Pensata

Lúcio Ribeiro

27/06/2005

EXCLUSIVO: Strokes no Brasil

"I don't want waste your time
I don't want waste your time
I just wanna say...
I've got to say..."
The Strokes, em "Under Control"


A hora é agora.

Uma das bandas top do rock mundial e das mais solicitadas no quesito "Eu quero ver esses caras ao vivo no Brasil", o grupo nova-iorquino The Strokes acertou na semana passada uma turnê brasileira de três shows em outubro, com a possibilidade de haver ainda um quarto.

Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre estão na rota brasileira da banda que espanou o pó do rock no começo da década e deve ser anunciada nos próximos dias como a principal atração do Tim Festival 2005, esta coluna apurou.

Divulgação
Quinteto The Strokes tem um brasileiro no grupo


O quarto show dos Strokes está vinculado à venda rápida de ingressos do concerto da banda no Tim. Se as entradas para o Museu de Arte Moderna (capacidade de 6.000 pessoas) forem devoradas em menos de 15 dias, a banda assume um show extra para os cariocas. Não é difícil prever, os ingressos não durarão nem 15 horas e o quarto show vai, sim, ser programado.

O Tim Festival acontece nos dias 21, 22 e 23 de outubro, no
Rio de Janeiro. A rapper inglesa M.I.A (a alma é do Sri Lanka) e a cultuada banda americana de country alternativo Wilco acompanham os Strokes na lista de atrações do Tim Festival a serem anunciadas oficialmente em breve.

O possível show extra no Rio e as apresentações da banda de Julian Casablancas em São Paulo e Porto Alegre aparentemente não têm nada a ver com o evento da marca de celular. A idéia é a de os Strokes intercalarem cada show do Rio e os de SP e Porto Alegre (estes dois últimos estimados para um público de 25 mil pessoas) com um dia de folga. Um festival na Argentina também vai contar com a passagem da turnê do adorado grupo da cena de Nova York.

Os Strokes quebram, assim, o caráter exclusivista que é próprio dos grandes festivais brasileiros. Foi uma exigência da banda na hora de fechar o contrato a possibilidade de assumir ela própria sua performance por outros lugares, para 1) atingir o maior número de fãs brasileiros possíveis e 2) não deixar irritados os seguidores que esperam há tempos a banda e que não conseguiriam um dos ingressos de show solo no Tim Festival.

Os Strokes são um quinteto formado por Julian Casablancas (vocal), os guitarristas Albert Hammond Jr. e Nick Valensi, o baixista Nicolai Fraiture e o baterista Fabrizio Moretti, que nasceu no Rio de Janeiro.

A banda, o primeiro grande fruto da geração MP3, tomou de assalto a cena roqueira mundial em 2001, quando foi muito mais falada do que ouvida. Por causa de um mero single, "The Modern Age", três musiquinhas caseiras, excitou o pop, virou capa de jornais e revistas em todo mundo, arrastou "famosos" para os seus concorridíssimos shows, tocou em posição de destaque em megafestival, pautou a moda jovem.

Quando o primeiro disco saiu (o famoso "Is This It"), oito meses depois, já era a banda de rock mais comentada do novo século. Aí chamou atenção mundial para a cena musical de Nova York, abriu portas para um sem-número de bandas novas da Suécia à Austrália e evidentemente virou desejo brasileiro, que se materializa só agora.

Os Strokes devem finalizar em julho o seu novo álbum, o terceiro. O disco começou a ser falado na imprensa musical na semana passada, quando foram mostradas 14 faixas não remixadas para jornalistas selecionados da Inglaterra e EUA. O sucessor de "Room on Fire" (2003) ainda não tem título e deve ser lançado apenas no começo de 2006.

A banda, em férias, deve passar agosto e setembro ensaiando as novas músicas. Certamente nos shows brasileiros os Strokes intercalarão seus hits com várias das músicas novas do "Album 3", como vem sendo provisoriamente chamado.




O FENÔMENO STROKES (DISCO A DISCO)

Os dois CDs que abalaram o rock e um terceiro:

* "Is This It" (2001)

Quando o primeiro álbum saiu os Strokes já eram uma das bandas mais badaladas do planeta e "Last Nite" um hino de pista no Brasil ou no Japão. Aqui, o disco vendeu 30 mil cópias em um mês, uma marca extraordinária para o CD de estréia de uma banda indie.

