nos 90 camarotes, todos terão que assistir ao show sentados.

A MTV européia, que filmará o show, e a produção do evento foram instruídas a não jogar luz contínua em direção ao teto para não prejudicar as históricas pinturas a óleo do pernambucano Crispim do Amaral. Mais: a amplificação de som terá de ser mais baixa do que o normal dos shows da dupla para não prejudicar os cristais europeus e a decoração.

* Na quinta passada, em Puerto Iguazú, na Província argentina de Misiones, a 15 minutos de carro do lado brasileiro, Jack e Meg subiam no palco improvisado, coberto com lonas laranjas e azuis, dessas de barraca de feira. O local era assim: uma rua semi deserta e escura com dois bares, um frequentado por brasileiros, outro por argentinos.

Este segundo abrigou o White Stripes e as 500 testemunhas de três nacionalidades (o Paraguai é logo ali). Enquanto os produtores locais (uma rádio rock argentina) reclamavam do prejuízo por armar tal espetáculo em tal lugar, Jack e Meg se entregavam a sua música do mesmo modo que se entregaram na frente de 80 mil pessoas no britânico Reading Festival no ano passado.

E do mesmo jeito que se entregarão no final do mês diante de 100 mil pessoas no outro megafestival inglês Glastonbury, onde a banda de Detroit é a atração principal entre mais de cem. O White Stripes é bonito de se ver. Jack e Meg são hipnóticos. Da bateria à guitarra, é tudo vermelho e branco, quando Jack não está vestindo preto. E cartola.

Na bateria de Meg, a maçã branca, o símbolo bíblico do álbum novo, fruto proibido descolorido pela mente imprevisível do guitarrista. Do disco novo, em um show de quase hora e meia, apenas três músicas: o single "Blue Orchid", a country "Little Ghost", quando a guitarra vira banjo, e "Red Rain".

Um punhado de hits (de "Hotel Yorba" a "Fell in Love with a Girl") e algumas covers que já viraram músicas do White Stripes ("Jolene", de Dolly Parton, e "I Just Don't Know What to Do with Myself", de Burt Bacharach, em versão maravilhosa, cantada em uníssono pela platéia).

E, claro, "Seven Nation Army", a principal música do rock neste século, entre outras razões porque introduziu o baixo faltante no White Stripes, fez a introdução mais assobiável dos últimos tempos, levou o álbum "Elephant" vender 5 milhões de cópias e, mais importante, comandou o crossover globalizado do rock com a eletrônica, ao ganhar pelo menos oito seis versões remixadas e diferentes para as pistas.

"Seven Nation Army", como tem sido na turnê sul-americana, foi em Puerto Iguazu, deve ser/ter sido em Manaus e no final de semana no Rio e em SP, será a última música da noite, no bis, depois que a platéia trouxer a banda de volta ao palco, emulando com a boca sua introdução. Em versão acelerada, quase inaudível de tão tosca, Jack White programou uma luz estrobo violenta para a parte do "refrão instrumental".

Acredite, mais do que o show do White Stripes em si, a sensação de luz estrobo estourando nas vistas vai demorar dias para ir embora da cabeça.

* SORTEIO - Vaaaaaaai. Dois ingressos para o show de SP do White Stripes vão a sorteio na coluna a partir de agora, seja lá qual hora agora for. Mande seu email requisitando sua entrada para o mundo esquisito de Jack e Meg. Não se esqueça de botar o telefone. O sorteio rola sábado de manhã e os sortudos (o ingresso é solitário, não é par) vão ser avisados ao meio-dia do dia do show.

* FESTA - Olha lá, hein! Logo após o show do White Stripes em São Paulo, você vai estar chapado com aquele estrobo de "Seven Nation Army". Sua noite não vai poder acabar ali. Então, o negócio é rumar para o clube Outs (rua Augusta), que organiza uma festa em homenagem a Jack e Meg. Na discotecagem, este colunista e o DJ Paulão, do Garagem, mais a galera da casa. Parece que vai ter sorteio de várias cópias do disco novo do White Stripes, antes mesmo de o CD chegar às lojas. E parece também que vão aparecer por lá dois convidados muito especiais. Como já disse na semana passada: pode até ser que esses convidados nem apareçam, mas com essas coisas não se brinca.