- Mudou o quê? Deixou o rock excitado, o público excitado, a crítica excitada, outros músicos excitados. Escancarou a porta para outras bandas independentes aparecerem. Se o Los Hermanos hoje é banda grande no Brasil, parte disso se deve à existência dos Strokes.

- Os principais hits: "The Modern Age", "Last Nite", "Hard to Explain", "Barely Legal", "Soma".

- O que a Folha disse: "São esses os dois elementos fundamentais de todas as composições dos Strokes: pura diversão, algum sentimento. É a dosagem entre eles que faz a banda soar especial".

- O que eles disseram: "É o resgate de virtudes há muito esquecidas no rock: canções rápidas, acordes barulhentos e marcados, canções sobre amantes se encontrando escondidos em um apartamento imundo. Ou seja, tudo de bom". (revista inglesa "Q")

*"Room on Fire" (2003)
Depois da tempestade, veio o segundo álbum dos Strokes. E a pergunta era uma só: melhor ou pior do que o segundo? E o grupo reafirmou sua vocação de porta-voz da juventude urbana deste novo século.

- Mudou o quê? Nada. O estrago todo já tinha sido feito com o disco anterior.

- Os principais hits: "Reptilia", "12:51", "The End Has No End", "I Can't Win".

- O que a Folha disse: "Você vai ler de tudo sobre o segundo álbum dos Strokes . Que é ótimo porque é idêntico ao primeiro. Que é péssimo porque é idêntico ao primeiro. Que é ótimo porque é totalmente diferente do primeiro. Que é péssimo porque é totalmente diferente do primeiro. Melhor do que ler, no entanto, é ouvir o novo trabalho desses cinco moleques nova-iorquinos que não precisam seguir a moda _porque eles fazem a moda."

- O que eles disseram: "Uma das melhores coisas que este segundo CD dos Strokes tem é que, nas coisas que mais interessam, ele é igualzinho ao primeiro". (revista americana "Rolling Stone")

*"Album 3" (título provisório)

O terceiro CD só deve ser lançado em janeiro de 2006. E as primeiras impressões de quem já ouviu uma audição especial do disco é de que ele aponta o seguinte caminho: vem aí um Strokes diferente.

Os prováveis hits:

- "Juice Box": Julian berrando em cima de uma base... metal. Provável primeiro single.

- "Evening Sun": uma das mais melosas, porém não uma balada. Lembra Pavement, pela bela melancolia, segundo o semanário "New Musical Express".

- "Heart in a Cage" lembra The Who; " Razor Blade" parece Black Sabbath; e "Fear of Sleep" é tipo. Strokes.

* O que os Strokes disseram: "Eu não quero parecer exagerado, mas estou muito excitado com o novo disco. É como uma melancia sem caroço. Adorei o CD", definiu o vocalista Julian Casablancas.




TIM FESTIVAL EM SÃO PAULO

A princípio o Tim Festival está marcado mesmo apenas para o Rio de Janeiro. Mas o evento pode ter uma mini-edição em São Paulo, no Auditório Tim, espaço cultural que a firma de aparelhos celulares está construindo no Ibirapuera.

O auditório terá palco móvel e uma estrutura que permitirá a utilização de dois espaços diferentes. A área interna, com acomodação de 800 pessoas e shows pequenos com cobrança de ingressos, e uma ao ar livre, que estica a capacidade para até 20 mil e permite a realização de concertos grátis aos domingos.

Os jazzistas Wayne Shorter, saxofonista, e John McLaughlin, guitarristas, têm shows marcados para o Tim Festival e também para o Ibirapuera, em São Paulo.




SEMESTRE DOS SONHOS

A notícia da vinda dos Strokes ao Brasil em outubro vai puxar uma lista imensa de atrações que pode, todas juntas, desenhar um segundo semestre dos sonhos para quem acompanha a nova música e aquela nem tão nova assim.

Além das fechadas Wilco e M.I.A, entre outras coisas uma espécie de embaixadora internacional do funk carioca, o Tim Festival pode chegar ao fabuloso se conseguir anunciar mesmo duas duplas-alvo: o duo rapper sensação Outkast e a insólita conjunção sonora de Morrissey com a diva Nancy Sinatra, filha de Frank.

Antes, em setembro, o Nokia Trends vai fazer desembarcar em Cumbica o superstar DJ americano Moby, que tem assegurada a passagem da turnê de seu álbum "Hotel", recém-lançado.

Antes ainda, em agosto, o Campari Rock sela a participação do novo rock do grupo The Kills e do veterano grupo pré-punk MC5, histórica formação que ainda trará como músicos convidados o roqueiro Mark Arm (Mudhoney) no vocal e Gilby Clarke (ex-Guns N' Roses).

Em novembro, a primeira edição do Claro Que É Rock pode ter Garbage e Foo Fighters em seu elenco.

E este colunista apurou que o supergrupo inglês Oasis e os americanos Flaming Lips e Kings of Leon estudam robustas propostas para estrelar um festival brasileiro. O Oasis provavelmente para o Quilmes Festival argentino e para o CQÉR brasileiro.

Mais: a dupla White Stripes, que realizou furiosa turnê pelo Brasil, no início deste mês, pode voltar à América do Sul em novembro.
O cenário está bem bom, não?




CAMPARI ROCK URGENTE

* O festival preferido desta coluna, por motivos óbvios, tem o prazer de anunciar os acompanhantes da banda MC5, uma das principais atrações do evento que vai tomar para São Paulo para si uma semana inteira de agosto.

O mitológico grupo de Detroit traz ao show exclusivo no Brasil, como músicos convidados, o vocalista Mark Arm, do querido Mudhoney, e Gilby Clarke, ex-guitarrista do Guns N' Roses. Clarke entrou para o Guns na famosa maratona mundial "Use Your Illusion Tour", de 28 meses, que inclusive passou pelo Brasil (1992) e teve o famoso episódio do Maksoud Plaza, em SP.

* A parte "festival" do Campari (12 e 13 de agosto) Rock já tem endereço. Vai acontecer na Fábrica Lapa, um imenso galpão que será preparado especialmente para o festival. O Fábrica Lapa fica na avenida Mofarrej, 1267, na Lapa. Ao lado do Ceagesp. Aliás, o estacionamento do Ceagesp vai ser gratuito para quem mostrar o ingresso do Campari Rock. Vans levarão o público ao local dos shows.

* O gaúcho Wander Wildner não vai mais tocar no festival. Optou por participar de show em Porto Alegre do Acústico MTV Gaúchos.




CAMPARI ROCK - QUEM É QUEM (NACIONAIS)

Na semana passada publiquei a lista das bandas internacionais e "internacionais" que tocarão no festival. Agora é a vez das nacionais.

* Mercenárias - A grande volta das rainhas do pós-punk paulistano passa obrigatoriamente pelo Campari Rock. E não?

* Irmãos Rocha! - A maior banda de Porto Alegre é a prova viva
de que os Ramones não morreram. Será o ápice da megaturnê "Ascensão e Queda dos Irmãos Rocha!". É daí para a "Billboard". E nunca se esqueça: Irmãos Rocha! é com exclamação. E eles (André Rocha, Mauro Rocha, Raul Rocha e Bel Rocha) NÃO são irmãos. A última: Irmãos Rocha! vão sair na "Vogue". Pensa nisso.

* Los Pirata - O melhor show da música indie nacional, óbvio, tinha que tocar no festival de que este colunista faz parte. Onde mais?
* Objeto Amarelo - Outro excelente show do trio paulistano que cria no palco um clima tão denso que daria para cortar com uma faca. Lembra-se da "no wave"?

* Jumbo Elektro - Banda que não só os instrumentos são ligados na tomada. Não dá para perder o show dos caras que chamam seu primeiro álbum de "The Very Best of Jumbo Elektro - The Ultimate Compilation".

* Daniel Belleza e Os Corações em Fúria - A música indie também é luxúria. Rock cênico de energia absurda.

* Os Muzzarelas - Veterana banda de Campinas que só existe talvez porque os Ramones existiram. Ainda bem para todo mundo.

* Freakplasma - Luxuoso projeto bootlegs de eletro-rock. Coisa fina.




A VOLTA DA BIZZ

A revista "Bizz" sai como uma publicação musical "normal" em agosto. Não vai ser só especial temático. Eu acho que já sei qual vai ser a capa. Ou pelo menos qual tem que ser.




NOVE CANÇÕES

Em homenagem ao filme pornô-indie que acabou de entrar em cartaz , mas que muita gente já viu na internet, esta coluna indica suas "Nove Canções". O sexo explícito xxx hardcore vou ficar devendo.

BANDA: Maximo Park
CANÇÃO: "Going Missing"

Maximo Park, acho que você já esperava por essa, é o máximo. Se sua mp3teca ainda não tem o álbum deles, "A Certain Trigger", só me resta perguntar: o que você está esperando? Pô, são os caras de "Grafitti"...