WHITE STRIPES EM MANAUS (O SHOW DO SÉCULO?)

Yussef Abrahin
No telão, do lado de fora do Teatro Amazonas, em Manaus, show para os milhares de fãs que não puderam entrar


Yussef Abrahin
Apresentação exclusiva para os sem-ingresso, quando a dupla surpreendeu e tocou sem microfone, "acusticamente"


Logo nas primeiras horas da madrugada de quinta, começaram a chegar relatos por e-mail sobre o espetacular concerto que o WS fez horas antes no magnânimo Teatro Amazonas, em Manaus. Na manhã, as confirmações pelo telefone eram emocionadas.

Casamento bizarro, Jack abrindo bocas de jacarés, pandemônio fora do teatro, pandemônio dentro, bis maluco, milhares de pessoas vendo o show por telão na parte de fora do teatro.

Jack White se casou na quarta-feira, no dia da apresentação. Foi numa fazenda indígena, pelo que eu entendi. A cerimônia foi feita ao ar livre, no encontro das águas dos rios Negro e Solimões, e sob a bênção de um pajé.

O show em si, que começou com a poderosa "Blue Orchid", tal qual na Argentina, foi um desfile de hits.

"A levada roqueira e agressiva de 'Blue Orchid' faz das 700 pessoas dentro do teatro reféns de Jack e Meg White. Começam os gritinhos, aplausos, dancinhas e a histeria. Um riff distorcido anuncia 'Dead Leaves and Dirty Ground', aumentando a excitação dos indies mais indies. 'Black Math', logo em seguida, emociona e arrebata", escreveu o leitor Jorge Eduardo Dantas.

Na quarta ou quinta música, segundo o que eu entendi, Jack White falou para a galera: "Vocês não vão levantar?". O clima bom de um show raro desses, que já era quente, incendiou o histórico teatro.

Lá no fim, na hora de "I Just Don't Know What to Do with Myself", com Jack dedicando a música à agora esposa (a modelo inglesa Karen Elson) e misturando até trechos de canção do "romântico" Barry Manilow. E o teatro inteiro cantando junto ("I Just Don't Know", não o Barry Manilow).

Do lado de fora do teatro, uma multidão (fala-se em 4 mil pessoas) assistia ao que acontecia lá dentro em dois telões. Até que, no teatro, na hora do bis, Jack White avisou ao público: "Esperem um pouco. Eu e minha irmã Meg vamos até ali fora".

Os dois saíram pelo meio da galera e foram lá para fora. "Ninguém entendeu nada, mas todos resolveram sair também", escreveu a leitora Kika Andrade. Jack com um violão e Meg com um bongo decidiram tocar para o público lá de fora, que lotava a praça em frente ao teatro. Do alto da escadaria. Sem microfone, caixas.

Os que estavam dentro do teatro nesta horas já tinham saído como uma manada. Os milhares do lado de fora ficaram loucos, sem acreditar.
Jack e Meg tocaram por uns dez minutos, protegidos pelos seguranças. E, claro, só os que estavam bem perto ouviam o que Jack cantava. Daí o guitarrista e sua irmã (?) voltaram para o teatro. E não só os 700 que assistiram à primeira parte do show quiseram voltar. TODO MUNDO partiu para entrar no teatro.

A segurança do teatro tentou impedir, mas resolveram abrir geral as portas para não rolar uma tragédia no teatro centenário. Com Jack e Meg de volta ao palco e uma multidão nunca vista lá dentro na platéia, o show recomeçou onde parou. No bis. E era "Seven Nation Army". Aí...

Um repórter da revista britânica "Mojo", que foi enviado especialmente para acompanhar a tour bizarra do White Stripes na América do Sul, resumiu assim a apresentação da banda: "Este foi o melhor show que eu já vi na vida". E ele, convenhamos, não deve ter visto pouca coisa nessa tal vida dele.