"Going Missing" é uma deliciosa art-pop que bebe no pós punk inglês, como uma centena de músicas novas da Inglaterra. Mas este é um punk romântico, magoado. Pelo que eu entendi, o cara não quer mais continuar a ver uma mina que tem outro cara. Chega. Cheeeega!

"Going Missing" tem um dos clipes mais bonitos do ano, disparado. Dá para ver na internet. Nunca vi tanta atitude num cara sentado em um sofá. É demais ele dilacerando o lookzinho Strokes.

A música termina assim: "I sleep with my hands across my chest/ And I dream of you with someone else". Barra.

BANDA: Dogs
CANÇÃO: "Selfish Ways"

O novo rock inglês em sua melhor forma. Guitarras normais, vocais desesperados que você já viu por aí um milhão de vezes. Mas é sensacional. O nome da banda é ótimo. O nome do vocalista, Johnny Cooke, é cool. E o guitarrista chama Luciano Vargas. ?!?!?!?! Mas é... argentino. Londres está queimando. Sai em single dia 18 de julho.

BANDA: Death From Above 1979
CANÇÃO: "Black History Month (Alan Braxe & Fred Falke Remix)"

Espetacular dupla canadense de indie-metal. É uma das minhas prediletas. Lembra, não? Do baterista cantor e do baixista. O single, recém-lançado, é uma porrada doce tipo Queens of the Stone Age. Mas esse remix, pelo que eu entendi só disponível no vinil de 7 polegadas, é, digamos, disco. Mais ou menos isso. Obviamente, foi parar nas rádios britânicas e de lá não tem saído.

BANDA: Foo Fighters
CANÇÃO: "The Last Song"

Dave Grohl berra que esta é a última música que ele dedica à pessoa, seja lá quem ela for. Coisa séria.

BANDA: Black Rebel Motorcycle Club
CANÇÃO: "Ain't No Easy Way"

A excelente banda da Califórnia volta meio... psicodélica?
Primeiro single do novo álbum, "Howl". Ambos serão lançados em agosto.

BANDA: Be your Own Pet
CANÇÃO: "Fire Department"

O grupo de menores de idade mais violento do rock. Nashville não deve dormir sossegada. Quem pode com a loirinha Jemina Pearl? Nem largaram os livros de matemática e hoje (24) tocam no Glastonbury. E, domingo, no Reading.

BANDA: Dinosaur Jr.
CANÇÃO: "Freak Scene"

Banda veterana, música velha. College Radio, manja? Banda e música estão de volta."Don't let me fuck up will you/ Cause when I need a friend it's still you", implora J Mascis.

BANDA: Hard-Fi
CANÇÃO: "Hard to Beat"

Espírito indie, guitarra funk, vocal sexy. Essa é a música mais alto astral do novo rock inglês. Dá vontade de sair pulando. E parece Tears for Fears. É verdade...

BANDA: Kings of Leon
CANÇÃO: "Slow Night, So Long"

Esta música que abre o ultimo disco já é uma delícia por si só. Tipo Strokes country, com um baixo estourado de matar. Mas a versão ao vivo que corre a rede, em que o Eddie Vedder (Pearl Jam) faz vocal como convidado em show de abril, em Seattle, é muito boa.




PREMIAÇÃO DA SEMANA

* Um CD do Bravery, recém-lançado no Brasil, que carrega o superhit "Honest Mistake".

* Um CD "With Teeth", do Nine Inch Nails.

* Uma camiseta masculina e uma feminina da nova grife Femür, de Santa Catarina, outra marca a fazer camisetas artísticas usando bandas de rock. Estampas, fotos e infos estão no site www.femur.art.br, onde vc pode dar uma espiada no que tem e pedir no sorteio. Então, vai lá e depois vem cá.




VENCEDORES DA SEMANA PASSADA

* um álbum "Don't Believe the Truth", do Oasis
Paula Miraci Oliveira
Santo André, SP

* um CD "X&Y", o novo do Coldplay
Eliana Mezan
Criciúma, SC

* um pôster cool do White Stripes
Ninguém.

Aconteceu um probleminha. Roubaram meu pôster da minha mesa no trabalho. Foi mal.




IS THIS IT?

É isso.
Lúcio Ribeiro, 41, é colunista da Folha especializado em música pop e cinema. Também é DJ, edita a revista "Capricho" e tem uma coluna na "Bizz". Escreve para a Folha Online às quartas.

E-mail: lucio@uol.com.br

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