Divulgação
Jack (à dir.) tirando foto de um, hã, réptil (filhote de jacaré?)


Divulgação
Meg descansando de um rolê com crianças de Manaus





PROIBIDÃO DO ROCK

O rock e o sexo sempre caminharam juntos. Agora, pode se dizer que o rock independente caminha junto com o sexo desde 2001, quando no meio da revolução da internet apareceu o site americano Suicide Girls.

Simples assim, o Suicide Girls é um espaço virtual que se dedica a fornecer fotos e vídeos eróticos de 300 garotas, digamos, alternativas.
O negócio é que, na ficha da moça que está enviando imagem de seu corpo, tatuagens e piercings à apreciação, precisa obrigatoriamente conter as bandas de que ela gosta, as músicas que ela está ouvindo, seu estilo predileto etc. De uma certa forma, os gostos musicais são tão importantes quanto as fotos.

A MTV já definiu o site como um "orkut com piercing nos mamilos" (era "friendster", e não "orkut", na verdade. A adaptação é por minha conta). "Elas são as garotas do apartamento vizinho, só que mais coloridas e com uma melhor coleção de discos", disse a revista "Spin". Uma "'Vogue' do punk rock", falou a "Wired". "As meninas que você vê em shows de rock saltando do palco para a galera", exemplificou o britânico "New Musical Express".

No Suicide Girls tem as peladas, mas tem também entrevistas com Woody Allen e outros cineastas, cobertura do festival Coachella, discussões de tecnologia e política. Tem programa de rádio das garotas suicidas na prestigiosamente indie 103.1 FM (Los Angeles).

As Suicide Girls dão show também. Quer dizer, fazem "apresentações", turnês, como uma banda de rock. Mas, não pense besteira, as apresentações são "teatrais". Elas abriram a turnê solo da Courtney Love no ano passado. Botam uma música para rolar e interpretam uma historinha. Pode ser uma torturadora e uma vítima, uma policial e uma bandida... Coisas que envolvam uniformes, armas e cordas.

O título Suicide Girls virou uma marca. Vende roupas com seu nome, jóias e é tema até de livro, que dá para comprar na Amazon e que, quando saiu, chegou ao top 5 de vendas da loja virtual. A caminho, estão um DVD e um programa de TV.

Tuuuuuudo isso sobre as Suicide Girls para falar do novo clipe da banda Louis XIV. A banda americana, tema deste espaço em março, frequentadora das trilhas do seriado "O.C." e que andou abrindo shows para o Killers, prestou uma homenagem para às Suicide Girls.

Do recém-lançado primeiro álbum do Louis XIV, "The Best Little Secrets Are Kept", saiu a versão videoclíptica para a música "Paper Doll". O vídeo mostra três garotas do famoso site de garotas se vestindo para sair, cada uma no seu quarto. A idéia, parece, é fazer refletir sobre aquela indecisão que acontece na busca da roupa ideal para a balada. Sabe qual?

O clipe está no site das Suicide Girls, entre outros locais. É proibido para menores.

Ah, o site é pago. Não para o clipe.

SuicideGirls.com
Esta é a "suicide" Claudia, que
está no clipe do Louis XIV


* MAIS PORN - Agora, falar sobre o clipe novo do espetacular Queens of the Stone Age... Aí vai ser demais.

É um vídeo que apareceu na internet nesta semana, da música "Everybody Knows That You're Insane", faixa do recente disco-campeão "Lullabies to Paralyze".

Não dá para cravar que o clipe, com AQUELE conteúdo, é oficial da banda (pode bem ser, na verdade). Mas tem o símbolo da MTV2 e está no site do Queens of the Stone Age. Você já viu o órgão sexual masculino fazendo as vezes de uma... guitarra?

* E MAIS PORN - Parece que vem aí um clipe do Gorillaz que versa sobre o mesmo tema.




KILLERS NO MORRO

Que o grupo americano Killers, de Las Vegas, já é hit por aqui dentre várias camadas de gosto popular, não precisa da promoção vale-um-carro da mainstream rádio Jovem Pan FM para corroborar isso.

Mas amigo em rolê pelo famoso camelódromo da rua Uruguaiana, no centrão do Rio, ouviu "Somebody Told Me" bombando nas picapes de uma barraca de CDs pirata. Ali é reduto funk, muito às vezes abrindo um espaço para hip hop.

"Não parecia gratuito. A rapaziada de comunidade que estava na área cantava (na medida do possível) a letra, e mostrava que curtia o som pacas."

Faz sentido. Ouvi falar que tem um funk carioca que usa o bacanaço sucesso do Killers no fundo. Queria muito ouvir isso.




OASIS

O retumbante disco novo do Oasis, "Don't Believe the Truth", já está nas lojas de todo mundo, Brasil inclusive. Segundo informações da Inglaterra, onde foi lançado na segunda passada, o CD dos Gallagher está vendendo a uma velocidade de 6 discos para 1, em relação ao segundo colocado. Complicado? Para cada um disco qualquer vendido, seis do Oasis passam pela máquina registradora das lojas inglesas. Nos EUA, espera-se que o Oasis chegue pela primeira vez ao primeiro lugar da "Billboard". Até a semana que vem, quando sai o novo do Coldplay.

Na Inglaterra, o álbum do Oasis deve ser primeiro lugar sem dificuldades. Nessa onda Oasis causado pelo novo disco, os outros CDs da banda devem voltar a ocupar lugares de destaque no Top 40 inglês.

Segundo o ilustre fã brasileiro do Oasis, o internacional Alisson, o histórico "Morning Glory" frequenta o Top 40 há 333 semanas. Pensa.
Voltando a falar do Coldplay, dá para dizer toscamente que a banda "pagou um sapo" nessa história de parada.

A banda fofa de Chris Martin tinha cravado o primeiro lugar de singles com a música "Speed of Sound", que já foi desbancado por um ringtone. De um sapo. A musiquinha para celular do Crazy Frog, versão do tema de "Um Tira da Pesada", é a canção mais vendida na Inglaterra.




POPLOAD BRASIL TOUR 2005

Parece banda de rock. Sábado agora é no Outs, em SP, naquela festa lá. Dia 11 a balada é em Maringá. Dia 18, a Popload se faz ouvir em Belém do Pará. Dia 25, a discotecagem é em Brasília. Londrina pode entrar no roteiro da semana que vem. Porto Alegre deve ser a próxima.




POPICES

Várias fotos legais da algazarra do White Stripes em Manaus podem ser vistas no site http://fraquissimos.blogger.com.br. // A maneca Kate Elson, com quem Jack se casou no Brasil, é a tal figura esquisita que anda em sapatilha de balé com salto gigante no vídeo de "Blue Orchid".// Diferente do prometido, o assunto "punk não morreu" fica para a próxima.// O berrado disco novo do Foo Fighters já é nosso. O Coldplay também.// Semana que vem, o line-up completíssimo do Campari Rock. Ou não.




PROMOÇÃO DA SEMANA

Então. Tirando os ingressos do show paulistano do White Stripes, esta coluna bota a sorteio a bolsa (?!?) do Gorillaz. Uma bolsa mesmo, que carrega dentro o CD bacana do grupo virtual de Damon Albarn, mais adesivos bem legais. Mais: o DVD "Who Put the M in Manchester", show do "divino" Morrissey, que se não se encrencar muito com a gravadora pode vir tocar por aqui num desses festivais do segundo semestre. Capricha no e-mail.




VENCEDORES DA PROMOÇÃO

O que faltava anunciar está aqui.

* Um single oficial da bela "Tulips", do Bloc Party
- Melina Segalla, São Paulo, SP

* Uma "New Musical Express" recentíssima, com a capa do Oasis
- Fábio A. Melo, São Paulo, SP

* Um pacote EMI, com o álbum do Doves, o single "Feel Good Inc" do Gorillaz e a coletânea do Placebo.
- Jorge Bianchi de Oliveira, Belo Horizonte, BH




CHEGA

Esta já era. Até mais.
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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